CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL DANIELA DANELUZ AGUIAR CAVALIERE GUILHERME
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1 CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL DANIELA DANELUZ AGUIAR CAVALIERE GUILHERME A IMPORTANCIA DA PSICOEDUCAÇÃO NO TRATAMENTO DE DEPRESSÃO São Paulo 2019
2 DANIELA DANELUZ AGUIAR CAVALIERE GUILHERME A IMPORTANCIA DA PSICOEDUCAÇÃO NO TRATAMENTO DE DEPRESSÃO Trabalho de conclusão de curso Lato Sensu Área de concentração: Terapia Cognitivo-Comportamental Orientadora: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profa. Msc. Eliana Melcher Martins São Paulo 2019
3 Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte. Guilherme, Daniela Daneluz Aguiar Cavaliere A importância da psicoeducação no tratamento da Depressão. Daniela Daneluz Aguiar Cavaliere Guilherme, Renata Trigueirinho Alarcon, Eliana Melcher Martins São Paulo, f. + CD-ROM Trabalho de conclusão de curso (especialização) - Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC). Orientadora: Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins 1 Psicoeducação, 2. Depressão I. Guilherme, Daniela Daneluz Aguiar Cavaliere. II. Alarcon, Renata Trigueirinho. III. Martins, Eliana Melcher.
4 Daniela Daneluz Aguiar Cavaliere Guilherme A importância da psicoeducação no tratamento de depressão Monografia apresentada ao Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das exigências para obtenção do título de Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental BANCA EXAMINADORA Parecer: Prof. Parecer: Prof. São Paulo, de de
5 DEDICATÓRIA A Deus, o responsável pela minha existência e à minha Família, meu suporte em todos os momentos!
6 AGRADECIMENTOS Agradeço imensamente ao Centro de Estudos de Terapia Cognitiva Comportamental CETCC, pela oportunidade de aprendizagem, contribuindo na minha formação pessoal e profissional, minha eterna gratidão.
7 Há mais na superfície do que nosso olhar alcança. Aaron Beck
8 RESUMO O presente trabalho teve como objetivo pesquisar a prática da psicoeducação como importante ferramenta para o tratamento da depressão na abordagem cognitivocomportamental. Desta maneira, pode ser verificado, através da revisão literária, que a Depressão tem alcançado grandes índices, acometendo pessoas de todos os níveis sociais e econômicos. A terapia cognitivo-comportamental vem se mostrando eficaz para o tratamento da depressão, com resultados eficientes em suas mais variáveis técnicas, entre elas a psicoeducação, a pratica com propósito de informar e orientar o paciente sobre o curso de sua doença física e psíquica de maneira clara, proporcionando para o paciente mudanças em seu comportamento e em sua cognição, gerando melhor desenvolvimento em todas as áreas de sua vida. Palavras-chave: Depressão, Terapia Cognitivo-comportamental e Psicoeducação
9 ABSTRACT The present study aimed to investigate the practice of psychoeducation as an important tool for the treatment of depression in the cognitive-behavioral approach. In this way, it can be verified, through the literary revision, that Depression has reached great indices, affecting people of all social and economic levels. Cognitive-behavioral therapy has proven to be effective for the treatment of depression, with efficies results in its most varied techniques, among them psychoeducation, practice with the purpose of informing and orienting the patient about the course of their physical and psychic illness in a clear way, giving the patient changes in his behavior and in his cognition, generating better development in all areas of his life. Keywords: Depression, Cognitive-Behavioral Therapy, "and Psychoeducation
10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO OBJETIVO METODOLOGIA RESULTADOS DISCUSSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 24
