PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

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1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS Disciplina: Direito do Trabalho II Professora: Cláudia Glênia JUR: MATERIAL APENAS PARA ROTEIRO DISCIPLINAR, NÃO DEVE SER USADO COMO CONTEÚDO DE ESTUDO, NÃO DEVE SER USADO SEM AS DOUTRINAS E AS LEGILAÇÕES PERTINENTES RESCISÃO CONTRATUAL É a dissolução, o término do contrato, da relação de trabalho, podendo resultar de ato de uma ou de ambas as partes. O importante no ato rescisório é saber quais são as causas do mesmo para poder determinar os direitos e obrigações das partes. Pode se dar: Por pedido do empregador: - Dispensa sem justa causa - Dispensa por justa causa Por pedido do empregado: - Pedido de demissão - Rescisão Indireta Despedida Indireta - Aposentadoria Por desaparecimento de uma das partes: -Morte do empregado - Morte do empregador pessoa física ou empresário individual - Extinção da empresa com ou sem motivo de força maior Por culpa recíproca: Por decisão judicial o empregador e o empregado são responsáveis pela rescisão do contrato de trabalho. 1

2 Por mútuo consentimento: Por acordo as partes pactuam pela rescisão contratual, onde o FGTS não poderá ser levantado, e as verbas poderão ser negociadas, exceto os salários e as férias vencidas. Independente do motivo da rescisão contratual, quando esta ocorre deverá ser elaborado um recibo de quitação das parcelas rescisórias discriminando-as conforme o motivo rescisório. Não sendo possível o pagamento de verbas complessivas, ou seja verbas englobadas (S TST 91). É de bom crivo trazer a tona a STST 451 que afirma ter direito o empregado à participação proporcional nos lucros da empresa, mesmo rescindido o contrato antes da data do respectivo pagamento. No contexto rescisório é bom lembrarmos o princípio da continuidade laborativa, onde em razão do mesmo cabe ao empregador o ônus de provar o pedido de demissão, conforme S TST 212. HOMOLOGAÇÃO RESCISÓRIA Segundo o artigo 477 1º da CLT quando o contrato de trabalho perdurar por mais de um ano serviços, a rescisão contratual somente será válida quando feita com a assistência do respectivo sindicato da categoria, ou perante a autoridade do Ministério do Trabalho e Emprego via Superintendência Regional do Trabalho, é ato homologatório, gratuito (OJ 16 do SDC TST), na ausência poderá o representante do MP ou o Juiz de Paz proceder a homologação (artigo 477 3º CLT), sendo obrigatório para os relativamente capazes a presença do responsável legal. Quanto a quitação afirma a a STST 330 que a eficácia é liberatória apenas em relação às parcelas expressamente consignadas no termo (TRCT), salvo se oposta ressalva expressa das parcelas impugnadas, não abrangendo parcelas não consignadas no termo de quitação, ou seja a quitação está restrita em relação aos direito pagos. A ausência de ressalva não afasta, atualmente, a possibilidade do empregado pleitear seus direitos na Justiça do Trabalho. FRAUDE À LEGISLAÇÃO TRABALHISTA DISPENSA FICTÍCIA Segundo o artigo 23 2º 3 º da Lei 8.036/1990, bem como a Portaria do MTe 384/1992, considera-se fraudulenta a rescisão se nos 90 dias posteriores o empregado for readmitido na mesma empresa. Isso ocorreu em razão da possibilidade de recebimento do Seguro Desemprego, causando um enorme prejuízo ao erário. 2

