CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL DENISE FONSECA BERNARDO

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1 CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL DENISE FONSECA BERNARDO TERAPIA EM GRUPO NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL NA PERSPECTIVA DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL São Paulo 2019

2 DENISE FONSECA BERNARDO TERAPIA EM GRUPO NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL NA PERSPECTIVA DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL Trabalho de conclusão de curso Lato Sensu Área de concentração: Terapia Cognitivo-Comportamental Orientadora: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profa. Msc. Eliana Melcher Martins São Paulo 2019

3 Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte. Bernardo, Denise Fonseca Terapia em Grupo no Tratamento do Transtorno de Ansiedade Social na perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental Denise Fonseca Bernardo, Renata Trigueirinho Alarcon, Eliana Melcher Martins São Paulo, f. + CD-ROM Trabalho de conclusão de curso (especialização) - Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC). Orientadora: Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins 1 Terapia de Grupo, 2. Transtorno de Ansiedade Social. I. Bernardo, Denise Fonseca. II. Alarcon, Renata Trigueirinho. III. Martins, Eliana Melcher.

4 Denise Fonseca Bernardo Terapia em Grupo no Tratamento do Transtorno de Ansiedade Social na perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental Monografia apresentada ao Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das exigências para obtenção do título de Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental BANCA EXAMINADORA Parecer: Prof. Parecer: Prof. São Paulo, de de

5 Aos meus pacientes, que são fonte de inspiração e aprimoramento a cada dia, com o objetivo de poder contribuir no processo de melhoria, construção e aprimoramento de sua saúde mental, emocional e física.

6 AGRADECIMENTOS Ao ser superior pela vida e pela possibilidade de aprendizado constante. Aos meus amados que estão comigo nessa jornada. Pelo apoio e cuidado diário comigo, ao meu amado esposo Erlon, filho amado Pietro, minha rainha e mãe Maria do Carmo. Agradeço a essa instituição de ensino, CETCC, pela preocupação que mostra em formar profissionais competentes e éticos. À Dra. Renata Trigueirinho Alarcon pela atenção e cuidado que me conduziu na realização desta monografia. À Clínica Prisma, instituição que admiro, confio e acredito para caminhar junto nessa jornada de auxílio ao outro e que tive a possibilidade de aplicar todo o aprendizado que recebi.

7 RESUMO Este trabalho teve o objetivo de verificar, por meio de revisão bibliográfica, a eficácia do tratamento em grupo terapêutico em pacientes com transtorno de ansiedade social pela abordagem da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupo (TCCG). Os estudos selecionados ocorreram entre os anos de 2007 e 2016, tendo como finalidade de pesquisa a TCC e a TCCG no tratamento da ansiedade social, sendo fundamentados por artigos científicos. As pesquisas analisadas demonstraram a eficácia do tratamento em grupo, pela abordagem da TCC, para pacientes com diagnóstico de transtorno de ansiedade social. Ainda que houvesse um estudo reduzido, ficou demonstrado que a TCCG, quando utilizada, obtém melhores resultados que outras abordagens, tanto ao longo do tratamento, quanto no pós-tratamento. Devido suas técnicas e formato, os resultados posteriores ao tratamento evidenciaram a manutenção da melhora dos pacientes que receberam o tratamento. Palavras-chave: Terapia de Grupo, Transtorno de Ansiedade Social (TAS), Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupo (TCCG).

8 ABSTRACT This work aimed to verify, through a literature review, the efficacy of therapeutic group treatment in patients with social anxiety disorder through the Cognitive-Behavioral Therapy (CBT) and Cognitive-Behavioral Therapy in Group (CBTG) approach. The selected studies occurred between 2007 and 2016, with the purpose of researching CBT and CBTG in the treatment of social anxiety, being based on scientific articles. The studies analyzed demonstrated the efficacy of the group treatment, through the CBT approach, for patients diagnosed with social anxiety disorder. Even though there was a small study, it was demonstrated that CBTG, when used, obtains better results than other approaches, both during the treatment and in the posttreatment. Due to its techniques and format, the posttreatment results evidenced the maintenance of the improvement of the patients who received the treatment. Keywords: Group Therapy, Social Anxiety Disorder, Cognitive Behavioral Therapy e Group Behavioral Cognitive Therapy.

