Jogos Populares na Escola: Um desafio para a prática da Educação Física Escolar 1
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- Rafael Pinheiro Escobar
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1 Jogos Populares na Escola: Um desafio para a prática da Educação Física Escolar 1 Tomé e Silva 2 Francisco Dário Nascimento e Silva Universidade Vale do Acaraú/FAMETRO RESUMO O presente artigo propõe discutir o tema dos Jogos Populares na Escola, como um desafio ao processo de ensino-aprendizagem, e, principalmente, como os jogos populares poderiam contribuir para uma formação mais plena do ser e auxiliar no resgate da cultura popular. Percebemos que os jogos populares têm sido substituídos pelos jogos eletrônicos e digitais, em que as gerações estão perdendo essa tradicional prática de brincadeiras infantis. Com o referido estudo buscamos vislumbrar caminhos e estratégias para facilitar o reaparecimento de tais práticas nas escolas públicas municipais de Morada Nova, Estado do Ceará, especificamente na disciplina de Educação Física, como instrumento didático-pedagógico de construção do conhecimento. Palavras Chaves: Educação, Jogos Populares, Educação Física Escolar, Brincadeiras. ABSTRACT The present article considers to argue the subject of the Popular Games in the School, as a challenge to the teach-learning process, and, mainly, as the popular games could contribute for a fuller formation of the being and assistant in the rescue of the popular culture. We perceive that the popular games have been substituted for the electronic and digital games, in that the generations are losing this traditional practical one of infantile tricks. With the related study we search to glimpse ways and strategies to facilitate the reaparecimento of such practical in the municipal public schools of New Dwelling, State of the Ceará, specifically in disciplines of Physical Education, as didactic-pedagogical instrument of construction of the knowledge. Words - Keys: Popular education, Games, Pertaining to school Physical Education, Tricks. 1 Trabalho realizado sob orientação do Prof. Esp. Francisco Dário Nascimento e Silva, com objetivo de obter o titulo de Graduado no curso de Licenciatura em Educação Física, FAMETRO/UVA, Município de Morada Nova-ce. 2009/1. 2 Aluno do Curso de Educação Física pela Faculdade Metropolitana de Fortaleza FAMETRO, professor de rede pública municipal de ensino. Atuou na Gestão escolar democrática da EEFM Egídia Cavalcante Chagas, no período de 1995 a Tem graduação em Pedagogia, Especialização em Psicopedagogia, Gestão Escolar e Ensino de Arte Educação. Ingressou no Mestrado em Artes Cênicas na UNICAMP, mas não concluiu por motivos superiores. Atualmente cursa o Mestrado em Ciências da Educação pela UNIAMERICAS. É representante do Sindicato APEOC no município de Morada Nova.
2 2 INTRODUÇÃO Dentro da categoria dos jogos, vamos analisar nesse estudo os jogos populares, considerada como uma subclasse na categoria geral dos jogos. A escolha desse objeto deveuse ao fato de querermos contribuir para uma melhoria da prática da Educação Física Escolar na rede de ensino pública municipal de Morada Nova. A prática dos jogos populares tem sido esquecida pelas gerações de crianças e adolescentes, que muitas vezes desconhecem ou conhecem superficialmente tais jogos, e cada vez mais usam seu tempo livre nos jogos de computador, videogames, dentre outros entretenimentos midiáticos que apelam constantemente para a adesão desse público. Nosso estudo tem como objetivos discutir com teóricos a temática dos jogos populares nas escolas; bem como buscar caminhos e estratégias para facilitar o reaparecimento dos jogos populares nas escolas. Após refletirmos sobre o tema, geremos como problemática algumas questões: De que maneira os jogos populares podem contribuir para uma formação humana e solidária do ser humana? Como os jogos populares podem ajudar no resgate de uma cultura popular? Como aplicar os jogos populares nas aulas de Educação Física? O resultado da análise será considerada como referência para uma intervenção na proposta curricular e pedagógica das escolas municipais da rede pública de ensino de Morada Nova, no sentido de fomentar os jogos populares nesse sistema de ensino, e vivenciar uma cultura popular eminentemente tradicional.
