AGRICULTORES FAMILIARES COMO PROTAGONISTAS NO PROCESSO DE COMERCIALIZAÇÃO POR FEIRA LIVRE: ANÁLISE DE UM PROJETO EXPERIMENTAL NA UFSJ-SETE LAGOAS

Transcrição

1 AGRICULTORES FAMILIARES COMO PROTAGONISTAS NO PROCESSO DE COMERCIALIZAÇÃO POR FEIRA LIVRE: ANÁLISE DE UM PROJETO EXPERIMENTAL NA UFSJ-SETE LAGOAS Autor(es): Jéssica Stéphanie de Paula, Daniel Calbino, Angelina Melo Filiação: Universidade Federal de São João Del Rei Campus Sete Lagoas Grupo de Pesquisa: Grupo 2 - As redes de atores na configuração dos territórios dos sistemas de produção agroalimentares. Resumo A atuação dos agricultores familiares como protagonistas na inserção e valorização da agroecologia nos espaços públicos tem-se destacado nas redes dos sistemas agroalimentares. Neste contexto, otrabalho refere-se a uma análise sobre o projeto experimental de extensão universitária, Feira Semente Boa realizado nos períodos dejunho a dezembro de 2017 e março a junho de 2018 na Universidade Federal de São João Del Rei- Campus Sete Lagoas (UFSJ-CSL). O pressuposto trabalho pretende analisar as limitações da comercialização e cultivo dos produtos agroecológicos, refletindo sobre a importância da organização, união e o trabalho em conjunto dos agricultores familiares para melhor enfrentar os desafios. Palavras-chave: feira agroecológica; agricultura familiar; comercialização; feira no campus. Abstract The role of family farmers as protagonists in the insertion and valorization of agroecology in public spaces has been highlighted in the networks of agrifood systems. In this context, another study refers to an analysis of the experimental project for university extension, Fair Seed Fair held in the periods

2 from December 2017 to March 2018 at the Federal University of São João Del Rei- Campus Sete Lagoas (UFSJ- CSL). The assumption of this work intends to analyze the limitations of the commercialization and cultivation of agroecological products, reflecting on the importance of the organization, union and the joint work of the familiar farmers to better face the challenges. Key words: agroecological fair; family farming; commercialization; on campus 1. Introdução Com o intuito de transformar o modelo tradicional do sistema agroalimentar industrial, espaços têm sido abertos para a discussão de novas alternativas. Dentre eles, destacam-se as Redes Alimentares Alternativas que se caracterizam como uma opção de mercado com uma ampla diversidade e que privilegia os Circuitos Curtos de Comercialização de Alimentos (DAROLT et al.2016). Dentre os Circuitos Curtos de Comercialização de Alimentos estão as feiras livres, que permitem a comercialização por parte dos produtores e a realização da venda de seus produtos, garantindo o abastecimento regular de boa qualidade e proporcionando variedade aos hábitos alimentares. (RIBEIRO et.al.2005). O município de Sete Lagoas, Minas Gerais, é referência na agricultura urbana através do Programa de Hortas Comunitárias, que abrange sete hortas comunitárias urbanas beneficiando maisde 300 famílias. Os produtos produzidos de forma agroecológica são escoados através dos programas de políticas públicas PENAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e Programa de Feiras Livres que existe há mais de vinte anos na cidade, e venda direta. No entanto, o escoamento dos produtos é o principal desafio dos agricultores. De acordo com uma pesquisa feita em 2014 pela UFSJ e prefeitura de Sete Lagoas, a dificuldade de comercialização é responsável pela perda de 47,3 % da produçãonas hortas comunitárias urbanas (CALBINO etal. 2017). Para auxiliarno canal de comercialização dos agricultores e na valorização da

