SAÚDE BUCAL MANUAL PARA MULTIPLICADORES. Saúde Bucal - M anual para M ultiplicadores

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1 Saúde Bucal - M anual para M ultiplicadores PREFEITURA DE FOZ DO IGUAÇU SECRETARIA DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA DIVISÃO DE SAÚDE BUCAL SAÚDE BUCAL MANUAL PARA MULTIPLICADORES 2008 D ivisão de Saúde Bucal da Prefeitura M unicipal de F oz do Iguaçu 0

2 1 PREFEITURA DE FOZ DO IGUAÇU SECRETARIA DA SAÚDE Paulo Mac Donald Ghisi Prefeito Lisete Teixeira Palma de Lima Secretária da Saúde Gilberto Garcia da Rocha Diretor do Departamento de Atenção Básica Marcos Pareja da Rocha Loures Chefe da Divisão de Saúde Bucal Ana Valéria Pagliari Tiano Coordenadora dos Programas Preventivos em Saúde Bucal Selmar Peliser Supervisor de Qualidade e Produção Francisca Odete Gonçalves Secretária da Divisão de Saúde Bucal Fotos: Christian Rizzi Agência Municipal de Notícias Ana Valéria Pagliari Tiano 2008

3 2 SUMÁRIO Apresentação 3 Introdução 4 A boca e os dentes: noções básicas 5 As doenças da boca 14 Prevenindo as doenças da boca 21 Cuidados com a higienização 23 Cuidados com a alimentação 37 Outros assuntos importantes 43 Antibióticos 44 Outros hábitos 45 Como você quer sorrir? 47

4 3 Apresentação O trabalho educativo contribui para a ampliação de conhecimentos, atitudes e habilidades individuais e coletivas que irão auxiliar no processo de aquisição e manutenção da saúde de uma população. Os agentes multiplicadores de saúde são todos os indivíduos que divulgam informações importantes em relação aos cuidados que a população deve tomar para evitar agravos à sua saúde e da sua família. De posse dos conhecimentos necessários, qualquer pessoa pode ser um agente multiplicador de saúde: professores e demais funcionários de escolas e creches, pais, adolescentes, cuidadores de idosos, membros de instituições religiosas, filantrópicas e organizações não-governamentais (ONGs), recepcionistas de Unidades de Saúde e outros interessados, além da própria Equipe de Saúde: médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, cirurgiões-dentistas, técnicos em higiene bucal, atendentes de consultório dentário e agentes comunitários de saúde. Para auxiliar os agentes multiplicadores na importante tarefa de instruir a população a respeito dos cuidados necessários com a saúde bucal, a Divisão de Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu elaborou este manual que servirá como material de apoio. Esperamos que o trabalho dos agentes contribua para a melhoria das condições de vida da população, promovendo saúde, reduzindo os índices de doenças bucais e conseqüentemente ampliando o acesso dos indivíduos aos serviços do município. Ana Valéria Pagliari Tiano Cirurgiã-dentista da PMFI Especialista em Odontopediatria Especialista em Saúde Coletiva Mestre e Doutoranda em Odontologia Preventiva e Social Marcos Pareja da Rocha Loures Cirurgião-dentista da PMFI Chefe da Divisão de Saúde Bucal

5 4 Introdução Embora a ciência odontológica tenha avançado muito nas últimas décadas e os investimentos direcionados para ações e serviços de saúde bucal tenham aumentado no país, ainda persiste uma triste realidade: aos 35 anos de idade, o brasileiro possui em média 20 dos seus 32 dentes permanentes afetados pela doença cárie, sendo que 13 desses dentes foram extraídos. Aos 5 anos de idade, 59% dos brasileirinhos já sofreram com cárie, enquanto a meta para da Organização Mundial de Saúde para 2010 é de que no mínimo 90% dessas crianças sejam livres da doença. Isso sem contar com os demais problemas bucais: doenças das gengivas (gengivite e periodontite), câncer bucal e outros. Essas informações foram coletadas no último estudo das condições de saúde bucal da população, realizado em 2003, que também confirmou que quase metade dos brasileiros não realiza cuidados básicos diários em prol de sua saúde: escovação dentária e uso de fio dental. Um estudo semelhante detectou que a realidade da população do município de Foz do Iguaçu se aproxima desses resultados, ficando evidenciada e extrema necessidade de realizar ações para o controle da situação e mudança da realidade. Essas ações incluem principalmente a divulgação de métodos preventivos e de auto-cuidado, como a correta higienização bucal e o controle da alimentação. No entanto, os profissionais de saúde bucal (cirurgião-dentista e sua equipe) trabalhando isoladamente não conseguirão alcançar o objetivo. Por isso, contamos com o trabalho dos agentes multiplicadores de saúde. Este manual foi especialmente elaborado para auxiliá-los, servindo como material de apoio para leitura. As ilustrações serão úteis no momento de repassar as informações para a população.