11 9 1 INTRODUÇÃO Após muitos estudos no século XXI, a Depressão foi considerada uma doença mental, sendo catalogada na Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID) e no Manual de Diagnostico dos Transtornos Mentais (DSM), tendo como contribuições algumas abordagens como a área cientifica, médica, psicanalítica e cognitivista (GONÇALES E MACHADO, 2006). Leahy (2015) define depressão como um grupo de sintomas, pensamentos, sentimentos, comportamentos e experiências, contendo humor deprimido e uma perda de interesse nas atividades diárias por, pelo menos, um período de duas semanas, contendo ao menos quatro desses sintomas: dificuldade na concentração, baixa energia, insônia/hipersônica, agitação ou retardo psicomotor, perda ou ganho de peso, perda de apetite e pensamentos de morte/suicido. O Ministério da Saúde (2018) destaca a Depressão como sendo um dos problemas mais comuns da saúde mental no mundo, com características que afetam emocionalmente o individuo (tristeza profunda, falta de apetite, de ânimo e interesse), porém no âmbito patológico, os sintomas aparecem com maior frequência. A Organização Mundial da Saúde (2017) emitiu um relatório com o tema Depressão e outros distúrbios mentais comuns: estimativas globais de saúde, onde apontam um aumento significativo em todo o mundo, no período de 2005 e 2015, chegando a um índice de 18% de aumento. Os números apontam que, no mundo, 322 milhões de pessoas convivem com a Depressão e, sua grande maioria, são mulheres. No Brasil os números chegam a 11,5 milhões de pessoas afetadas, em torno de 5,8% da população brasileira. Nas pesquisas realizadas pela OMS (2017) também foi verificado que, além do Brasil e Estados Unidos, outros países também apresentaram índices significativos de depressão como: Ucrânia (6,3%), Austrália (5,9%) e Estônia (5,9%), podendo ser observado um crescente índice a cada dia. A Organização Pan-Americana da Saúde- OPAS (2018), emitiu um relatório tendo como tema A carga dos transtornos mentais na região das Américas constatando que se faz necessário maiores financiamentos para atender, de maneira mais eficaz e satisfatória, as pessoas que sofrem com os transtornos
12 10 mentais. Na região das Américas, os transtornos mentais representam 34% das deficiências e os transtornos depressivos respondem a 7,8%. Beck (2014) destaca que elementos importantes para a terapia cognitivocomportamental focada na depressão incluem como base o auxílio do terapeuta esclarecer as dificuldades do paciente, tornando as explicitas para que o mesmo identifique, avalie e tenha uma resposta diante de sua visão de si, do outro e do mundo. O trabalho na abordagem cognitivo-comportamental baseia-se em dois princípios centrais, entendendo que nosso conhecimento ou percepção tem influência direta sobre as emoções e comportamentos, e a maneira como nos comportamos pode afetar um padrão de pensamentos e emoções (WRIGHT, 2008) Desta maneira, a Terapia cognitivo-comportamental é composta por muitas técnicas de trabalho e a Psicoeducação tem o objetivo direto de Orientação do processo de aprendizagem no acompanhamento psicoterápico como nos impactos diretos e indiretos que suas emoções e comportamentos repercutem em sua vida diária (NOGUEIRA, CRISOSTOMO, SOUZA E PRADO, 2017). Por este motivo é de suma importância entender de maneira mais diretiva os efeitos desta ferramenta na qual vem repercutindo de maneira positiva na vida dos indivíduos em tratamento da depressão e desta maneira, servir de suporte a outros profissionais que buscam maneiras eficazes ao tratamento.
13 11 2 OBJETIVO Este trabalho teve como objetivo pesquisar a prática da psicoeducação como importante ferramenta para o tratamento da depressão na abordagem cognitivocomportamental.
14 12 3 METODOLOGIA Este estudo é uma revisão bibliográfica, realizada através a busca eletrônica de artigos indexados nas bases de dados Scielo, Bireme (BVS), Lilacs, Google Acadêmico e sites como o do Ministério da Saúde. Palavras-chave utilizadas Depressão, Terapia Cognitivo-comportamental e Psicoeducação. O material foi selecionado através de leitura de resumos de artigos e livros encontrados da base de dados, levando se em consideração os estudos a partir do ano 2000, que citavam sobre Depressão, Terapia Cognitivo-comportamental e Psicoeducação, sendo excluídos os artigos que a publicação e tema não estabeleciam relação com os dados solicitados.
