Abuso Sexual Técnicas de Entrevista e Abordagem. Lícia Nery Fonseca Técnica em Psicologia MP-GO licia.fonseca@mpgo.mp.br
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- Cíntia Gomes Franco
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1 Abuso Sexual Técnicas de Entrevista e Abordagem Lícia Nery Fonseca Técnica em Psicologia MP-GO licia.fonseca@mpgo.mp.br
2 Violência Sexual contra crianças e adolescentes A violência sexual contra crianças e adolescentes é um grave problema social, pois sua incidência é elevada e as consequências paras as vítimas desse tipo de violência são bastante sérias; Existem alguns tipos de violência sexual: - Abuso sexual intrafamiliar - quando a violência é praticada por membros da família; - Abuso sexual extrafamiliar - quando a violência é praticada por terceiros; - Exploração sexual quando a criança ou adolescente são usados sexualmente como meio de se obter lucro ou qualquer tipo de benefício.
3 O que é abuso sexual? Todo ato ou jogo sexual que parte de uma pessoa em um estágio de desenvolvimento físico e psicológico mais avançado em relação a uma criança ou adolescente. As práticas sexuais são impostas à criança ou adolescente por meio de agressões, ameaças ou indução da sua vontade; Pode envolver desde toques, comentários com conteúdo sexual, práticas de voyeurismo e exibicionismo até sexo oral, penetração digital e intercurso genital ou anal.
4 Sinais observados nas vítimas As vítimas de abuso sexual comumente apresentam sinais como: - Alterações cognitivas: baixa concentração e atenção, baixo rendimento escolar; - Alterações emocionais: sentimentos de medo, vergonha, culpa, ansiedade, tristeza, raiva e irritabilidade; - Alterações comportamentais: conduta hipersexualizada, isolamento social, agressividade, mudanças no sono e alimentação, enurese, dentre outras; - Alterações físicas: hemorragia ou secreção nas partes íntimas; infecções/doenças sexualmente transmissíveis, queixas de dores abdominais; A maioria destes sinais não é exclusiva de vítimas de abuso sexual, mas se eles são notados, devem ser investigados.
5 Dinâmica do abuso sexual A criança ou adolescente pode não querer relatar o abuso sexual porque sofre ameaças e agressões por parte do abusador, principalmente, quando o agressor é alguém próximo da criança ou adolescente; Muitas vezes, os abusos sexuais não deixam evidências físicas; Não existe um perfil de abusador sexual; Agressores sexuais não têm cara ou jeito de abusador ; Dificilmente, estes agressores assumem o crime e, na maioria dos casos, a fala da vítima é a única prova.
6 O que fazer em caso de suspeita de abuso sexual? - Toda situação de violência sexual contra criança ou adolescente deve ser denunciada, mesmo que seja apenas uma suspeita; - Para denunciar, você pode entrar em contato com: Conselho Tutelar, disque Direitos Humanos disque 100, Polícia Militar (190), Polícia Rodoviária Federal (191), Delegacias de Polícia especializadas ou comuns e Ministério Público; - Evite falar com a criança ou adolescente sobre o assunto se você não se sente preparado. Abordagens inadequadas de entrevista podem ter sérias consequências nestes casos.
7 Como abordar o assunto com a criança ou adolescente? É importante levar a criança ou adolescente para um local reservado, onde ela se sinta mais a vontade para falar; Pergunte para a vítima o que aconteceu, deixando-a relatar a situação do seu modo, sem interrompê-la ou induzi-la; A postura de quem escuta deve ser atenta, empática e acolhedora. Não apresente descrédito em relação a fala da criança ou do adolescente e assegure a vítima de que ela não tem culpa do que aconteceu; Não prometa segredo;
8 Ao conversar com a vítima, o entrevistador também deve procurar usar uma linguagem adequada ao vocabulário da criança ou adolescente, de acordo com sua capacidade de compreensão; Deve-se respeitar, ainda, a autonomia da criança ou do adolescente em responder as perguntas, pois posturas insistentes podem ser revitimizadoras. A revitimização (ou vitimização secundária) ocorre quando a vítima, após ser submetida a diversas entrevistas e avaliações, revive ou até mesmo potencializa o sofrimento resultante da violência vivenciada. Abordagens inadequadas frente a vítima, como perguntas insistentes e comentários depreciativos também podem ser revitimizadores.
9 Aspectos da entrevista com crianças e adolescentes Crianças e adolescentes são mais suscetíveis a sofrer interferência externa em seus relatos, ou seja, são mais sugestionáveis; A sugestionabilidade pode ser entendida como uma aceitação e subsequente incorporação na memória de falsa informação posterior a ocorrência do evento original (Stein, 2010); A sugestionabilidade pode levar à produção de falsas memórias, isto é, à recordação de eventos que não ocorreram na realidade; * Stein, L. M. e cols. (2010) Falsas Memórias: fundamentos científicos e suas aplicações clínicas e jurídicas. Porto Alegre: Artmed.
10 Porque crianças são mais sugestionáveis? 1. Crianças tendem a achar que os adultos conhecem todas as respostas para as situações; 2. Crianças tendem a respeitar e se submeter a vontade dos adultos; 3. Questões individuais também influenciam na propensão da criança a ser sugestionada, tais como: habilidade linguística, autoconfiança, temperamento e vínculo com os pais A sugestão ocorre principalmente devido ao uso de perguntas inadequadas por parte do entrevistador.
11 Tipo de perguntas adequadas Abertas Permitem que a pessoa que está respondendo dê mais informações. Assim, é o melhor tipo de pergunta a ser utilizado. Exemplos: O que aconteceu?, Quando aconteceu?, Onde vocês estavam?.
12 Tipos de perguntas inadequadas Fechadas A própria questão contém alternativas de resposta. Exemplos: Você estava no seu quarto ou na sala quando o seu tio veio falar com você?, Era de dia?. Múltiplas Diversas questões são colocadas simultaneamente. Exemplos: Ele tocou partes do seu corpo ou machucou alguma parte do seu corpo?. Sugestivas contêm elementos não relatados pelo entrevistado e expressam, implícita ou explicitamente, a opinião do entrevistador, conduzindo a testemunha a uma determinada resposta. Exemplos: O que ele fez quando te empurrou para a cama? (a vítima não disse que ele tinha feito isto), Mas ele passou a mão em você, não passou?.
13 Desse modo, é importante usar apenas perguntas abertas e evitar questionamentos que ofereçam informações não fornecidas pela criança ou adolescente no momento da entrevista; Além do uso de perguntas inadequadas, a sugestão também pode ocorrer por meio de perguntas repetidas e por meio de pressão psicológica; Fique atento à sua postura quando conversar com a criança! A sugestionabilidade tem sérias consequências, pois pode levar a criança a relatar fatos que não ocorreram.
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