Medidas processuais na prevenção da formação de crómio VI na pele
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- Maria do Loreto Rocha Brunelli
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1 Medidas processuais na prevenção da formação de crómio VI na pele Filipe Crispim CTIC 1. Introdução O trabalho que aqui se apresenta está associado à possibilidade de formação de crómio VI numa pele curtida com sulfato básico de crómio. Na realidade, o recurtume de uma pele curtida a crómio pode ser efectuado com produtos que apresentem propriedades anti-oxidantes, actuando assim de forma preventiva no que respeita à posterior formação deste metal no estado de oxidação VI. Como é do conhecimento público, existem exigências legais quanto à presença de crómio VI no artigo final. O teor máximo admissível é de 3 ppm. Sendo este um limite muito baixo, convém actuar preventivamente, evitando a oxidação do crómio III. Tendo sido este problema colocado ao CTIC por várias empresas industriais de curtumes, foi efectuado um estudo que permite perceber a influência da utilização de extractos vegetais e diferentes tipos de gorduras na posterior formação de crómio VI, podendo assim concluir sobre o potencial preventivo de alguns produtos que se podem aplicar em estado pós wet-blue. Neste artigo são apresentados os primeiros resultados obtidos, respeitantes à utilização de extractos vegetais no recurtume. 2. Resultados Conforme atrás referido, a passagem de crómio III a crómio VI corresponde a uma reacção de oxidação, pelo que, tal como aliás se encontra referido em várias publicações científicas em revistas da especialidade, os extractos vegetais são os produtos de recurtume que actuam de forma mais eficaz na prevenção da formação de crómio VI. Sendo assim, realizou-se uma bateria de ensaios, onde foram testados diferentes tipos de recurtume vegetal. Apresenta-se na página seguinte a formulação base aplicada.
2 Tabela 1 Ensaios de recurtume para avaliação da inibição de formação de crómio VI Fase % Produto T / ºC t / min. Controlo Lavagem ácida 1000 Água 30 0,5 Ác. Oxálico (1:10) Roda 30 ph = 2,8 Neutralização 1000 Água 30 5 Sulfato básico de crómio (33, 26) + 5 Formiato de sódio 1,5 Bicarbonato de sódio Roda 90 ph = 4,7 / corte = verde Lavagem 1500 Água 30 Roda 20 Pré-Engorduramento 1000 Água 30 3 Óleo de peixe sulfitado (1:3) 0,5 Emulsionante (1:3) Roda Amoníaco Roda 15 + (Rec. / Ting.) x Dispersante y Extracto vegetal 2 Corante castanho Roda Ác. fórmico (1:10) Roda 15 ph = 3,8-4,0 + 1 Ác. fórmico (1:10) Roda 30 ph = 3,4-3,6 Lavagem 1500 Água 50 Roda 5 Engorduramento 1000 Água Óleo de peixe sulfitado (1:3) 2 Óleo pé-de-boi 2 Emulsionante (1:3) Roda 45 + (Fixação) 0,5 Ácido formico (1:10) Roda 15 ph = 3,3-3,5 Lavagem 1000 Água fria Roda 10 Estirar / Secar estufa 30ºC / Amaciar
3 Estes ensaios foram realizados em fetos de bovino curtidos com sulfato básico de crómio, de acordo com as seguintes condições operatórias: - ph do banho de piquel: 2,7 2,9; - Dosagem de sufato básico de crómio (25% óxido de crómio e 33% basicidade): 7% sobre a massa de pele em tripa; - ph final do curtume: 3,7 3,9. Na tabela seguinte apresentam-se as diferenças entre os quatro ensaios realizados. Tabela 2 Ensaios de recurtume para avaliação da inibição de formação de crómio VI y - Extracto Vegetal Ensaio Mimosa (%) Tara (%) x Dispersante CRVI NF 2% CRVI LS 2% CRVI LS 2% CRVI LS 10% Relativamente aos dispersantes usados, foram utilizados dois produtos: NF um dispersante comercial comum, sintético, com base em ácidos naftalenosulfónicos; LS um dispersante de origem natural, com base em ácidos lenhinosulfónicos, cuja expressão no mercado é ainda um pouco reduzida, embora se tenha verificado apresentar uma excelente performance. Os ácidos lenhinosulfónicos apresentam propriedades de dispersante, mas também possuem acção tânica. Amostras de pele resultantes de todos estes ensaios foram analisadas quanto à presença de crómio VI, antes e depois de um tratamento através do qual se pretendia promover a oxidação do crómio III, passando ao estado de oxidação VI. Descreve-se de seguida o referido tratamento: 144h em câmara climática 50ºC / 95% HR; mais 144h de exposição a radiação UV.
