Modelagem Fuzzy para o Problema de Temporização Semafórica em Interseções de Quatro Tempos
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- Silvana Judite Furtado Caminha
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1 Modelagem Fuzzy para o Problema de Temporização Semafórica em Interseções de Quatro Tempos Samara Soares Leal 1 Victor Hugo Xavier Torres 2 Paulo Eduardo Maciel de Almeida 3 Resumo Com o advento da classe média e a evolução da indústria automobilística, os grandes centros urbanos sofrem cada vez mais com a sobrecarga rodoviária em sua compacta estrutura. A necessidade do controle semafórico surge a medida que é necessário otimizar o tempo médio em que cada veículo se locomove dentro de determinada interseção em uma área com alta densidade populacional. Definindo a modelagem do problema, uma breve revisão sobre controladores semafóricos é feita, seguida da teoria de lógica fuzzy proposta. Em seguida, a base de conhecimento e o modelo de inferência indicados são apresentados e a máquina fuzzy utilizada é descrita. Duas configurações são relatadas para execução dos experimentos e, por fim, a análise de diferença entre elas é discutida para dois momentos determinados em um fluxo de dia útil, provando a eficácia na redução do tempo médio dos veículos dentro da interseção. Palavras-chave: Controladores Semafóricos. Lógica fuzzy. Fluxo de veículos. Temporização. Submetido em 05/10/2014 Aceito em 20/10/ Bacharel em Ciência da Computação, samara@lsi.cefetmg.br Programa de Pós-graduação em Modelagem Matemática e Computacional, Brasil. 2 Bacharel em Ciência da Computação, victorhugo@lsi.cefetmg.br Programa de Pós-graduação em Modelagem Matemática e Computacional, Brasil. 3 Doutor em Engenharia, pema@lsi.cefetmg.br Programa de Pós-graduação em Modelagem Matemática e Computacional, Brasil.
2 Abstract With the advent of the middle class and automobile industry evolution, the major urban centers increasingly suffer with road overhead in its compact structure. The need for traffic signal control arises as it is necessary to optimize the average time that each vehicle moves around within a certain intersection in an high population density area. Defining the problem modeling, a brief review of traffic signal controllers is made, and then the fuzzy logic proposed theory is detailed. The knowledge base and inference model are presented and fuzzy machine used is described below. Two configurations are reported to experiments execution and, finally, the analysis of difference between them is discussed for two certain moments in a business day flow, proving the effectiveness in reducing the average time of vehicles within the intersection. Keywords: Traffic signal controllers. Fuzzy logic. Vehicles flow. Timing. Abakós, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p , nov ISSN:
3 1 INTRODUÇÃO Um dos grandes problemas de centros urbanos surgido a partir do século XX é a elevada taxa de veículos automotivos na compacta estrutura rodoviária de metrópoles regionais a qual foram projetadas. Para Slinn, Matthews e Guest (2005), não só mais pessoas possuem carros, mas cada veículo é usado mais. Além disso, o padrão de movimentação de carga mudou drasticamente com a mudança de trilho para estrada e mudanças radicais nos procedimentos de distribuição, o que significa que os bens agora tendem a ser distribuídos a partir de poucos depósitos, maiores, com o consequente aumento das viagens de veículos de mercadorias. Com avanços na indústria automobilística e facilidade de compra de veículos motorizados, consequências como gargalos em localidades com alta densidade populacional são observados cotidianamente. O controle de fluxo de veículos em interseções urbanas, quando necessário, é realizado com a adoção de semáforos. Kulkarni e Waingankar (2007) definem os semáforos de trânsito como recursos comuns das áreas urbanas em todo o mundo que controlam o número de veículos que transitam em suas vias. Os principais objetivos