3 VERBAS RESCISÓRIAS - RESCISÃO IMOTIVADA (iniciativa do empregador no contrato por prazo indeterminado) - Saldo de salário - Aviso prévio (trabalhado ou indenizado artigo 487 CLT) - Férias vencidas simples, dobras e proporcionais (artigo 146 e seguintes CLT) - 1/3 constitucional sobre as férias - 13º salário - 40% sobre o FGTS ( artigo 18 da Lei 8.036/1990) - Um salário mensal quando a dispensa ocorrer 30 dias que antecedem a data-base (Lei 7.238/1984) - Levantamento do FGTS e dos 40% mediante entrega da TRCT SJ2 (circular nº 2 do Tem) e a conectividade. - PEDIDO DE DEMISSÃO (iniciativa do empregado no contrato por prazo indeterminado) - Saldo de salário - O empregado cumpre ou paga o aviso ao empregador (artigo 487 da CLT) - Férias vencidas simples, dobradas e proporcionais + 1/3 constitucional. - 13º salário integral, proporcional (Lei 4.090/1962) - código TRCT SJ1, sem direito a saque do FGTS - ROMPIMENTOS DOS CONTRATOS POR PRAZO DETERMINADO 1- Extinção automática: -Não tem aviso prévio - recebe saldo de salário - férias vencida e proporcional +1/3-13º integral e proporcional - FGTS -Não tem direito aos 40% sobre o FGTS 2- Rescisão antecipada por iniciativa do empregado: - Sem cláusula assecuratória o empregado paga a indenização (metade dos dias que faltavam para encerrar o contrato) -com cláusula assecuratória o empregado paga o aviso ao empregador. - saldo de salário - férias vencidas e proporcionais + 1/3-13º salário integral e proporcional - FGTS (o empregado não saca) - Não tem direito aos 40% sobre o FGTS 3- Rescisão antecipada por iniciativa do empregador - Sem cláusula assecuratória o empregador paga a indenização 3

4 -Com cláusula assecuratória o empregador paga o aviso -saldo de salário - férias vencidas e proporcionais + 1/3-13º salário integral e proporcional - Tem direito aos 40% do FGTS(artigo14 do Decreto /99) - saca o FGTS. - RESCISÃO POR JUSTA CAUSA É a falta grave cometida pelo empregado no curso do contrato, taxativamente enumeradas no artigo 482 da CLT: Improbidade, incontinência de conduta ou mau procedimento, negociação habitual, condenação criminal, desídia, embriaguez habitual ou em serviço, violação de segredo da empresa, indisciplina ou insubordinação, abandono de emprego, ato lesivo da honra ou da boa fama, ofensas contra o empregador ou superior hierárquico, prática constantes de jogos de azar, atos atentatórios contra a segurança nacional. Ainda constitui ato faltoso: - Artigo 158 CLT recusa justificada do uso de EPI s e EPC s - Artigo 240 CLT Recusa do ferroviários em cumprir sobre jornada sem limitação legal em caso de urgência ou acidentes capazes de afetar a segurança nacional -Aprendiz que não frequenta curso de aprendizagem. Em todos os casos devem ser observados o princípio da imediatidade (punição atual) e a inexistência de perdão tácito, não sendo considerada a justa causa em caso de dupla punição. 1- Ato de Improbidade É ato de desonestidade, má-fé praticada contra o empregador ou companheiros de trabalho, é ação ou omissão eivada de dolo com intuito de obter vantagem própria ou para outra em prejuízo de alguém. Ex: retenção de valores, falsificação de documentos para receber feriados não trabalhados. 2- Incontinência de conduta ou mau procedimento Seria uma perda de responsabilidade e de um comportamento que o homem médio teria em determinada situação, ofensa ao pudor, pornografia, excessos morais de toda ordem, onde esse desregramento atinge a moral e prejudica o ambiente do trabalho ou mesmo as obrigações contratuais do empregado. 3- Negociação habitual Para se caracterizar deve ficar demonstrado a diminuição de lucros do empregador, como exemplos temos o empregado que faz propaganda de uma 4