9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO OBJETIVO METODOLOGIA RESULTADOS TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL REVISÃO DA LITERATURA DISCUSSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 22

10 8 1 INTRODUÇÃO Nos últimos anos os transtornos mentais têm acometido cada vez mais um número maior de pessoas, dentre esses, o transtorno de ansiedade tem se destacado pelo aumento de casos. No dia 23 de fevereiro de 2017 a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um relatório global, segundo a publicação Depression and other common mental disorders: global health estimates, trazendo que 322 milhões de pessoas no mundo vivem com esse transtorno mental, tendo sua prevalência maior entre mulheres. Conforme o relatório, a ansiedade afeta 9,3% ( ) das pessoas que vivem no Brasil. Conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª Edição (DSM-V, 2014), o transtorno de ansiedade apresenta como características a ansiedade e preocupações excessivas por eventos diversos ou atividades do seu cotidiano. Para um diagnóstico eficaz, a atenção deve estar direcionada à intensidade, duração ou frequência que os sintomas surgem, pois a ansiedade e preocupação no transtorno de ansiedade tendem a ser desproporcional a probabilidade real do evento. A pessoa não consegue controlar a preocupação e os pensamentos intensos dificultam a manutenção do foco na atividade que está desempenhando. No entanto, a ansiedade é uma emoção comum ao ser humano, que passa a ser patológica quando as preocupações e expectativas se tornam excessivas, interferindo no seu funcionamento psicossocial, acompanhada por sintomas de inquietação, dificuldade de concentração, cansaço, irritabilidade, tensão muscular e perturbação do sono. Existem alguns tipos de transtornos de ansiedade, entre eles, transtorno de ansiedade de separação, mutismo seletivo, fobia específica, transtorno de ansiedade social, transtorno de pânico, agorafobia, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de ansiedade induzido por substância/medicamento, transtorno de ansiedade devido a outra condição médica, outro transtorno de ansiedade especificado e outro transtorno de ansiedade não especificado. Esses transtornos compartilham sintomas de ansiedade excessiva, medos e perturbações comportamentais relacionados, no entanto diferem quanto o tipo de objeto ou situação que desencadeia a sintomatologia (DSM-V, 2014).

11 9 No presente trabalho será abordado o transtorno de ansiedade social, que conforme o DSM-V (2014) apresenta como características medo ou ansiedade intensificados frente uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é apresentado a possível avaliação por outras pessoas, em casos de interações sociais, ao ser observado e situações de desempenho. A pessoa sente receio de agir e demonstrar sintomas de ansiedade acreditando ser avaliado negativamente pelo outro. As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade, sendo evitadas ou suportadas, havendo intensidade dessa sintomatologia, apresentandose de maneira desproporcional à ameaça real da situação social. À ansiedade, medo ou esquiva causam sofrimento clinicamente significativo, podendo levar a prejuízos em áreas relevantes na vida do indivíduo, como social, profissional e pessoal. A psiquiatria e a psicologia vêm contribuindo de maneira eficaz para o tratamento dos transtornos mentais. A introdução de medicação psiquiátrica, em alguns casos, passa a ter papel importante devido ao agravamento do quadro do paciente. No entanto, o processo terapêutico tem um papel importante no tratamento deste. A Terapia Cognitivo-Comportamental, desenvolvida por Aaron Beck na década de 1960, propõe uma terapia focal, estruturada, orientada ao presente, para depressão. Nessa abordagem terapêutica entende-se que os transtornos mentais surgem por pensamentos, comportamentos e crenças disfuncionais que a pessoa desencadeia pela maneira que experiencia sua vivência. A avaliação realista e a modificação do pensamento disfuncional promovem uma melhora no humor e no comportamento do indivíduo; persistindo essa mudança, ocorre a alteração da crença disfuncional (BECK, 2013). Segundo Neufeld (2017) estudos foram desenvolvidos a partir da década de 70 a cerca de terapias em grupo e a abordagem Cognitivo-Comportamental apresentou resultados mais eficazes que outras abordagens terapêuticas. A terapia em grupo, como a terapia individual, conta com o feedback, porém, o grupo apresenta alguns aspectos inexistentes no processo individual, como os modelos fornecidos pelos demais participantes e a percepção dos erros cognitivos alheios, esses tendem a ampliar as reflexões do paciente. O processo terapêutico em grupo não tem apenas o objetivo de tratar um número maior de pessoas, esse atende as demandas dos pacientes por contato social mais amplo e profundo, promovendo um movimento contrário onde os indivíduos tendem a distância e isolamento.