de um semáforo são melhorar a segurança do trânsito na interseção, maximizar a capacidade de fluxo no cruzamento e minimizar os atrasos. Além disto, deve-se levar em conta também questões ambientais, financeiras e sociais envolvidas em todo o complexo processo de deslocamento urbano. Este trabalho dedica-se a aplicação de lógica fuzzy no estudo semafórico de uma única interseção com quatro tempos de controle. De acordo com DETRAN-MG (2012), uma interseção consiste em todo cruzamento em nível, entroncamento ou bifurcação, incluindo as áreas formadas por tais cruzamentos, entroncamentos ou bifurcações. Estrtuturas rodoviárias apresentam-se cada vez mais complexas e, dependendo do fluxo médio diário de veículos, interseções de quatro tempos são necessárias para permitir a maior fluidez do trânsito sem realocar vias alternativas como alternativa de direção. A proposta desenvolvida visa a minimização do tempo de permanência de veículos em uma única interseção com fluxo rodoviário definido mediante intervalos de tempo em dias úteis. Hoyer e Jumar (1994) abordam a aproximação de um controle fuzzy para semáforos de vias urbanas. O problema consiste em uma única interseção com doze direções de fluxo possíveis e, dependendo das simulações de tráfego, as regras fuzzy decidem ativações de dois, três ou quatro estados para os semáforos. Schutter e Moor (1997) consideram no seu trabalho uma interseção de duas vias, cada qual com duas pistas com o fluxo de veículos controlado por semáforos de quatro tempos e, a partir de equações diferenciais, os autores procuram estabelecer planos de tempo de verde ótimo para cinco objetivos simultâneos no mesmo ambiente. No trabalho de Kulkarni e Waingankar (2007) é proposta a utilização de semáforos baseados em lógica fuzzy para controle ótimo de oscilação do volume de tráfego, tal como tráfego saturado e condições incomuns de fluxo. Com o objetivo de melhorar o rendimento e minimizar atrasos, as regras do controlador lógico fuzzy são formuladas seguindo os mesmos protocolos Abakós, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p , nov ISSN:
4 que um operador humano usaria para controlar o tempo de verde dos semáforos. O trabalho de Teo et al. (2013) apresenta um sistema de controle de temporização semafórica baseado em lógica fuzzy para otimizar o tempo médio de espera nas interseções, usando como parâmetro o fluxo de veículos obtido através da contagem realizada por meio da captação visual do tráfego local através de equipamentos estrategicamente instalados. Em Kumar e Jha (2013) os autores propõem uma técnica flexível de controle semafórico através da lógica fuzzy, utilizando como parâmetro a densidade do tráfego e o tamanho das filas de espera ao decorrer do período apurado. Este esforço utiliza sensores para determinar a densidade do fluxo de veículos, tornando o modelo flexível ao adaptar os tempos de verde para cada configuração em diferentes momentos ao decorrer do dia. Como proposta inicial e uma primeira abordagem para o problema de fluxo de veículos em centros urbanos, este artigo aborda a otimização do tempo de verde de uma única interseção de quatro tempos com elevada e seccionada intensidade de tráfego. Para executar as simulações propostas, utilizou-se o software SUMO (Simulation of Urban Mobility), um pacote de simulação de tráfego rodoviário microscópico e contínuo altamente portável. O SUMO é um projeto de código aberto do Instituto de Sistemas de Transporte no Centro Aeroespacial Alemão (DLR) e seu simulador é projetado para lidar com grandes redes e estradas. O objetivo geral deste trabalho consiste em utilizar uma ferramenta de inteligência computacional para resolver um problema de otimização referente ao tempo de verde de semáforos presentes em uma única interseção de trânsito. Com a finalidade de mensurar a qualidade obtida nas soluções, o tempo médio de permanência dos veículos na interseção é utilizado neste artigo como medida de avaliação. Na Seção 2, a modelagem do problema de temporização é proposta através de revisões da literatura sobre controladores semafóricos, partições de entrada/saída, base de conhecimento, modelo de inferência e lógica fuzzy. Em seguida, na Seção 3, a simulação de tráfego em uma única interseção de quatro tempos é proposta e detalhada em dois períodos de um dia útil. A Seção 4 discorre sobre os resultados obtidos e demonstra breve estudo estatístico sobre o tempo médio de permanência dos veículos na interseção. Por fim, a Seção 5 aborda as conclusões obtidas neste trabalho e também novas propostas para trabalhos futuros. 