15 13 4 RESULTADOS 4.1 DEPRESSÃO Há três diferentes significados da palavra depressão; relacionado a um sintoma de tristeza, com características patológicas ou sentimentos comuns do ser humano; uma síndrome psiquiátrica, com um conjunto de sintomas e sinais em evolução e por último, um transtorno mental de acordo como DSM V (QUEVEDO, NARDI E SILVA, 2019). Segundo Carvalho, Nardi e Quevedo (2015), a depressão é um transtorno mental que persiste de maneira abrangente, ou seja, podendo perdurar em torno dos 20% dos casos por um grande período na vida do indivíduo. Porém, com a evolução dos fármacos, observou-se uma melhora no perfil de segurança e tolerância dos pacientes. Quevedo, Nardi e Silva (2019) destacam pontos a serem observados, envolvendo pelo menos duas semanas de um humor deprimido, ou sensação de incapacidade de sentir prazer associadas a alterações como: neurovegetativas, psicomotoras, de cognição, de pensamento, ansiedade e ideação suicida. A prevalência da depressão no Brasil é de 16,8% ao longo do último ano, seguindo de modo crônica e recorrente, comprometendo vida do indivíduo de modo global. No Manual Diagnostico de Transtornos Mentais (DSM-V, 2014), pode ser verificado que dentro dos transtornos depressivos, incluem-se também outros transtornos como: transtorno disruptivo da desregulação do humor, transtorno depressivo maior, transtorno depressivo persistente, transtorno disfônico prémenstrual, transtorno depressivo induzido por substancias ou medicamentos, transtorno depressivo especificado e não especificado, porém a característica mais comum consiste na presença do humor triste, vazio e irritável, juntamente com alterações somáticas e cognitivas, afetando de maneira significativa a capacidade de um bom funcionamento do indivíduo em seu meio. Na Classificação Internacional de Doenças (CID-10, 1993), a Depressão está categorizada em três graus: leve, moderada e grave, apresentando em todos os casos um rebaixamento do humor, redução de energia e das atividades cotidianas.
16 14 A baixa capacidade de concentração, dificuldades com o sono e falta de apetite, a baixa autoestima, a falta de autoconfiança e sentimento de culpa são frequentemente observados em pacientes depressivos. O humor depressivo pode ser variável, de acordo com as circunstâncias da rotina do paciente, por este motivo a quantidade e a gravidade determinam os graus de um episódio depressivo: leve, moderado e grave. Verificou-se que a depressão pode atingir qualquer faixa etária e sexo, porém existem alguns fatores de risco que auxiliam o indivíduo a desenvolver a depressão como um histórico familiar, estresse e ansiedade crônica, disfunções hormonais, excesso de peso, sedentarismo ou dieta desregrada, vícios no geral, pancadas na cabeça, enxaqueca crônica e separação conjugal (MINISTERIO DA SAUDE, 2018). De acordo com a Agência Nacional de Saúde suplementar (2009), a depressão não se origina apenas por uma questão específica, e sim por variáveis, como fatores biológicos, psicológicos, familiares, sociais e culturais. Por este motivo, se faz necessário uma escuta especializada, colhendo informações de todos os âmbitos da vida, tanto passada como atual do indivíduo para se formular um tratamento apropriado para suas dificuldades. Gonçales e Machado (2006) levantam a discussão sobre a importância do conhecimento da história da doença para melhor compreensão e manejo do paciente depressivo, pois ainda hoje é perceptível o estigma, e diante desta postura, se faz necessário que o profissional da área da saúde esteja consciente de tais conceitos. Diante da necessidade existente de profissionais da área da saúde com melhores qualificações, a Organização Mundial de Saúde (2017), contribui com um dado importante referente a tratamentos, sendo observado que mesmo havendo tratamentos eficientes, menos da metade das pessoas acometidas pela doença buscam tratamento devido a barreiras como falta de recursos, falta de profissionais capacitados, preconceito e a avaliação inconsistente. Fleck (2009) cita que a depressão é pouco diagnosticada nos serviços médicos de profissionais que não são Psiquiatras, o número se apresenta em torno de 30% a 50%, e esta situação ocorre devido a fatores como: o paciente demonstra preconceito ao diagnóstico e incerteza no tratamento. Já na área médica, percebese que existe a falta de treinamento, clareza na identificação apenas dos sintomas
17 15 físicos, dificuldade com o tempo de atendimento e a incerteza da eficácia do tratamento. 4.2 TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL Aaron Beck, psiquiatra, com formação em psicanálise, desenvolveu um método de tratamento, em torno da década de 60 e 70, denominado terapia cognitiva, atualmente o termo mais usual seria a terapia cognitivo-comportamental, e elaborou um trabalho muito estruturado para o tratamento da depressão de maneira direcionada a solução de problemas com foco na mudança de pensamentos e comportamentos (BECK, 2014).Desde então os estudos tem se intensificado demonstrando sua eficácia em vários quadros clínicos, inclusive na depressão, juntamente com o tratamento medicamentoso (WRIGTH, 2008). A terapia cognitivo-comportamental é baseada em dois princípios centrais: 1. nossas cognições tem uma influência controladora sobre nossas emoções e comportamentos: e 2. o modo como agimos ou nos comportamos pode afetar profundamente nossos padrões de pensamentos e nossas emoções. (WRIGTH, 2008). Os princípios básicos para o tratamento da terapia cognitivo-comportamental estão distribuídos em 10 tópicos a seguir (BECK, 2014): Em um primeiro momento o objetivo é colher informações a respeito do paciente (diagnóstico, problemas atuais, pensamentos e crenças disfuncionais) e sua visão de si, do mundo e do outro) Construir uma relação terapêutica solida onde o paciente se sinta acolhido e compreendido em suas necessidades. A participação do terapeuta e paciente de maneira conjunta demonstra a terapia como um trabalho em equipe o que estimula o paciente a alcançar seus resultados, O tratamento permanece focado nos objetivos a serem alcançados e nos problemas a serem resolvidos por uma ordem de desejo do paciente O foco do tratamento permanece nos problemas atuais, ou seja, no presente. Faz parte do processo terapêutico a orientação da doença do paciente e sobre o processo da terapia cognitivo-comportamental.