12 10 De acordo com Neufeld (2017) as pesquisas realizadas indicaram que, como na TCC individual, o grupo apresentando uma abordagem estruturada, com tempo limitado e a homogeneidade dos grupos conforme o diagnóstico ofereciam melhores resultados. É importante mencionar que, no caso de alguns problemas clínicos específicos, como transtorno de ansiedade social (TAS), a intervenção em grupo é mais apropriada que a individual, uma vez que o medo do contato e da avaliação social e a preocupação com a forma como o outro o percebe só são passíveis de avaliação e intervenção direta no contexto do grupo (NEUFELD, 2017, p.20 apud BIELING ET AL., 2006). Entende-se que o grupo em Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupos (TCCG) é um sistema no qual são aplicadas técnicas específicas conforme a homogeneidade da sua formação. Para sua construção, os pacientes são avaliados conforme suas demandas e características, podendo também ter fatores como idade, escolaridade, sexo e cultura. Outro fator a ser levado em consideração são os objetivos e metas que se deseja alcançar com o grupo em específico, para que não se perca o foco do grupo e sua eficiência (NEUFELD, 2017). O presente trabalho tem o propósito de realizar uma revisão bibliográfica sobre a terapia de grupo e o tratamento do transtorno de ansiedade social na abordagem da terapia cognitivo-comportamental. O objetivo dessa monografia foi contribuir para a sociedade levantando dados que possam ilustrar a importância da terapia de grupo e sua eficácia no tratamento do transtorno de ansiedade social a luz da Terapia Cognitivo-Comportamental.

13 11 2 OBJETIVO Esse trabalho teve como objetivo verificar a eficácia do tratamento em grupo terapêutico em pacientes com transtorno de ansiedade social pela abordagem da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupo (TCCG).

14 12 3 METODOLOGIA O presente trabalho apresenta uma revisão bibliográfica sobre a terapia de grupo no tratamento do transtorno de ansiedade social na perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental e Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupo. Para a realização deste trabalho foram utilizadas as seguintes plataformas de pesquisa: Google Acadêmico, Scielo, BVS e livros sobre o assunto. Foram utilizadas as seguintes palavras-chave em português: Terapia de Grupo, Transtorno de Ansiedade Social (TAS), Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupo (TCCG). Para a pesquisa em inglês foram utilizadas as palavras-chave: Group Therapy, Social Anxiety Disorder, Cognitive Behavioral Therapy e Group Behavioral Cognitive Therapy. Nesta monografia foram utilizados como critérios de inclusão dos artigos: idioma português e inglês, revisão bibliográfica e estudos de caso especificamente sobre as técnicas e/ou os efeitos da TCC e TCCG na Ansiedade Social, e período de publicação entre 2005 e Já os critérios de exclusão foram: estudos abrangendo outros transtornos, outras abordagens terapêuticas e a abordagem medicamentosa.