3 3 JOGOS POPULARES: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A prática da Educação Física Escolar tem sido tema de investigação e análise no meio acadêmico, desde os anos de 1980 e 1990, que questionaram seu papel e que conteúdos devem ser desenvolvidos no decorrer de sua prática. Tais estudos fomentaram o surgimento de várias propostas no âmbito escolar, como as apresentadas por um coletivo de autores (METODOLOGIA ), em que o corpo torna-se expressão no jogo, na dança, ginástica, lutas e outras formas de cultura corporal, vivenciadas na Educação Física. Da mesma forma, DAOLIO (2004) confirma que a cultura é uma ferramenta primordial na prática da Educação Física, pois ela gera manifestações corporais diversificadas e carregadas de significados peculiares a cada contexto a qual foi gerada. E continua afirmando que o profissional dessa área não trabalha com o corpo em si, mas com o ser humano nas suas manifestações culturais relacionadas ao corpo, gerando os jogos, esporte, dança, luta, dentre outros. Percebemos que esses autores têm um olhar para os jogos, que consiste em mais um recurso a ser trabalhado na Educação Física Escolar, diversificando os tipos de vivências e enriquecendo os movimentos corporais advindos dessa prática. Além de fomentar uma cultura do movimento, os jogos podem ajudar no processo de construção dos valores sociais mais humanos, solidários e democráticos, propiciando uma vivência em grupo. Na perspectiva de HUIZINDA (1980), o jogo é uma atividade voluntária, realizada em certo tempo e espaço conforme estabelecido pelo grupo, permeados por sentimentos de alegria e tensão. Quer dizer, o jogo traz possibilidades de vivenciar uma nova realidade, em que pode ser explorada a socialização das crianças, a importância da formação das regras para o estabelecimento da ordem, dentre outros aspectos. Outro aspecto que pode ser explorado é a questão do gênero, como nos lembra PONTES E MAGALHÃES (2003), em que certas brincadeiras são típicas de meninos e meninas. Por exemplo, pular corda, brincar de macaca e elástico, são típicas de meninas. Outras como jogar pipa e peteca são próprias de meninos. Ao que parece, essa tipificação está
4 4 se modificando com os novos valores da contemporaneidade, permitindo uma minimização da agregação por sexo nessas atividades, que pode motivar essa situação para outras situações da vida cotidiana. PONTES E MAGALHÃES (2002), com base em FRIEDMANN (1990), ressaltam que os jogos tradicionais infantis retratam a cultura local, peculiares de certos grupos, embora se percebam certos padrões lúdicos universais e diferenças regionais. KISHIMOTO (1992) explica que os jogos populares são transmitidos pela oralidade, sendo desconhecida sua origem, e foram provenientes de fragmentos de romances, poesias, mitos e rituais religiosos. Logo, foram transmitidos de geração em geração, através do conhecimento empírico e permaneceram presentes na memória infantil. PONTES E MAGALHÃES (2002 e 2003) apresentam três palavras chaves que caracterizam os jogos populares: conservação, mudança e universalidade. Esse último visualizou na estrutura lúdica, as mudanças nas variações do jogo quando sofre adaptação de uma cultura específica, regional e local, e se conservam por várias gerações. Com relação à sua transmissão, KISHIMOTO (1992) alerta que o jogo popular não é inato, mas uma aquisição social repassado de uma pessoa mais experiente para outra menos experiente. Quando a criança entra na escola, é interrompido porque a criança entra em um processo de homogeneização que não permite o contato com crianças mais experientes, impedindo de aprender novos jogos. Considerando o exposto, acreditamos que os jogos populares podem e entrar ser inseridos na prática pedagógica da Educação Física Escolar, podendo ser uma ferramenta de transmissão dessa cultura popular, já excluída do cotidiano infantil, além de ser carregada de positividade lúdica, interdisciplinar e educativa. Portanto, almejamos demonstrar a relevância de trabalhar os jogos populares, bem como fomentar sua prática na disciplina de Educação Física, nas escolas públicas municipais de Morada Nova, Estado do Ceará.