5 concorrente dentro da sede de uma outra empresa ao qual também é empregado. 4- Condenação criminal A que foi transitada em julgado, pois não poderá cumprir a sua parte no contrato, não poderá trabalhar. 5- Desídia no desempenho das funções É o comportamento negligente, de menosprezo ao trabalho, como a repetição de pequenas falas, omissão de vários atos, provando-se o ato via advertência ou suspensão. 6- Embriaguez - Embriaguez habitual: resulta de vício, mesmo não estando o empregado trabalhando. - Embriaguez em serviço: pode não ser crônico, ou seja pode ter sido um evento isolado, mas que por sua natureza repercutiu no ambiente de trabalho. É de bom crivo lembrar que o alcoolismo é doença, não podendo ser encarado como uma conduta intencional. Assim não deveria o empregado ser punido e sim encaminhado para tratamento e recuperação, vez ser uma doença genética. 7- Violação de segredo da empresa O empregado deve manter em segredo os conhecimentos obtidos por força de sua função, por exemplo a fórmula da coca cola, do guaraná, do Nescafé e outros Indisciplina e insubordinação A indisciplina é descumprimento de ordem geral, já a insubordinação é de ordem pessoal, com endereço certo. 9- Abandono de emprego É a ausência injustificada ao serviço por mais de 30 dias (STST 32), o que vale é a intenção do empregado em não querer manter a relação empregatícia. Neste caso o empregador deverá notificar o empregado pessoalmente ou por AR pedindo o seu retorno e informado que caso não retorne será dispensado por justa causa, fato que deverá também ser precedido de um convocação do empregado por meio da imprensa, sendo que alguns autores afirmam que a publicação somente será plausível no caso de empregado que se encontre em lugar incerto e não sabido. 5

6 É de bom crivo lembrar que a prisão do empregado não caracteriza o abandono de emprego, neste caso o contrato ficará suspenso. 10- Ato lesivo da honra contra empregador ou superior hierárquico ou qualquer pessoa Contra qualquer pessoa desde que praticado no serviço e contra empregador e superior hierárquico, inclusive ofensas físicas (calúnia, difamação, injúria), salvo legítima defesa. 11- Prática de jogos de azar São os jogos de cartas, apostas, corridas de cavalo, aquele que joga por vício coloca em risco pode destruir a confiança entre as partes (empregado e empregador) para a manutenção do contrato. Pois por se tratar de vício, arrasta o empregado à desonestidade. 12- Atos atentatórios contra segurança nacional Pode ser caracterizadas pela manifestação do empregado via palavras, atitudes emitidas com o intuito de colocar em risco a segurança nacional DIREITOS DECORRENTES DA JUSTA CAUSA - Dias trabalhados - Direitos adquiridos como férias vencidas, horas extras e outros. RESCISÃO INDIRETA OU DESPEDIDA INDIRETA Seria, grosso modo, a justa causa cometida pelo empregador, declarada pelo juiz após provado alguns ou algum dos elementos contidos taxativamente no artigo 483 da CLT, também devendo prevalecer o princípio da imediatidade, podendo ou não o empregado afastar-se do emprego. Tal rescisão se dá quando forem exigidos do empregado serviços: - superiores às suas forças - defesos por lei - contrários aos bons costumes - alheios ao contrato - Quando for tratado pelo empregador ou superior com rigor excessivo - quando correr risco de mal considerável - quando praticar o empregador ou preposto contra o empregado ou sua família ato lesivo a honra, ou ofenderem fisicamente, salvo legítima defesa. - quando o empregador deixar de cumprir obrigações contratuais, reduzir salário ou trabalho afetando a remuneração obreira. 6

