Apresentação de dados quantitativos

Transcrição

1 Apresentação de dados quantitativos Prof. Marcos Vinicius Pó Métodos Quantitativos para Ciências Sociais

2 Questão para os grupos Que tipos de problemas podemos ter com os dados que utilizamos? Como lidar com esses problemas? Que tipo de cuidados devemos ter na apresentação de informações? Fonte: 2

3 Grupos Grupo 1 Ana Karina Vieira Karimi Bárbara Jéssica Grupo 2 Carolina Alessandra Karina Catelan Priscila Natália Grupo 3 Rebeca Diane Mariana Poliana Grupo 4 Elber Leonardo Rodrigo Grupo 5 Caio Daniel Alves Matheus Jonas Grupo 6 Helder Renato Raiane Rafael Dilena 3

4 Desafio para todos os grupos Apresentar as notas das avaliações de disciplinas do BCH em um único slide (planilha no blog). Critérios de julgamento: Capacidade de mostrar os dados e permitir comparações de maneira fácil e intuitiva. Uso mínimo de tinta. Não distorcer o que os dados têm a dizer Não perder conteúdo. Premiação Ponto positivo para os grupos que apresentarem (+) Ponto negativo para os que não apresentarem (-) Sorteio de 2 prêmios especiais para o melhor trabalho 4

5 Princípios da apresentação de dados Informação visual: organizar e ordenar o fluxo de informação gráfica apresentada ao olho (Tufte, 2001: 154). Simplicidade do desenho e complexidade dos dados. Conjugar imagens, palavras, números e arte. Tudo o que entra em um gráfico deve ter um motivo e um lugar certo, bem pensado. Apresentação desorganizada emburrece o público: deixa as pessoas pouco dispostas a analisar informação, levando à necessidade de animar a apresentação. Não valorizar o estilo em detrimento do conteúdo. 5

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7 Princípios da informação visual quantitativa Servir a um propósito razoavelmente claro: descrição, exploração, tabulação ou decoração Mostrar os dados Revelar os dados em vários níveis o Estrutura geral (agregado) o Detalhes o O que está além do gráfico informação subjacente Levar o leitor a pensar sobre o conteúdo, não sobre o design ou software utilizado Evitar distorcer o que os dados têm a dizer Encorajar o leitor a comparar diferentes partes da informação e a refletir sobre elas, tirando suas próprias conclusões 7

8 Teoria dos dados gráficos Acima de tudo, mostre os dados Maximize a relação dados/tinta Suprima tinta que não se refira a dados Suprima tinta redundante referente a dados Revise e edite 8

9 Editando um gráfico Original Tinta que não traz informação Editado Fonte: Tufte, 2001: 102 9

10 Formas de apresentação de informação Tabelas Funcionam bem com grandes quantidades de dados que precisam ser comparadas em detalhe Economizam espaço facilitam a visualização Gráficos Síntese de informações Direcionam o olhar e compreensão PowerPoint Mapas mentais 10

11 Riscos cognitivos do Powerpoint Formato sequencial e hierárquico (bullets) não consegue lidar com informação que precise de visão mais ampla Evita a complexidade: poucas palavras Simplificação das apresentações pode deixar de lado detalhes e dados importantes para a reflexão e descoberta Documentais A apresentação toma o lugar do material que deve ser entregue Perda de detalhes e de memória: necessidade de ser acompanhado de informações mais detalhadas Desvio de foco: animações, ilustrações, áudio, etc podem ajudar, mas também podem desviar a atenção da substância (fatos, dados, premissas, conclusões...) 11

12 PowerPoint e o acidente da Columbia O acidente que destruiu o ônibus espacial Columbia durante sua reentrada na terra em fevereiro de 2003 levou à uma investigação detalhada sobre as suas causas, registradas em um relatório Entre as conclusões estava o problema de documentação e análise de informações, como a falha de isolamento de proteção 12

13 PowerPoint e o acidente da Columbia A documentação daquele problema estava registrada em um slide, cuja estrutura hierárquica e formato pode ter levado à pouca atenção sobre aspectos cruciais do problema, tais como o uso de palavras imprecisas e a escala do modelo de teste usado pela Boeing Fonte: Tufte, 2006:

14 Mapas mentais Ferramentas para mostrar o agrupamento de conhecimentos, conceitos, atividades, etc Facilitar visualizar os relacionamentos e afinidades As informações de mapas mentais devem ser unidimensionais, pois eles normalmente não permitem a visualização de matrizes e relacionamentos entre as partes É fundamental que esses conceitos sejam intuitivos para o mapeador e para o leitor, facilitando o entendimento e a recuperação do conteúdo. Programas gratuitos: Freemind, CmapTools 14

15 Tabelas podem ser atraentes Original: muita informação sem destaque Edição 1: limpeza e destaque para a informação principal Edição 2: mostra tendências, mas perde informação Fonte: Tufte,