15 13 4 RESULTADOS 4.1 TRANSTORNO DE ANSIEDADE SOCIAL Baseado no DSM V (2014), medo ou ansiedade desproporcional ao real, em situações sociais, são características principais do transtorno de ansiedade social. Ainda, receio de ser avaliado negativamente e julgado pelas pessoas e tendência de superestimar as consequências negativas da situação social. A pessoa inclina-se a ter uma expectativa negativa e pode apresentar os sintomas aparentes da ansiedade como: tremores, sudorese, ruborização e tropeço nas palavras; acreditando não ser bem avaliado pela demonstração desses. A intensidade, o tipo de medo e ansiedade podem variar entre diferentes ambientes e situações, podendo apresentar ansiedade antecipatória e ataques de pânico devido ocasiões sociais que se encontre ou não. A pessoa com transtorno de ansiedade social tende a evitar situações sociais temidas com frequência, ou pode tolerar essas com intenso sofrimento, ansiedade e medo. A esquiva dessas ocasiões pode ser abrangente ou sutil. Para a avaliação de um transtorno mental é preciso analisar alguns aspectos: sintomas, intensidade, frequência, duração e prejuízos. A duração do transtorno, geralmente é de ao menos seis meses, em que o medo, a ansiedade e a esquiva passam a interferir significativamente no cotidiano, prejudicando às áreas de sua vida (profissional e/ou acadêmico, social, relacionamentos) e causando sofrimento (DSM V, 2014). O DSM V (2014) apresenta que o curso e desenvolvimento do transtorno de ansiedade social eventualmente surge na infância, por vivências de inibição social ou timidez, podendo se seguir a uma experiência estressante ou humilhante, ou podendo se desenvolver lentamente, conforme os estudos norte-americanos e europeus. Os adolescentes apresentam um padrão mais extenso de medo e esquiva frente situações sociais diversas quando comparados com crianças. Jovens adultos expressam níveis mais altos de ansiedade social para situações específicas. Transtorno de ansiedade social desencadeado na idade adulta é relativamente raro, sendo mais provável de acontecer depois de um evento estressante ou humilhante, após mudanças na vida que possam exigir novas configurações de papéis sociais.

16 14 Os idosos podem apresentar ansiedade social em níveis mais baixos, no entanto, com uma variedade maior de situações. Essa ansiedade pode referir-se a incapacidade devido uma condição clínica médica (doença), incontinência, prejuízo cognitivo, declínio do funcionamento sensorial. Porém, o diagnóstico do transtorno de ansiedade social em idosos pode ser mais laborioso devido a diversos fatores, como: sintomas somáticos, comorbidades, insight limitado, mudanças no ambiente ou nos papéis sociais; pois podem prejudicar o funcionamento social ou psíquico. Considerando ainda o DSM V (2014), pessoas com traços de inibição comportamental (podendo esse ser influenciados pela genética) e medo de avaliação negativa, têm predisposição ao transtorno de ansiedade social. Fatores ambientais, maus-tratos e adversidades na infância são fatores de risco para desencadear o transtorno. O transtorno de ansiedade social tende a trazer prejuízos significativos em diversas áreas na vida. Está associado a taxas elevadas de evasão escolar, prejuízos na produtividade no ambiente de trabalho, no status socioeconômico, relacionamento interpessoal e na qualidade de vida em geral, impedindo também de realizar atividades de lazer. Mesmo com a extensão do sofrimento e do prejuízo social relacionados ao transtorno, aproximadamente metade das pessoas que tem a doença, nas sociedades ocidentais, acabam procurando tratamento, no entanto, o faz após 15 a 20 anos com sintomas. 4.2 REVISÃO DA LITERATURA No estudo de D el Rey et al (2007), cuja finalidade foi analisar a eficácia do tratamento do transtorno de fobia social generalizada utilizando a TCC em grupo e o Controle de Placebo com Credibilidade (CPC), correlacionando e analisando os resultados de cada uma das amostras, que compreenderam 29 pessoas, com idades entre 18 e 60 anos, divididas entre os dois grupos. Ambos receberam tratamento semanal de duração de 90 minutos, durante 12 sessões. O resultado obtido demonstrou melhora no tratamento seguindo o método TCCG significativamente superior ao método CPC, ocorrendo uma redução superior no escore das escalas de avaliação nas semanas 01 e 12, respectivamente, prétratamento e pós-tratamento, analisando as seguintes medidas de análise: Inventário