3 produçãoagroecológica, foi inaugurado em junho de 2017, de forma experimental a Feira Semente Boa na UFSJ-CSL. 2. Metodologia A metodologia para o presente trabalho utilizou-se de observação Participante (GIVEN, 2008).A coleta de dados foi feita por meio de questionário semiestruturado elaborados de forma informal para os agricultores. O período de análise de dados para esse trabalho foi semanalmente, toda terça-feira no horário de 11h00minas13h00min, enquanto ocorria a feira, entre os meses de junho de 2017 a dezembro de 2017 e março a junho de É importante ressaltar que a feira agroecológica continua sendo realizada e sem previsão para finalização da mesma. 3. Resultados e discussões Os produtos mais comercializados na feira, entre raízes tuberosas, tubérculos, bulbos, folhosas, frutas e panc s (plantas alimentícias não convencionais), as quais mais se destacaram foram: alface (crespa, lisa e americana), couve, cebolinha, salsa, cenoura, beterraba, mandioca, cana-de-açúcar, quiabo, mamão e taioba. A tabela 1 e 2 apresenta a diversidade de produtos agroecológicos comercializados na Feira Semente Boa. Tabela 1: Produtos comercializados na feira Tabela 2: Produtos comercializados na feira de junho a dezembro de 2017 de março a junho de 2018

4 Analisando a diversidade de produtos comercializados na feira e levando em consideração que apenas doze agricultores comercializam no espaço físico a universidade, implica que há características culturais e históricas na produção agroecológica, referente à conservação da diversidade de culturas agrícolas bem como a segurança alimentar e nutricional dos agricultores e familiares e dos consumidores. A feira possibilita ainda que agricultores familiares atuem como feirantes durante o projeto experimental, ampliando assim seu canal de comercialização. Por meio de um rodízio feito entre os próprios agricultores, a cada semana duas duplas levam seus produtos para serem comercializados na UFSJ. Essa dinâmica possibilita uma rede de diálogo entre os agricultores e sua autonomia. Sobre o calendário acadêmico, o fato de haver meses com períodos de poucos dias letivos pode ser uma hipótese para a queda da comercialização na feira. Além da dificuldade de produzir algumas cultivares em períodos de chuva e/ou seca. Os gráficos a seguir apontam para o percentual vendido pelos agricultores, considerando a diversidade de produtos comercializados. Gráfico 1. Gráfico 2. Análise de vendas entre agosto a dezembro de Análise de vendas entre março a junho de Março Abril Maio Junho Fonte: dados do projeto-2017 Fonte:dados do projeto-2018

5 5. Conclusão/Considerações Finais Sugere-se assim, diante dos desafios encontrados, algumas possibilidades para superar os problemas do processo modernizador seletivo, e para reforçar a atuação do agricultor enquanto categoria social. Entre elas sugere-se uma maior divulgação para a comunidade externa e interna da UFSJ sobre a importância nutricional e político-social de consumir alimentos de origem agroecológica, produzidos pela agricultura familiar. E principalmente, a importância da organização social dos agricultores familiares para superarem os problemas do processo modernizador seletivo, que não é favorável aos agricultores familiares, além dos processos com a produção. A organização, a união e o trabalho em conjunto para melhor enfrentar os desafios apresentados têm demonstrado, com experiências pesquisadas, um caminho promissor. A cooperação tem se destacado nestas formas de enfretamento da realidade, principalmente na produção e construção de mercado. Mas não há um modelo correto para se organizar, o melhor seria o que se adapta aos interesses do grupo. Pode ser uma cooperativa, uma associação, ou grupo informal. Referências CALBINO, D; BORGES, I; ANDRADE, L; ABREU, C; GONÇALVES, F. Avanços e desafios das hortas comunitárias urbanas de base agroecológica: uma análise do município de Sete Lagoas. Colóquio Revista do Desenvolvimento Regional - Faccat - Taquara/RS - v. 14, n. 2, jul./dez DAROLT, M.R; LAMINE C; BRANDENBURG, A. Inovação em circuitos curtos de comercialização de alimentos orgânicos. Agriculturas - v. 10- n.2, 13p, junho de RIBEIRO, E. M., CASTRO, B. S.; SILVESTRE, L. H., CALIXTO, J. S.; ARAÚJO, D. P. GALIZONI, F.M.; AYRES, E. B. Programa de apoio às feiras e à Agricultura Familiar no Jequitinhonha mineiro. Agriculturas - v. 2 n. 2 - junho de GIVEN, Lisa M. Th e SAGE Enciclopédia de Métodos de Pesquisa Qualitativa. SAGE Publications, 2008.