ANÁLISE DE RECEITUÁRIOS HOMEOPÁTICOS DE UMA FARMÁCIA NO MUNICÍPIO DE CAMPO DE GOYTACAZES RJ, DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO VIGENTE
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1 ANÁLISE DE RECEITUÁRIOS HOMEOPÁTICOS DE UMA FARMÁCIA NO MUNICÍPIO DE CAMPO DE GOYTACAZES RJ, DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO VIGENTE Analysis of Homeopathic Prescriptions of a Pharmacy in Campos dos Goytacazes City - RJ According to Current Legislation Camila Dias Monteiro da Silva 1 ; Mateus Alves dos Reis 1 ; Priscila de Paula Avelar 1 ; Rejane do Rosário 1 ; Fortune Homsani 2;3 1 Curso de Formação Profissional Farmacêutico Homeopata, IHB; 2 Professora do Curso de Formação Profissional Farmacêutico Homeopata IHB; 3Laboratório Multidisciplinar Farmacêutico Faculdade de Farmácia da UFRJ. Abstract: The aim of this study was to evaluate the homeopathic prescriptions according to Current Legislation, by quantitatively analyzing the data of medical prescriptions and their non-compliances. It is well known, that it is competence and responsibility of the pharmacist professional supervising, orientate and dispense the medicines with quality and safety. The main causes of delays for starting treatment such as the difficulties of patient in treatment compliance were identified. The obtained results showed that only 3% of the valuated prescriptions were in line with the necessary rules and requirements. This causes great impact not only on pharmaceutical daily routine as well as the success of treatment, since the contact with the prescriber can take some time to occur, that it can directly influence in the patients' trust and in the therapeutic results. Key words: Homeopathic prescriptions, prescriptions analysis Resumo: O Objetivo deste estudo foi avaliar as receitas homeopáticas de acordo com as legislações vigentes, através de análises quantitativas dos dados dos receituários médicos e suas não conformidades. Sabendo que é de competência e responsabilidade do profissional farmacêutico fiscalizar, orientar e dispensar medicamentos com qualidade e segurança. Foram identificadas as principais causas de atrasos no inicio do tratamento e dificuldades na adesão do paciente. Os resultados obtidos indicaram que apenas 3% das receitas avaliadas estavam de acordo com as regras e exigências necessárias. O que causa grande impacto não só no dia-adia do farmacêutico como também no sucesso do tratamento, visto que o contato com o
2 2 prescritor pode demorar a ocorrer, podendo influenciar diretamente na confiança e nos resultados terapêuticos. Palavras chaves: Receituário Homeopático, Análises de prescrições INTRODUÇÃO As questões como a adesão à terapêutica e o uso racional do medicamento têm sido discutidos e estudados por profissionais de saúde por se tratar de pontos relevantes para a consecução dos objetivos terapêuticos. Atualmente são identificados vários fatores que podem influenciar nestes pontos, tais como: a disponibilidade do medicamento, preços acessíveis, dispensação em condições adequadas, o consumo nas doses e pelo período de tempo indicado e intervalos definidos de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade. (Aspden, 2007). Para que um medicamento cumpra o seu papel, seja como profilático ou curativo, não basta que se apresente acessível e com padrão de qualidade farmacopeico, devendo ser acompanhado de informação (verbal ou escrita) apropriada. A informação adequada sobre medicamentos é um fator desencadeante da adesão ao tratamento por parte do usuário, podendo ser dito que um medicamento é a soma do produto farmacêutico com a informação sobre o mesmo (Gomes, Reis & Magalhães, 2003). Além destes fatores, erros no receituário são os que mais prejudicam a adesão ao tratamento (Lopes, 1996). Propiciando crescente aumento no número de doentes, o tem sido um fator preocupante para os profissionais da saúde em relação ao aumento de doentes (Hepler et al., 2003). Frequentemente são detectadas falhas no preenchimento das prescrições (Guzatto, 2007). Tornando necessária a existência de um modelo padrão para a elaboração da prescrição, permitindo a comunicação adequada entre os profissionais de saúde e paciente, objetivando garantir a qualidade da terapia (Lofholm, 2003). É indispensável a presença do farmacêutico para a dispensação de medicamentos aos pacientes uma vez que o mesmo é o profissional responsável pela avaliação da prescrição (Brasil, 2001), definida pela RDC 67/2006 como ato de indicar o medicamento a ser utilizado pelo paciente, de acordo com proposta de tratamento farmacoterapeutico, que é privativo de profissional habilitado e se traduz pela emissão de um receituário. Para isso algumas habilidades são necessárias ao farmacêutico: conhecimento, atitude e habilidade, permitindo ao mesmo integrar-se à equipe de saúde e interagir com o paciente e a comunidade,