17 15 de Fobia Social (SPIN); Inventário de Ansiedade Beck (BAI) e Escala de Impressão Clínica Global (CGIS). D el Rey et al (2008), tiveram por objetivo no estudo realizado verificar a efetividade da TCC de grupo em pacientes com fobia social. Para isso utilizaram como amostragem 31 pacientes com fobia social generalizada, sendo que 15 foram tratados pelo método TCC em grupo e 16 foram tratados no método Lista de Espera. Para essa pesquisa foram escolhidos pacientes entre 18 e 60 anos, com diagnóstico primário de fobia social generalizada, ausência de abuso ou dependência de drogas, não apresentando escore de sintomas moderados depressivos, sem tratamento psicoterápico ou psicofarmacológico, no momento da pesquisa, e, anteriormente, não ter sido submetido a nenhum tratamento cognitivo-comportamental por mais de 6 sessões. Todos os incluídos nessa pesquisa foram diagnosticados com fobia social, com altos níveis desse transtorno, sofrendo interferência na rotina, causandonas sofrimento e evitação de diversas situações de demonstrações sociais. Os pacientes de TCCG apresentaram melhoras significativas no pré e pós tratamento, 12 dos 15 que utilizaram o TCCG, foram considerados respondedores, ou seja, receberam dos avaliadores independentes o escore, na Impressão Clínica Geral, de melhorado ou muito melhorado. Nenhum dos pacientes que recebeu tratamento mediante Lista de Espera obteve esse escore. Em todas as medidas de avaliação, pelo período de 12 semanas, os pacientes que receberam o tratamento por meio do TCCG obtiveram melhores resultados, conforme o quadro de avaliação que fora designado para ser preenchido na semana 01 e na semana 12, com os seguintes quesitos: Inventário de Fobia Social, Escala de Medo de Avaliação Negativa, Inventário de Ansiedade Beck e Escala de Impressão Clínica Global (D EL REY et al, 2008). Ito et al (2008) trouxeram a abordagem de que a fobia social possui um padrão de agregação familiar em parentes de primeiro grau, o que sugere, ao menos parcialmente, que esse transtorno seja geneticamente herdado. Além da vulnerabilidade biológica, mencionado em estudos genéticos e neurobiológicos, a Inibição Comportamental, abrangendo introversão, timidez, esquiva e medo de pessoas e objetos estranhos, são características que, quando existentes em crianças e adolescentes, aumentam em quatro a cinco vezes os riscos de desenvolver o transtorno de ansiedade, porém, os traços da Inibição Comportamental não são suficientes para o desenvolvimento do transtorno,

18 16 realçando, assim, a importância de existência de fatores ambientais e/ou biológicos em sua origem. Savoia e Bernik (2010) buscaram apresentar um modelo de intervenção em grupo, baseados em programas de tratamento descritos na literatura. De acordo com os estudos, a fobia social pode acarretar outras comorbidades, como a depressão, abuso de álcool e outras substâncias psicoativas, transtornos alimentares e transtornos de personalidade. Seguindo as premissas do estudo, um dos principais benefícios para o tratamento em grupo da fobia social é que o grupo funciona como um cenário social vivido pelo paciente, assim, o próprio grupo torna mais fácil a execução de situações propostas e de acompanhamento e observação pelo terapeuta. Dessa maneira, é possível monitorar se os pacientes estão assimilando os exercícios cognitivos, já que ele acompanha a prática comportamental. O modelo de intervenção apresentado baseou-se na estruturação de duas modalidades: treino de habilidades sociais e exposição gradual ao vivo. Ficou demonstrado, relacionando os resultados com outros estudos realizados, que a TCCG é superior ao tratamento individual, fundamentando esse resultado com os benefícios encontrados no tratamento em grupo. Abordado no artigo de Gusmão et al (2013), que os trouxe com natureza de revisão dos principais estudos da área, as técnicas de TCC que se destacam no tratamento da fobia social são: a reestruturação cognitiva; o treino de relaxamento; o treino de habilidades sociais e experimentos comportamentais. A reestruturação cognitiva visa ensinar aos pacientes a identificação das cognições irracionais e a corrigir o conteúdo distorcido. Já o treino de relaxamento tem o intuito de fazer com o que o paciente atinja e, saiba como atingir, um estado de calma mental e física, controlando respostas fisiológicas advindas da ansiedade. O treino de habilidades, traz a oportunidade de interagir, objetivando que padrões assertivos sejam incorporados a eles. Os experimentos comportamentais buscam a exposição dos pacientes, de forma gradativa, às situações que representam ansiedade, abrangendo á dessensibilização sistemática, iniciando-se, normalmente, com experimentos imaginários até que se chegue aos experimentos in vivo, que é o confronto com o estímulo que representa o medo à pessoa. Estudos demonstram que a farmacoterapia e psicoterapia promovem melhores resultados quando aplicados concomitantemente, em frente aos resultados obtidos de maneira isolada.

