Ciclo de Conferências Da Mobilidade à Acessibilidade Conferência Desafios societais, o papel da acessibilidade e mobilidade na exclusão social
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- Aurélio Farias
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1 4/22/2016 Ciclo de Conferências Da Mobilidade à Acessibilidade Conferência Desafios societais, o papel da acessibilidade e mobilidade na exclusão social A quarta conferência do Ciclo de conferências de Reflexão Estratégica, subordinada ao tema Desafios societais, o papel da acessibilidade e mobilidade na exclusão social, teve lugar em Vila Nova de Gaia, nas instalações do Grupo Salvador Caetano, associado ITS Portugal. No dia 8 de abril a Associação para o Desenvolvimento da Mobilidade e dos Transportes Sustentáveis reuniu, uma vez mais, entidades públicas, membros da comunidade científica e académica, representantes do sector dos transportes e público em geral, desta vez para debater o tema da exclusão social e a forma como a mobilidade e acessibilidade podem contribuir para a sua extinção. Coube ao Prof. Eduardo Vítor Rodrigues, Presidente da Câmara de Gaia, dar as boas vindas aos presentes, seguindo-se de uma breve introdução por parte do Eng. Rui Camolino, Presidente da Direção ITS Portugal, em que ambos salientaram a importância da temática na sociedade atual.
2 Para a Profª Rosário Macário (IST/UL), Coordenadora Científica do Ciclo, o espectro da temática tratada é multidisciplinar, tal como a mobilidade e os transportes. Defendeu que existe uma correlação muito forte entre mobilidade e fenómenos de exclusão social, daí que se chame a atenção para uma inclusão social na mobilidade ; está na altura de começar a mudar, o desafio é ter uma sociedade efetivamente inclusiva, mudando o paradigma e a reflexão que deve ser feita nesse sentido, uma sociedade inclusiva para pessoas com diferentes formas de capacidade. Prevê-se que até 2050 grande parte da população mundial atinja os 65 anos de idade, que uma percentagem de população com deficiência aumenta com a idade e de uma forma exponencial, por isso, não devemos falar como se de uma minoria se tratasse, porquanto quando se tratam problemas de minorias são muitas vezes usadas medidas pouco relevantes, o que não é o desejável. Fundamenta ainda que é necessário desenvolver cidades e sistemas de mobilização urbana com inclusão social, com integração comum de todos aqueles que têm algumas restrições, e mudar o paradigma de objetivação, de planear e de gerir essa inclusão. Pertenceu ao Prof. Paulo Pinho (FEUP) falar sobre os desafios societais, o papel da acessibilidade e mobilidade na exclusão social, enquanto keynote speaker. Começando por dizer que o desafio da temática é de uma triangulação entre 3 conceitos: mobilidade, acessibilidade e inclusão social, em que a geografia passa a ser determinante na equação da triangulação. Na opinião do Professor P. Pinho deve existir uma alteração do paradigma da mobilidade para prever e prevenir, em que a ideia é tentar, na medida do possível, tentar garantir que todas as pessoas e toda a
3 atividade económica tenham acesso aos bens e aos serviços, mas com deslocações cada vez menores. Salienta que estamos perante a emergência das cidades globais, que são aquelas que concentram as grandes trocas comerciais e financeiras entre elas, e que este processo concentracionário não é positivo para o desenvolvimento territorial de países que não tem possibilidade de integrar este fenómeno global. Por isso, a acessibilidade na inclusão social passa por repensar novas formas de recomposição da cidade, ver as relações de proximidade e de vizinhança e atender à sua importância na interpretação dos quotidianos. Seguidamente o Prof. Eduardo Vítor Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal de Gaia, expôs uma posição algo crítica em relação ao novo quadro comunitário, referindo inclusive que neste novo Quadro se fala muito em mobilidade suave esquecendo o transporte de mercadorias e as deslocações dentro do país. Segundo o Professor, deve existir uma mudança de paradigma, integrada no investimento inteligente, fazendo sentido que cada um de nós dispa a ideia de que um serviço é a soma das coisas que se possam fazer, sem conseguir ter capacidade de requalificar e reabilitar a cidade como um todo, sendo certo que a requalificação é o elemento basilar do projeto social do futuro. O Presidente da Sociedade de Reabilitação Urbana Porto Vivo, Eng. Álvaro Santos, trouxe uma comunicação sobre os desafios da atratividade da Baixa do Porto, reabilitação urbana e mobilidade sustentável, mostrando o trabalho que tem sido desenvolvido ao longo dos últimos 10 anos, desde a constituição da sociedade. Sendo a atividade centrada nas pessoas todos os projetos desenvolvidos pela SRU procuram trazer mais pessoas, menos carros, criar mais superfície pedonal, e toda esta estratégia assenta muito bem numa zona particular da cidade que está bem servida por transportes públicos, também com acesso a vários parques de estacionamento".