18 16 Normalmente o processo terapêutico é a curto prazo, salvos a exceções que demandam de maior tempo. As sessões são estruturadas, propiciando ao paciente maior compreensão do processo terapêutico. Durante o processo terapêutico o terapeuta ensina o paciente a identificar e avaliar seus pensamentos disfuncionais, podendo possibilitar ao paciente a restruturação cognitiva. A terapia cognitivo-comportamental utiliza de várias técnicas para proporcionar a mudança de pensamento e comportamento. Um elemento importante no acompanhamento com foco na terapia cognitivocomportamental para depressão tem como base no auxílio do paciente a solucionar seus problemas, tornando seus comportamentos ativos, identificando e avaliando os pensamentos depressivos sobre a maneira de pensar sobre si, o outro e o mundo (BECK, 2014). Wright (2008) salienta a importância da estruturação das sessões como norma de um trabalho adequado, iniciando com: estipular metas, propiciando o desenvolvimento de estabelecer alvos específicos, percebendo facilidade nas mudanças, podendo ser modificadas durante o processo terapêutico; organização de agenda, com o objetivo de estruturar cada sessão com o paciente, contendo características que são orientadas na primeira sessão. Todas as características estão interligadas na terapia, podendo ser medidos com as mudanças de comportamento. Muitas são as contribuições da terapia cognitivo-comportamental no tratamento da depressão, verifica-se que as técnicas utilizadas são de grande eficácia, o processo terapêutico é breve, propiciando um resultado rápido e durável. Observa-se também, que através da identificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais é possível eliminar o sofrimento do indivíduo, fazendo com que melhore sua qualidade de vida (IZIL E BELUCO, 2019). Powell, Abreu, Oliveira e Sudak (2008) apresentam em seu artigo técnicas da terapia cognitivo-comportamental e sua eficácia no tratamento da depressão, demonstrando que este tratamento auxilia o paciente na modificação de crenças e comportamentos que decorrem a um estado de humor rebaixado, tendo como foco os pensamentos automáticos, o modo como se relaciona com o outro e na mudança
19 17 de comportamento de modo a auxiliar no enfrentamento de problemas. Em um primeiro momento se estrutura o tratamento da seguinte maneira: As sessões iniciais são responsáveis por elaborar a conceptualização cognitiva, auxiliando o paciente a identificar as crenças disfuncionais, as distorções cognitivas/pensamento automático, as reações físicas, emocionais e comportamentais, comportamentos presentes para enfrentar as crenças disfuncionais e por fim, avaliar a maneira como as experiências passadas interferem no presente. Evocação de pensamentos e pressupostos É fundamental que o paciente consiga identificar seus próprios pensamentos e perceber o quanto as emoções podem afetar sua rotina diária, mesmo porque é necessário que o paciente aprenda a ser seu próprio terapeuta. Como os pensamentos geram sentimentos - Através de perguntas especificas podemos demonstrar ao paciente que o pensamento eu penso que..., consequentemente gera um, portanto sinto-me.... Registro de pensamentos disfuncionais É realizado com o paciente um treinamento para uso de um registro onde se faz necessário anotar as situações, os pensamentos, emoções e comportamentos problemáticos a respeito desta situação e identificar a intensidade destas emoções através de escalas de 0 a 100. Seta descendente Nesta prática verifica-se que a possibilidade de investigar se os pensamentos automáticos disfuncionais são reais na vida do paciente, desta maneira podemos investigar as crenças subjacentes que reforçam os pensamentos, havendo a confrontação das evidências pode se enfraquecer tais pensamentos, reduzindo