2 MODELAGEM DO PROBLEMA Um dos principais problemas de uma interseção com alto fluxo de veículos consiste no elevado tempo gasto por cada motorista dentro desta estrutura urbana, causando gargalo nas vias e retardando a chegada de novos veículos. Deseja-se que todo veículo que entre na interseção permaneça o menor tempo possível nesta, permitindo maior fluxo de automóveis na região. Logo, o problema de temporização abordado neste trabalho pode ser escrito como um Abakós, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p , nov ISSN:
5 problema de otimização da seguinte forma: minimizar T médio (1) 8 < E s 15 sujeito a: (2) : V s 0 onde, T médio corresponde ao tempo médio em que todos os veículos v 2 V delongam na interseção, E s corresponde ao tempo de verde do sinal s 2 S e v s define o número mínimo de veículos v 2 V que transitam pelo semáforo s. 2.1 Controlador Semafórico Segundo o Manual de Semáforos do Departamento Nacional de Trânsito DENATRAN (2014), a sinalização semafórica de regulamentação tem por finalidade realizar o controle do trânsito, transmitindo aos usuários a informação sobre o direito de passagem em interseções de via, onde o espaço viário é disputado por movimentos conflitantes. Os principais componentes da sinalização semafórica utilizados neste trabalho são descritos a seguir: 1. Grupo de movimentos: É o conjunto de movimentos presentes em uma mesma aproximação que recebem simultaneamente o direito de passagem; 2. Ciclo: Sequência completa dos estágios de uma sinalização semafórica; 3. Fase: Parte do ciclo destinada a um determinado conjunto de movimentos; 4. Estágio: Intervalo de tempo em que um ou mais grupos de movimentos recebem simultaneamente o direito de passagem. Na Tabela 1 pode-se observar um diagrama de quatro estágios. Tabela 1 Diagrama de Estágio 5. Interseção Sinalizada: São as interseções nas quais a permissão de passagem é dada por semáforos de trânsito. Uma interseção de duas vias pode ser descrita pelo diagrama da Figura 1; Abakós, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p , nov ISSN:
6 6. Controlador de Tempo Fixo: Utiliza planos semafóricos calculados com base em dados de tráfego disponíveis, obtidos por contagens volumétricas e outros levantamentos de campo; 7. Diagrama de Tempos: Relaciona os instantes de mudança dos estágios com a sequência de cores e duração das fases, como pode ser observado na Figura 2; Figura 1 Interseção entre duas vias Figura 2 Diagrama de Tempo Fonte: (DENATRAN, 2014) O semáforo é um dos dispositivos mais utilizados para controlar o tráfego em interseções urbanas. Quando programado para atuar como mecanismo de controle, pode ser utilizada a lógica fuzzy para criar planos de tráfego específicos para determinados fluxos de veículos nas vias. Dentre os diversos estudos de controladores semafóricos fuzzy, destaca-se o estudo de Pappis e Mamdani (1977), responsável por introduzir a lógica fuzzy no controle semafórico. Segundo Vaz (2006), o mecanismo de Pappis e Mamdani (1977) foi projetado para controlar uma interseção de duas vias de sentido único, sem permitir conversões. Este dispositivo considera que as chegadas dos veículos na interseção ocorrem de maneira aleatória. Este controlador é ativado a cada 10 segundos durante cada fase de verde, sendo que a primeira intervenção ocorre aos 7 segundos (tempo mínimo de verde), com sistema executando 5 intervenções no máximo. Cada intervenção varia de 1 a 10 segundos. No entanto, se uma intervenção é calculada para ser menor que 10 segundos, não será possível realizar outra interferência, ou seja, a fase será finalizada ao final deste tempo. Neste estudo, as especificações relacionam as variáveis de entrada (chegada e fila) à variável de saída (tempo de verde e extensão do tempo de verde), conforme a Tabela 2. Abakós, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p , nov ISSN:
