RESUMO. Palavras-chave: Pessoas com necessidades especiais, Políticas Públicas, Cidadania, Trabalho, Inclusão Social.

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1 INCLUSÃO DAS PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS NO MERCADO DE TRABALHO: POLÍTICAS PÚBLICAS IMPLEMENTADAS EM CAMPO GRANDE (MS), NO PERÍODO DE 2015 A Hérica Caroline Mathiel 2 herica.mathiel@hotmail.com Maurinice Evaristo Wenceslau 3 maurinice@uol.com.br RESUMO A história revela que o tratamento a ser adotado em relação às deficiências tem sido discutido desde os primeiros grupos humanos. Atualmente os direitos e liberdades fundamentais das pessoas com necessidades especiais estão protegidos em tratados internacionais, na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e legislações infraconstitucionais. Todavia, entre os muitos desafios no trato dessa questão, destaca-se a dificuldade de acesso ao mercado de trabalho. O passado de exclusão social deixou como herança o preconceito, de modo que mesmo qualificadas são comumente julgadas como improdutivas. O acesso ao labor, por sua vez, é indispensável para o exercício da cidadania e a garantia da dignidade. Assim, esta pesquisa objetiva investigar quais políticas públicas para inclusão das pessoas com necessidades especiais no mercado laboral foram implementadas em Campo Grande (MS), no período de 2015 a Para tanto, utilizouse o método exploratório-descritivo e bibliográfico, bem como a pesquisa documental. Em análise à literatura e aos documentos levantados, identificaram-se avanços para a solução da problemática mediante a atuação do Estado e da sociedade civil organizada. Por outro lado, verifica-se que as políticas públicas não são conjuntas e a inclusão ainda é incipiente, destacando-se como barreiras o preconceito, a insuficiência de acessibilidade, a dificuldade de acesso à educação e a falta de conscientização da população sobre as potencialidades do grupo. Acredita-se que a contribuição desse estudo seja auxiliar as discussões sobre o tema, bem como incentivar o processo de inclusão social. Palavras-chave: Pessoas com necessidades especiais, Políticas Públicas, Cidadania, Trabalho, Inclusão Social. 1 Trabalho submetido ao Grupo de Trabalho 03: Políticas Públicas e Direitos Humanos - Congresso Internacional de Direitos Humanos XIV (CIDH) da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). 2 Acadêmica do curso de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (FADIR/UFMS) e membro do Laboratório de Estudos e Pesquisa em Direitos Difusos (LEDD/UFMS). 3 Doutora em Direitos das Relações Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Professora-Pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

2 2 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O último Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010) indicou que milhões de pessoas declararam ter pelo menos uma das deficiências investigadas, o que corresponde a 23,9% da população. No Mato Grosso do Sul esse número foi de (21,51%), sendo que residiam em Campo Grande (MS), representando 29,7% da população local (IBGE, 2010). Neste contexto, a eliminação de obstáculos para a inserção de tal parcela no mercado de trabalho é fundamental para garantir sua dignidade e cidadania, bem como auxiliar no desenvolvimento nacional. Assim, esta pesquisa levantou o seguinte questionamento: quais políticas públicas para inclusão das pessoas com necessidades especiais no mercado laboral foram implementadas em Campo Grande (MS), no período de 2015 a 2016? 2 OBJETIVOS Objetivo geral: investigar quais são as políticas públicas para inclusão laboral das pessoas com necessidades especiais implementadas em Campo Grande (MS), no período de 2015 a Objetivos específicos: a) identificar o tratamento social histórico oferecido ao grupo; b) mapear os institutos jurídicos de proteção ao trabalho; c) identificar o contexto de inserção nacional; d) investigar e analisar a política pública nacional de inclusão pelo trabalho; e) investigar as políticas públicas implementadas nesta Capital, para a inserção laboral das pessoas com necessidades especiais, com ênfase no setor privado, no citado recorte temporal. 3 METODOLOGIA Utilizou-se o método exploratório, pois se mostra escassa a produção científica a respeito da delimitação temática, e também o descritivo, por expor as características do tema (SEVERINO, 2016, p. 132). Caracteriza-se como pesquisa bibliográfica pela utilização de livros, artigos científicos, dissertações e teses (SEVERINO, 2016, p. 131) e documental pela utilização de documentos que ainda não haviam recebido nenhum tipo de tratamento analítico (SEVERINO, 2016, p. 131), tais como Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) fornecido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) da 24ª Região e documentos concedidos pelo Centro Estadual de Educação Especial e Inclusiva (CEESPI), pelo Centro de Educação Especial Girassol (CEDEG/APAE) (CEDEG/APAE) e Associação Pestalozzi de Campo Grande (MS).