os sintomas depressivos. A terapia cognitivo-comportamental funciona com grande eficácia no tratamento da depressão, tornando-se um modelo para resultados efetivos no processo terapêutico. Verifica-se a eficiência nas mais variáveis técnicas e práticas aplicadas durante o processo terapêutico, obtendo alívio nos sintomas do paciente (CARNEIRO E DOBSON, 2016). Knapp e Beck (2008) destacam que a terapia cognitivo-comportamental reflete uma transformação na maneira de entendimento e tratamento dos transtornos emocionais, se tornando uma abordagem de maior validação cientifica, tendo como
20 18 base as evidências, e consequentemente adquirindo destaque no meio para tratamento médico. 4.3 PSICOEDUCAÇÃO De acordo com Lemes e Neto (2017) a Psicoeducação é uma junção de técnicas psicológicas e pedagógicas, tendo como propósito ensinar o indivíduo sobre sua doença física/psíquica e o curso de seu tratamento, para que possa propiciar um melhor desenvolvimento do trabalho de prevenção e conscientização. A Psicoeducação é uma técnica de trabalho que tem como função principal informar, orientar e provocar mudanças no campo cognitivo e comportamental do indivíduo, sendo verificado grande influência no tratamento individual e grupal, tendo como resultado melhor adesão ao tratamento e redução das taxas de recaídas e, consequentemente, melhorando a qualidade de vida dos pacientes, ocasionando um melhor desenvolvimento físico, psico e social (NOGUEIRA, CRISOSTOMO, SOUZA E PRADO, 2017). Estudos realizados em dois grupos de pacientes com depressão unipolar no período de 8 semanas, contendo um grupo com um trabalho focado na pratica da psicoeducação, verificaram pontos importantes a serem levados em consideração; percebeu-se que neste grupo os pacientes obtiverem maior tendência a aderência ao tratamento medicamentoso, melhor funcionalidade nos aspectos sociais e emocionais, alterando a autonomia das relações de maneira global em sua rotina de vida, desta maneira constata-se resultados muitos positivos com o uso desta ferramenta no tratamento da depressão (TURSI-BRAGA, 2014). Tendo em vista os resultados positivos observados no estudo acima, podemos validar que a Psicoeducação propicia ao paciente a redução de crenças disfuncionais, tendo uma melhora significativa em sua funcionalidade de maneira plena (NOGUEIRA, CRISOSTOMO, SOUZA E PRADO, 2017). Wrigth (2008) refere se a três razões pela qual a Psicoeducação aumenta o êxito no tratamento, entendendo que o paciente pode aprender maneiras de modificar e controlar seu humor e comportamento; instrumentalizar o indivíduo para diminuir recaídas e direcionar o paciente para torna-se seu próprio terapeuta. Notase alguns métodos de autoajuda para auxiliar o paciente na constância do
21 19 tratamento, como; mini aulas, modelos de exercícios, caderno de terapia e leituras de livros. Outras maneiras de psicoeducar o paciente acerca de sua saúde mental é através de folhetos explicativos, artigos, revistas, internet com informações cientificas para que através desta informação se motive a modificar seus comportamentos propiciando sua reabilitação (KNAPP, 2004). A estruturação das sessões tem um papel importante no tratamento, trazendo ao paciente clareza e segurança a respeito de seus sintomas. Os métodos de estruturação como a formulação de metas e a agenda, propiciam mudanças no comportamento fazendo com que o paciente sinta se capaz em enfrentar seus problemas (WRIGTH, 2008). Percebe-se que a estruturação de sessões e a psicoeducação caminham lado a lado em um processo terapêutico, pois as técnicas demonstram um tratamento organizado, diretivo e muito eficiente. É possível que em um primeiro momento do tratamento o trabalho fique focado apenas na estruturação e educação, porém, com o passar