PALAVRAS-CHAVE: Alimentação Escolar; Alimentos Orgânicos; Controle de Custos; Agricultura Sustentável.

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1 ANÁLISE COMPARATIVA DE PREÇOS ENTRE HORTIFRUTÍCOLAS ORGÂNICAS E CONVENCIONAIS PARA INSERÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR EM CARDÁPIO DE ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL B.D. Pontes 1, C.C.B. Brasil 2, S.B. de Pelegrini 3, T. P. Hautrive 4 1-Nutricionista Pós-Graduanda em Gestão de Unidade de Alimentação e Nutrição - CEP: Alegrete RS Brasil, Telefone: +55 (55) (bd-pontes@hotmail.com) 2-Docente do Departamento de Alimentos e Nutrição Curso de Nutrição - Universidade Federal de Santa Maria, Campus de Palmeira das Missões CEP: Palmeira das Missões RS Brasil, Telefone: +55 (55) (carlacristina@brturbo.com.br) 3-Nutricionista da Unidade de Educação Infantil Ipê Amarelo da Universidade Federal de Santa Maria Mestre em Ciências e Tecnologia de Alimentos - Especialista em Nutrição Clínica Funcional e Alimentação e Nutrição Escolar CEP: Santa Maria RS Brasil, Telefone +55 (55) (susapel@hotmail.com) 4-Docente do Departamento de Alimentos e Nutrição Curso de Nutrição - Universidade Federal de Santa Maria, Campus de Palmeira das Missões CEP: Palmeira das Missões RS Brasil, Telefone: +55 (55) (tiffanyhautrive@yahoo.com.br) RESUMO O programa de alimentação escolar vem sendo modificado para melhorar a qualidade da alimentação servida. É possível observar, a adequação aos hábitos alimentares e inclusão de alimentos frescos a partir do fortalecimento da economia local. O objetivo desta pesquisa foi identificar o preço de hortifrutícolas orgânicas em comparação aos convencionais em uma escola de educação infantil. O presente estudo constitui-se de abordagem quanti-qualitativa, de caráter exploratório e descritiva, sendo realizado uma pesquisa comparativa de preços, entre 17 hortifrutícolas de uma feira 100% orgânica local de uma cidade do Rio Grande do Sul e hortifrutícolas da Central de Abastecimento do Estado do Rio Grande do Sul S/A. Através da análise, pode-se observar que os produtos orgânicos oriundos da feira livre são 107,68% mais caros que os ofertados pela CEASA/RS. Apesar dos produtos orgânicos apresentarem um preço elevado, incluir os mesmos na alimentação escolar é fundamental para promover uma alimentação mais saudável. PALAVRAS-CHAVE: Alimentação Escolar; Alimentos Orgânicos; Controle de Custos; Agricultura Sustentável. ABSTRACT - The school feeding program has been modified to improve the quality of food served. It is possible to observe the adequacy of dietary habits and inclusion of fresh food as from the strengthening of the local economy. The objective of this research was to identify the price of organic vegetables compared to conventional ones in a kindergarten school. The present study consisted of a quantitative-qualitative approach, with an exploratory and descriptive character, being a comparative price survey between 17 horticultural products from a fair 100% organic locality of city of Rio Grande do Sul and horticultural of the Central de Abastecimento do Estado do Rio Grande do Sul S/A. Through the analysis, it can observed that organic products from the fair are 107,68% more expensive than those offered by CEASA/RS. Although organic products come at a high price, include them in school feeding is critical to promote a healthier diet. KEYWORDS: School Feeding; Organic Food; Cost Control; Sustainable Agriculture.

