GRUPO I (3.0 valores; 24 minutos)

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1 MACROECONOMIA I LEC201 Licenciatura em Economia 2006/2007 TÓPICOS DE RESOLUÇÃO Exame final - 22 Janeiro 2007 GRUPO I (3.0 valores; 24 minutos) 1. (1.0 valores) Entende-se por Crescimento Económico o movimento persistente/sustentado de expansão da actividade económica real global que caracteriza as economias capitalistas quando observadas num prazo longo. O Crescimento é sinteticamente mensurável pela evolução tendencial do produto real (por vezes calculado em termos per capita), cálculo que pretende ser uma estimativa da evolução do produto real natural. O Crescimento é geralmente visto como sendo determinado por factores reais oferta de factores de produção, tecnologia produtiva, estrutura dos mercados e estimulável com políticas estruturais/microeconómicas. Entende-se por Ciclos Económicos os movimentos transitórios de oscilação/flutuação da actividade económica real global que se observam recorrentemente mas sem periodicidade determinística nas economias capitalistas quando observadas num prazo curto-médio. Os Ciclos são sinteticamente mensuráveis pelos desvios entre o produto real observado (Contas Nacionais) e a respectiva tendência (estimativa do produto natural), conhecidos por output gap. Os Ciclos são geralmente vistos como sendo determinados por choques reais ou nominais animal spirits, choques da oferta, alterações na política económica e combatíveis com políticas conjunturais/macroeconómicas. 2. (2.0 valores) Tudo o resto constante, a taxa de inflação tende a estar estável quando o produto real observado coincide com o produto real natural. Assim, ao longo das flutuações cíclicas da economia a inflação tende a flutuar. 1

2 A correlação que se observa, caeteris paribus, entre o output gap e a inflação é representável pelo gráfico seguinte; em síntese, quando o produto se encontra acima do produto natural a inflação tende a aumentar, enquanto quando o produto se situa abaixo do produto natural a taxa de inflação tende a diminuir. Y Y real Y N tempo Inflação Inflação tempo O modelo SP-DG explica esta correlação, em síntese, da seguinte forma. A curva de Phillips (SP), que descreve os equilíbrios possíveis entre procura e oferta agregada no curto prazo (ie, sob inércia nominal), tem um declive positivo e uma posição explicada pelas expectativas de inflação (ignorando os possíveis choques da oferta, não directamente relevantes para esta questão). A taxa de crescimento da procura agregada (DG) define o ponto concreto da SP em que a economia se situa. Só é possível a economia registar um output gap positivo situando-se num ponto como A na figura seguinte se a inflação observada for superior à inflação esperada (na figura, π 1 > π 0 ). Mas, nesse caso, os agentes económicos irão corrigir os seus erros de expectativa, passando a esperar 2

3 uma inflação superior no próximo período. A revisão das expectativas faz e deslocar a SP para cima na figura, por hipótese, para SP ( π = π 1 ). Dado o ritmo de crescimento da procura agregada que se supõe constante, já que se está a raciocinar caeteris paribus então a economia passará necessariamente a ter uma inflação superior e um output gap inferior (já que xˆ t = Y ˆ - Y + t ˆ t 1 π t ). A inflação esperada e, portanto, a inflação observada, apenas param de aumentar quando o produto coincide com o natural, ie quando Yˆ t = 0. Aí a economia estará num equilíbrio de longo prazo, situado na curva de Phillips de longo prazo (LP): não há erros de expectativas, não há variações da inflação e o produto corresponde ao produto natural. LP Inflação SP'( π e = π 1 ) SP( π e =π0) π 1 π 0 A 0 out put gap Em situações simétricas (Y ˆ < 0) ocorrem ajustamento simétricos e, portanto, a inflação (esperada e observada) tende a diminuir e Y ˆ tende a aumentar até que Y ˆ = 0. π t t t Estes padrões de ajustamento são precisamente os escritos pelos primeiros dois gráficos em cima: quando Y ˆ t > 0, π t tende a aumentar; quando Yˆt < 0, tende a diminuir. t 3

4 GRUPO II (4.5 valores; 37 minutos) 1.1. (1,0 valores) Balança de Rendimentos = 273 X; Balança de Rendimentos = B. Corrente BBS Transf. Correntes Balança de Rendimentos = 363 ( ) 253 Balança de Rendimentos = 71. (Nota: Balança Corrente = Poupança Externa = 363) X = = (1,0 valores) Capacidade de Financiamento = Balança Corrente + Balança de Capital Balança Corrente + Balança de Capital = 109. BP = 0 Balança Corrente + Balança de Capital + Balança Financeira = 0 Balança Financeira = 109; 109 = Y => Y = (1,0 valores) PIBpm = Rem. + EBE + Ti Z; Ti Z = 1029; EBE = 3436; RDBN = PIBpm + Balança de Rendimentos + Transf. Correntes 8091 = PIBpm PIBpm = 7909 Rem = = Alternativamente: PIBpm = C + I + G + X Q PIBpm = CFN + I I = Sext + SBN I = Sext + RDBN CFN I + CFN = Sext + RDBN I + CFN = I + CFN = 8454 PIBpm = = 7909 Rem = =