16 Exemplo de mapa mental 16

17 Texto Não é só o tamanho da letra que afeta a legibilidade e a compreensibilidade de um texto, há uma série de outros fatores relevantes, tais como: O tipo de letra (tipologia) O espaçamento: facilita a leitura, mas pode cansar se for muito grande Algumas dicas gerais É mais fácil ler quando as letras são diferenciadas Grifos o Itálico: usado normalmente para dar destaques extensos no texto, para palavras em outro idioma ou para jargões o Negrito: utilizado normalmente para destaques curtos no meio do texto ou para seções o Sublinhado: utilizado normalmente para destaques curtos no meio do texto ou para seções 17

18 Book Antiqua Cambria Garamond Times New Roman Estatística Estatística Estatística Estatística 18

19 Tipologia: sem serifa (san serif) e serifadas Em alguma parte do seu trabalho o pesquisador se depara com o problema de analisar e entender um conjunto de dados relevante ao seu objeto de estudos. Ele necessitará trabalhar com os dados para transformá-los em informações, para compará-los com outros resultados, ou ainda para julgar a sua adequação a uma teoria. Em alguma parte do seu trabalho o pesquisador se depara com o problema de analisar e entender um conjunto de dados relevante ao seu objeto de estudos. Ele necessitará trabalhar com os dados para transformá-los em informações, para compará-los com outros resultados, ou ainda para julgar a sua adequação a uma teoria. Letras serifadas são mais fáceis e agradáveis de acompanhar em textos longos Bussab; Morettin, 2002:1 19

20 Corinthians bi-campeão mundial! Letras sem serifa dão mais destaque em frases curtas Corinthians bi-campeão mundial! 20

21 Integridade gráfica A representação dos números, medidos fisicamente na própria superfície do gráfico, deve ser diretamente proporcional às quantidades numéricas representadas A rotulagem dos dados deve ser usada para evitar distorções gráficas e ambiguidades. Escreva as explicações no próprio gráfico e marque eventos importantes Mostra a variação dos dados, não do design Séries normatizadas (ex.: 1994 = 100) podem ser muito úteis para mostrar variações O número de dimensões trazendo informações (variáveis) não deve exceder o número de dimensões do gráfico 21

22 Riscos de proporção Não mexa em mais dimensões que as necessárias para expressar a grandeza, pois podem ocorrer distorções visuais. Todas as formas variaram 100% na dimensão vertical, mas essa variação parece maior quando a dimensão horizontal também varia. 22

23 Exemplo de gráfico gerado e editado no Excel Reais (milhões) Gerado com as opções padrão 600,00 Orçamento empenhado das agências, em milhões (deflacionado pelo IGP-DI; ref.=2007) 500,00 400,00 300,00 200,00 100,00 Anatel Aneel ANS Editado Orçamento empenhado das agências, em milhões (deflacionado pelo IGP-DI; ref.=2007) 0, Ano Anatel 200 Aneel 100 ANS

24 Exemplos de combinação de diferentes elementos gráficos na apresentação de informação quantitativa 24

25 Contaminação por cólera em Londres, 1849 Fonte: On the mode of communication of cholera. John Snow (1849). PP

26 Contaminação visualmente ilustrada A relação entre contaminação por cólera e a fonte de água fica mais evidente? 26

27 Escala de horários de trens franceses (Marey, 1880) 27

28 Com graduação em cinza 28

29 Exemplo de exame laboratorial 29

30 Escala de cinza Usar cores (com parcimônia) pode ser interessante, mas o olho detecta e hierarquiza muito bem variações de cinza 30

31 Participação na força de trabalho Carta Capital, 14 de dezembro de 2011, p 95 31

32 Excelência na apresentação gráfica Fazer com que um grande número de dados seja apresentado de forma coerente Dar ao leitor o maior número de ideias no menor tempo, utilizandose do mínimo de tinta no menor espaço possível Ideias complexas comunicadas com clareza, precisão e eficiência Excelência gráfica é a apresentação bem planejada de dados interessantes: uma questão de substância, estatística e design 32

33 Carta ilustrativa da campanha de Napoleão na Rússia (Charles Joseph Minard, 1869) Variáveis apresentadas Local Temperatura Tamanho das tropas Distância Datas Nomes de generais 33

34 Diagrama de mortalidade no exército oriental (Florence Nightingale, ) Combinação de duas dimensões: causa e quantidade 34

35 Maus exemplos Fica difícil comparar linha a linha para entender a mudança de perfil político dos brasileiros Tentou tratar de duas dimensões diferentes, mas acabou criando confusão Valor Econômico, 19/01/2012 Valor Econômico, 13/04/

36 Planejar a apresentação de informação Tirar vantagem da capacidade do olho de agrupar informações, detectar padrões e notar variações Pensar: Definir variáveis a serem incluídas Verificar uso da informação Planejar a abordagem Rever, editar, rever... Evitar Lixo gráfico (tinta que não traz informação ou não ajuda) Abreviaturas que poucos conheçam Ter que voltar entre legenda e gráfico para o entendimento TUDO EM MAIÚSCULA Efeitos no texto 36

37 Para saber mais Tufte, Edward The Visual Display of Quantitative Information. Graphics Press, Second Edition Tufte, Edward The Cognitive Style of PowerPoint: Pitching Out Corrupts Within. Graphics Press, Second Edition 37