4 Em representação do Grupo Salvador Caetano / Toyota Caetano Portugal, o Eng. Filipe Sousa Campos, trouxe uma visão de mobilidade sustentável para todos. Não deixando de referir a menção da inclusão da mobilidade no Livro Branco dos Transportes da Comissão Europeia, defendeu a necessidade de coerência das políticas públicas com as políticas europeias e políticas locais. Se as restrições não forem integradas resultarão num fator de exclusão por si só, ou seja, mais mobilidade não é necessariamente mais positivo. Devem ser encontradas soluções mais eficazes para este desafio e com isso a partilha de decisões entre os vários intervenientes, cada um tem o seu papel e o contributo essencial a desempenhar. Apresentou ainda um projeto de car renting da Toyota com veículos elétricos de 3 rodas, já em execução em Grenoble, França. Na mesa redonda da parte da manhã, moderada por José Limão, Diretor da Transportes em Revista, concluiu-se que a gestão do ordenamento é um instrumento fundamental para proporcionar processos de inclusão para as pessoas. A iniciar as comunicações da tarde, a Profª Susana Sargento (IT/UA) veio falar sobre o Projeto dos Táxis e dos Autocarros dos SCTP. Vehicular networks que permitiu criar uma rede de comunicações entre veículos nos STCP, alguns táxis e alguns veículos da Câmara Municipal. Com este sistema de comunicações (desde setembro de 2014) é possível recolher e partilhar uma série de informações que vão desde informações de trânsito nos semáforos até a contentores do lixo, isto é, informação integrada na chamada internet of
5 things. Mas de que forma pode este sistema e serviço contribuir para melhorar a mobilidade nas cidades? Segundo a Prof. S. Sargento o sistema pode avisar o estado do trânsito em determinadas zonas, pode ajudar a diminuir o tráfego (ao informar quais as áreas congestionadas e da existência de acidentes), pode ajudar a perceber em quais horários algumas áreas estarão mais congestionadas, e consequentemente ajudar a tomar ações corretivas ou preventivas. O Presidente da Câmara Municipal de Braga, Dr. Ricardo Rio fez uma breve introdução à história dos transportes públicos em Braga. Para o Presidente, Braga está já a operacionalizar uma visão para 2025, com complemento da cidade ciclável e uma redução dos automóveis, criando condições para a inclusão nas zonas residenciais de maior densidade populacional, zonas escolares, zonas de habitação social e comunidades desfavorecidas. Atualmente Braga e Vila Nova de Gaia são os dois concelhos da Região Norte que estão a gerar mais emprego, sendo esse um bom indicador, é também motivo para dar a devida importância à mobilidade e acessibilidade. Por parte do INESC-TEC, esteve o Professor Jorge Pinho de Sousa que falou sobre os ITS na mobilidade urbana, ferramentas potenciadoras na inclusão social. Para o Prof. P. de Sousa muitas vezes temos de desenhar as cidades, os equipamentos e a localização dos vários bens e serviços por forma a que as pessoas se movam menos e com maior facilidade. Revela que um dos fatores de exclusão de muitos idosos é a falta de capacidade de gerir a múltipla informação que recebem sobre os transportes, uma vez que os sistemas passaram a ser de maior complexidade. Para os novos requisitos de mobilidade deve ainda existir um sistema de transportes flexível com rotas flexíveis e com frequências de acordo com a procura efetiva.
6 A finalizar, o Eng. Carlos Neves, Vice-Presidente da CCDR-N apresentou a Região Norte como uma Smart Region, sendo essa a visão que têm para o futuro. Mostrando um pouco do plano da CCDR-N para a região, refere que a mobilidade é indiscutivelmente um dos drivers mais relevantes para a inteligência nos negócios e que sem desenvolvimento não há coesão social. Na região Norte a internacionalização continua a crescer muito se devendo à capacidade de agregar valor a partir dos meios existentes e sobretudo a partir daqueles que podem transformar, neste campo a mobilidade apresenta-se também como decisiva. Na segunda mesa redonda, ficou a ideia de que a capacidade existe, está instalada e é agora necessária inteligência para a aproveitar e utilizar. A comunicação é importante, deve ser clara e estar segmentada precisamente para diferentes segmentos da população. Assim, foi possível perceber que existe uma preocupação relativa à exclusão social e que a mobilidade e acessibilidade têm um papel determinante na inclusão social. Surgem novos conceitos de mobilidade que devem ser explorados: mobilidade partilhada, intermodalidade e integração do transporte público e privado. É, por isso, possível repensar as cidades e a sua composição funcional, também numa visão de requalificação do que já existe.
7 Concluiu-se que tem de haver um rearranjo dos sistemas, uma mudança de visão face à aglomeração das cidades atuais, a forma como os vários serviços interagem e como são servidos pelos vários modos de transporte. Por: Fonte:
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