19 17 O artigo de Penido et al (2014) buscou demonstrar os resultados com o Tratamento Cognitivo-Comportamental aliados às técnicas do Teatro do Oprimido (TO), criado por Augusto Boal na década de 60. O Teatro do Oprimido é um conjunto de técnicas, jogos e exercícios teatrais cujo objetivo é a transformação social utilizando-se o teatro, e em especial, o teatro fórum, que, basicamente, é o debate por meio da cena, tendo como característica principal, apresentar a relação com a plateia, spect-atores. No teatro fórum, os participantes apresentam uma cena baseada em conflito real em que este não é solucionado, expondo, somente, questões existentes entre oprimido e opressor à plateia. Assim, a figura do coringa facilitador que coordena o grupo do TO questiona se, alguém dos espectadores, têm alguma alternativa para solucionar o conflito, iniciando, portanto, um mecanismo que se repete, encontrando várias resoluções de um mesmo conflito, mediante perspectivas diferentes dos participantes. A intenção dos pesquisadores era trabalhar criativamente a TCC e o TO, que permitiria, de maneira gradual e criativa, a reestruturação cognitiva, a exposição ao vivo e o treino em solução de problemas. Foram selecionados 66 participantes entre 18 e 65 anos, sendo 35 participando do tratamento experimental, TCC concomitantemente a TO e 21 em Lista de Espera. Os grupos apresentaram homogeneidade entre seus membros, nas características sociodemográficas, média de idade, à distribuição de gênero, ao estado civil e ao grau de escolaridade; a definição entre o tratamento experimental e a lista de espera foi realizada via sorteio. Os grupos tiveram um total de 18 sessões, sendo 2 encontros semanais, com duração de 2 horas; a avaliação de cada membro ocorreu antes do início do tratamento, na 18ª sessão e no primeiro mês subsequente à última sessão. Como resultado, melhoras significativas referentes ao tratamento experimental em relação ao tratamento convencional foram obtidas nos quesitos: Ansiedade (BAI) e depressão (BDI); Ansiedade e fobia social (SPAI); Escala de Medo da Avaliação Negativa (FNE) e Escala de Autoestima. Uma das principais diferenças entre os efeitos dos tratamentos utilizados, além de uma melhor avaliação nos pacientes do tratamento TCC e TO, foi a melhora ao longo do tempo. Nova avaliação foi realizada no primeiro mês posterior ao término das 18 semanas, o que poderia sinalizar efeitos de reestruturação cognitiva praticada no tratamento, melhora esta verificada somente no tratamento experimental (PENIDO ET AL, 2014). O artigo de Almeida et al (2016) consiste na revisão bibliográfica sobre a Terapia Comportamental-Cognitiva em grupo. Relata que a TCCG proporciona a

20 18 aplicação de técnicas específicas com o objetivo da reestruturação cognitiva e a manutenção, a longo prazo, da melhora alcançada, obtendo resultados significantes, havendo melhorias na qualidade de vida, humor e cognição dos indivíduos. Inúmeros estudos referentes a TCC foram testados e alcançaram resultados favoráveis e eficácia comprovada. Em um estudo sobre Transtorno do Pânico (TELCH e colaboradores, 1995 apud ALMEIDA et al, 2016) com 156 pacientes para TCCG ou Lista de Espera, foram demonstrados resultados significativos nos sintomas de TP e em vários aspectos de qualidade de vida nas amostras referentes ao tratamento TCCG em comparação aos pacientes da lista de espera. Em outro experimento, com 83 pacientes de Transtorno do Pânico, 89% dos pacientes foram avaliados com redução de mais de 50% na escala de evitação fóbica, mantendo os resultados pelo período de 03 meses a 01 ano após o término da TCCG, ou seja, proporciona a possibilidade de manutenção em longo prazo da melhora alcançada.