5 2. (1,5 valores) PIBpm pela óptica da despesa (= C+I+G+X-Q) = valor do conjunto das utilizações de bens e serviços finais criados no território económico nacional, avaliados a p.m., durante um dado período de tempo. A igualdade entre as duas ópticas garante-se pela variação de existências (incluída no investimento, I): quando uma empresa produz bens que não vende assume-se que a própria empresa compra esses bens, ou seja, a variação de stocks é tratada como parte da despesa. GRUPO III (7 valores; 57.5 minutos) 1. (1,5 valores) Equilíbrio no MBS: Y = Ep Y = Yd Y i Y = i (IS) Equilíbrio no MM: M/P = L 5000/2 = ,2Y 10i Y = i (LM) Equilíbrio da economia: IS = LM Y = 5000 e i = 10 No ponto Y = 5000 e i = 12 temos uma situação de desequilíbrio, caracterizada por excesso de oferta no mercado de bens e serviços e por excesso de oferta de moeda. 2. (1,5 valores) Política a adoptar: política monetária expansionista => aumento da oferta nominal de moeda => aumento da oferta real de moeda, num contexto de preços fixos. Justificação: 5

6 Terá de ser uma política monetária expansionista, de forma a permitir a redução da taxa de juro (via excesso de oferta de moeda/excesso de procura de títulos), logo o aumento do investimento na economia; Associada a uma política expansionista temos um aumento do produto o que permitirá o aumento do rendimento disponível das famílias, logo o aumento do consumo privado. Objectivo: aumentar em 10% o investimento e aumentar o consumo privado Investimento actual = 300 I = 0.1 * 300 = 30 i = -1.5 Nova i = 8.5 [1] Equilíbrio nos vários mercados, após implementação da medida: MBS: Y = Ep (IS) Y = i Atendendo a [1], vem: Y = 5075 [2] MM: M/P = L (LM) M/2 = ,2Y 10i Atendendo a [1] e [2], vem: M = 5060 [3] Determinação da medida e dos efeitos nas principais variáveis macroeconómicas: Medida: M = 60 Efeitos: Y = 75 i = 1.5 C = (2.0 valores) Saldo da Balança Corrente = 475. Por simplificação, assume-se que X Q = 475. Atendendo a que o mercado cambial está em equilíbrio, BP = 0, a Balança de Capital tem que apresentar um saldo positivo de 475, ou seja, K = 475. Logo, vem: i = 475 ; i = 10 6

7 Equilíbrio nos vários mercados: MBS: Y = Ep (IS) Y = C + G + I + X Q Y = (Y Y + 350) Y i *(1/e) (200 5*(1/e) + 0.2Y) Y = i *(1/e) [1] MM: M/P = L (LM) 5000/2 = Y 15i Y = i [2] MC: BP = 0 X Q + K = *(1/e) *(1/e) 0.2Y i = 0 Y = *(1/e) + 250i [3] Fazendo i = 10 em [2], vem Y = 5000 Substituindo i = 10 e Y = 5000 em [1] ou [3], vem 1/e = 5, logo e = 0.2 Taxa de câmbio nominal: e = (e * P)/P f 0.2 = (e * 2)/5 e = (2.0 valores) Considere-se uma situação inicial de equilíbrio (E 0, com Y = Y 0, i = i f e e=e 0 ) e admita-se, de seguida, um aumento da taxa de juro internacional, para i f. Nestas circunstâncias, a taxa de juro nacional torna-se inferior à taxa de juro internacional, originando, em situação de perfeita mobilidade internacional de capitais, uma saída massiva de capitais para o exterior => défice na BP / excesso de oferta de moeda nacional no mercado cambial (E ). O regresso a uma situação de equilíbrio apresenta contornos distintos consoante o regime cambial da economia. Assim: Num regime de câmbios flexíveis, o excesso de oferta de moeda nacional no mercado cambial determina uma depreciação nominal (e real) da moeda nacional, conduzindo ao aumento das exportações líquidas e do produto real, com esta última situação a gerar aumento da procura de moeda no 7

8 mercado monetário e a provocar a subida da taxa de juro, suscitando a reconvergência para o nível da taxa de juro internacional (E 1 ); Num regime de câmbios fixos, o excesso de oferta de moeda nacional no mercado cambial determina a necessidade de intervenção do banco central neste mercado, de forma a defender a paridade (fixa); a intervenção faz-se mediante a venda de moeda estrangeira e compra de moeda nacional, originando uma redução da oferta nominal (e real) de moeda no mercado monetário e consequente subida da taxa de juro nacional; esta alteração permite a re-convergência para o nível da taxa de juro internacional, mas provoca uma quebra no investimento e no produto real (E 2 ); Ou seja, tal como a afirmação refere, os efeitos no produto real da economia, decorrentes de uma subida na taxa de juro internacional, variam em função do seu regime cambial: o produto real aumenta numa situação de câmbios flexíveis, mas reduz-se numa situação de câmbios fixos. Representação gráfica: Situação inicial: E 0 (IS 0 ; LM 0 ; (BP=0) 0 ) Equilíbrio final em câmbios flexíveis. E 1 (IS 1 ; LM 0 ; (BP=0) 1 ) Equilíbrio final em câmbios fixos: E 2 (IS 0 ; LM 2 ; (BP=0) 1 ) LM 2 LM 0 i f E 2 E 1 (BP=0) 1 i f E 0 (BP=0) 0 IS 1 IS 0 Y 2 Y 0 Y 1 8