2 1. INTRODUÇÃO O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), através de suas diretrizes, incentiva a alimentação saudável, que respeite a cultura, as tradições e os hábitos alimentares, desse modo, promovendo o desenvolvimento sustentável, com incentivos para a aquisição de gêneros alimentícios diversificados, sazonais e produzidos por agricultores locais (Brasil, 2015). O apoio a produção orgânica ou agroecológica oriunda de agricultores é fundamental para a geração de emprego e renda na região. Pois, além de fortalecer a economia, a aquisição desses produtos diminui o custo e o tempo com transporte, assim, garantindo alimentos frescos e in natura para a produção da alimentação escolar (Rodrigues et al., 2017). A aquisição de produtos orgânicos que não utilizam substâncias que coloquem em risco a saúde humana e o meio ambiente deve ser planejado, pois o aumento do custo com matéria-prima não deve comprometer outros gastos fixos da unidade (Abreu et al., 2016). Em instituições públicas, o valor repassado pelo governo federal para a aquisição de gêneros alimentícios da alimentação escolar é definido de acordo com o número de dias letivos, com a etapa e modalidade de ensino e o número de estudantes. Deste valor, 30%, no mínimo, devem ser investidos na compra de produtos da agricultura familiar, com a finalidade de fomentar o desenvolvimento sustentável e econômico local. A efetuação da compra deve ser realizada através da Chamada Pública, que se caracteriza pelo procedimento administrativo voltado à seleção de proposta específica para aquisição desses gêneros alimentícios (Brasil, 2015). Assim, o estudo torna-se pertinente para identificar o custo de hortifrutícolas orgânicos em comparação aos convencionais através de uma análise comparativa, visando inserir as hortifrutícolas orgânicas da agricultura familiar no cardápio escolar. 2. MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo constitui-se de abordagem quanti-qualitativa, de caráter exploratório e descritiva, sendo realizado uma pesquisa comparativa de preços entre 17 hortifrutícolas de uma feira orgânica realizada em uma cidade da região central do Rio Grande do Sul e hortifrutícolas convencionais da Central de Abastecimento do Estado do Rio Grande do Sul S/A - CEASA/RS, no mês de novembro de A coleta de dados dos preços das hortifrutícolas orgânicas foi realizada in loco em uma feira que reúne agricultores da região, certificados em processo de reconhecimento pelo Ministério da Agricultura. Já a coleta dos preços das hortifrutícolas da CEASA/RS foi realizada através da plataforma eletrônica destinada ao comércio, referentes a cotação diária e o preço máximo do dia (Ceasa/RS, 2017). O estudo foi elaborado com o intuito de inserir alimentos orgânicos oriundos da agricultura familiar em uma escola de educação infantil do município. Cabe destacar que a atual aquisição de hortifrutícolas da escola ocorre, principalmente, através da CEASA/RS. Após a coleta e tabulação de dados realizou-se à análise estatística descritiva simples (média e percentual), com o auxílio do programa Microsoft Office Excel, versão RESULTADOS E DISCUSSÃO Através da análise dos preços, pode-se observar que os produtos orgânicos oriundos da feira livre são cerca de 107,68% mais caros que os da CEASA/RS (Quadro 1). Resultado semelhante foram encontrados por Santos et al. (2015), que realizaram uma pesquisa comparativa de preços entre

3 produtos orgânicos e convencionais em um supermercado em Olinda-PE. Os dados verificados pelos autores constataram que os produtos orgânicos, como, o limão, tangerina, café e suco, são cerca de 106,69% mais caros que os convencionais. Esse elevado custo ocorre devido as múltiplas causas que a produção orgânica requer, como, a exigência de mais mão-de-obra, menor rendimento em comparação com os convencionais e custos adicionais em certificação, transporte e distribuição decorrente da baixa escala de produção (Darolt, 2015). Quadro 1 - Quadro comparativo entre as hortifrutícolas oriundas da feira orgânica local e das hortifrutícolas convencionais da Central de Abastecimento do Estado do Rio Grande do Sul S/A - CEASA/RS. HORTIFRUTÍCOLAS MÉDIA DOS CUSTOS DAS HORTIFRUTÍCOLA S ORGÂNICAS MÉDIA DOS CUSTOS DAS HORTIFRUTÍCOLAS CEASA/RS DIFERENÇA DE PREÇO ENTRE AS HORTIFRUTÍCOLAS ORGÂNICAS E CEASA/RS ITENS UNID. CUSTO (R$) CUSTO (R$) CUSTO (R$) Alface americana PORCENTAGEM (%) Dúzia 24,00 18,00 6,00 33,33 Alface Dúzia 27,00 15,00 12,00 80,00 Alho Kg 7,14 15,00-7,86-52,40 Arroz integral Kg 5,00 3,95 1,05 26,58 Banana Prata Kg 3,00 1,50 1,50 100,00 Beterraba Kg 2,50 1,15 1,35 117,39 Brócolis Dúzia 38,00 20,00 18,00 90,00 Cenoura Kg 4,32 1,30 3,02 231,92 Cheiro-verde Dúzia 10,80 6,00 4,80 80,00 Couve Dúzia 25,50 10,00 15,50 155,00 Espinafre Dúzia 30,00 18,00 12,00 66,67 Laranja suco Kg 2,00 1,20 0,80 66,67 Mandioca descascada Kg 8,00 4,00 4,00 100,00 Morango Kg 20,00 15,00 5,00 33,33 Pepino salada Kg 6,00 1,50 4,50 300,00 Repolho verde Kg 2,05 0,50 1,55 310,00 Rúcula Dúzia 28,80 15,00 13,80 92,00 TOTAL 215,31 132,10 83,21 107,68 Fonte: Autor, Dentre todos os produtos analisados no presente estudo, 41,10% (n=7) das hortifrutícolas orgânicas apresentaram percentual de diferença dos custos acima de 100%. Os maiores percentuais

