RESUMO Objetivos: Avaliar os efeitos antiplaca e antigengivite de um anti-séptico bucal contendo óleos essenciais no protocolo
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- Carlos Eduardo Diegues Lima
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1 R. Periodontia - Setembro Volume 18 - Número 03 EFEITOS ANTIPLACA E ANTI-GENGIVITE ASSOCIADOS AO USO DE UM ANTI-SÉPTICO BUCAL CONTENDO ÓLEOS ESSENCIAIS NO PROTOCOLO TERAPÊUTICO DESINFECÇÃO DE BOCA-TOTAL EM ESTÁGIO ÚNICO Anti-plaque and anti-inflammatory effects associated with an essential-oils containing mouthrinse in the one-stage full-mouth disinfection therapeutic protocol Juliana Guimarães dos Santos 1, Davi Romeiro Aquino 2, Aline Mantovane 3, Karina Machado 3, José Roberto Cortelli 4, Gilson César Nobre Franco 5, Fernando de Oliveira Costa 6, Sheila Cavalca Cortelli 4 RESUMO Objetivos: Avaliar os efeitos antiplaca e antigengivite de um anti-séptico bucal contendo óleos essenciais no protocolo desinfecção de boca-total em estágio único. Metodologia: Índice de placa (IP) e Índice gengival modificado (IGM) foram mensurados pelo mesmo examinador treinado e calibrado, em todos os dentes presentes, de 50 indivíduos com periodontite leve. Adicionalmente, foi obtido o nível de proteína total em amostras de saliva não estimulada. Os indivíduos foram distribuídos aleatoriamente em um dos seguintes grupos: desinfecção de boca-total em estágio único associada aos óleos essenciais (n = 25) ou desinfecção de boca-total em estágio único associada a placebo (n = 25). Após a realização dos procedimentos mecânicos os participantes realizaram bochechos duas vezes ao dia por sessenta dias consecutivos. Os parâmetros clínicos e salivares foram obtidos inicialmente (T0), aos dois (T1) e seis meses (T2). Resultados: A análise intergrupos demonstrou uma redução significativa dos parâmetros periodontais clínicos (IP e IGM) no grupo teste em relação ao placebo (ANOVA e teste t Student, p < 0,05). Além disso, o grupo teste apresentou maior redução de gengivite do que de acúmulo de placa (Mann-Whitney, p<0,05). Em acréscimo, apenas o grupo teste apresentou redução do nível total de proteína na saliva (Kruskal-Wallis, p < 0,05). Conclusões: Os efeitos antiplaca e antigengivite previamente demonstradas pelos óleos essenciais também foram observadas quando da sua aplicação no protocolo desinfecção de boca-total em estágio único. UNITERMOS: Óleos essenciais; Estudos clínicos; Gengivite; Placa dentária; Saliva. R Periodontia 2008; 18: Recebimento: 05/05/08 - Correção: 08/07/08 - Aceite: 04/08/08 INTRODUÇÃO Agentes químicos empregados como coadjuvantes aos procedimentos mecânicos podem oferecer benefícios adicionais na manutenção da saúde oral, uma vez que eles alteram ou inibem o desenvolvimento do biofilme sem romper o equilíbrio biológico da cavidade bucal (Baehni & Takeuchi, 2003). Entretanto, para que um produto seja comercialmente aceito como quimioterápico no controle do biofilme e da gengivite ele deve possuir algumas características preconizadas pela American Dental Association (1997) recebendo um selo de aprovação. Devido o biofilme ser o agente etiológico primário para a gengivite e outras doenças bucais, os produtos quimioterápicos utilizados em periodontia devem possuir eficácia na diminuição do biofilme, e também redução clinicamente comprovada da gengivite. Uma combinação específica de óleos essenciais (timol 0,064%; mentol 0,042%; eucaliptol 0,092% e salicilato de metila 0,06%) e soluções de clorexidina entre 0,12 e 2% são atualmente, os únicos produtos aceitos pela ADA ( category.asp) como produtos quimioterápicos para o controle da placa e gengivite. Os óleos essenciais possuem efeitos benéficos para o controle da gengivite por diminuírem a sínte- 83