5 5 JOGOS POPULARES: UMA FERRAMENTA PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA A Educação Física tem como um de seus objetivos o estudo do corpo em movimento, seus limites e desafios. Mas sua importância se deve também ao desenvolvimento integral do aluno, que descobrirá seus limites e os diferentes modos de executar seus movimentos físicos, desenvolver sua criatividade e compreender conceitualmente as atividades corporais produzidas pelos seres humanos ao longo de sua história cultural, com liberdade de expressão de seus sentimentos. Como afirma RESENDE e SOARES (1995:11): é difícil imaginar uma atividade humana que não seja culturalmente produzida pelo homem, assim como é difícil imaginar uma atividade cultural manifesta que não seja corporal". Igualmente, a disciplina de Educação Física deve proporcionar ao aluno diferentes práticas corporais, desenvolver a sociabilizarão, respeitar características próprias e dos outros indivíduos do grupo, adotando atitudes de respeito, dignidade e solidariedade, conhecendo, valorizando, respeitando e desfrutando da cultura corporal, adotando hábitos saudáveis de higiene e educação alimentar. Dessa forma pode solucionar problemas de ordem corporal, conhecendo a diversidade de padrões de saúde, beleza e estética, reconhecendo-as como uma necessidade básica do ser humano e um direito do cidadão (BRASIL, 1997). Aos profissionais que lecionam a disciplina de Educação Física escolar sugerimos que utilizem uma metodologia para estimular o aluno em todas as esferas de seu comportamento humano (motora, cognitiva, afetiva e social) e não somente a motora, como se observa atualmente, e possibilitar à criança inúmeras possibilidades e vivências descritas nos PCN's. Estudar, conhecer e reconhecer o que devemos possibilitar para cada aluno e o que cada um pode potencialmente realizar e em quais condições pode apresentar um nível de desenvolvimento que lhe permita realizar múltiplas atividades, adequando de forma prática e eficaz, para que assim possamos contribuir dentro da Educação Física escolar, para o avanço do processo do desenvolvimento pleno da criança. Os PCN's constituem um referencial para fomentar a reflexão sobre planejamentos pedagógicos na coerência das políticas de melhoria da qualidade de ensino (SANTOS & LORENZETTO 1999). Muito distante da divulgação dos PCN's, ROSADO (1998) afirma que
6 6 a Educação Física tem plena competência para trabalhar atitudes positivas como a ética, o desenvolvimento moral, pessoal e social, a discriminação social e racial, entre outras. Isso muito se assemelha aos nossos temas transversais citados nos PCN's (1997). Para este autor, tudo isso pode e deve ser tratado como oportunidades que a Educação Física pode oferecer. JOGOS POPULARES: RECURSO PARA O DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM DA CRIANÇA Segundo SCHWARTZ (2002), a criança é automotivada para qualquer prática, principalmente a lúdica, sendo que tendem a notar a importância de atividades para o seu desenvolvimento, assim sendo, favorece a procura pelo retorno e pela manutenção de determinadas atividades. A criança não se importa se está indo bem ou mal em uma atividade, o que importa para ela é saber se está tendo prazer ou não em determinada atividade. VYGOTSKY (1998) acrescenta elementos a essa discussão, ao esclarecer que a ação numa situação imaginária ensina a criança a dirigir seu comportamento não somente pela percepção imediata dos objetivos ou pela situação que afeta de imediato, mas também pelo significado dessa situação. E ressalta que a brincadeira, em seu modo de funcionamento é uma solução de compromisso entre o real e o imaginário, razão pela qual potencializa o desenvolvimento, na medida em que o real é preservado a despeito de ser ressignificado. Considerando os jogos populares como jogos cooperativos, eles podem contribuir numa educação mais solidária, como ressalta SOLER (2003) que os jogos cooperativos são jogos em que os participantes jogam uns com os outros, em vez de uns contra os outros, jogase para superar desafios. Nessa mesma perspectiva comenta BROTTO (1993) que os jogos cooperativos são divertidos para todos, onde todos participam e ninguém é rejeitado ou excluído. Porém, para AMARAL (2004) os jogos cooperativos são atividades que requerem um trabalho em equipe