21 19 5 DISCUSSÃO Através de uma revisão bibliográfica, o presente trabalho teve por objetivo verificar as formas como a terapia cognitivo-comportamental é aplicada no transtorno de ansiedade social e o quanto a TCCG vem ganhando campo no tratamento desse transtorno, além de demonstrar a eficácia do tratamento em grupo terapêutico em pacientes com transtorno de ansiedade social pela abordagem da Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupo. Dentre os 7 estudos selecionados, 2 avaliaram a eficácia da TCC para o Transtorno de Ansiedade Social, abordando a existência de fatores ambientais e/ou biológicos no TAS e as técnicas da TCC eficazes para o trabalho desse transtorno: reestruturação cognitiva, o treino de relaxamento, o treino de habilidades sociais e experimentos comportamentais; 1 avaliou a eficácia da TCCG para o Transtorno de Pânico em que proporciona a aplicação de técnicas específicas com o objetivo da reestruturação cognitiva e a manutenção, a longo prazo, da melhora alcançada, obtendo resultados significantes; 3 se dedicaram a avaliar a eficácia da TCCG para o Transtorno de Ansiedade Social, ocorrendo uma redução superior no escore das escalas de avaliação nas semanas de realização do estudo com os pacientes em questão, eficiência do treino de habilidades sociais e exposição gradual ao vivo; 1 avaliou a TCC e o Teatro do Oprimido em grupo para o Transtorno de Ansiedade Social, permitindo que de maneira gradual e criativa que se trabalhasse a reestruturação cognitiva, a exposição ao vivo e o treino em solução de problemas. Entende-se, por meio dos estudos analisados, que a TCCG é um dos melhores métodos para o tratamento da ansiedade social. Além dos resultados positivos, consideravelmente superiores aos outros métodos, durante e logo após o tratamento, outra importante característica do TCCG é que os resultados se mantiveram a longo prazo, como consequência, o indivíduo que obteve o tratamento altera sua forma de pensar (reestruturação cognitiva), assim, a quebra das distorções cognitivas e dos pensamentos disfuncionais tende a se manter, podendo demonstrar, ao menos, que o indivíduo passa a possuir estratégias que o auxiliam na manutenção do tratamento. Acredita-se que algumas das mais importantes características da TCCG no tratamento da ansiedade social estão presentes: na reestruturação cognitiva, cuja

22 20 finalidade precípua é identificar e corrigir os conteúdos distorcidos; treino de relaxamento, cujo objetivo é fazer com que o indivíduo atinja e, principalmente, saiba como atingir um estado de calma mental e física; e os treinos de habilidades sociais e experimentos comportamentais, que expõem os pacientes, gradativamente, às situações que a eles representem ansiedade, com o intuito de incorporá-los padrões assertivos nas relações sociais. Como efeito, os resultados são taxativos quanto a melhora na recuperação dos pacientes assistidos pela TCCG, tanto nos resultados percebidos durante ou logo após o tratamento quanto aos resultados obtidos a longo prazo. Com base neste trabalho foi possível avaliar que a Terapia Cognitivo- Comportamental, para o transtorno de ansiedade social, tem demonstrado eficácia e vem obtendo êxito, pelos pesquisadores, em suas pesquisas. A Terapia em grupo colabora para a diminuição do isolamento dos pacientes com ansiedade social, por agir como uma forma de exposição e enfrentamento, cooperando diretamente para a quebra das distorções cognitivas e pensamentos disfuncionais, a partir das crenças criadas por eles. É importante ponderar que existem poucas pesquisas em português abordando a TCC e TCCG, correlacionando-os com o tratamento do transtorno de ansiedade social, e se faz, cada vez mais, essencial a continuação dessas pesquisas, considerando o aumento de casos referente a esse diagnóstico. Lembrando que, por não ter sido analisado trabalhos estrangeiros, e não ter se buscado trabalhos brasileiros publicados no exterior, não podemos afirmar quanto à existência de poucos estudos da TCCG e os transtornos de ansiedade fora do país. Sugere-se uma pesquisa mais ampla, baseado em dados internacionais.