6 5 A boca e os dentes N oções básicas

7 6 A boca São elementos visíveis da boca: dentes, gengivas, língua e lábios. Também fazem parte da boca: músculos, nervos, vasos sangüíneos, ossos, glândulas e outros. Todas as estruturas estão embebidas pela saliva, que auxilia na digestão e deglutição dos alimentos, lubrifica e também auxilia na limpeza de todas as estruturas da boca, inclusive dentes e língua. A digestão dos alimentos começa na boca, por meio da mastigação adequada, com os dentes bem posicionados. lábios gengiva dentes língua A Boca

8 7 Os dentes Os dentes começam a se formar durante a gestação, por isso, para que o bebê tenha dentes saudáveis, é importante que a futura mamãe tenha uma alimentação adequada e consulte um dentista que irá avaliar as suas condições de saúde bucal, fornecendo informações importantes. Está cientificamente comprovado que filhos de mulheres com boa situação de saúde bucal e bem orientadas quanto a hábitos de higiene possuem melhor saúde bucal e geral, pois se alimentam melhor, não sofrem com dores, crescem saudáveis e sem medo de ir ao dentista. O nascimento dos dentes começa por volta dos 6 meses, mas em algumas crianças pode acontecer antes dessa idade e há casos em que os dentes demoram a nascer. Se o bebê tem mais de 1 ano de idade e os dentinhos ainda não apareceram, os pais devem procurar o dentista. Os dentes de leite são assim chamados por serem mais claros que seus sucessores permanentes, que irão nascer na época de troca dos dentes. Primeiros dentinhos nascendo

9 8 Durante o nascimento dos dentes é normal a criança ficar irritada, chorar e babar bastante. Para aliviar o bebê podem ser utilizados mordedores ou qualquer brinquedo de borracha, desde que limpo. Conservando o objeto em geladeira antes de dar para o bebê, o alívio é ainda maior. É útil também massagear as gengivas da criança, utilizando uma fralda embebida em água limpa, sem esquecer de lavar as mãos antes. Na época do nascimento dos dentes a criança pode salivar (babar) bastante Com 3 anos de idade a criança deve ter 20 dentes de leite. Dentição completa em criança com 3 anos de idade 20 dentes de leite

10 9 Por que é importante cuidar dos dentes de leite? Manter a saúde dos dentes de leite é muito importante: para a criança se alimentar, mastigando os alimentos para não ter dor provocada por cárie para não passar cárie para os dentes permanentes para guardar espaço e guiar o nascimento dos permanentes Dentes de leite (branquinhos) guardando o espaço dos dentes Dente permanente sem espaço para nascer porque o dente de leite foi perdido muito cedo

11 10 A troca dos dentes: caem os de leite e nascem os permanentes Por volta dos 5 ou 6 anos de idade, a troca dos dentes se inicia. Caem os dentes de leite e nascem os dentes permanentes. Incisivos permanentes nascendo entre os dentes de leite Mesmo antes dos dentes de leite começarem a cair, o primeiro molar permanente nasce atrás do último dente de leite. Muitas vezes os pais não percebem o seu nascimento e confundem esse dente com um dente de leite. Nesta fase a criança precisa de muita ajuda na escovação.