3 3 contribuído assim para melhoria da qualidade de vida, especialmente no que tange à farmacoterapa e o uso racional de medicamentos (OPAS, 2002). Assim como em outros países, o Brasil elaborou normas quanto a prescrição de medicamentos e aspectos éticos a serem seguidos pelos profissionais envolvidos no processo (Osorio de Castro et al.,2008). Essas regras foram normatizadas por Leis Federais (5991/73 e 9787/99) e pela RDC 357/2001 com objetivo de que os receituários tenham as informações necessárias no ato da prescrição. Sendo permitida, somente, que sejam aviados os receituários que estejam escritos à tinta, em português, em letra de forma, clara e legível, observada a nomenclatura oficial dos medicamentos e o sistema de pesos e medidas oficiais do Brasil, contiver o nome e o endereço residencial do paciente, a forma farmacêutica, posologia, apresentação, método de administração e duração do tratamento, data e a assinatura do profissional, endereço do consultório e o número de inscrição no respectivo Conselho Profissional (Brasil, 1973). A datilografia ou impressão por computador é aceitável e não deve conter rasuras e emendas. Adicionalmente deve conter a assinatura e carimbo do prescritor para que o profissional seja identificado caso seja necessário em caso de dúvida em relação a nomenclatura, dosagem ou posologia dos medicamentos prescritos ultrapassar os limites farmacológicos, ou a prescrição apresentar incompatibilidade, toxicidade ou interação potencialmente perigosa com demais medicamentos prescritos ou de uso do paciente (Brasil, 2001). Além disso, em se tratando de um receituário homeopático, deve conter o nome do medicamento seguido da potência, escala e método desejado (Romanach, 1984). O farmacêutico não deve aviar o medicamento sem a autorização do médico. Desta forma, garante-se a qualidade do tratamento (Brasil. 2001). De acordo com o Código de Ética Farmacêutico, o farmacêutico tem o direito e o dever de interagir com o profissional prescritor, se necessário, para garantir a segurança e eficácia da terapêutica farmacológica. Podendo, também, exigir o cumprimento da legislação em relação a legibilidade da receita. Além de analisar a qualidade da prescrição para uma boa adesão ao tratamento, também é importante o entendimento da prescrição pelo paciente, pois ele pode se sentir desmotivado e assim desistir do tratamento ou alterar a prescrição por conta própria se tiver dúvidas em relação ao que foi prescrito (Gimenes, 2006), assim como perder a credibilidade no profissional e no tratamento escolhido por não fornecer a melhor assistência à saúde (Ev et al., 2008).
4 4 OBJETIVO: Analisar receitas homeopáticas recebidas em uma farmácia no município de Campos de Goytacazes à luz da legislação vigente que regulamenta e normatiza as regras do receituário adequado e seguro. MATERIAL E MÉTODO Foram coletadas 50 receitas médicas de uma farmácia Homeopática da cidade de Campos de Goytacazes - RJ, no período de janeiro a outubro de 2015, as receitas foram escolhidas aleatoriamente, respeitando a especialidade médico homeopata. Foram excluídas as receitas de médicos veterinários, dentistas e terapeutas. Os dados destas receitas foram analisados utilizando como referência a Lei 5991/73, Farmacopeia Homeopática Brasileira (FHB) 3ª ed. e Manual de Normas Técnicas (MNT) da Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH). Foi analisado para o receituário homeopático se este possuía: a potência, rasura, está à tinta, em português, em letra de forma, clara e legível, com a nomenclatura oficial dos medicamentos, se possui o nome e o endereço residencial do paciente, a forma farmacêutica, posologia, apresentação, duração do tratamento, data, carimbo e a assinatura do profissional, endereço do consultório e o número de inscrição no respectivo Conselho Profissional. O responsável pela farmácia assinou o Termo de Acordo para que o estudo fosse realizado legalmente. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os responsáveis pela prescrição são os profissionais legalmente habilitados, que devem respeitar os códigos de seus respectivos conselhos profissionais (Brasil, 2007). O farmacêutico cumpre uma atividade regulamentada, em que ele responde pelos seus atos técnicos e, também, pelos atos de terceiros, estando sujeito a problemas éticos, civis e criminais (Fontes, 2013). Lembrando que a prescrição é um direito legal em que se trata de um acordo entre o médico e paciente (Luiza et al., 2004). Sendo assim, o carimbo e assinatura do prescritor identificam e responsabilizam o mesmo para que dúvidas em relação ao tratamento possam ser esclarecidas (Bonadiman et. al., 2013).