2 Quadro 1 PROFISSIONAL PESSOAL DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO DE DESINFECÇÃO DE BOCA-TOTAL EM ESTÁGIO ÚNICO Raspagem e aplainamento radicular (dentição completa em 2 consultas consecutivas em período de 24 horas, isto é, 2 manhãs consecutivas) sob anestesia local. Polimento dos quadrantes tratados com pasta abrasiva. Fricção do dorso da língua com swab de algodão estéril embebido em 0,2mL de óleos essenciais ou placebo por 1 minuto. Bochechos 2 vezes ao dia com 20mL de óleos essenciais ou placebo por 30 segundos (durante os últimos 10 segundos, o indivíduo gargarejou). Irrigação subgengival de todas as bolsas periodontais (PS=4mm), por 3 vezes consecutivas, com óleos essenciais ou placebo (5mL/irrigação/bolsa) após ambas sessões de raspagem e aplainamento radicular e no 8º dia. Instruções de higiene bucal e doação mensal de kits padronizados No período de 60 dias: bochechos caseiros 2 vezes ao dia com 20mL de óleos essenciais ou placebo durante 30 segundos. Escovação dos dentes e da língua, limpeza interproximal com fio e/ou escova interdental. se de prostaglandinas e a quimiotaxia para neutrófilos, reduzindo os sinais clínicos de inflamação (Mendes et al. 1995). E, ao contrário dos colutórios a base de clorexidina, os óleos essenciais podem ser utilizados por longos períodos de tempo, tanto em protocolos terapêuticos curativos quanto preventivos. Bauroth et al. (2003) analisaram a eficácia no uso de fita dental e bochecho contendo óleos essenciais no controle da placa e gengivite. Em função das reduções significativas observadas para ambos os parâmetros os autores sugeriram a importância do uso de bochechos contendo óleos essenciais. Sharma et al. (2008) testaram a ação de anti-sépticos bucais (extrato de Azadirachta indica, óleos essenciais, iodo povidine e clorexidina) sobre o índice gengival modificado além dos níveis de interleucina 2 e interferon gama em 80 adolescentes com gengivite crônica. Os resultados demonstraram que após duas semanas de uso os óleos essenciais além de reduzirem o índice gengival modificado também acarretaram redução significativa nas citocinas pró-inflamatórias. Finalmente, Tufekci et al. (2008) testaram em estudo longitudinal (acompanhamento durante seis meses) o efeito da incorporação de bochechos contendo óleos essenciais na higiene bucal diária de cinqüenta pacientes com aparelho ortodôntico. Os pacientes foram divididos em dois grupos: escovação e uso de fio dental ou, escovação, uso do fio dental e bochechos com óleos essenciais. Inicialmente, todos os pacientes foram instruídos sobre a correta higienização dos dentes. Os resultados demonstraram que o emprego dos óleos essenciais reduziram significativamente a quantidade de placa e gengivite. Devido aos conhecimentos sobre os padrões de recolonização microbiana bem como dos efeitos dos procedimentos periodontais sobre a microbiota supra e subgengivais, foi proposto por Quirynen et al. (1995) o protocolo terapêutico - periodontal designado desinfecção de boca-total em estágio único no qual os procedimentos mecânicos são efetuados em intervalo de tempo reduzido em associação ao agente químico clorexidina. Todavia, a literatura é muito escassa em relação à utilização dos óleos essenciais nesse protocolo. O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos antiplaca e antigengivite associados ao uso de um anti-séptico bucal contendo óleos essenciais no protocolo terapêutico periodontal designado desinfecção de boca-total em estágio único. MATERIAIS E MÉTODOS O número de participantes desse estudo clínico longitudinal duplo-cego randomizado foi determinado com base em estudo piloto (Cortelli et al., 2008). Assim, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos (protocolo 328/2006) a amostra de conveniência foi composta por 50 indivíduos que se apresentaram para tratamento na Clínica de Periodontia do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté, entre setembro de 2006 e fevereiro de 2007 e que atenderam aos critérios abaixo descritos. Critérios de inclusão: Os seguintes critérios de inclusão foram considerados neste estudo: gênero: feminino ou masculino; idade: entre trinta e cinqüenta anos; número mínimo de dentes: 15; gravidade da doença: periodontite crônica leve (AAP, 1999); distribuição da doença: generalizada (mais que 30% dos sítios periodontais 84