7 7 com o objetivo de alcançar metas mutuamente aceitáveis, o jogo cooperativo busca aproveitar as condições, capacidades, qualidades ou habilidades de cada indivíduo, aplicá-las em um grupo e tentar atingir um objetivo comum. Nessa mesma linha de raciocínio, ORLICK (1989) ressalta que os jogos cooperativos são atividades físicas essencialmente baseadas na cooperação, aceitação, envolvimento e diversão, tendo como propósito mudar as características de exclusão, seletividade, agressividade e exacerbação da competitividade, predominantes na sociedade e nos jogos tradicionais. O objetivo primordial dos jogos cooperativos é criar oportunidades para o aprendizado cooperativo e a interação cooperativa prazerosa. SOLER (2002) chama a atenção para a relevância de fazerem as crianças aprenderem a jogar juntas na escola, para que transcendendo os muros, possam levar a ética cooperativa para suas vidas. Segundo esse autor o jogo cooperativo cria ambientes gratificantes e atraentes servindo como estímulo para o desenvolvimento integral e pessoal da criança, e ajuda a desenvolver muitas habilidades, como as intelectuais, que consiste em imaginar, perguntar, concentrar, decidir e adivinhar; as habilidades interpessoais como encorajar, explicar, entender, retribuir e ajudar; as habilidades em relação aos outro como respeito, apreciação, paciência, positivismo e apoio; as habilidades físicas como falar, ouvir, observar, coordenar e escrever; e as habilidades pessoais como alegria, compreensão, discriminação, entusiasmo e sinceridade. Todavia, nosso intuito é desenvolver os jogos populares na escola, precisamente na disciplina de Educação Física, e promover os jogos cooperativos, que são ferramentas que vem somar-se aos jogos populares. Desta forma, esperamos contribuir na melhoria do desenvolvimento da parte afetiva e social dos alunos, pois um dos objetivos da Educação Física, segundo BRASIL (2000) é adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade em situações lúdicas e esportivas, buscando solucionar os conflitos de forma não-violenta. Este artigo teve o objetivo de mostrar que a ética e a solidariedade ainda pode ser valor de todos um dia, basta cada um ter a educação correta e mais humana. Como já abordamos, o jogo se desenvolve na perspectiva da socialização, como ressaltam os autores SOUSA, SILVA, MAGALHÃES e MARTINS (2008), no estudo em caso na cidade de Fortaleza, fundamentados em FERREIRA (2003), que afirma que a
8 8 atividade física e/ou mental favorece a socialização, e é realizado obedecendo a um sistema de regras, visando um determinado objetivo. Na ótica do autor é mencionada a questão da autonomia (vontade) do aluno que deve ser aceita, principalmente, no trato com crianças, e torna-se necessário lembrar o respeito a sua espontaneidade no momento de participar das brincadeiras populares. Cabendo ao professor estar atento para não gerar traumas e o medo que comprometam o desenvolvimento. Normalmente se aceitam o princípio de que os jogos populares são formas de passatempo, descanso, recreio e divertimento. Compreendemos que os jogos populares, além de serem motivadores, constituem-se em elementos recreativos e lúdicos, que estimulam fatores psicológicos (auto-estima, confiança, relações, etc.), além dos fatores físicos e sociais, ajuda no processo de aprendizagem. BROUGÉRE (1998) sugere que o jogo faz parte da instrução, e ao mesmo tempo em que exercita a inteligência, promovem o