das sessões, o paciente sente-se se mais seguro e consegue assumir com maior responsabilidade a direção da resolução dos problemas em sua rotina diária (WRIGTH, 2008). Bravo (2016) destaca em seus estudos A importância da psicoeducação na alteração do humor no doente depressivo, onde se descreveu e analisou o programa de intervenção com pacientes depressivos no Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental em Porto Alegre, onde teve como objetivo melhorar os cuidados através da pratica de programas de educação, promovendo a saúde de maneira global no usuário. O trabalho desenvolvido teve como objetivo educar os usuários e a família de maneira a contribuir com informações a respeito da depressão como: os sinais, sintomas e principais características da doença e refletindo sobre as situações desencadeadoras. Os resultados demonstraram que é necessário um período maior para as sessões de psicoeducação para que estas possam obter resultados eficazes no decorrer do processo de intervenção; na psicoeducação realizada de maneira individual se observa um melhor vínculo terapêutico contribuindo na aceitação das intervenções realizadas. Como principal dado foi verificado que durante o processo de intervenção não foi constatado reinternações destes usuários e constatou-se que
22 20 o diário é uma ferramenta importante no decorrer do acompanhamento, pois puderam identificar e acompanhar o humor e prevenir recaídas (BRAVO, 2016). Pimentel e Siquara (2017) realizaram uma pesquisa sobre A utilização da psicoeducação no tratamento de pacientes com transtorno bipolar e no levantamento realizado verificou-se que mesmo havendo diferentes protocolos de tratamento para o transtorno bipolar percebem-se semelhanças na forma de aplicação e entre os principais ensinamentos constata-se a consciência do transtorno, adesão ao tratamento, identificação precoce dos sintomas e regularização do estilo de vida, concluindo assim um destaque em apenas um modelo, sendo necessário mais estudos para desenvolvimento de outros modelos de psicoeducação. Knapp (2004) reforça que da mesma maneira que um médico explica sobre a doença de maneira cientifica para seu paciente ou familiar, um profissional da área da saúde mental também pode exercer este mesmo procedimento, informando de maneira objetiva sobre sua doença, proporcionando condições ao paciente de interpretar o modo correto sua situação atual e seus sintomas ao longo do tratamento. Em se tratando da Psicoeducação no âmbito familiar, Yin e Oliveira (2004) realizaram um estudo sobre uma experiência psicoeducacional com familiares de pacientes com transtornos de humor e, após 10 encontros com temas variados, com o intuito de investigar a percepção familiar, desenvolveu-se um questionário onde pode ser levantadas todas questões relativas a estas famílias, e concluiu-se que a grande parte das famílias desconheciam o diagnostico; justificaram o motivo da doença com um acontecimento pontual e não multifatorial; a maioria dos familiares não sentiam se a vontade em falar sobre a doença, até mesmo por medo de causar sofrimento, sendo perceptível o impacto na família. Deste modo, é notável a contribuição destes grupos de orientação para estas famílias, pois, a partir disto, os familiares relataram sentimentos de esperança, com melhores expectativas do futuro. Yacubian e Neto (2001) destacam que as relações familiares e as doenças mentais são foco de estudos há muito tempo, pois percebe-se o quão importante esta relação é para o tratamento. Já a psicoeducação familiar vem contribuir no tratamento do paciente de maneira muito eficaz, pois é possível integrar, de maneira
23 21 efetiva, o paciente, familiares e os profissionais na busca de melhores condições de vida e da busca de tratamentos mais adequados.