4 Os resultados apresentam-se na tabela seguinte. Tabela 3 Determinação da formação de crómio VI Ensaio Crómio VI (antes do tratamento oxidativo) / ppm Crómio VI (antes do tratamento oxidativo) / ppm CRVI-1 0,7 2,1 CRVI-2 0,5 2,0 CRVI-3 0,5 1,8 CRVI-4 0,3 14,2 Nota: O teor de crómio hexavalente foi determinado de acordo com a norma IUC 18: Conclusões Pode então concluir-se o seguinte: - A presença de um extracto vegetal como a mimosa é muito importante no sentido de prevenir a formação de crómio VI; - A utilização de extracto de tara, ainda que em dosagens reduzidas, aumenta a protecção contra a formação de crómio hexavalente. Exigências da legislação sobre emissões gasosas Nuno Silva CTIC O Decreto-Lei n.º 78/2004, de 3 de Abril, estabelece o regime legal relativo da prevenção e controlo das emissões atmosféricas fixando os princípios, objectivos e instrumentos apropriados à garantia de protecção do recurso natural ar, bem como as medidas, procedimentos e obrigações dos operadores das instalações abrangidas, com vista a evitar ou reduzir a níveis aceitáveis a poluição atmosférica originada nessas mesmas instalações.
5 Este diploma legal abrange todas as fontes de emissão de poluentes atmosféricos associados a instalações que desenvolvam actividades de carácter industrial, produção de electricidade e/ou vapor, instalações de combustão integradas em estabelecimentos industriais, comerciais e/ou de serviços, entre os quais os de prestação de cuidados de saúde, os de ensino e instituições do estado, bem como actividades de armazenagem de combustíveis, de pesquisa e exploração de massas minerais e de manutenção e reparação de veículos. Em Junho de 2009, entraram em vigor novas Portarias (n.º 675 e 677/2009) que estabelecem para Portugal uma gama de valores limite de emissão (VLE) de «nova geração», mais consonantes com o progresso técnico, mais ajustados à realidade da indústria nacional e com um nível de exigência, em alguns casos, significativo. A presente legislação estabelece valores limite de emissão de aplicação geral (VLE gerais), ou seja, valores limite aplicáveis à generalidade das instalações, excepto nos casos em que existam já VLE definidos para o sector de actividade em que se inserem, denominados VLE sectoriais (há sectores de actividade que, para determinados parâmetros, dispõem de valores limite diferentes, adaptados a especificidades do processo, sector ou actividade). Define também os valores limite de emissão aplicáveis às instalações de combustão. Passados dois anos sobre a publicação desta legislação, constata-se que a imposição de novos limites de emissão requer, em muitos casos, uma adaptação das instalações abrangidas e que estavam em exploração ou em funcionamento. Esta adaptação pode passar por diferentes abordagens, nomeadamente: substituição de equipamentos e combustíveis, instalação de equipamentos de despoeiramento e de tratamento de efluentes gasosos e exploração e manutenção adequadas (realização de ajustes, verificações, calibrações e limpeza periódicas). Está a decorrer um período de adaptação de três anos para os VLE que passam a ser mais exigentes. Exceptua-se apenas o caso do poluente partículas, em que os novos VLE já se encontram em vigor. Para qualquer esclarecimento, não hesite em contactar o departamento técnico do CTIC (efluentes gasosos).
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