RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O USO DA BRINQUEDOTECA DA FACHO

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1 RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O USO DA BRINQUEDOTECA DA FACHO INTRODUÇÃO Leticia Rameh 1 Maria Rivonete Morais 2 A brinquedoteca é um lugar prazeroso onde os jogos, brinquedos e brincadeiras fazem a magia do ambiente. Todas elas têm como objetivo comum o desenvolvimento das atividades lúdicas e a valorização do ato de brincar, independente do tipo e do lugar onde esteja instalada, seja num bairro, escola,hospital,clínica ou universidade. Os jogos e brinquedos serão escolhidos de acordo com cada realidade e contexto, portanto cada brinquedoteca apresenta o perfil da comunidade (SANTOS,1997). O Documento Referência da Conferência Nacional da Educação (CONAE, 2009), a ser realizada em 2010, aprovou no plano de sistema a garantia de instalações gerais adequadas aos padrões de qualidade, definidos pelo sistema nacional de educação, em consonância com a avaliação positiva dos estudantes; ambiente educativo adequado à realização de atividades de ensino, pesquisa, extensão, lazer e recreação, práticas desportivas e culturais etc. Entre os equipamentos para desenvolver estas atividades educativas, destacamos a brinquedoteca. Desta forma, a Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (FACHO). O Curso de Turismo foi o primeiro a utilizá-lo para a prática da disciplina animação turística, em seguida foi utilizada pela Clínica de Psicologia da FACHO, para atender a uma atividade de extensão num projeto de atendimento às crianças das creches, coordenadas pela Prefeitura de Olinda. Os alunos do Curso de Pedagogia também se envolveram com a brinquedoteca. De acordo com o Projeto Pedagógico 2008/2009, salienta Vera Santiago coordenadora do curso de Pedagogia da FACHO, a 1 Dotoura em Educação 2 Mestre em Psicologia Social da Personalidade 117

2 brinquedoteca é um espaço mágico criado para dar às crianças a oportunidade de brincar e tem os seguintes objetivos: Proporcionar oportunidades para que as crianças possam brincar sem cobrança de desempenho. Estimular o desenvolvimento da capacidade da criança, favorecendo, assim, o seu equilíbrio emocional. Dar oportunidade para a manifestação de potencialidades. Alimentar a inteligência e a criatividade. Proporcionar maior número de experiências reforçando o sentido de corresponsabilidade, liderança, solidariedade, diálogo, justiça e respeito mútuo. Proporcionar oportunidades para que elas aprendam a jogar, a participar, a cooperar e a esperar a sua vez. Valorizar os sentimentos afetivos e sensibilidade Enriquecer o relacionamento entre as crianças e as suas famílias. Incentivar a valorização do brinquedo como atividade promotora do desenvolvimento intelectual e social. Neste sentido, utilizamos a brinquedoteca da FACHO em relação à extensão com o objetivo de prestar serviço à comunidade em forma de orientação psicopedagógica em parceria com a Creche Santana, situada no entorno da Faculdade. A brinquedoteca da FACHO existe há 03 anos. Tem um espaço interno pequeno, porém, bem estruturado, contendo uma minibiblioteca infantil com vários livros da literatura infantil, aparelho de som, uma TV, uma videoteca, mesinhas e cadeirinhas para desenvolver as atividades lúdicas para crianças de 3 a 7 anos. Contém materiais didáticos, jogos, e brinquedos industrializados, assim como jogos artesanais, produzidos pelos estudantes. Estes últimos são confeccionados com sucata, representando um baixo custo; desenvolve a imaginação e a criatividade dos educadores e educandos, além de ajudar a preservar a natureza, respeitar o meio ambiente e o meiocultural. 118

3 A brinquedoteca da FACHO tem um ambiente agradável, colorido. Todas as paredes da sala são bem ornamentadas, com motivos infantis para chamar a atenção das crianças e estas gostam do ambiente e se sentem atraídas. A área externa é extensa, onde há um pequeno parque com escorrego, balanços, área para jogar bola e caixa de areia. UM PROJETO MULTIDISCIPLINAR No 1º semestre 2009, foi possível desenvolver um trabalho multidisciplinar nas disciplinas de Ética e Responsabilidade Social e Didática no Curso de Pedagogia com as alunas do 3º período cooordenado pela professora Leticia Rameh, juntamente com a professora Maria Rivonete Morais do curso de Psicologia na disciplina de Psicologia Comunitária. Para desenvolver o projeto piloto, contatamos a Creche Santana (Bairro de Ouro Preto) que aceitou a proposta. No momento, realizamos uma sondagem, por meio de perguntas, abrangendo os dados pessoais da criança como: informações familiares, escolares e tipos de brincadeiras de que mais gostavam. A referida sondagem nos favoreceu elementos norteadores para a elaboração do projeto piloto hora apresentado. A Instituição nos indicou as crianças que solicitamos, na ocasião, foram 10 crianças na faixa etária de 6 e 7 anos. Os encontros ocorreram em dois dias alternados da semana com duração de duas horas cada encontro, nos meses de maio e junho de Inicialmente, no primeiro encontro, deixamos as crianças bem à vontade, para que elas pudessem explorar e conhecer o que existe no ambiente interno e externo da brinquedoteca, escolhendo espontaneamente os jogos e brinquedos que queriam explorar, onde as alunas observavam, mediavam e interagiam com as crianças, sob a nossa coordenação. Nos encontros seguintes, fizemos contação de história, quando as crianças tiveram a oportunidade de recontar uma história de várias formas, oralmente, através de desenhos, pinturas, modelagem entre outras. 119