9 GRUPO IV (5.5 valores; 46 minutos) 1. (2.0 valores) (i) determinação da expressão analítica da curva da procura agregada Curva IS (equilíbrio no mercado de bens e serviços): Y=C+I+G Y = ( Y Y ) i Y = (54) (45) i ou i = Y Curva LM dada (equilíbrio no mercado monetário e no mercado de títulos): i = Y / P E, portanto, a curva da Procura agregada, AD, ( IS+LM ): Y = Y / P Y = / P (ii) significado da AD A curva da procura agregada contém o conjunto das combinações de produto real, Y, e nível geral de preços, P, que permitem o equilíbrio simultâneo do mercado de bens e serviços e do mercado monetário e de títulos. (iii) determinação da expressão analítica da curva da oferta agregada de curto prazo Para a maximização do lucro das empresas, a procura de trabalho deverá ser tal que: pmg N =w/p N = 100 / P N = / P Substituindo N na função produção obtém-se a AS CP Y = 300 ( / P ) - ( / P ) 2 Y = / P 2 (iv) significado da AS CP A curva da oferta agregada de curto prazo contém o conjunto das combinações de produto real, Y, e nível geral de preços, P, que asseguram a maximização do lucro pelas empresas, para um dado nível de salário nominal. 9

10 (2.0 valores) (i) confirmar que o saldo orçamental em equilíbrio inicial era 0 Y=Y N = 20000, SO = T - G = 0.25 x = -250 (Supletivamente: AS CP ou AD P = 1, IS ou LM i = 10) (ii) alteração de política Objectivo: SO = 0 (ou SO = 250) Instrumento: variação da taxa de imposto, t (variação esperada, + t) Efeitos esperados: - Y, - P (e, supletivamente, - i) (breve justificação das variações esperadas) (iii) quantificação da medida e dos seus efeitos, no curto prazo Objectivo: SO = 0 t Y = 0 ; i.e., t Y = 5250 Implicações sobre a IS (nova IS): Y=C+I+G Y = ( Y - ty ) i Y = ( Y ) i i = Y Implicações sobre a AD (nova AD: nova IS+LM ): Y = Y / P Y = / P Implicações sobre o produto real e o nível geral de preços, no curto prazo ( nova AD+AS CP ): / P = / P 2 P (i.e., - P ) Com base na AD ou AS CP : Y (ou seja, - Y ) quantificação da medida t = 5250 / = ( + t ) ( Supletivamente, com base na nova IS ou na LM, i = 4,1916; i.e., - i ) Nota: alternativamente, a alínea poderia ter sido resolvida considerando as variações das variáveis. 10

11 2.2. (1.5 valores) (i) quantificação do efeito da medida anterior ( + t ) sobre o salário nominal no longo prazo Equilíbrio no longo prazo: Y = Y N = Substituindo Y = na curva IS com t = : = ( x 20000) i i Substituindo Y = e i na curva LM: = x / P P No longo prazo o mercado de trabalho estará equilibrado, pelo que o salário real será idêntico ao inicial. Por conseguinte, w / = 100 w (ii) Processo de ajustamento de médio prazo, sem quantificar e auxílio de um gráfico adequado P AS LP AS CP (w=100) AS CP (w=99.77) AS CP (w=99.69) AD 1 AD (por simplificação assume-se que as curvas são rectas quando de facto são curvas) 11

12 No curto prazo, com o aumento da taxa de imposto a AD desloca-se para a esquerda (AD 0 AD 1 ) conduzindo a uma descida do nível geral de preços e do produto real (ponto: Y 19988, P ). No novo ponto de equilíbrio, verifica-se Y<Y N (desemprego) e w 0 /P 1 =100/0.9977>w 0 /P 0 =100/1 (aumento do salário real face ao valor de equilíbrio). Neste cenário, na ronda de negociações seguinte, as empresas pressionarão à descida do salário nominal de modo a restabelecer o valor de equilíbrio; i.e., w 1 /P 1 =99.77/0.9977=w 0 /P 0 =100/1. Deste modo, torna-se-lhes possível aumentar o nível de produção para cada nível anterior de preços, procurando mais trabalho: Graficamente, regista-se uma deslocação da curva AS CP para baixo (AS CP (w=99.77)). Consequentemente, verifica-se um aumento do produto real e uma nova diminuição do nível de preços (ponto assinalado com uma estrela no gráfico: 19988<Y<20000, <P<0.9977). Ora, como Y<Y N =20000 e w/p aumenta novamente, volta a registar-se um ajustamento semelhante ao referido acima. O Processo repete-se até que Y=Y N =20000 e w/p=w 0 /P 0 =100. Tal ocorrerá no ponto que caracteriza o equilíbrio final: Y = e P FIM 12