DECISÃO. Eis o breve relatório.

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1 DECISÃO JR Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil Ofício nº: 030-RJ/2006/GGFSA Nº PROC.: NOME DO INTERESSADO: TAP PORTUGAL ISR PASSAGEIRO: 694/SAC SV/2005 IVANA MARIA DE FREITAS BRANDÃO RELATOR: Edmilson José de Carvalho INSPAC ANAC nº A Mat nrº RELATÓRIO - Trata de recurso impetrado pela empresa supracitada por multa pecuniária imposta através de processo administrativo por infração aos preceitos da Lei nº de 19 de dezembro de 1986 que dispõe sobre o Código Brasileiro de Aeronáutica - CBAer em sua essência o seu artigo Passageira insatisfeita com a execução do contrato de transporte aéreo formaliza protesto junto a Fiscalização ANAC do aeroporto da cidade de Salvador/BA (SBSV) através do Impresso de Sugestões e Reclamações nº 694/SAC SV/2007 (fls. 01 e verso-02) relatando que tinha reserva confirmada para o vôo TAP para o trecho de Barcelona/ESP>Lisboa/POR>Salvador- BA/BRA em 30 de setembro de 2005 e teve o seu bilhete de passagem roubado no aeroporto de Barcelona/ESP, realizou o registro de ocorrência na autoridade policial local (fls ), mas o seu reembarque foi atrasado em 10(dez) horas no aeroporto de Barcelona/ESP, em outro vôo, perdendo a conexão para o Brasil, tendo que aguardar mais 24hs no aeroporto de Lisboa/POR, em reembarque em 01 de outubro de 2005, sem ser disponibilizado qualquer facilidade; - Provocado pela Fiscalização ANAC através do Ofício nº 357/ASV/2005 de 01 de outubro de 2005 (fls. 08) a empresa aérea apresenta Defesa Complementar (fls. 09) alegando que o atraso no reembarque da passageira que teve o seu bilhete de passagem extraviado deveu-se pelo fato que devido a diferença de fuso horário não foi possível contatar a agência de viagem que emitiu os bilhetes para realizar a confirmação dos dados necessários para reemissão do bilhete; - Processo administrativo iniciado através da expedição do Ofício nº 030-RJ/2006/GGFSA de 25 de setembro de 2006 (fls. 13) para a empresa acima citada imputando como infração os fatos ocorridos conforme descrição no protesto inicial da passageira (fls. 01 e verso-02); - Empresa apresentou Defesa Prévia (fls. 16) reiterando todas as informações apresentadas na Defesa Complementar; - A Gerência Geral de Fiscalização de Serviços Aéreos (fls ) considerou que a empresa acima citada descumpriu o previsto na Portaria 676/GC5 de 13 de novembro de 2000 que aprova as Condições Gerais de Transporte, em seu artigo 14, sendo imputada uma sanção pecuniária de R$1.500,00(Hum mil e quinhentos reais) com enquadramento no CBAer, art. 302, inciso III, alínea u. Eis o breve relatório. RESUMO DO RECURSO - Empresa impetra recurso tempestivamente (fls. 21) informando que no momento da apresentação da passageira no aeroporto de Barcelona/ESP, ás 05h00min equivaleria às 00h00min em Salvador/BA, sendo que o representante da empresa aérea em Barcelona/ESP necessitava que o Página 1 de 6