3 Tabela 1 DESCRIÇÃO DOS ESCORES QUE CARACTERIZAM O ÍNDICE GENGIVAL MODIFICADO PROPOSTO POR LOBENE ET AL. (1986) 0 Ausência de inflamação; 1 Inflamação leve: Ligeira mudança de cor, pequena mudança na textura sem comprometimento total da papila ou gengival marginal; 2 Inflamação leve: Ligeira mudança de cor com envolvimento de toda a unidade da papila ou gengiva marginal; 3 Inflamação moderada: Brilho, vermelhidão, edema, e ou hipertrofia da papila gengival marginal; 4 Inflamação avançada: Vermelhidão marcante, edema e ou hipertrofia da unidade gengival marginal ou papilar com espontâneo sangramento, congestão ou ulceração. comprometidos pela doença). Critérios de exclusão: Foram excluídos pacientes que apresentassem pelo menos um dos seguintes critérios: tabagismo, etilismo; diabete melitus, imunossupressão, gestação e lactação; envolvimento de bifurcação: classes I, II ou III; dispositivos ortodônticos ou protéticos extensos, móveis ou fixos; tratamento periodontal prévio: período de 12 meses; antibióticoterapia local ou sistêmica: nos seis meses prévios ao início do estudo; uso esporádico ou freqüente de antisépticos bucais: nos seis meses que antecederam o início do estudo. Análise da atividade antiplaca e antigengivite Clínica Um único examinador cegado em relação ao grupo e previamente calibrado (K = 0,85) mensurou em seis pontos por dente (mésio-vestibular; médio-vestibular; disto-vestibular; mésio-palatino; médio-palatino e disto-palatino), em todos os dentes presentes, excetuando-se os terceiros molares, o índice de placa (Silness & Löe, 1964) e o índice gengival modificado proposto por Lobene et al. (1986) (Tabela 1). Proteína total salivar Amostras de saliva não estimulada foram coletadas entre 9:00 e 11:00 da manhã para evitar efeitos do ciclo circadiano. A ingestão de alimentos líquidos ou sólidos foi suprimida nas duas horas que antecederam as coletas. Durante a coleta de saliva, realizada em ambiente calmo, ventilado e privativo, os voluntários permaneceram sentados com a cabeça ligeiramente inclinada a 45. Inicialmente, o pesquisador instruiu cada participante a coletar a saliva não estimulada produzida no período de um minuto em um copo descartável. Essa primeira amostra foi desprezada e em seguida uma segunda amostra foi coletada em tubo de plástico tipo Falcon por um período de cinco minutos (Navazesh et al., 1992). Após intervalo de cinco minutos, os voluntários foram re-instruídos a mascar um bloco de parafilm por mais 5 minutos. O pesquisador solicitou então que os indivíduos expelissem a saliva produzida a cada minuto. O fluido acumulado nos dois primeiros minutos foi desprezado e a análise então realizada com o volume adicional produzido nos três minutos subseqüentes (Navazesh et al., 1992). Anteriormente à análise as amostras de saliva foram centrifugadas a rpm por 5 min. e o sobrenadante coletado e utilizado nas análises subseqüentes. A quantificação de proteína total foi realizada pelo método do biureto com auxílio de kit específico (Gold Analisa Diagnóstica, MG - Brazil). O método se baseia na reação entre as pontes peptídicas da proteína e Cu 2+ para produzir um complexo azul violáceo. A absorbância foi lida em espectofotomêtro em comprimento de onda de 540 nm. Terapia periodontal Os pacientes foram distribuídos de forma aleatória em um dos seguintes grupos experimentais: Listerine cool mint ou placebo. A desinfecção de boca-total em estágio único foi conduzida conforme descrito no quadro 1. Mensalmente cada participante recebeu instrução de higiene bucal e um kit para controle mecânico do biofilme supragengival contendo um tubo de dentifrício fluoretado (Colgate tripla ação), uma escova de dentes multitufos com cabeça pequena e cerdas macias (Johnson & Johson Reach profesional extreme 30) e um rolo pequeno de fio dental (Johnson & Johnson Reach expansion plus). Com a finalidade de contribuir para o cegamento dos participantes, tanto os óleos essenciais como a solução placebo, foram dispensados em frascos plásticos idênticos com o volume suficiente para uma semana. Após esse período, cada participante recebeu um novo frasco contendo o mesmo volume anterior. Além disso, todos os participantes receberam copos plásticos com uma marca indicando o volume de 20mL. O primeiro bochecho foi realizado no próprio local do estudo de forma supervisionada. A solução placebo (solução de sorbitol 15%; álcool 21,6%; sacarina sódica 0,05%; ácido benzóico 0,1%; essên- 85