5 5 Segundo Silva, (2009), as principais causas de erros, relacionadas às prescrições medicamentosas são: má qualidade da grafia médica, prescrições incompletas e confusas, transcrição da receita, falhas de comunicação para suspensão de medicamentos prescritos, utilização de abreviaturas não padronizadas, falta de conhecimento sobre estabilidade, incompatibilidade e armazenamento de medicamentos, diferentes sistemas de pesos e medidas, especialidades farmacêuticas e genéricas com grafias semelhantes, ordens médicas verbais e dificuldade de correlacionar à nomenclatura genérica com as especialidades farmacêuticas e vice-versa. Os homeopatas devem obedecer à mesma regulamentação seguida por outros setores terapêuticos em relação à prescrição medicamentosa, devendo estar composta de inscrição (nome do medicamento com dinamização e paciente), fórmula (forma), instrução e indicações (via de administração e horário) (Romanach, 1984). Os itens levantados nas receitas homeopáticas e os respectivos percentuais encontram se representados na figura 1. O estudo realizado demonstrou que apenas 3% das receitas continham todas as informações exigidas pela legislação vigente (Figura 2). Abreviatura e símbolo Carimbo e assinatura do médico CRM Dados do paciente Data Duração de tratamento Endereço do médico Forma farmacêutica Impressa Legibilidade Letra de forma Nomenclatura correta Peso e medidas Português Posologia Potência Rasura Tinta 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% Figura 1: Dados identificados nas receitas médicas de acordo com a Lei 5991/73, FHB 3ª Ed. e MNT ABFH.
6 6 Receitas com todas as informações Receitas que não seguem as normas Figura 2: Percentual de receitas que de acordo com a legislação vigente. CONCLUSÃO A ausência das informações necessárias para a preparação e orientação ao paciente é um assunto que requer reflexão ética. O nome do medicamento deve estar correto para a identificação do mesmo, assim como as abreviaturas devem estar de acordo com as regras para que não cause confusão na leitura do medicamento homeopático pelo manipulador ou dispensador. Assim, não é necessário que o farmacêutico entre em contato com o prescritor e o paciente seja prejudicado uma vez que este contato pode levar ao atraso do aviamento da receita devido à falta de informações na prescrição, gerando um desconforto e frustração ao paciente. Sendo assim, o tratamento homeopático só terá sucesso quando o prescritor, farmacêutico e paciente cumprirem, individualmente, a sua parte e quando a interação entre eles for eficiente.
7 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Aspden P, Wolcott J, Bootman JL, Cronenwett LR, Committee on Identifying and Preventing Medication Errors. Preventing medication errors. Quality Chasm Serie(Hardcover). Washington (DC): National Academies Press; ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE FARMACÊUTICOS HOMEOPATAS. Manual de normas técnicas para farmácia homeopática. 3ª Ed. São Paulo BRASIL. ANVISA. BONADIMAN, R. L. ; BONADIMAN R. L. ; BONADIMAN S. L; SILVA, D. A. Estudo das prescrições medicamentosas em uma farmácia básica de Itapimirim, Espírito Santo Brasil. ACTA Biomedica brasiliensia, Volume 4/ nº 2/ Dezembro de Disponível em: Acesso em: 08 de novembro BRASIL. ANVISA. Resolução RDC nº. 67, de 8 de Outubro de Aprova o regulamento técnico sobre boas práticas de manipulação de medicamentos para uso humano em farmácias e seus anexos. BRASIL. ANVISA RDC nº 357, de 20 de abril de Aprova o regulamento técnico das Boas Práticas de Farmácia. BRASIL. LEI 5991, de 17 de dezembro de Dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, e dá outras providências. Diário Oficial da Republica Federativa do Brasil, Brasilia, 19 de dezembro de Disponível em: slacoe s/lein5991_1973.pdf. Acesso em 31 de outubro de BRASIL. LEI 9787, de 10 de fevereiro de Altera a Lei n o 6.360, de 23 de setembro de 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências. Diário Oficial da União 11 de fevereiro de Disponível em: Acesso em: 31 de outubro de EV, L. S., GUIMARÃES, A. G., CASTRO, V. S. Avaliação das Prescrições Dispensadas em uma Unidade Básica de Saúde do Município de Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil.
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