Sobre a infertilidade e o desejo de ter filhos. Julieta Quayle

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1 Sobre a infertilidade e o desejo de ter filhos Julieta Quayle A maternidade na contemporaneidade e a clínica da infertilidade

2 A grande questão que nunca foi respondida e que eu mesmo ainda não fui capaz de responder apesar de meus trinta anos de pesquisa sobre a alma feminina é o que quer uma mulher? Freud a Marie Bonaparte (Jones, 1955) Continente negro/ obscuro

3 Fome de que? O que quer (um)a mulher? O que deseja (um)a mulher? O que é (um)a mulher? Quem é (um)a mulher? Como é (um)a mulher? Encontro

4 Mulher, feminino, plural... De que mulher se fala? Contextualização histórico-cultural Quem fala sobre ela? O que quer a mulher para o século XXI? O que pode a mulher no século XXI?

5 Destino trágico Maldições Descontrole Impotência Infertilidade Doença (como castigo)... Atores Jocasta (o segredo) Antígona (o dever) Psiquê (o amor) Helena (a paixão) Cassandra (sagrada loucura- profecia) Sara (infertilidade)

6 Cultura Maternidade Conformismo? Papéis de gênero? Destino inevitável? Instinto?

7 Sexualidade e Reprodução no Século XXI Sexo sem gravidez anticoncepção aborto esterilidade Gravidez sem sexo fertilização assistida mãe de aluguel... Maternidade sem casamento/parceiro Monoparentalidade Casamento sem maternidade

8 Desejo Vontade Fenômeno

9 Engrenagens do desejo na atualidade Desenho do desejo Desejo de ter filhos Desejo de estar grávida Desejo de ser mãe Desejo de que? Fome de que? Filhos?

10 Pondé: (A era do ressentimento) O medo de ser pai e mãe está intimamente associado ao medo do amadurecimento. Alguns dizem mesmo estar preocupados com a evolução espiritual e por isso não podem ter filhos. A infertilidade feminina contemporânea é símbolo da infertilidade geral do mundo

11 História de R. 37 anos Endometriose Reprodução assistida Redução embrionária Ambivalência Luto Depressão

12 Frustração. Perdas. Luto. Ele já tinha nome. Gabriel. Gabriel, como o arcanjo. Forte. Acho que nos apressamos e acreditamos que desta vez ia dar certo e o Gabriel ia nascer. Ainda não foi agora. Não sei se jamais será. Mas é como se tivéssemos que enterrar o Gabriel. José, 38 anos

13 Se eu pudesse, voltava atrás. Primeiro, eu queria ter certeza que podia. Podia engravidar, você sabe. Depois, que podia ter um filho perfeito, e você lembra minha aflição na época dos exames. Mas deu tudo certo, eles são normais. Agora, sei que não conseguirei ser mãe de verdade. Acho até que ninguém vai perceber, entre o trabalho e as babás os gêmeos vão crescer. Mas eu sei. Só queria provar pra mim mesma que podia. Joana, 36 anos

14 História de GM. 2 episódios de pseudociese Fico com muita inveja de minhas amigas com seus bebês. Famílias felizes. Eu tento de tudo que é forma e não consigo. Tenho certeza que M. vai me deixar: família para ele é diferente de casal e ele quer uma família

15 História de T Os deuses não podem saber de sua felicidade ou a invejariam e destruiriam o que ama Não pode ser feliz ou se tornará infeliz. Frigidez; queixas psicossomáticas Dificuldades familiares Desejo do filho/planos para o filho/desejo narcísico

16 O que demanda o casal? O que demandam ao profissional de saúde? Demandas nem sempre claras Tradução de confllitos Relações dificultadas pelas regras institucionais que tendem a favorecer posturas regredidas Outorga a esses outro uma posição especial / poder Quer tudo Demanda uma solução mágica

17 O que pode o profissional? Não é um detetive de desejos, mas pode: Afinar sua escuta Buscar construir uma relação terapêutica Instaurar a interlocução Respeito à capacidade de internalização da mulher Não ser dono da verdade Reconhecer o lugar onde está sendo colocado Dar cidadania ao sofrimento físico e psíquico evidenciado/percebido Favorecer o encontro da mulher/casal com sua vontade e seu desejo

18

19 Maria del Remedios Varo

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