24 DISCUSSÃO Depressão é definida pelo DSM-V (2014) como a presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam de maneira significativa a capacidade de funcionamento do indivíduo. Desta maneira, esta pesquisa possibilitou a reflexão das mais variadas formas de conceituar, identificar e perceber a depressão de maneira que explique a gravidade deste problema que se arrasta ao longo da história, porém se faz tão presente em nossa sociedade. A Terapia Cognitivo-comportamental é uma abordagem diretiva e estruturada, contém metas bem definidas pelo terapeuta/paciente, se mantém focada no presente, sento utilizada muitas técnicas terapêuticas para auxiliar na diminuição dos sintomas dos problemas emocionais, o principal objetivo é na modificação de pensamentos disfuncionais, buscando comportamentos saudáveis ao longo de sua vida. Izil e Beluco (2019) destacam as contribuições da terapia cognitivocomportamental no processo terapêutico, enfatizando as técnicas de grande eficácia, onde se observam resultados de maneira rápida e durável, obtendo assim a uma melhor qualidade de vida do indivíduo. A Psicoeducação é uma intervenção terapêutica que possibilita ao paciente a informações a respeito de sua doença e seu tratamento de maneira didática, promovendo conhecimento, visando melhor habilidades de manejo de si próprio diante de suas dificuldades. Segundo Lemes e Neto (2017), a Psicoeducação é uma junção de técnicas psicológicas e pedagógicas, tendo como propósito ensinar o indivíduo sobre sua doença física/psíquica e o curso de seu tratamento, para que possa propiciar um melhor desenvolvimento do trabalho de prevenção e conscientização. Portanto, é fundamental que mais estudos sejam realizados acerca dos resultados da prática da psicoeducação para melhor conhecimento e valorização por parte dos profissionais da área da saúde, reconhecendo esta prática como necessária para o tratamento tanto da depressão como de outros transtornos mentais.
25 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho teve como objetivo explorar a prática da psicoeducação como importante ferramenta na contribuição do tratamento da depressão dentro na terapia cognitivo-comportamental. Foi possível identificar eficácia e grande importância no uso desta técnica no tratamento da depressão. O papel da Psicoeducação na terapia cognitivo-comportamental se faz necessário, pois, através dela, o paciente adquire clareza e segurança a respeito de seu tratamento e a autonomia de modificar e controlar seu humor e comportamento. A psicoeducação tem como principal foco a aprendizagem e mostra-se importante para instrumentalizar o paciente a diminuir as recaídas, compreender sua patologia, compreender as técnicas e intervenções, proporcionando ao paciente meios para desenvolver seus pensamentos a respeito de si, do outro e do mundo.
26 24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (Brasil). Manual técnico de promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças na saúde suplementar /, - 3. Ed. Ver. E atual Rio de Janeiro: ANS, AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico]: DSM-5 /; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento, et al.] ; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli... [et al.]. 5. ed. Porto Alegre : Artmed, BECK, Judith S. Terapia cognitiva: teoria e prática / Judith S. Beck: tradução Sandra Costa. Porto Alegre: Artmed, BECK, Judith S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática / Judith S. Beck: tradução: Sandra Mallmann da Rosa: revisão técnica: Paulo Knapp, Elisabeth Meyer. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed, BRAVO, R. A. C.: A importância da psicoeducação na alteração do humor no doente depressivo / Nuno Miguel Cordeiro Bravo: orientador Raul Alberto Carrilho Cordeiro, Universidade de Évora, CARNEIRO, A. M., DOBSON, K. S.: Tratamento cognitivo-comportamental para depressão maior: uma revisão narrativa. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, p , jun Disponível em CARVALHO, Ferrer; NARDI, Antonio Egidio; QUEVEDO, João. Transtornos psiquiátricos resistentes ao tratamento: diagnostico e manejo. Andre Porto Alegre: Artmed, FLECK, M. P.A. et al. Associação entre sintomas depressivos e funcionamento social em cuidados primários à saúde. Rev. Saúde Pública [online]. vol.36, n.4, 2002, pp ISSN GONCALES, C. A.V., MACHADO A. L,: Depressão, o mal do século: de que século? Revista Enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, v. 15, n. abr./ju 2007, p , IZIL, M. J., BELUCO A.C.R.: As contribuições da Terapia Cognitivo-comportamental no tratamento da depressão. Revista Uningá, [S.l.], v. 56, n. S1, p , mar ISSN Disponível em
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28 26 YACUBIAN, J., NETO, F.L.: Psicoeducação Familiar. Família, Saúde e Desenvolvimento. (SL) DEZ ISS Disponível em YIN, M., OLIVEIRA, M.G.: Relato de uma Experiência Psicoeducacional com Familiares de Portadores de Transtornos de Humor. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva. v.6, n.1, p , 2004.
29 27 ANEXO Termo de Responsabilidade Autoral Eu Daniela Daneluz Aguiar Cavaliere Guilherme, afirmo que o presente trabalho e suas devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da responsabilidade autoral sobre seu conteúdo. Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo-comportamental, sob o título A importância da psicoeducação no tratamento da depressão, isentando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo- Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por mim praticadas, assumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações realizadas para a confecção da monografia. São Paulo, de de. Assinatura do (a) Aluno (a)
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