3 3 4 RESULTADOS Constatou-se em Campo Grande (MS), no período de 2015 a 2016, ações estatais, representadas pelo MPT por meio da firmação de TACs com empresas privadas que descumprem a reserva de vagas previstas na Lei (BRASIL, 1991); pelo MTE através da fiscalização para garantir o cumprimento das cotas; pelo CEESPI ao disponibilizar curso de preparação para a inclusão laboral e pela Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul (SED/MS) por meio do Termo de Cooperação Educacional para o estabelecimento de parceria para o desenvolvimento de ações educativas mediante a cedência de profissionais para organizações sem fins lucrativos. Já em relação à atuação da sociedade civil, observou-se o acompanhamento de inserção desenvolvido pelo CEDEG/APAE e o curso de qualificação profissional da Associação Pestalozzi de Campo Grande (MS). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O Brasil tem uma política pública nacional para a inclusão social das pessoas com necessidades especiais desde 1989, contudo continua implementando novas políticas em razão do persistente cenário de desigualdade. Os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) demonstram que é muito baixa a inclusão de empregados com deficiência no cenário nacional e estadual, a remuneração é desigual e há uma correlação positiva entre o grau de instrução e o acesso no mercado de trabalho. Neste contexto, a literatura aponta diferentes caminhos para efetivar a inclusão. José Pastore (2000) indica a flexibilização da lei de cotas, Lucíola Rodrigues Jaime e José Carlos do Carmo (2005) a fiscalização conjunta e Romeu Kazumi Sassaki (2010) a conexão dos serviços voltados para a inserção. Em Campo Grande (MS), de 2015 a 2016, identificaram-se ações com o intuito de promover a inclusão laboral das pessoas com necessidades provenientes do Estado, este representado pelo MPT, MTE, CEESPI e SED/MS, e da sociedade civil através de instituições especializadas como a APAE e a Pestalozzi. Apesar dos avanços, constatou-se que as políticas públicas não são conjuntas e a inclusão ainda é incipiente. Portanto, esta pesquisa entende ser indispensável para o processo de inclusão a implementação de políticas públicas conjuntas, envolvendo o Estado, a sociedade civil, as pessoas com necessidades especiais, as empresas, as famílias e demais atores sociais para garantir a educação, a qualificação e posterior inclusão laboral do grupo. Além disso,

4 4 conclui pela importância da conscientização da população sobre o respeito às diversidades humanas, a fim de que a inserção ultrapasse o mero cumprimento de cotas. 6 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE). Educação profissional: Centro de Educação Especial Girassol CEDG/APAE. Campo Grande, Relatório do programa de formação para o trabalho: colocação competitiva. Campo Grande, ASSOCIAÇÃO PESTALOZZI. Proposta político pedagógica: programa de educação profissional, inclusão e formação continuada. Campo Grande, Relatório anual parcial: Campo Grande, BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de Disponível em: < Acesso em: 24 maio Planalto. Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de Regulamenta a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências. Disponível em: < Acesso em 10 maio Planalto. Lei n 8.213, de 24 de julho de Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em: < Acesso em: 18 maio Planalto. Lei nº , de 6 de julho de Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: < Acesso em: 10 maio Planalto. Lei nº 7.853, de 24 de outubro de Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. Disponível em: < Acesso em: 18 maio CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA et al. Descritivo do Curso de Habilidades Básicas. Campo Grande, Relatório final dos atendimentos no núcleo de inserção e acompanhamento da pessoa com deficiência no mercado de trabalho/ceespi. Campo Grande, CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS DEFICIÊNCIA. Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Decreto Legislativo nº 186, de 09 de julho de 2008: Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de ª Ed., rev. e atual. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos, < Acesso em: 20 jun

5 5 IBGE. Censo demográfico 2010: características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Rio de Janeiro: IBGE JAIME, Lucíola Rodrigues; DO CARMO, José Carlos. A inserção da pessoa com deficiência no mundo do trabalho: o resgate de um direito de cidadania. São Paulo: Edição dos Autores, LEMOS, Rafael Diogo Diógenes. Cotas trabalhistas para pessoas com deficiência: uma análise principiológica. Revista de Direito do Trabalho. v Ano 41. p São Paulo: Ed. RT, jul-ago LOPES, Glaucia Gomes Vergara. A inserção do portador de deficiência no mercado de trabalho: a efetividade das leis brasileiras. São Paulo: LTr, LOPES, Laís Vanessa Carvalho de Figueiredo. Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência da ONU. In: GUGEL, Maria Aparecida; COSTA FILHO, Waldir Macieira; RIBEIRO, Lauro Luiz Gomes (Org.) Deficiência no Brasil: uma abordagem integral dos direitos das pessoas com deficiência. Florianópolis: Obra Jurídica, 2007, Seção III, p MATO GROSSO DO SUL. Diário Oficial do Estado de Mato Grosso do Sul de 27 de abril de Ano XXXVIII, n Campo Grande, Disponível em: MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Características do Emprego Formal Relação Anual de Informações Sociais Brasília, 2014 Disponível em < Acesso em 21 nov Características do Emprego Formal Relação Anual de Informações Sociais Brasília, Disponível em < Acesso em 21 nov MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO DA 24ª REGIÃO. Termo de Ajustamento de Conduta nº Campo Grande, PASTORE, José. Oportunidades de trabalho para portadores de deficiência. São Paulo: Ltr, SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 8ª ed. Rio de Janeiro: Wva, SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 24 ed. ver. e atual. São Paulo: Cortez, SILVA. Otto Marques da. A epopeia ignorada: A pessoa deficiente na história do mundo de ontem e de hoje. São Paulo: CEDAS, Disponível em: < Acesso em: 18 mai SOUZA JÚNIOR, Ariolino Neres. O sistema de cotas de acesso ao mercado de trabalho para pessoas com deficiência. Brasília: Consulex, WENCESLAU, Maurinice Evaristo; LIMA, Jaqueline Karina Rodrigues. Relação de Trabalho das pessoas portadoras de necessidades especiais: sua profissionalização e inserção no mercado de trabalho. Trabalho publicado nos Anais do XVII Congresso Nacional do CONPEDI, realizado em Brasília DF nos dias 20, 21 e 22 de novembro de 2008.