4 Tabela 2 COMPARAÇÃO DOS INDICADORES INFLAMATÓRIOS ENTRE OS GRUPOS TESTE E CONTROLE CONSIDERANDO-SE OS TEMPOS EXPERIMENTAIS Tempo Indicador Média ± DP Pré-tratamento (T0) 2 meses (T1) 6 meses (T2) IPl Teste 2,11 ± 0,61A a 0,48 ± 0,41B a 0,52 ± 0,43B a Controle 2,12 ± 0,63A a 1,23 ± 0,68B b 1,3 ± 0,66B b IGM Teste 2,74 ± 0,23 A a 0,47 ± 0,36 B a 0,56 ± 0,39B a Controle 2,52 ± 0,55 A a 1,39 ± 0,62B b 1,48 ± 0,66 B b ProteínaTotal Teste 97,07±142,36 A 758,22 ± 241,22 A 629,95 ±132,17 B Controle 679,77 ± 130,34B 981,86 ± 241,06A 654,31 ± 116,80B IPl - índice de placa; IGM - índice gengival modificado; DP - desvio padrão Teste - desinfecção de boca-total em estágio único (Listerine(r) cool mint) Controle - desinfecção de boca-total em estágio único (Placebo) Análise intra-grupo revelarou diferenças estatisticamente significativas entre os tempos experimentais (letras maiúsculas diferentes em uma mesma linha) [(ANOVA e teste t-student - dados clínicos) (Kruskal Wallis - dados salivares)] Análise intergrupos, em cada tempo experimental, revelou diferenças estatisticamente significativas para os dados clínicos (ANOVA e teste t-student) cia de menta QS; corante verde QS e água QSP para um litro) foi manipulada (Byofórmula, São José dos Campos, Brasil) de acordo com a fórmula do Listerine excluindo-se os ingredientes ativos (timol 0,064%; mentol 0,042%; eucaliptol 0,092% e salicilato de metila 0,06%). A aderência dos participantes foi avaliada por questionário mensal e ligações telefônicas: realizadas diariamente, pela manhã e a noite durante os 60 dias de auto-controle químico do biofilme. Ligações adicionais foram realizadas quinzenalmente até 6 meses. Análise estatística Como os valores médios iniciais não apresentaram diferenças entre os grupos e apresentaram distribuição normal os índices de placa e gengival modificado foram analisados utilizando-se os testes ANOVA e t-student, enquanto os dados salivares foram analisados pelo teste Kruskal Wallis. As diferenças entre as reduções obtidas por ambos os índices foram testadas utilizando-se o teste Mann-Whitney. As diferenças entre os grupos teste e controle e entre os tempos experimentais foram consideradas estatisticamente significativas quando p < 0,05. A análise estatística foi conduzida com auxílio dos softwares Biostat 5.0 e SPSS RESULTADOS Inicialmente, os grupos foram homogêneos em relação à idade (teste - 40,68 ± 7,04 anos; placebo - 41,22 ± 6,71 anos) e gênero (teste - 11 homens: 11 mulheres; placebo 13 homens: dez mulheres). Três (12%) participantes do grupo teste e dois (8%) do grupo controle não completaram o estudo. O número de participantes que completou a avaliação de seis meses (22 teste/23 placebo) foi superior ao mínimo estabelecido pelo cálculo amostral. Em relação aos índices de placa e gengival modificado, a análise intragrupo revelou reduções tanto para o grupo teste como para o grupo controle (T0 > T1 = T2). Entretanto, a análise intergrupos demonstrou que o grupo teste apresentou maiores reduções nos dois tempos de avaliação após o término da terapia periodontal considerando-se ambos os índices. Apenas o grupo teste apresentou redução do nível total de proteína na saliva. Os dados numéricos relativos aos parâmetros mensurados antes da terapia e durante o seu monitoramente estão dispostos na Tabela 2. A Tabela 3 exibe as reduções médias dos índices clínicos avaliados. O teste Mann-Whitney apontou que para o grupo teste a redução entre pré-terapia e 2 meses foi maior para o índice gengival modificado do que para o índice de placa. DISCUSSÃO Sabe-se que nem todos os indivíduos executam o controle mecânico da placa supragengival adequadamente mesmo sendo esclarecidos sobre sua fundamental importância. Mesmo ao esquema tradicional de condução da terapia periodontal inicial muitos pacientes não aderem eficazmente, talvez pelo tempo que ele requer, em geral compreende de 2 a 3 meses. Assim, produtos químicos com ação antiplaca e antigengivite que possam ser incorporados à rotina diária de higiene bucal parecem apresentar um campo promissor na pesquisa periodontal. Adicionalmente, protocolos efetivos que possam ser finalizados em menos tempo também podem contribuir para a maior adesão por parte dos pacientes periodontais. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar se as ações antiplaca e antigengivite dos óleos essenciais reportadas pela literatura também seriam observadas mediante sua aplicação no protocolo desinfecção de boca- 86
