A Guerra das Laranjas e a Questão de Olivença num contexto internacional
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1 Languages Thomas Strobel A Guerra das Laranjas e a Questão de Olivença num contexto internacional Seminar paper
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3 UNIVERSIDADE DE LISBOA Faculdade de Letras Departamento de Língua e Cultura Portuguesa Ano lectivo A Guerra das Laranjas e a Questão de Olivença num contexto internacional Thomas Strobel Curso Anual de Língua e Cultura Portuguesas
4 2 1. Introdução ( ) e sua dita Magestade conservará em qualidade de conquista para a unir perpetuamente aos seus domínios e vassalos, a Praça de Olivença, seu território e povos desde o Guadiana; de sorte que este rio seja o limite dos respectivos Reinos, naquela parte que unicamente toca ao sobredito território de Olivença. Art. III do Tratado de Badajoz ( ) 1 A caricatura inglesa, que faz alusão à assinatura do Tratado de Badajoz por Portugal, depois da chamada Guerra das Laranjas de 1801, acentua a impotência e fraqueza do governo português face ao fracasso da sua tão desejada neutralidade num clima internacional tenso, com todas as consequências fatais desta inclusão forçada. A Espanha é representada aqui pelo Príncipe da Paz, D. Manuel Godoy 2. Por consequência da guerra entre os dois vizinhos ibéricos com palco privilegiado no Alto Alentejo, que se explica só no contexto internacional e global do conflito entre a França napoleónica expansionista e a Inglaterra, potência suprema nos mares, a cidade portuguesa de Olivença com as suas terras foi incorporada perpetuamente pela Espanha que tinha desejado há muito o rio Guadiana como fronteira natural. 1 Carlos Eduardo da Cruz Luna, Nos caminhos de Olivença, Estremoz , p Manuel Domingo Francisco Godoy y Álvarez de Faria Ríos Sánchez Zarzosa (nasceu em 12 de Maio de 1767 em Alcuera, Badajoz, e morreu em 7 de Outubro de 1851 em Paris): trata-se de uma figura muito contraditória na história de Espanha; depois de uma ascensão meteórica, é nomeado Príncipe da Paz pelo rei Carlos IV em virtude da Paz de Basileia, 1795.
5 3 Neste trabalho trata-se de examinar as causas e circunstâncias da perda de Olivença uma cidade portuguesa «de jure», administrativamente espanhola «de facto» 3 no conflito das duas mais fortes potências da época, a França e a Inglaterra. Como é que a guerra entre Portugal e Espanha está incluída num sistema de interesses estratégicos anglo-franceses, no qual Olivença constitui uma moeda de troca entre a França e a Inglaterra 4? Até que ponto a luta no Alentejo pode ser vista como primeira etapa das sucessivas incursões bélicas francesas, como prólogo 5 das invasões napoleónicas dos anos /11? Outra razão para uma perspectiva histórica globalizante indispensável sob a questão de Olivença e o Tratado de Badajoz, é fundada na projecção americana da controvérsia europeia, ou seja no velho problema dos limites no Brasil e na criação seguinte do Uruguai como nova nação. Esta questão faz também parte do empenho predominante das grandes potências continentais e da Inglaterra para definirem, na Europa como nas colónias, as próprias áreas de interesse. 2. A Península Ibérica na época da Revolução Francesa É por ocasião e no espírito do Tratado de Amizade, Garantia e Comércio no Real Sítio do Pardo (Tratado do Pardo) entre Portugal e Espanha que se realizam os casamentos da Infanta Carlota Joaquina com o Príncipe Regente D. João e de D. Mariana Vitória com o Infante de Espanha D. Gabriel. Trata-se de uma manifestação das boas relações na Península que, mais tarde, encontrará reforço e nova expressão na convenção de Madrid, em 15 de Julho de No ano da eclosão da Revolução Francesa, em 1789, Carlos IV é aclamado rei de Espanha, cujo primo, Luís XVI, no período mais agudo da revolução, que deverá romper definitivamente com a França do Antigo Regime, é condenado e executadado em Janeiro de 1793, não obstante as diligências espanholas. Este acto é seguido por uma reacção decidida da Espanha, que a 23 de Fevereiro de 1793 declara guerra à França. 3 Luna, p António Pedro Vicente, Olivença. Início da expansão napoleónica na península, in: História, Ano XXIII (III Série), 36: 150 Anos da Regeneração, Lisboa 2001, p Ibidem.
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