4 Nesta dinâmica, a produção dos jogos feitos pelas alunas universitárias passou por uma fundamentação, para dar uma sustentação teórica, assim como a criação do miniprojeto. O objetivo deste trabalho foi o de propor atividades lúdicas e cooperativas que levassem o aluno a pensar sobre a sua conduta e a dos outros a partir dos conteúdos de Ética no convívio escolar: respeito mútuo, justiça, diálogo e solidariedade, de modo a respeitar a dignidade, sem humilhação ou discriminação em relação a sexo, etnia, religião, cultura, classe social, ou condição física. Um dos objetivos fundamentais da educação é fazer com que o aluno consiga participar do universo da comunicação humana, apreendendo através da escuta, da leitura, do olhar, as diversas mensagens emitidas de diversas fontes; e fazer com que seja capaz de, através da fala, da escrita e da imagem, emitir suas próprias mensagens. Desta forma, a escola é o lugar privilegiado onde se pode ensinar esses valores e aprender a traduzi-los em ações, atitudes, pois, dialogar pede capacidade de ouvir o outro e de se fazer entender. Considerar o respeito mútuo como dever e direito é de suma importância, pois expressa-se de várias formas complementares, uma delas é o dever do respeito pela diferença e a exigência de ser respeitado na sua singularidade. Como objetivo geral, pretendemos atuar de forma multidisciplinar juntamente com os alunos dos cursos de Pedagogia e Psicologia, de forma a possibilitar a socialização e o desenvolvimento moral e ético das crianças da Creche Santana. E como objetivos específicos pretendemos: Proporcionar o respeito mútuo e a autoconfiança a partir de atividades que favoreçam o equilíbrio psicológico nas crianças. Promover atividades e jogos que favoreçam a socialização. Formar o individuo que se solidarize com os outros. Praticar democracia nas atividades trabalhadas. Incluímos na metodologia do projeto piloto brincadeiras de faz de conta, que segundo Kishimoto (1996, p. 39), também conhecida como simbólica, de representação de papéis ou sociodramática, é a que 120

5 deixa mais evidente a presença da situação imaginária. Percebemos que as crianças, principalmente as meninas, gostaram de representar os papéis dos pais, ou seja, mãe e filha. Para Maluf (2003, p. 81): Toda e qualquer brincadeira exige regras, mesmo que estas não sejam explicitas, como é o caso do faz-de-conta. Pelo fato de estar interagindo com outras pessoas e com a realidade social como um todo, a criança observa condutas, apropria-se de valores e significados, compondo um repertório de regras que tecem os diversos papéis sociais. É assim que traz para a situação imaginária, suscitada pela brincadeira, regras de comportamento. Durante a execução do projeto piloto percebemos o quanto a brinquedoteca fez renascer aquelas crianças, dando-lhes alegria e prazer, pois o brincar e os brinquedos, estimularam suas fantasias, descobrindo amigos, partilhando lanches, tratando o colega com respeito mútuo, diálogo, solidariedade e justiça, ou seja, atingindo os objetivos previstos no projeto piloto. Este relato apresenta uma breve síntese do que estamos desenvolvendo na brinquedoteca da FACHO, no sentido de dar a esta Instituição um novo perfil, pois entendemos que uma brinquedoteca não é apenas uma sala com brinquedos, como muitos pensam. É muito mais do que isto. Entendemos que o uso da brinquedoteca significa uma mudança de postura frente à educação, ou seja, mudar nossos padrões de conduta em relação á criança, abandonando métodos e técnicas tradicionais, buscando o novo, acreditando que o lúdico é uma das estratégias do desenvolvimento infantil. Desta forma, salientamos mais uma vez Santos, (1997, p. 100): Ao entender este novo paradigma podemos criar este ambiente especial chamado brinquedoteca, como um espaço alegre, colorido, diferente e desafiante, onde a criança, realmente, possa brincar e brincando possa desenvolver sua autonomia, criatividade, iniciativa, senso crítico e responsabilidade, tornando- se pessoa, cultivando 121

6 sua auto- estima e desenvolvendo um auto-conceito positivo. Neste semestre , pretendemos dar continuidade ao projeto com as disciplinas Metodologia da Educação Infantil e Metodologia do Ensino da Matemática no curso de Pedagogia e no de Psicologia na disciplina Psicologia Comunitária REFERÊNCIAS CONAE 2010, Conferência Nacional de Educação. Construindo o sistema Nacional Articulado de Educação: O Plano Nacional de Educação, Diretrizes e Estratégias de Ação. Documento Referência, SANTOS, Santa Marli Pires dos (Org.) Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. Petrópolis, Rio de Janeiro, Vozes, KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São Paulo, Cortez, MALUF, Ângela Cristina Munhoz. Brincar Prazer e Aprendizado. Petrópolis Rio de Janeiro, Vozes, 2003 PIAGET,J. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro,Zahar,1978 Vygotsky,l. A formação social da mente.rio de Janeiro,Martins fontes,