4 encontrados foram em relação ao custo do repolho verde e do pepino salada, pois os produtos orgânicos apresentaram-se mais caros que os da CEASA/RS. Em contrapartida, o alho adquirido da CEASA/RS é mais caro do que o orgânico. Os alimentos que tiveram a mínima diferença entre os dois comparativos foram o morango e a alface americana. Essas diferenças podem ter ocorrido devido à dificuldade, custos e individualidade que cada produto orgânico requer durante a produção, tais fatores, influenciam diretamente no preço que é repassado ao consumidor (Darolt, 2015). As hortifrutícolas orgânicas analisadas durante a pesquisa, foram apenas aquelas que estavam na sazonalidade de outubro, novembro e dezembro, assim, favorecendo os preços em relação aos outros meses do ano (São Paulo, 2015). Para Abreu et al. (2016), o bom funcionamento de uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) depende, dentre outros fatores, de um correto sistema de análise e de informações de custos. Sendo que, o aumento com gastos de matérias-primas não deve comprometer o rendimento financeiro da unidade e ultrapassar os custos orçados. Apesar do elevado custo das hortifrutícolas orgânicas, em comparação com os da CEASA/RS, a inserção dos orgânicos no cardápio da escola de educação infantil analisada garante a oferta alimentos frescos e sem adição de produtos químicos utilizados na agricultura. Além disso, atenderia a diretriz estipulada pelo PNAE, que incentiva a aquisição gêneros alimentícios produzidos em âmbito local e preferencialmente pela agricultura familiar. Embora os produtos orgânicos sejam mais caros, torna-se sustentável inserir os alimentos nos cardápios dos escolares de acordo com a sazonalidade, visto que os alimentos orgânicos tornam a alimentação escolar mais saudável, além de fomentar o comércio local (Silva; Sousa, 2013). A implantação das novas diretrizes do PNAE que insere a agricultura familiar, local e regional na alimentação escolar, tem o papel de favorecer grande transformação na realidade dos municípios. Além de promover a segurança alimentar e nutricional às crianças e adolescentes em idade escolar, o incentivo ao consumo de produtos naturais locais cria um novo canal de aprendizagem aos escolares sobre a importância do cardápio variado, que respeite a cultura regional e os hábitos alimentares saudáveis (Rodrigues et al., 2017). 4. CONCLUSÃO Apesar dos produtos orgânicos avaliados apresentarem um preço elevado em comparação com os convencionais adiquiridos da CEASA/RS, a inclusão dos mesmos na alimentação escolar é fundamental para promover uma alimentação diversificada, saudável, respeitando a cultura local. Para ocorrer a inserção gradual das hortifrutículas orgânicas e cumprir as propostas do PNAE, é necessário que ocorra o planejamento de custos pelos gestores da unidade e, os agricultores devem estar cadastrados no programa da agricultura familiar e estarem aptos a fornecerem a quantidade necessária para a produção de alimentos de acordo com a sazonalidade. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Abreu, E. S., Spinelli, M. G. N., & Pinto, A. M. S. (2016). Gestão de unidades de alimentação e nutrição: um modo de fazer (6. ed.). São Paulo: Editora Metha. Brasil. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. (2004). Princípios e diretrizes de uma política de segurança alimentar e nutricional: textos de referência da II Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Brasília.

5 Brasil. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). (2015). Aquisição de produtos da agricultura familiar para a alimentação escolar - versão atualizada com a Resolução CD/FNDE nº 04/2015 ed. 2. Ministério da Educação. Ceasa/RS Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (2017). Cotação Disponível em: Darolt, M. R. (2015). Guia do Consumidor Orgânico. Como reconhecer, escolher e consumir alimentos saudáveis. Rio de Janeiro: Sociedade Nacional de Agricultura; Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas; Centro de Inteligência em Orgânicos. Rodrigues, R., Siqueira, H. D. de., Biancardi, C. C. S., Andrade, M. A. N., Valente, L. M., & Paula, L. B. de. (2017). A aquisição de alimentos da agricultura familiar pelo PNAE no município de Alegre- ES. Demetra, 12(1), Santos, N. L., Barbosa, G. F., Santos, R. L., Costas, C. M. S., & Moura, M. J. A. (2015). Análise comparativa de preços entre produtos orgânicos e convencionais em um supermercado e hortifrúti em Olinda-PE. Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC 2015, Fortaleza, CE. São Paulo. Governo do Estado de São Paulo. (2015). Sazonalidade dos Alimentos. Secretaria da Fazenda. Silva, A. P. F., & Sousa, A. A. (2013). Alimentos orgânicos da agricultura familiar no Programa Nacional de alimentação Escolar do Estado de Santa Catarina, Brasil. Revista de Nutrição, 26(6),