23 21 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esse trabalho teve por objetivo verificar a eficácia do tratamento em grupo terapêutico em pacientes com transtorno de ansiedade social pela abordagem da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupo (TCCG). O transtorno de ansiedade social é um dos transtornos mentais que tem acometido cada vez mais as pessoas, dessa maneira, obtendo um diagnóstico correto e tratamento adequado, ocorre a possibilidade de reduzir os prejuízos que acontecem em diversas áreas da vida do indivíduo acometido pelo transtorno. Com base na revisão bibliográfica realizada, foi possível verificar que a TCCG tende a ser um tratamento efetivo para o transtorno de ansiedade social. Nos estudos realizados através de artigos científicos comparando outras modalidades de tratamento, a TCCG se destacou, mostrando-se mais efetiva, em relação à melhora dos pacientes. Com essa revisão foi possível verificar que a reestruturação cognitiva, treino de relaxamento, treino de habilidades sociais, exposição ao vivo, experimentos comportamentais e o treino de solução de problemas são técnicas que mais auxiliam para o tratamento desse transtorno, promovendo a substituição dos pensamentos e crenças disfuncionais, com isso, o indivíduo tende a se sentir mais aliviado, tendo possibilidades mais adequadas para enfrentar situações sociais. Sugere-se a continuidade das pesquisas para o tratamento do transtorno de ansiedade social associado à TCC em grupo, pois tem um campo extenso para continuidade das investigações e comprovação da sua eficácia para esse transtorno.

24 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, R. da S. et al. O uso dos grupos terapêuticos no tratamento do transtorno de ansiedade sob o olhar da terapia cognitivo-comportamental. Ciências Biológicas e da Saúde. Maceió. v. 3, n. 3, p , APA, American Psychiatry Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. (DSM-V). Tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento et al.; Revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli et al.. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, BECK, J.S. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, BRASIL. Organização Pan Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde. Aumenta o número de pessoas com depressão no mundo. Disponível em: < menta-o-numero-de-pessoas-com-depressao-no-mundo&itemid=839>. Acesso em 25.Nov.2018 às 08:15. D EL REY, G.J.F. et al. Terapia cognitivo-comportamental de grupo no tratamento da fobia social generalizada. Psicologia Argumento, Curitiba, 25 (50), p , D'EL REY, G. J. F., Lacava, J. P. L., Cejkinski, A., & Mello, S. L. (2008). Tratamento cognitivo-comportamental de grupo na fobia social: Resultados de 12 semanas. Revista de Psiquiatria Clínica, 35(2),79-83, GUSMAO, E. É. da S. et al. Contribuições da terapia cognitivo-comportamental para o tratamento da fobia social. Rev. bras. ter. cogn., Rio de Janeiro, v. 9, n. 2, p , dez ITO, L. M. et al. Terapia cognitivo-comportamental da fobia social. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.30, suppl.2, pp. s96-s101, 2008.

25 23 NEUFELD, C. B., RANGÉ, B. P.. Terapia Cognitivo-Comportamental em Grupos das evidências à prática. Porto Alegre: Artmed, PENIDO, M. A. et al. O uso do teatro do oprimido no tratamento em grupo para transtorno de ansiedade social. Rev. bras. ter. cogn., Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p , jun SAVOIA, M. G., BERNIK, M. A.. Programa de terapia comportamental em grupo aplicado a fóbicos sociais. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo 2010; 55(2):71-5.

26 24 ANEXO Termo de Responsabilidade Autoral Eu Denise Fonseca Bernardo, afirmo que o presente trabalho e suas devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da responsabilidade autoral sobre seu conteúdo. Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob o título Terapia em Grupo no Tratamento do Transtorno de Ansiedade Social na perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental, isentando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por mim praticadas, assumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações realizadas para a confecção da monografia. São Paulo, de de. Assinatura do (a) Aluno (a)