12 11 Primeiro molar permanente direito nascendo Espaço que será ocupado pelo primeiro molar permanente esquerdo Molares de leite A troca dos dentes pode ir até os 11 ou 13 anos, mas o último dente, o terceiro molar permanente, conhecido como dente do siso ou dente do juízo, nasce mais tarde, entre os 16 e 21 anos, dependendo da pessoa. Em alguns casos, esse último dente nem nasce, ficando incluso no osso e algumas vezes torna-se necessário extraí-lo por meio de cirurgia. Dente do siso (terceiro molar) incluso no osso

13 12 Um adulto com dentição completa tem 32 dentes permanentes. Adulto com 32 dentes permanentes

14 13 O dente visto por dentro Todos os dentes, inclusive os dentes de leite, possuem uma coroa e uma raiz. A coroa é a parte do dente que fica para fora da gengiva e realiza a mastigação dos alimentos. A raiz é a parte que fica sob a gengiva e sustenta o dente. Internamente, encontramos os vasos sangüíneos e nervos, responsáveis pela irrigação, nutrição e sensibilidade do órgão dentário. Sob a gengiva também encontramos tecido ósseo que auxilia na fixação do dente. Coroa Polpa dentária: nervos e vasos sanguíneos Raiz Gengiva Osso Dente visto por dentro, com vasos sanguíneos e nervos dentro do canal; osso e gengiva suportando o dente

15 14 A s doenças da boca

16 15 Por que é importante cuidar da boca e dos dentes? Uma boca bem cuidada facilita o convívio social, o relacionamento com amigos, namorado(a) e a conquista de emprego, pois boa aparência conta muito nos dias de hoje. Além disso, os dentes são importantes para a pronúncia das palavras, auxiliando na fonação. Uma boca saudável ajuda a manter um corpo saudável, pois a pessoa pode se alimentar melhor, não sente dores e não apresenta infecções, que poderiam se espalhar para outros locais do corpo, inclusive em órgãos vitais como coração e rins. Infecções dentárias podem se espalhar para outros pontos do corpo

17 16 O que acontece ao não cuidar da boca e dos dentes? Uma pessoa que não cuida de sua boca, sofre com doenças, das quais as mais comuns são a cárie e as doenças das gengivas (gengivite e periodontite), mas existem outras doenças que podem atingir a boca, como mau hálito, algumas feridas (afta, herpes, sapinho ) e também o câncer bucal. Dentes destruídos por cárie em criança de 3 anos de idade Adulto com doença avançada na gengiva, tártaro Afta Dentes destruídos por cárie em adolescente de 14 anos Boca saudável em criança de 13 anos

18 17 O câncer bucal atinge principalmente pessoas acima dos 50 anos, que fumam, consomem bebidas alcoólicas, ficam muito tempo expostas ao sol (lábios) e usam dentaduras ou pontes que machucam. Todos os adultos devem fazer o auto-exame e procurar um dentista caso percebam manchas ou feridas que não cicatrizam depois de 15 dias, com ou sem áreas de dormência ou qualquer outro sinal diferente. Câncer de lábio O auto-exame deve ser feito 1 vez por mês: em frente ao espelho, procurar manchas ou sinais diferentes na face; abrir a boca, colocar a língua para fora e examiná-la com cuidado, inclusive nos lados e embaixo; puxar os lábios com os dedos e examiná-los internamente; fazer o mesmo com as bochechas; fechando novamente a boca, apalpar bochechas e pescoço para verificar se há nódulos. Se tiver dúvidas, procure seu cirurgiãodentista.

19 18 Cárie A cárie é uma doença que atinge os dentes, provocando perda da estrutura dental, com aparecimento de buracos ou cavidades. Deve ser tratada o mais rápido possível para evitar que a destruição atinja as estruturas internas do dente (vasos sanguíneos e nervos), provocando infecção, dores e algumas vezes a perda do dente. Para tratar um dente acometido por cárie, o cirurgião-dentista limpa o local, retirando todo o tecido comprometido e restaura o dente com um material adequado. Quanto menor a cárie, mais fácil e rápido é o tratamento. Primeiro molar permanente com cárie profunda Dente com cárie de média profundidade Dente com cárie avançada, canal afetado e infecção

