Aplicações Práticas de Cartografia de Modelos de Combustível Florestal no apoio ao Planeamento e Combate a Incêndios
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- Cecília Neto Sabala
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1 Aplicações Práticas de Cartografia de Modelos de Combustível Florestal no apoio ao Planeamento e Combate a Incêndios Nuno Guiomar (Investigador/Colaborador da Universidade de Évora) João Paulo Fernandes (Prof. Associado da Universidade de Évora) Nuno Neves (Prof. Auxiliar da Universidade de Évora) Paulo S. Cruz C.S. Para FERNANDES et al., (2002) os impactes do fogo no ambiente e do Homem sobre o fogo são intermediados e condicionados pela vegetação, o que justifica a sua descrição como um combustível. Os combustíveis florestais representam a matéria orgânica disponível para a ignição do fogo e combustão, e representam o único factor que pode ser controlado ao nível da gestão e planeamento do território (CHUVIECO e MARTIN, 1994), e podem ser definidos pelas características das partículas de biomassa, viva e/ou morta, que contribuí para a propagação, intensidade e severidade dos fogos florestais (BURGAN e ROTHERMEL, 1984). Dada a complexidade que envolve a caracterização de combustíveis florestais, a representação dos combustíveis em modelos revela-se fundamental. Para FREIRE et al. (2002) os modelos de combustível providenciam uma representação qualitativa e quantitativa de várias propriedades físicas e químicas dos tipos de vegetação florestal. A cartografia de combustíveis tem três funções fundamentais: é informação fulcral na simulação e estudo do comportamento do fogo, permite definir zonas de gestão de combustíveis e aplicação de práticas de silvicultura preventiva, e ainda permite definir a localização óptima de locais estratégicos de estacionamento de locais prioritários para vigilância móvel. A caracterização do comportamento do fogo assume particular importância no processo de tomada de decisão uma vez que a ele estão directamente ligados o planeamento de fogos controlados (FERNANDES e BOTELHO, 2003, CRUZ, 2005), a quantificação da efectividade de tratamento de combustíveis, as dificuldades de contenção de um incêndio e os efeitos do fogo (CRUZ, 2005), assim como é essencial, segundo KEANE et al. (2001), para modelar o risco espacial de incêndio e o comportamento e intensidade de um fogo no território.
2 Figura 1. Simulação em FARSITE da propagação de um fogo florestal numa Faixa de Gestão de Combustível No que respeita à utilização dos simuladores para apoio ao combate, parecem ainda não existir conhecimentos cimentados convenientemente, tanto na integração e compilação da informação necessária como na interpretação técnica e crítica dos resultados, na maioria dos agentes a quem este tipo de ferramenta se destina, para a correcta utilização da mesma. Existe ainda um outro obstáculo à utilização destes simuladores no planeamento do combate aos incêndios, e que está relacionado com a escassez de modelos expeditos que integrem a acção dos meios de combate em tempo real, uma vez que as acções preconizadas por estes são susceptíveis de alterar o comportamento potencial do fogo. Figura 2. Análise custo-distância integrando todos os quartéis de bombeiros da área envolvente ao Parque Natural da Serra de S. Mamede (FERNANDES et al., 2004)
3 Por outro lado a qualidade e quantidade dos dados de entrada ainda está longe de ser a desejável, particularmente no que respeita aos dados meteorológicos e cartografia de modelos de combustível. O imperativo legal de se incluir cartografia de combustíveis nos Planos Municipais de Defesa da Floresta contra Incêndios tem conduzido a formas rápidas e simplistas de elaborar esta cartografia, resumindo-a a uma reclassificação da cartografia de ocupação do solo em modelos de combustível, desprezando as especificidades regionais que condicionam a distribuição da vegetação. Esta alternativa não se afigura ideal uma vez que a cartografia disponível de ocupação do solo não foi elaborada a escalas compatíveis com a caracterização de combustíveis, a que acresce o facto desta cartografia não ser actualizada com a periodicidade desejada. Assim, a larga maioria da cartografia de combustíveis produzida desta forma apresenta incorrecções grosseiras inviabilizando a sua utilização para as funções atrás referidas. Os procedimentos relacionados com a caracterização de combustíveis são por norma dependentes de levantamentos de campo que se revestem de três inconvenientes: o seu custo financeiro, o dispêndio de tempo e a dificuldade de actualização. Têm sido apontadas várias metodologias para a construção de modelos de combustível, pelo que em alternativa aos levantamentos de campo, podemos ter metodologias baseadas em dados da detecção remota, ou por modelação biofísica.
4 Figura 3. Modelo conceptual para determinação de modelos de combustível à escala regional O estabelecimento de relações entre cartografia de uso e ocupação do solo (especialmente quando se tratem de zonamentos microescalares (FERNANDES et al., 2006; GUIOMAR et al., 2006)), bio- e fitogeografia, características biofísicas do território (fisiografia e edafoclimatologia), dados de inventário e os modelos de combustível, constitui uma abordagem interessante a ter em conta no futuro. Referências bibliográficas BURGAN, R. E., ROTHERMEL, R. C., BEHAVE: Fire Behaviour Prediction and Fuel Modeling System Fuel Subsystem. USDA Forest Service General Technical Report INT-167, USDA, St. Paul. CHUVIECO, E., MARTIN, M. P., Global Fire Mapping and Fire Danger Estimation using AVHRR Images. Photogrammetric Engineering and Remote Sensing of the Environment, 29, CRUZ, M. G., Guia Fotográfico para Identificação de Combustíveis Florestais Região Centro de Portugal. ADAI-CEIF, Coimbra. FERNANDES, J. P., GUIOMAR, N., CRUZ, C. S., Análise Comparativa das Legendas disponíveis para a Cartografia de Ocupação do Solo e da Vegetação e adaptação da Legenda Corine Land Cover Nível 5 Escala 1: AMDE e CEEM, Évora. FERNANDES, J. P., GUIOMAR, N., SOARES, A. P., NEVES, N., Sistemas periciais de avaliação ambiental: exemplos práticos no planeamento e gestão municipal. [CD-Rom] Proceedings da 8ª Conferência Nacional de Ambiente, CCB, Lisboa. FERNANDES, P. M., BOTELHO, H., A review of prescribed burning effectiveness in fire hazard reduction. International Journal of Wildland Fire 12, FERNANDES, P. M., LOUREIRO, C., BOTELHO, H., FERREIRA, A., FERNANDES, M., Avaliação Indirecta da Carga de Combustível em Pinhal Bravo. Silva Lusitana 10(1), FREIRE, S., CARRÃO, H., CAETANO, M. R., Produção de Cartografia de Risco de Incêndio Florestal com Recurso a Imagens de Satélite e Dados Auxiliares. [CD-Rom] Proceedings do ESIG 2002, VII Encontro de Utilizadores de Informação Geográfica, Oeiras. GUIOMAR, N., FERNANDES, J. P., CRUZ, C. S., BATISTA, T., MATEUS, J., Sistemas de classificação e caracterização do uso e ocupação do solo para zonamento microescalar: pressupostos para a adptação da legenda CORINE Land Cover (Nível 5) à escala 1:10000 e análise comparativa de sistemas de classificação de uso e ocupação do solo. [CD-Rom] Proceedings do ESIG 2006, Oeiras.
5 KEANE, R. E., BURGAN, R., VAN WAGTENDONK, Mapping Wildland Fuels for Fire Management across Multiple Scales: Integrating Remote Sensing, GIS and Biophysical Modeling. International Journal of Wildland Fire 10,
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