crescimento, boas condições físicas e saúde entre os jovens. Por serem exercícios físicos, tornam-se um meio de introduzir a criança a uma atividade física e pode ser usado para permitir um relaxamento necessário cujo objetivo é propiciar um novo esforço intelectual, ou tornar lúdica a educação corporal, facilitar o aprendizado e promover a socialização. Além disso, encontramos na origem e desenvolvimento dos jogos a preocupação de transmitir aos mais novos, os jogos populares, tão tradicionais, que são passados de gerações. Esses jogos populares fazem parte da cultura e precisam ser conhecidas e preservadas e de acordo com BROUGÉRE (1998), pensamos que a cultura é vida e, como tal, compete-nos a todos mantê-la viva. SANTOS (2002), reforça o caráter lúdico e o aprendizado que ocorre através do jogo, que causa a sensação de prazer e satisfação. Observamos nesta transição a afirmação de que o jogo é prazeroso e possibilita a alegria, a partir do momento de sua aplicação nos moldes recreativos, favorecendo o aprendizado por meios das brincadeiras sem o caráter de rigidez. Investigando pessoas acima de 40 anos, os jovens pesquisadores citados anteriormente, SOUSA, SILVA, MAGALHÃES E MARTINS (2008), chegaram a conclusão de que, através dos comentários dos pesquisados, há uma diferença nas brincadeiras das crianças de ontem e de hoje, onde antes as próprias crianças confeccionavam seus brinquedos
9 9 (bonecas, bola de meia, estilingue, carrinhos de lata, etc.), e que essa prática pouco se vê, com exceção de algumas crianças que ainda soltam arraia, onde hoje em dia, os brinquedos são comprados prontos para brincar. Alguns dos entrevistados lembram que com não tinham muita opção de lazer, fazer o brinquedo já era uma diversão, e um estimulo à criatividade. E concluíram que embora tenha uma incidência de prática de jogos populares, as crianças de hoje, os praticam somente na escola, e nas suas horas de lazer, dão preferência a jogos eletrônicos, ao contrário do comentário dos maiores de 40 anos, criticando essa preferência, onde falam bom era no meu tempo.... A pesquisa desenvolvida em São Paulo por CALEGARI e PRODÓCIMO, do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas UNICAMP, na 2ª série do Ensino Fundamental da rede pública estadual de ensino, em que analisaram o repertório de jogos populares das crianças, e aplicaram os jogos nas aulas programadas. Houve dificuldades na participação na aula de alguns alunos, se negavam a participar da aula por julgarem chata, e solicitavam o basquete e o futebol. Contudo, a situação foi contornada com uma negociação com os alunos e professor, que consistia em liberar o basquete e futebol em outros momentos recreativos. Em outros momentos o professor-pesquisador via necessidade de parar a atividade devido a dificuldades na sua realização, seja para esclarecimentos das regras do jogo que não estavam claras, seja para realizar adaptações nas regras dos jogos. Assim, ele utilizava esses momentos de pausa da aula, como uma forma de estimular a participação dos alunos mostrando aos mesmos que poderiam contribuir diretamente com o desenvolvimento das aulas e como uma forma de estimular os mesmos a refletirem sobre as dificuldades que apareciam durante a prática dos jogos. Esses momentos de pausa criados pelo professor despertaram grandes interesses por parte dos alunos que participavam da aula sugerindo várias adaptações aos jogos populares. Diante do relato das experiências, e considerando a discussão dos teóricos, a aplicação dos jogos populares na disciplina de Educação Física é primordial para o desenvolvimento do aprendizado do aluno, nos aspectos cognitivos, motor, emotivo e interativo. Além de, principalmente, promover um elo entre as gerações e fomentar uma cultura popular pautada na tradição dos jogos populares, e nos valores de solidariedade, humanidade e respeito a si e ao próximo.