2 escritório emissor (Brasil) transmitisse os dados dos bilhetes originais (data da emissão, percurso, tarifa, câmbio, valor equivalente em R$, validade, etc) conforme preceitua a Portaria 676/GC5 de 13 de novembro de 2000: Art. 14. Em caso de extravio do bilhete de passagem, o transportador emitente deverá proceder a sua substituição nas mesmas bases e condições contratadas, respeitando o prazo de validade original. - Ressalta que com uma diferença de fuso horário entre Barcelona e Salvador de 5(cinco) horas, foi necessário a espera da abertura do escritório de Salvador às 09h00min o que foi equivalente às 14h00min em Barcelona, sendo os bilhetes então substituídos e a passageira reembarcada às 17h00min horário local de Barcelona/ESP. PARECER DO RELATOR PRELIMINARMENTE: - As empresas estrangeiras de transporte aéreo autorizadas a operarem regularmente no país subordinam-se às leis nativas vigentes, especialmente a Lei nº de 19 de dezembro de 1986, que dispõe o sobre o Código Brasileiro de Aeronáutica (CBAer): Art. 1º 2º Este Código se aplica a nacionais e estrangeiros, em todo o território nacional, assim como, no exterior, até onde for admitida a sua extraterritorialidade. - Assim como nas maiorias dos países do mundo, no Brasil a relação jurídica do transportador e do passageiro é contratual, conforme estabelecido no marco regulatório do sistema de aviação civil o CBAer: Art º A relação jurídica ente o empresário e o usuário ou beneficiário dos serviços é contratual, regendo-se pelas respectivas normas previstas neste Código e legislação complementar Art Pelo contrato de transporte aéreo, obriga-se o empresário a transportar passageiro, bagagem, carga, encomenda ou mala postal, por meio de aeronave, mediante pagamento. Grifos meu. - Assim constata-se que o contrato de transporte é um contrato bilateral, comutativo, oneroso e consensual, onde fazendo associação ao caso concreto do presente processo, assim estabelece a lei nº de 10 de janeiro de 2002, que institui o novo Código Civil brasileiro: Art Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. - Conforme orienta a Profª Maria Helena Diniz, em seu livro Código Civil Anotado: A determinação do local onde se tem por concluído o contrato é de grande importância no campo do direito internacional privado, porque dele dependerá a apuração do foro competente e a determinação da lei a ser aplicado à relação contratual. - Assim ficando comprovado que o contrato de transporte aéreo celebrado entre a reclamante e o empresa aérea rege-se pelas legislações brasileiras, é determinante cláusulas pátrias que a responsabilidade do transportador de deslocar contratualmente o passageiro que pagou pelo serviço é objetiva, tendo o transportador a obrigação do resultado, ou seja, levar o transportado nos horários contratados são e salvo ao seu destino. Página 2 de 6

3 - O presente processo iniciou com a expedição de Ofício, ato válido previsto na legislação vigente a época, IAC de 31 de Janeiro de 2003, que rezava sobre processamento de irregularidades: 4.4 Os Chefes dos Subdepartamentos do DAC, o Diretor do IAC e os Chefes dos SERAC, ao tomarem conhecimento de infração ao CBA ou à legislação complementar, determinarão, por despacho, a abertura do processo administrativo. 4.5 Recebido o despacho, órgão responsável pela apuração da infração comunicará a instauração do procedimento, mediante Ofício ou Notificação de Infração. - A IAC de Jan 2003, foi substituída pela Resolução ANAC nº 013 de 27 de Agosto de 2007 e esta também foi revogada pela Resolução ANAC nº 25 de 25 de Abril de NO MÉRITO: - O presente processo retrata em seu bojo a ocorrência de extravio de bilhete de passagem e a recusa da empresa aérea de embarcar no vôo contratado e enquadra a ocorrência no CBAer: Art A multa será aplicada pela prática das seguintes infrações: III Infrações imputáveis à concessionária ou permissionária de serviços aéreos: u) Infringir as Condições Gerais de Transporte, bem como as demais normas que dispõem sobre serviços aéreos ; Grifos meu. - Este enquadramento nos remete as Condições Gerais de Transporte, que são as condições mínimas para efetuar o transporte de pessoas, bagagens e carga, disciplinadas através da Portaria nº 676/GC-5 de 13 novembro de 2000, que dispõe: Art. 14. Em caso de extravio do bilhete de passagem, o transportador emitente deverá proceder a sua substituição nas mesmas bases e condições contratadas, respeitando o prazo de validade original. 2º Caso o passageiro, cujo bilhete de passagem foi extraviado, tenha reserva confirmada, a reemissão do bilhete deverá ser a tempo deste realizar a viagem para a qual possui reserva. Grifos meu. - Conforme visto acima é o artigo 14 em seu 2º parágrafo é taxativo quanto a obrigação da empresa transportadora quanto ao embarque de passageiros que por algum motivo tenha o seu bilhete de passagem extraviado que a reemissão do bilhete seja para o mesmo vôo para o qual tinha reserva confirmada, e o verbo imperativo deverá é vinculante ao fato de estar obrigado a fazer uma ação, não permitindo discricionariedade de juízo a quem deva cumpri-la. - As empresas aéreas tem como principal objeto de seus negócios a emissão e controle de passagens aéreas, devendo-se prevê em sua rotina o acesso rápido a esses dados em prol da própria operacionalidade de suas atividades, implícito assim está no fragmento legal já descrito anteriormente. A passageira teve seu bilhete de passagem extraviado por motivo alheio a sua vontade, dentro do ambiente aeroportuário e efetuado sua obrigação civil em noticiar às autoridades locais o seu infortúnio, sendo o mesmo materializado em um boletim de ocorrência que não foi considerado pela empresa aérea. Página 3 de 6