20 19 Doenças das gengivas A doença mais comum que atinge a gengiva é a gengivite. Começa com inflamação no local e sangramento durante a escovação. No início não há dor, mas se não houver tratamento adequado, com correta escovação diária, a doença avança para o osso, provoca infecções, dores, amolecimento e perda dos dentes. Essa doença é chamada de periodontite. Muitas vezes o tártaro, que é uma placa dura grudada nos dentes, se forma e ajuda a irritar as gengivas. O tártaro não sai com a escovação. O dentista deve raspar com instrumentos especialmente desenvolvidos para isso. Quanto mais rápido o problema for detectado e o tratamento iniciado, mais fácil e rápida a solução. Gengiva sadia Gengiva inflamada Gengiva inflamada e tártaro

21 20 Causa das principais doenças da boca A cárie e as doenças das gengivas são causadas pelo acúmulo de placa bacteriana, formada por sujeiras, restos de alimentos e micróbios (bactérias) que ficam grudados aos dentes até que sejam limpos. Às vezes é difícil enxergá-la, mas a placa está sempre se formando, todos os dias. As bactérias que formam essa placa sobrevivem dos restos de alimento que ficam na boca e lavam os dentes com uma substância que provoca a perda da estrutura dentária (cárie) e irrita as gengivas, causando inflamação e sangramento. O tártaro é a placa bacteriana endurecida. Placa bacteriana vista com auxílio de corante Gengiva inflamada e tártaro

22 21 Prevenindo as doenças da boca: cuidados com higienização cuidados com alim entação

23 Saúde Bucal - M anual para M ultiplicadores 22 Como prevenir a cárie e as doenças da gengiva? Ora, se é a placa a causadora da cárie e das doenças das gengivas, tirando a placa e reduzindo seu meio de nutrição (restos de alimentos, principalmente doces) não teremos esses problemas. Para tirar a placa devemos escovar ou limpar os dentes e a língua no mínimo 3 vezes ao dia, todos os dias, principalmente antes de dormir, pois durante o sono ficamos sem a saliva que ajudaria na limpeza natural dos dentes. As próteses (dentaduras e pontes) e aparelhos dentários, também devem ser limpos todos os dias. Esses cuidados devem ser tomados por pessoas em qualquer idade, do bebê ao adulto, mas no caso de crianças, os responsáveis pela execução da limpeza são os adultos que cuidam delas. D ivisão de Saúde Bucal da Prefeitura M unicipal de F oz do Iguaçu

24 23 C uidados com higienização A criança Crianças brincando de escovar É claro que uma criança não consegue escovar os dentes sozinha. Um adulto deve ajudar, principalmente antes de dormir: Até os 6 anos de idade um adulto deve limpar/escovar os dentes da criança 3 vezes ao dia Até os 8 anos de idade um adulto deve escovar os dentes da criança pelo menos antes de dormir Até os anos um adulto deve supervisionar, confirmar se a criança já escovou os dentes NÃO ESQUEÇA os pais educam a vida inteira!! Muitas vezes a criança quer escovar sozinha. Neste caso é útil fazer um trato: eu escovo seus dentes e você escova a língua. Deve-se ensinar a criança a varrer a sujeira para fora da língua. Escolha uma escova de dentes adequada, com cabeça pequena e cerdas macias. Se houver sangramento, provavelmente

25 24 a criança está com gengivite e deve-se continuar escovando adequadamente para resolver o problema. Na dúvida procure seu cirurgião-dentista. É comum as crianças menores não quererem escovar, chorarem. Não desista. O adulto deve escovar mesmo que ela chore, mostrando para ela que não dói, não demora e é importante para cuidar de sua saúde. Se necessário, pode-se pegar a criança no colo e pedir para alguém segurar os bracinhos. Posição para limpar os dentes de crianças pequenas: uma pessoa limpa e outra ajuda a segurar os bracinhos Deve-se evitar brigar ou gritar com a criança, muito menos ameaçar: se você não ficar quieta vou te levar no dentista ou vou te dar injeção. Isso não vai ajudar em nada, vai piorar a situação, vai transformar a hora da escovação em um tormento e vai deixar a criança com medo de ir ao dentista. A criança aprende por imitação, por isso é importante deixar que ela veja a família escovando os dentes. Se ela quiser, pode-se dar a escova para que ela treine, mas sem pasta (creme dental). Apenas molhar a escova em água limpa.