10 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os jogos populares têm si constituído em uma ferramenta primordial que pode e deve ser utilizado na escola, tendo a disciplina de Educação Física um espaço propício ao desenvolvimento de tais brincadeiras. Após a discussão com os teóricos do tema, e os estudos já realizados, referendados no decorrer do artigo, podemos afirmar com veemência que faz necessário implantar tal ferramenta como um recurso didático e pedagógico eficaz no aprendizado de valores humanos e solidários, tão necessário à nossa sociedade atual, invadida pelos eletrônicos que vem roubando a infância de nossas crianças e adolescentes, ao impor como mais moderno, atrativo e de fácil aquisição e comodidade. Considerando que estamos passando por momentos de crise de identidade e falta de valorização do ser humano, os jogos populares podem ser explorados como elo de condução entre as gerações, pois tais práticas são possíveis de uma pessoa mais experiente para outra menos experiente, o que coloca em contato e interação, gerações diferentes, com pensar e olhar também diferentes. Logo, as experiências e vivências decorrentes de tais contatos, são positivos e favorecem a troca de conhecimentos, saberes, e tantos outros elementos não disponíveis em livros e redes de computadores, pois somente os contatos humanos são capazes de formar crianças pensantes, críticas, e sensíveis à si, ao outro e à sociedade. Nosso esforço se entende a estabelecer um diálogo com os professores, gestores, comunidade escolar e local, acerca do estudo realizado, no sentido de fazer-se implantar na rede pública municipal, no ensino fundamental onde se encontram crianças e adolescentes, os jogos populares na disciplina de Educação Física. Esta disciplina encontra-se dogmatizada com o tecnicismo das modalidades esportivas, cuja prática está necessidade ser ressignificada para emergir novo sentido de sua vivência. Acreditamos que a prática dos jogos populares venha preencher essa lacuna, e mais, contribuir no processo de desenvolvimento integral da criança, nos aspectos cognitivos, motor e emotivo, imprescindíveis no nosso sistema de educação básica.
11 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, Jader Denicol. Jogos cooperativos. São Paulo: Phorte, BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Vol. Educação Física. Brasília: MEC/SEF, BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: educação física. Rio de Janeiro: DP&A, BROUGÉRE, Gilles. Jogo e Educação. Porto Alegre, Artes Médicas, BROTTO, Fabio O. Jogos cooperativos: Se o importante é competir o fundamental é cooperar. São Paulo: O autor, CALEGARI Roger Luis & PRODÓCIMO Elaine. Revista Motriz, Rio Claro, v.12, n.2, p , mai./ago. 2006, pg DAÓLIO, J. Educação física e o conceito de cultura. Campinas: Autores Associados, FERREIRA, Vanja. Educação Física, recreação, jogos e desportos. Rio de janeiro: Sprint, HUIZINGA, H. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, METODOLOGIA do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, PONTES, F. A. R.; MAGALHÂES, C. M. C. A estrutura da brincadeira e a regulação das relações. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v.18, n.2, p , Disponível em: < &lng=pt&nrm=iso >. Acesso em: 04 set A transmissão da cultura da brincadeira: algumas possibilidades de investigação. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v.16, n.1, p , Disponível em: < &lng=pt&nrm=isso>. Acesso em: 04 set RESENDE, H. G. DE & SOARES, A. J. G. Conhecimento e especificidade da educação física escolar, na perspectiva da cultura corporal. Revista Paulista de Educação Física. São Paulo: supl. 02. p ROSADO, A. Nas margens da Educação Física e do Desporto. Faculdade de Motricidade Humana. Universidade Técnica de Lisboa SANTOS, Sergio Oliveira dos. Educação Física: Diversidade da cultura corporal. São Bernardo do Campo: UMESP, 2002.
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