7 Além disso, - No caso de morte do empregador empresa individual ou pessoa física, pode o empregado rescindir o contrato. DIREITOS RESCISÓRIOS Como se dispensado imotivadamente fosse. RESCISÃO DO CONTRATO POR CULPA RECÍPROCA Para que ela ocorra é necessário que o empregado tenha cometido falta grave (art. 482 da CLT) capaz de ensejar a rescisão do contrato de trabalho por justa causa e o empregador também tenha praticado falta grave capaz de justificar a rescisão (indireta) do contrato de trabalho (art. 483 da CLT), de modo que uma não se sobreponha a outra, para não ocorrer punição desproporcional a um dos infratores. As culpas devem ser equivalentes em gravidade e decorrem de atos concomitantes. A apuração dos fatos se dará em nível judicial, ou seja será uma decisão judicial que declarará a referida rescisão contratual. DIREITOS RESCISÓRIOS(artigos 484, STST 14 e convenção da OIT 132) - O empregado recebe metade do aviso - O empregado recebe todo o saldo de salário - integralmente férias vencidas e metade das férias proporcionais + 1/3 - metade do 13º salário - 20% sobre o FGTS, podendo sacá-lo RESCISÃO DO CONTRATO POR PRAZO INDETERMINADO FORÇA MAIOR(terremoto, incêndio, inundação...) - O empregado recebe metade do aviso - O empregado recebe todo o saldo de salário - integralmente férias vencidas e metade das férias proporcionais + 1/3 - metade do 13º salário - 20% sobre o FGTS, podendo sacá-lo RESCISÃO DO CONTRATO POR PRAZO INDETERMINADO EXTINÇÃO DA EMPRESA SEM FORÇA MAIOR - O empregado fará jus integralmente a todos os seus direitos, como se dispensado imotivadamente fosse, mesmo se decorrer de falência, neste caso devendo ser observado o constante da STST 173, onde os salários serão devidos até a extinção. RESCISÃO CONTRATATUAL FACTUM PRINCIPIS O artigo 486 da CLT trata do assunto e afirma que no caso de paralisação das atividades empresariais decorrentes de ato de autoridade municipal, estadual ou federal, 7

8 seja temporária ou definitiva, ficará a cargo do governo responsável o pagamento da indenização pela rescisão dos contratos decorrentes da respectiva paralização. Quanto a responsabilidades das verbas existem duas correntes. A primeira afirma que o governo seria responsável pelo pagamento de todas as verbas rescisórias. A segunda já afirma que ao governo caberia pagar apenas os 40% sobre o FGTS e as demais verbas ficariam a cargo do empregador. E ainda dentro dessa corrente, afirmam uns que a multa fundiária deveria ser de 20% e outros defendem os 40%. RESCISÃO CONTRATUAL POR MORTE DO EMPREGADO VERBAS: - saldo de salário - 13º salário integral, proporcional - férias vencidas e proporcionais + 1/3 - levantamento do FGTS OBS: verbas pagas a seus dependentes habilitados na previdência ou ao inventariante juridicamente constituído. RESCISÃO CONTRATUAL POR MORTE DO EMPREGADOR VERBAS: - todas as verbas como se dispensado imotivadamente fosse, cabendo ressalva de divergência apena em relação aos 40% sobre o FGTS, com entendimento majoritário em ser devido o respectivo depósito. RESCISÃO CONTRATUAL POR APOSENTADORIA VERBAS: - saldo de salário - 13º integral e proporcional - férias vencidas ou proporcional + 1/3 - pode sacar o FGTS, sendo que caso continue trabalhando será obrigatório recolhimento do FGTS, e nesse caso se ocorrer a dispensa imotivada deverá ser pago os 40% sobre o montante dos depósitos. OBS: lembre que em todos os casos se o contrato tiver perdurado por mais de um ano, existe a obrigatoriedade de homologação sindical, na ausência de sindicato da categoria, essa homologação pode ser realizada no MTE, com assistência do MP ou Defensor Público ou ainda Juiz de Paz. BIBLIOGRAFIA BARROS, Alice Monteiro. Curso de Direito do Trabalho. 8

9 BASILE, César Reinaldo Offa. Duração do trabalho a direito de greve. CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das leis do Trabalho. CASSAR, Vólia Bonfim. Direito do Trabalho. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. MANUS, Pedro Paulo Teixeira. Direito do trabalho MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do trabalho NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Direito do trabalho NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho VENEZIANO, André Horta. Direito e processo do trabalho. 9