4 - Há de se lembrar, que a atuação das empresas de transporte aéreo não se esgota na prestação da obrigação principal (transporte de passageiros), impondo-se que preste assistência aos usuários do serviço quando da ocorrência de atraso, cancelamento de vôos ou qualquer evento que denote a ineficácia de serviços prestados, minorando, assim, os danos já suportados pelos mesmos, visto se tratar de não cumprimento de cláusulas contratuais por parte da empresa transportadora. - Desta forma, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso, mantendo, assim, o valor da sanção em decisão prolatada pelo competente órgão decisório de primeira instância administrativa (Junta de Julgamento), considerando que a dosimetria do valor da multa se inicia no patamar médio previsto no Anexo I - correspondente ao enquadramento da inicial do processo administrativo (art. 302, inciso III, alínea u ) - na Resolução ANAC nº 25 de 25 de abril de 2008, graduando-se na observação o previsto no seguinte artigo: Art. 22. Para efeito de aplicação de penalidades serão consideradas circunstâncias atenuantes e agravantes. II a recusa em adotar medidas para reparação dos efeitos da infração; - Na análise do fato concreto e na observação dos itens listados do artigo descrito acima, não há circunstâncias atenuantes a se considerar mas presente circunstância agravante, como o valor atual da sanção pecuniária já se encontra abaixo, previsto na Resolução descrita acima, devendo, portanto o valor da sanção pecuniária ser mantido no atual patamar - Devido a aplicabilidade do princípio da razoável duração do processo e por economicidade processual, pela quantidade de processos de mesma natureza, não vislumbro o agravamento da sanção nos ditames da Lei nº de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal: Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua competência. Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientificado para que formule suas alegações antes da decisão. e ainda em conformidade com a IN: Art º Na prática dos atos processuais será observado o princípio da celeridade e da economia processual, não se permitindo exigências que não sejam estritamente necessárias à elucidação da matéria. É o voto do Relator. Rio de Janeiro, 19 de outubro de EDMILSON JOSÉ DE CARVALHO Membro da Junta Recursal da ANAC INSPAC ANAC nº A-0253 Matricula nº Página 4 de 6

5 Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil CERTIDÃO DE JULGAMENTO JR AUTUAÇÃO Ofício nº: 030-RJ/2006/GGFSA Nº PROC.: NOME DO INTERESSADO: TAP PORTUGAL ISR PASSAGEIRO: 694/SAC SV/2005 IVANA MARIA DE FREITAS BRANDÃO RELATOR: Edmilson José de Carvalho INSPAC ANAC nº A Mat nrº PRESIDENTE DA SESSÃO: Alexandra da Silva Amaral ASSUNTO: Bilhete Extraviado, passageira com reserva marcada e não embarcado em seu contatrado Perdida art. 302, III, u, CBAer combinado com a Portaria nº 676/GC5 de 13 de novembro de 2000, artigo 14, parágrafo 2º. CERTIDÃO Certifico que Junta Recursal da AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL ANAC, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Junta, por unanimidade, negou provimento ao recurso, mantendo o valor da multa aplicada pelo órgão decisório de primeira instância administrativa, nos termos do voto do relator. Os Srs. Membros Alexandra da Silva Amaral e Sérgio Luís Pereira Santos votaram com o Relator. Rio de Janeiro, 22 de outubro de ALEXANDRA DA S I LVA AMARAL PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL Página 5 de 6

6 DESPACHO JR Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil Encaminhe-se a Secretaria da Junta Recursal para as providências de praxe. Rio de Janeiro, 22 de outubro de ALEXANDRA DA S I LVA AMARAL PRESIDENTE DA JUNTA RECURSAL Página 6 de 6