26 25 O adolescente O adolescente deve ser incentivado a se cuidar. É interessante comentar que uma boca bonita e saudável ajuda a conseguir emprego, fazer amigos e conquistar namorados(as). O adulto O adulto entende o significado do cuidado com sua saúde, mas muitas vezes desconhece o importante papel da higienização bucal para a prevenção das principais doenças. Deve ser orientado sobre a maneira correta de higienizar sua boca diariamente e estimulado a fazê-lo zelando pela sua saúde e de sua família. A gestante A gestante pode e deve ir ao dentista em qualquer fase da gestação. Sua situação de saúde bucal será avaliada e informações importantes para sua saúde e de seu bebê serão fornecidas. Tratamentos também podem realizados, preferencialmente no segundo trimestre de gravidez, inclusive com uso de anestesia, desde que seu estado de saúde geral permita.

27 26 A crença de que os dentes ficam fracos durante a gravidez NÃO é verdadeira. Em razão da alteração hormonal e do aumento da vascularização (vasos sangüíneos) uma inflamação gengival já existente antes da gravidez pode se agravar, assim como o aumento de apetite, da freqüência de alimentação e do consumo de alimentos doces, pode facilitar o desenvolvimento de cárie dentária. No entanto se a gestante mantiver os cuidados de higiene e evitar alimentos doces fora do horário das refeições, seus dentes e gengivas permanecerão saudáveis. O portador de necessidades especiais Pessoas com necessidades especiais, com deficiências motoras ou mentais, acamados e idosos, podem necessitar de auxílio dos seus cuidadores para limpar seus dentes e/ou suas próteses (dentaduras ou pontes). Em alguns casos, enxaguatórios bucais estão indicados, mas somente o cirurgião-dentista pode indicar o tipo de enxaguatório correto para cada caso. Algumas dessas pessoas estão mais predispostas a lesões (feridas) e doenças bucais como candidíase, hiperplasia fibrosa ou inflamatória e outras, incluindo o câncer bucal, dependendo de seu estado geral de saúde e do uso de medicamentos. Assim, devem consultar um cirurgião-dentista periodicamente, para o diagnóstico precoce e tratamento adequado.

28 27 Como limpar ou escovar os dentes? Enquanto a criança não tiver dentes: limpar a boca 1 vez ao dia com fralda limpa (ou gaze) e água limpa. Para limpar coloque um dedo entre as gengivas, enrole uma fralda no dedo da outra mão e passe pelas gengivas, céu da boca e língua. Afaste as bochechas com os dedos. Quando nascerem os primeiros dentes (± 6 meses): limpar a boca e dentes 3 vezes ao dia com fralda limpa (ou gaze) e água limpa. Limpe os primeiros dentinhos com fralda ou gaze

29 28 Quando nascerem os dentes do fundo ou molares de leite (± 1 ano e meio): escovar os dentes 3 vezes ao dia com água limpa até a criança aprender a cuspir (± 3 anos). Esses dentes têm sulcos ( dobrinhas ) em cima, onde os restos de alimento grudam. Nascimento do primeiro molar de leite Sulcos no primeiro molar de leite A partir dos 3 anos: escovar com pouca pasta 3 vezes ao dia. A quantidade é semelhante ao tamanho de um grão de arroz. Quantidade de pasta para crianças de 3 a 5 anos: grão de arroz

30 29 Seja em que idade for, ao escovar seus próprios dentes ou de uma criança, para não esquecer nenhum lugar é útil adotar uma ordem: dentes do fundo e de cima dentes do fundo e de baixo dentes da frente língua Nos dentes do fundo, lembrar de escovar: Lado de fora (lado que fica perto das bochechas) Lado que mastiga (parte de cima do dente usada para mastigar) Lado de dentro (lado que fica perto do céu da boca e perto da língua) Escovação dos dentes superiores posteriores Lado de fora Lado que mastiga Lado de dentro