5 Tabela 3 REDUÇÃO MÉDIA DOS ÍNDICES DE PLACA E GENGIVAL PARA OS GRUPOS TESTE E CONTROLE Tempo/grupo Comparação entre os exames Comparação entre os Índices iniciais e de 2 meses exames de 2 e 6 meses Controle Teste Controle Teste Índice de placa 0,93 ± 0,76 1,62 ± 0,57-0,07 ± 0,20-0,04 ± 0,09 Índice gengival modificado 1,16 ± 0,78 2,27 ± 0,45-0,08 ± 0,17-0,09 ± 0,15 valor p 0,3392 0,0005 0,5385 0,4047 Análise intergrupos apontou diferença estatisticamente significativa (teste Mann-Whitney) total em estágio único. Bollen et al. (1996) comparam o protocolo tradicional com o estágio único, e após o acompanhamento por oito meses, observaram melhores resultados em relação ao índice gengival e ao índice de placa para o grupo tratado por desinfecção de boca-total em estágio único. No presente estudo, ambos os grupos apresentaram redução significativa na quantidade de placa e melhora do IGM, mas, os óleos essenciais acarretaram maiores reduções quando comparado ao grupo controle. Embora a própria redução do índice de placa possa influenciar o controle da gengivite, ao final do período experimental os valores médios de IGM foram 0,56 e 1,48 para os grupos teste e controle, respectivamente. Assim, comparando-se com as reduções do acúmulo de placa, os indivíduos do grupo teste parecem ter se beneficiado do uso coadjuvante dos óleos essenciais uma vez que a média do grupo aos 6 meses foi inferior a 1, escore a partir do qual inicia-se a detecção clínica de processo inflamatório. Os resultados do presente estudo parecem corroborar as ações anti-placa e anti-gengivite dos óleos essenciais previamente demonstradas por outros estudos clínicos (Mendes et al., 1995; Charles et al., 2001; Charles et al., 2004; Witt et al., 2005). Todavia, é importante relembrar que a manutenção das reduções alcançadas até os seis meses provavelmente sofreu influência do controle mecânico meticuloso. Foi previamente demonstrado que o controle mecânico ou químico da placa na área supragengival tem um impacto importante inclusive na área subgengival (Fine et al., 2007). Entretanto, tal efeito não parece ser suficiente para promover a saúde dos tecidos gengivais (Nogueira Moreira et al. 2000). Similarmente aos nossos achados, Sharma et al. (2004) também reportaram benefícios adicionais decorrentes do uso de óleos essenciais por pacientes com gengivite os quais utilizaram fio dental e escova multitufos regularmente. Por se tratar de técnica simples e não invasiva de coleta, aliada a uma rica constituição do fluido corpóreo as análises salivares tem crescido em periodontia. Para reforçar a ação antigengivite dos óleos essenciais monitorou-se os níveis totais de proteína na saliva uma vez que esses podem atuar como possíveis indicadores de inflamação bucal (Nieminem et al., 1993). Interessantemente, apenas o grupo teste apresentou redução do nível total de proteína na saliva o que parece ser compatível com a maior redução do índice gengival modificado também demonstrada por esse grupo. Especificamente em relação a uma possível ação anti-inflamatória. Sekino & Ramberg (2005) reportaram efeitos mais pronunciados sobre a gengivite do que sobre a placa por bochechos contendo óleos essenciais. Nossos resultados estão de acordo com Sekino & Ramberg (2005) pelo fato da redução de gengivite ter sido mais acentuada (valor médio inicial = 2,74 e valor médio final = 0,56) que a redução sobre o acúmulo de placa (valor médio inicial = 2,11 e valor médio final = 0,51) no grupo que usou óleos essenciais. Em 2008, Sharma et al. realizaram um trabalho com pacientes portadores de gengivite crônica