7 Tabela 2 Conjuntos Fuzzy de Pappis e Mamdani (1977) Fonte: (JACQUES; NITTYMÄKI; PURSULA, 2002) Segundo Almeida e Evsukoff (2003), um conjunto fuzzy F de um universo de discurso U é caracterizado por uma função real, chamada função de pertinência, que associa um grau de pertinência de cada entrada x a um conjunto fuzzy, com um número real no intervalo [0, 1]. Para representar conhecimento através da lógica fuzzy é necessário definir os conceitos acerca do problema. Estes conceitos, denominados variáveis linguísticas, são por sua vez, representados através das partições fuzzy. O controlador semafórico fuzzy implementado neste trabalho utiliza como referência o modelo de inferência de Mamdani e os conjuntos fuzzy utilizados foram baseados nas definições propostas pelo controlador semafórico de Pappis e Mamdani (1977). 2.2 Partições fuzzy de entrada e saída As partições fuzzy, também conhecidas como termos primários de uma variável linguística formam a sua estrutura de conhecimento. Para este trabalho as partições fuzzy (e seus respectivos universos de discurso U) são descritas na Tabela 3. Por simplificação, foram criadas funções triangulares para os respectivos termos. As partições definidas na fuzzy toolbox do Matlab encontram-se representadas na Figura 3. Tabela 3 Partições fuzzy Assim, as partições de entrada possuem as informações de fluxos de veículos na interseção entre duas vias de mão dupla e o período do dia em que se deseja obter o melhor tempo Abakós, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p , nov ISSN:
8 Figura 3 Modelagem das partições fuzzy no Matlab de verde necessário para cada semáforo, a fim de diminuir o trânsito local e melhorar o fluxo de carros. 2.3 Base de conhecimento e modelo de inferência A maneira mais comum de armazenar informações em uma base de conhecimento fuzzy é a representação por meio de regras de produção fuzzy (ALMEIDA; EVSUKOFF, 2003). Uma regra fuzzy é do tipo: Abakós, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p , nov ISSN:
9 se < antecedente > então <consequente> (3) Quando a condição do antecedente é satisfeita, a regra é processada gerando um consequente, pelo mecanismo de inferência. O modelo de inferência, basicamente, realiza o processamento de conhecimento através das propriedades sintáticas definidas. As regras deste trabalho foram criadas baseando-se na realidade da interseção de estudo e desconsiderando eventuais acidentes nas vias ou na região que possam acarretar na mudança do fluxo padrão de carros. Cada semáforo funciona de forma isolada e, quando um semáforo está com sinal verde, todos os outros estão com sinal vermelho. Assim, o período de verde de cada semáforo é determinado pelo fluxo de carros que passam por este semáforo durante determinado período do dia. As seguintes considerações foram levadas em conta para construção da base de conhecimento: 1. Durante o período da manhã, o fluxo de carros é pequeno na interseção; 2. Durante a tarde, o fluxo é pequeno e pode chegar a médio na interseção; 3. Durante os picos da manhã e da tarde, o fluxo é alto e pode chegar a muito alto na interseção; 4. Durante a noite, o fluxo é muito pequeno e pode chegar a pequeno nas vias; 5. A base das regras de produção fuzzy implementada para esse trabalho encontra-se representado na Tabela 4. Para estra trabalho, foi utilizado o modelo de inferência de Mandani, que usa o operador máx-min para realizar o processamento das regras de produção fuzzy, que corresponde as operações de união e