31 30 Escovação dos dentes inferiores posteriores Lado de fora Lado que mastiga Lado de dentro Nos dentes da frente, lembrar de escovar Lado de fora (lado da frente, que fica perto dos lábios) pode-se fazer movimentos circulares Lado de trás (lado que fica por trás) Escovação dos dentes anteriores superiores Lado de fora Lado de dentro

32 31 Escovação dos dentes anteriores inferiores Lado de fora Lado de dentro Escovação da língua Para escovar os dentes das crianças deve-se escolher a posição adequada que não machuque a criança e que seja confortável para o adulto: a criança deve ficar costas para o adulto e encostando a cabecinha no seu corpo. Deve-se segurar o queixo e escovar os dentes, seguindo a ordem já comentada. Se a

33 32 criança for pequena, o adulto pode sentar em um banquinho ou no vaso sanitário para facilitar. Posição adequada para escovar os dentes das crianças Essa posição também é útil para auxiliar portadores de necessidades especiais. Se a criança for menor de 2 anos, os dentes podem ser limpos/escovados mesmo com a criança deitada (sem usar pasta).

34 33 Escova de dentes A escova é de uso particular: não pode ser emprestada, nem entre familiares, pois pode passar bactérias e doenças, como cárie, gripe e outras, de uma pessoa para outra. Cada um deve ter a sua escova, que deve ser trocada quando começar a abrir as cerdas. Não devemos usar escovas de dentes muito grandes, principalmente as crianças. Preferir as que têm cerdas macias. Escovas muito usadas Escovas em bom estado para serem utilizadas

35 34 Creme dental (pasta de dente) Algumas das muitas marcas de creme dental existentes Qualquer marca de creme dental aprovada pela ANVISA/MS pode ser utilizada. Quase todas têm flúor para fortalecer os dentes, mas deve-se tomar muito cuidado com a quantidade de pasta colocada na escova da criança, porque quando a criança engole pasta todos os dias, os dentes permanentes podem nascer manchados (fluorose). Uso correto de creme dental: dentes fortes Resultado de uso excessivo de creme dental nos primeiros anos de vida: manchas (fluorose)

36 Saúde Bucal - M anual para M ultiplicadores 35 Excesso de creme dental na escova: essa quantidade não é necessária mesmo para adultos Não usar creme dental até a criança aprender a cuspir (± 3 anos de idade). Usar água limpa somente A partir dos 3 anos, até ± os 5 anos usar uma quantidade equivalente a um grão de arroz A partir dos 6 anos, até no caso dos adultos, usar uma quantidade equivalente a um grão de feijão. Quantidade de creme dental para crianças de 3 a 5 anos: grão de arroz Quantidade de creme dental após 6 anos de idade: grão de feijão D ivisão de Saúde Bucal da Prefeitura M unicipal de F oz do Iguaçu

37 36 Fio dental O fio ou fita (ou até linha de costura) deve ser passado entre os dentes todos os dias, 1 vez ao dia. É claro que a criança não vai conseguir passar sozinha. O adulto deve ajudar. Pode-se pedir para a criança deitar e colocar a cabeça no colo do adulto. Uso do fio dental

38 37 C uidados com alim entação Em qualquer idade, qualquer resto de alimento que fique na boca pode causar cárie, mas os alimentos doces e pegajosos são os principais causadores de problemas. Controlar o consumo de refrigerantes, chocolates, balas, pirulitos, salgadinhos e doces, principalmente os mais pegajosos. Alimentos que devem ter o consumo controlado

39 38 A alimentação da criança Cuidado com a propaganda da TV que diz que aquele biscoito ou aquele produto é vitaminado. Pode até ter vitamina, mas também tem muito açúcar, conservantes e gordura, que se consumidos em excesso prejudicam a saúde, sendo responsáveis, por exemplo, pela obesidade infantil, que predispõe as crianças a hipertensão (pressão alta), diabetes e doenças cardíacas (doenças do coração). As vitaminas que a criança precisa estão nos alimentos normais do dia-a-dia: arroz, feijão, carne, frango, ovos, alface, cenoura, tomate, beterraba, frutas, leite, etc. Exemplos de alimentos necessários ao bom funcionamento do organismo Guardar os alimentos que devem ter consumo controlado fora do alcance das crianças para que não consigam se servir quando quiserem. Pode-se tentar fazer um trato e combinar que esse tipo de alimento é permitido nos finais de semana ou reservar horários para consumir como sobremesa.