e os que fizeram uso dos óleos essenciais alcançaram reduções nos níveis das citocinas pró-inflamatórias IL 2 e IFN-gamma, confirmando a atividade anti-inflamatória previamente sugerida. CONCLUSÕES As ações antiplaca e antigengivite previamente demonstradas pelos óleos essenciais também foram observadas quando da sua aplicação no protocolo desinfecção de bocatotal em estágio único. A atividade anti-inflamatória previamente demonstrada também pareceu ocorrer nessa população, uma vez que as reduções de gengivite foram mais evidentes para o grupo que usou óleos essenciais, grupo esse no qual foi encontrada redução no nível total de proteína salivar. Agradecimento Ao Prof. Dr. Celso Silva Queiroz pelo auxílio na análise salivar. À Johnson & Johnson Consumer & Personal Products 87
6 Worldwide a Division of Johnson & Johnson Consumer Companies Inc., Morris Plains, NJ, USA. pelo Independent Investigator Research Grant. ABSTRACT Objectives: To evaluate anti-plaque and anti-gingivitis effects of an essential-oils containing mouth-rinse in the onestage full-mouth disinfection protocol. Methods: The same calibrated examiner measured plaque and modified gingival indices of all teeth in fifty subjects with mild periodontitis. In addition, total level of protein in unstimulated whole saliva was determined. The subjects were randomly allocated in either: one-stage full-mouth disinfection plus essential oils (n= 25) or one-stage full-mouth disinfection plus placebo (n= 25). After finishing the mechanical procedures subjects rinsed at home twice a day for the following sixty days. All parameters were monitored at baseline (T0), 2- (T1) and 6- months (T2). Results: The inter-group analysis showed higher reductions of PlI and MGI in the test-group compared to the placebo group (ANOVA and Student-t test, p <0,05). Moreover, test group showed higher reductions regarding gingivitis than plaque amount (Mann-Whitney, p < 0,05). Only the test group revealed a reduction of the total protein level in the saliva, while this type of periodontal therapy did not alter the level of alkaline phosphatases (Kruskal-Wallis, p < 0,05). Conclusions: The anti-plaque and anti-inflammatory effects previously demonstrated by essential oils were observed after use in the one stage full-mouth disinfection. UNITERMS: Essential oils; Clinical trials; Gingivitis; Dental plaque; Saliva. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- American Dental Association. Adjunctive Dental Therapies for the Reduction of Plaque and Gingivitis. Council on Scientific Affair. 1997; September. 2- Baehni PC, Takeuchi Y. Anti-plaque agents in the prevention of biofilmassociated oral diseases. Oral Dis 2003; 9(Suppl 1): Bauroth K, Charles CH, Mankodi SM, Simmons K, Zhao Q, Kumar LD. The efficacy of an essential oil antiseptic mouthrinse vs. dental floss in controlling interproximal gingivitis: a comparative study. J Am Dent Assoc 2003; 134(3): Bollen CM, Vandekerckhove BN, Papaioannou W, Van Eldere J, Quirynen M. Full- versus partial-mouth disinfection in the treatment of periodontal infections. A pilot study: long term microbiological observations. J Clin Periodontol 1996; 23(10): Charles CH, Sharma NC, Galustians HJ, Qaqish J, McGuire JA, Vincent JW. Comparative efficacy of an antiseptic mouthrinse and an antiplaque/ antigingivitis dentifrice. A six-month clinical trial. J Am Dent Assoc 2001; 132(5): Charles CH, Mostler KM, Bartels LL, Mankodi SM. Comparative antiplaque and antigingivitis effectiveness of a chlorhexidine and an essential oil mouthrinse: 6-month clinical trial. J Clin Periodontol 2004; 31(10): Cortelli, S.C. (2008). Clinical and microbiological effects of an essential oils-containing mouth rinse applied in the "one-stage full-mouth disinfection" protocol - A randomized doubled-blinded preliminary study. Clinical Oral Investigations (DOI s ). 8- Fine DH, Markowitz K, Furgang D, Goldsmith D, Ricci-Nittel D, Charles CH et al. Effect of rinsing with an essential oil-containing mouthrinse on subgingival periodontopathogens. J Periodontol 2007; 78(10):
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