interseção, respectivamente. Este processo é descrito pelas etapas de conversão escalar-fuzzy e fuzzy-escalar, comumente chamadas de inferência fuzzy e conversão. Na etapa conversão escalar-fuzzy, os valores de pertinência da entrada nos conjuntos fuzzy são calculados. Os antecedentes das regras são ativados pelo operador de interseção "min", obtendo-se os valores difusos de saída de cada regra. Então, através do operador de união "max"obtém-se um único conjunto difuso como saída do sistema, pelo modelo de inferência de Mandani. Finalmente, na etapa conversão fuzzy-escalar, o conjunto difuso obtido é transformado em uma única saída escalar através do método de centro de gravidade. Com a aplicação destas etapas, é possível processar as entradas por regras fuzzy e obter um valor único de saída que corresponde ao melhor tempo de verde para cada via. Abakós, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p , nov ISSN:
10 Tabela 4 Base de Conhecimento 2.4 Máquina Fuzzy A Figura 4 representa o conjunto fuzzy gerado como saída deste sistema. O gráfico representa a função tempo de verde em relação ao fluxo da pista e o período do dia, conforme Abakós, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p , nov ISSN:
11 descrito nas regras. Figura 4 Superfície de saída da Máquina Fuzzy Para uma melhor análise da saída do sistema, é necessária a etapa de conversão da saída demonstrada no gráfico para um escalar. Nesta etapa, a partir de algumas entradas utilizadas para teste, foi utilizado o método de centro da gravidade e os valores de saída obtidos podem ser observados na Tabela 5. Tabela 5 Saída da conversão fuzzy-escalar 3 EXPERIMENTOS De acordo com Terra (2002), para determinar o intervalo de veículos pode-se observar o maior valor de fluxo por hora para a pista e efetuar uma divisão por sessenta minutos, que nos dá um valor de veículos por minuto. Considerando um fluxo de 1200 veículos por hora para as vias em estudo, temos 20 veículos por minuto. Conforme proposto pelo autor, é possível "estimar" uma margem para cima de mais cinco veículos por minuto, chegando a um intervalo de 25 veículos por minuto. Abakós, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p , nov ISSN:
12 Para a execução de experimentos deste artigo, dois cenários C 1 e C 2 foram elaborados com o intuito de avaliar a qualidade do modelo fuzzy em relação aos estados estáticos de tempo de verde nos semáforos de uma interseção. Tal interseção é ilustrada pela Figura 5, modelada no software SUMO, o qual é responsável, também, pela geração de relatórios ao final de cada execução. Figura 5 Interseção criada dentro do software SUMO A configuração de cada cenário é composta por um dia útil de 24 horas e apresenta apenas uma classe de veículos determinísticos. Esta classe de veículos é definida através de configurações contínuas e fixas, ou seja, todas as componentes físicas (massa, aceleração, dimensão etc) possuem valores únicos definidos previamente. Desta forma, cada veículo é composto pela mesma configuração. A configuração inicial C 1 do tempo de verde T s de cada s 2 S é estática e composta pelo limiar da restrição presente em (2), ou seja, 15 segundos de tempo de verde para todos os sinais durante todo o período de 24 horas do dia. A configuração C 2 apresenta os tempos de verde da Tabela 5, resultante do processamento fuzzy proposto neste trabalho. A proporcionalidade de tráfego entre os intervalos de hora não explicitados na tabela é feita pelas equações da reta obtidas entre dois pontos (P eriodo, F luxo). A análise dos experimentos, presente na próxima seção, descreve o comportamento do tempo de transição T de cada veículo na interseção durante os dois picos de fluxo de automóveis durante um dia útil. Os limites dos dois picos foram estimados em uma hora anterior e uma hora posterior ao momento de maior fluxo de veículos. O conjunto P 1 representa o fluxo Abakós, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p , nov ISSN:
13 de veículos no intervalo de horas [8, 10] e o conjunto P 2 representa o fluxo de veículos no intervalo de horas [17, 19]. O total de veículos que cruzaram a interseção no intervalo de tempo (população) do experimento P 1 foi de 5570 e, no experimento P 2, A amostra utilizada para ambos os experimentos foi de 5000 veículos dentro de cada intervalo proposto, visando maior aproximação da realidade. 4 RESULTADOS Após a execução dos experimentos, dois gráficos contendo o diagrama boxplot foram gerados para análise da variação de tempo T dentro das configurações C 1 e C 2 para cada intervalo de tempo P 1 e P 2. A Figura 6 representa a comparação dos resultados obtidos no experimento P 1. Em "1"estão localizados os dados de tempo médio de cada veículo para a configuração C 1 (estático) e, em "2", a configuração C 2 (fuzzy). A configuração C 2 mostra-se estatisticamente mais adequada e satisfatória para o problema de temporização deste trabalho, já que dada as amostras de tempo T nas duas configurações, nenhum quartil de C 1 possui interseção com outro quartil de C 2. Da mesma forma, a Figura 7 também informa que, utilizando uma abordagem fuzzy, o tempo médio de permanência dos veículos dentro da interseção é menor. Os valores atípicos marcados no gráfico demonstram um comportamento previsto do problema de tráfego urbano. Na Figura 6, observa-se diversos valores atípicos quando o modelo fuzzy é aplicado devido ao gargalo máximo de tempo de transição T ocorrido no pico de tráfego, porém percebe-se que faz parte de uma parcela isolada da maior parte de dados coletados. Já na Figura 7, os valores atípicos demonstram o início e/ou fim de um gargalo no fluxo de carros, estabilizando em alto tempo de transição T devido ao horário de pico. A média aritmética obtida para C 1 (modelagem estática) e C 2 (modelagem fuzzy) no primeiro pico P 1 do dia foi de, respectivamente, e segundos. Já para o segundo pico do dia, P 2, a média de tempo dos veículos utilizados na amostra foi de, respectivamente, e segundos. A Tabela 6 apresenta os dados estatísticos levantados acerca dos experimentos. Tabela 6 Resultados Experimento População Amostra Erro Padrão Diferença entre médias P P A melhora de tempo médio de P 1 foi de aproximadamente 296 segundos, enquanto de P 2 foi de aproximadamente 255 segundos. Devido ao valor da amostra ser próximo ao valor da população, observa-se baixo erro padrão para os dois experimentos em relação ao tempo médio gasto pelos veículos. Isto significa que a configuração C 2 apresenta resultados satisfatórios para Abakós, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p , nov ISSN:
14 o problema de temporização semafórica em comparação a configuração C 1. Figura 6 Diagrama Boxplot para P 1 Figura 7 Diagrama Boxplot para P 2 5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS A eficácia do modelo fuzzy foi comprovada para o problema de controle semafórico proposto. Observou-se melhora significativa no tempo médio gasto pelos veículos dentro da intersecção em horários de pico, promovendo maior fluidez e contribuindo para o sistema econômico, social e ambiental. Em relações aos esforços anteriores, este trabalho contribuiu com a aplicação da lógica fuzzy para controle de tempo semafórico em intersecções com vias de mão dupla e semáforos de quatro tempos. A ferramenta SUMO mostrou-se de grande utilidade nas simulações desta inter- Abakós, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p , nov ISSN:
15 seção. A facilidade na descrição de vias, fluxos e veículos contribuiu para a rápida compreensão dos resultados obtidos. Para trabalhos futuros, faz-se necessário o mesmo esforço com diferentes parâmetros de aleatoriedade, planejamento de cenários de acordo com diferentes classes de veículos portando características distintas e adição de novas interseções (expansão da visão do centro urbano) e pistas prioritárias. Abakós, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p , nov ISSN:
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