40 39 Evitar a mamadeira - preferir o leite materno A mamadeira aumenta a chance de desenvolvimento de cáries e posicionamento incorreto dos dentes (dentes tortos), porque o leite fica mais tempo na boca e a criança não faz a ginástica necessária para o bom desenvolvimento dos ossos e músculos. Na medida do possível, deve-se passar a criança do peito direto para o copo. Às vezes o copinho com canudo ajuda. Evitar dar água, chá ou suco na mamadeira. Usar o copo. Copinho com canudo Aleitamento materno As crianças amamentadas no peito têm mais saúde, pois o leite materno funciona como uma vacina natural. Também são mais seguras, usam menos chupeta ou chupam menos o dedo.

41 40 ATENÇÃO! Ao nascerem os primeiros dentes, a criança não deve mais mamar (peito ou mamadeira) de madrugada, ou seja, não deve acordar durante a noite para mamar. Isso não é necessário para que ela se alimente, pois nesta idade já deve estar comendo o suficiente durante o dia. Além disso, a mamada da madrugada aumenta muito a chance da criança ter cárie em uma forma que destrói rapidamente os dentes e provoca muita dor. Se a criança chorar durante a noite, na maioria das vezes é porque sente a falta da mãe e não por fome. A mãe ou o pai deve ficar um pouco com ela, cantar, fazer massagem nas costas, dar água, mas não dar leite, chás ou sucos. Dentes destruídos por cárie em criança de 3 anos de idade Criança que mama durante a noite tem mais chance de ter cáries

42 41 SE NÃO PUDER EVITAR A MAMADEIRA: 1) Não colocar mel ou açúcar. No leite materno a gente não coloca açúcar, por que colocar na mamadeira? Se já estiver sendo usado, deve-se diminuir a quantidade. Os achocolatados e outros produtos que se costuma misturar, já têm bastante açúcar. 2) Conversar com o médico da criança a respeito da real necessidade de colocar outros alimentos na mamadeira: mucilon e farinha láctea, por exemplo. Muitas vezes a criança não precisa desses produtos para se alimentar e ao contrário podem até atrapalhar enchendo a criança e não permitindo que ela coma o que é realmente necessário. 3) Lavar bem a mamadeira para evitar doenças e infecções 4) Não aumentar o furo do bico. A criança deve fazer um pouco de esforço para sugar. 5) Se a criança não quis comer o almoço, procure não dar a mamadeira logo em seguida para compensar. A mamadeira vai tirar a fome da criança, ela não vai querer comer e não vai estar bem alimentada, porque precisa de outros nutrientes que não estão no leite. Além disso, a mamadeira é mais fácil de engolir e a criança vai acostumar e ficar com preguiça de mastigar. Deve-se guardar o prato de comida e oferecer mais tarde.

43 42 Furo do bico da mamadeira aumentado Não dar a mamadeira para a criança na cama ou no berço 6) Não dar a mamadeira na cama. A criança vai dormir mamando, os dentes não vão ser limpos. Deve-se fazê-la entender que existe a hora de se alimentar e existe a hora dormir e uma coisa é diferente da outra.

44 43 O utros assuntos im portantes: A ntibióticos O utros hábitos

45 44 Antibióticos enfraquecem os dentes? NÃO!!! Apenas alguns medicamentos como tetraciclina devem ser evitados na infância e durante a gestação por causarem manchas nos dentes da criança. A maioria dos remédios para criança (antibióticos, xaropes, vitaminas) tem açúcar. Quando a criança está doente, deve tomar os remédios, às vezes várias vezes ao dia e durante vários dias. Estando doente e chorosa, o adulto não quer mexer com ela e deixa de escovar ou limpar os dentes. Aí sim a cárie acontece. É preciso lembrar de limpar os dentes da criança após dar o remédio.

46 45 Outros hábitos: chupeta e dedo Até ± os 3 anos de idade os ossos das crianças estão terminando de se ajeitar, são molinhos, maleáveis, como a moleira nos primeiros meses de vida da criança. Tudo que atrapalhar o desenvolvimento (uso de chupeta, dedo) vai fazer com que os ossos se estabeleçam fora de posição e os dentes também. Se o que estiver atrapalhando (chupeta, dedo, mamadeira) for retirado até ± os 3 anos de idade, os ossos tentam voltar para a posição e se ajeitar. Se a criança passar dos 3 anos usando chupeta, dedo, mamadeira é bem provável que vá ter que usar aparelho mais tarde para corrigir os dentes. Uso prolongado de chupeta e dedo

47 46 Mordida aberta em criança de 3 anos de idade provocada por sucção do polegar O uso de chupeta e dedo é uma forma da criança aliviar a tensão, diminuir sua ansiedade. É como o cigarro para o adulto fumante e, assim como o cigarro, vicia, é difícil de largar e traz danos à saúde. Brigar e ridicularizar a criança para tentar fazê-la parar só vai piorar o problema. No caso da chupeta, pode-se conversar e tentar trocar por algo que a criança queira: uma lembrancinha, um passeio, a visita do coelho da Páscoa, Papai Noel, etc. Pode-se tentar mostrar para a criança que o uso de dedo ou chupeta está deixando os dentes dela tortos, que vai ficar feio. Lambuzar a chupeta com açúcar ou mel é uma das principais causas de cárie dentária antes dos 3 anos de idade. Nesses casos a doença é agressiva e rápida, provocando muita dor, infecções, atrapalhando o crescimento e desenvolvimento da criança, além de ser de difícil tratamento.

48 47 Com o você quer sorrir?

49 48 ASSIM? Dentes destruídos em adolescente de 14 anos ou ASSIM? Adulto com dentes e boca saudável LEMBRE-SE Você é o principal responsável pela sua saúde e da sua família. Somente com sua ajuda você e todos os brasileiros terão um sorriso bonito e brilhante.

50 49 Referências ALVES, V. S. Um modelo de educação em saúde para o Programa Saúde da Família: pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial, Interface - Comunic., Saúde, Educ., v.9, n.16, p.39-52, set.2004/fev BASTOS, J.R.M.; PERES, S.H.C.S.; CALDANA, M.L. Educação em saúde com enfoque em odontologia e fonoaudiologia. São Paulo: Liv. Santos, p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Projeto SB Brasil Condições de saúde bucal da população brasileira Resultados Principais. Brasília, 2004 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. A educação que produz saúde. Brasília: Ministério da Saúde, p. CURY, J.A. Uso do flúor e controle da cárie como doença. In: Baratieri L, Monteiro MAC, Vieira LCC, Ritter AV, Cardoso AC. Odontologia restauradora: fundamentos e possibilidades. São Paulo: Liv. Ed Santos, p DIAS, C. R. Promoção e proteção da saúde bucal na família. São Paulo: Liv. Santos, p. FEJERSKOV, O.; KIDD, E. Cárie dentária: a doença e seu tratamento clínico. São Paulo: Liv. Santos, p. MENEZES, L.M.B. O uso do flúor e a promoção da saúde bucal. In: Dias AA. Saúde Bucal Coletiva. São Paulo: Livraria e Editora Santos, p PAGLIARI, Ana Valéria; MOIMAZ, Suzely Adas Saliba; SALIBA, Orlando; DELBEM, Alberto Carlos Botazzo; SASSAKI, Kikue. Analysis of fluoride concentration in mother's milk substitutes. Brazilian Oral Research, v. 20, p , Disponível em PEREIRA, A.C. Odontologia em Saúde Coletiva. São Paulo: Artmed, PETRY, P. C.; PRETTO, S. M. Educação e Motivação em Saúde Bucal. In: KRIGER, L. Aboprev Promoção de Saúde bucal. 1 ed. São Paulo: Artes Médicas, p PINTO, V.G. Educação em Saúde Bucal. In:. Saúde Bucal Coletiva. São Paulo: Liv. Santos, p WALTER, L.R.F.; FERELLE. A.; MYAKI, I. Odontologia para o bebê. São Paulo: Artes Médicas