AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE N ( ) DES. ALAN S. DE SENA CONCEIÇÃO
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1 PARECER N. 2/388/2015 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE N ( ) REQUERENTE PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS REQUERIDO PREFEITO DO MUNICÍPIO DE ITUMBIARA E CÂMARA MUNICIPAL DE ITUMBIARA ÓRGÃO JULGADOR CORTE ESPECIAL RELATOR DES. ALAN S. DE SENA CONCEIÇÃO SUBPROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA PARA ASSUNTOS JURÍDICOS SPIRIDON N. ANYFANTIS AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE em face dos artigos 1º, 2º, 4º, 6º e 7º, da Lei n /2014, do Município de Itumbiara. I. Ausência de informações do Procurador-Geral do Estado acerca do pedido final, que se impõe, na linha da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, repelir, intimando-se Sua Excelência para o cumprimento de seu múnus indeclinável. II. A intervenção do Ministério Público, como custos legis, em exame de pleito de tutela de urgência ou do pedido final, deve sempre seguir-se à do curador da presunção de constitucionalidade. Inteligência 0
2 do art. 60, 3º, da CE/1989, e dos arts. 8º e 10º, 1º, da Lei Federal n /1999. Colenda Corte Especial Eminente Relator Trata-se de Ação Direta de Inconstitucionalidade, com pleito de medida cautelar, ajuizada pelo Procurador-Geral de Justiça do Estado de Goiás, contra a subsistência, na ordem jurídico-positiva, dos artigos 1º, 2º, 4º, 6º e 7º, da Lei n /2014, do Município de Itumbiara. A decisão de fls. 22/27 indeferiu o pleito cautelar e determinou a notificação do Presidente da Câmara e do Prefeito, ambos de Itumbiara, em função do disposto no art. 6º, da Lei n /99. A Câmara Municipal de Itumbiara apresentou as informações de fls. 61/69, alegando a ausência de qualquer inconstitucionalidade na normativa impugnada, eis que, segundo ela, não haveria, na Constituição da República, qualquer menção ao instrumento legal apropriado para a fixação de subsídio de agentes políticos municipais. O Prefeito do Município de Itumbiara, às fls. 97/98, informou que a fixação do subsídio dos agentes políticos daquela municipalidade, por meio de lei, seria autorizada pela Resolução n /2004 do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás. Apesar de devidamente intimado, às fls. 131/132, o Procurador-Geral do Estado deixou de apresentar a defesa da normativa alvejada. Autos remetidos à Procuradoria-Geral de Justiça. É o relatório. 1
3 I 1. Não consta dos autos a manifestação derradeira do Procurador-Geral do Estado de Goiás, para o fim de que cuidam o 3º, do art. 60, da Constituição do Estado de Goiás, e o 1º do art. 10 da Lei n / Quanto a isso, registra-se que a função processual do Procurador- Geral do Estado, preconizada no preceito constitucional supracitado, em sede de controle normativo abstrato de constitucionalidade, é de, à semelhança do que sucede, em se cuidando de controle abstrato a cargo do Supremo Tribunal Federal, com o Advogado-Geral da União (CF/88, art. 103, 3º), curador da presunção de constitucionalidade da lei ou ato normativo impugnado. 3. Nesse sentido, vem à baila a orientação mais que vintenária do Supremo Tribunal Federal, retratada no julgamento de Questão de Ordem na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 97, Rel. Min. Moreira Alves, em sessão do dia , verbis (RTJ 131, t. 2/470): AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO. EXEGESE DO PARAGRAFO 3 DO ARTIGO 103 DA CONSTITUIÇÃO. - COMPETE AO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO, EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE, A DEFESA DA NORMA LEGAL OU ATO NORMATIVO IMPUGNADO, INDEPENDENTEMENTE DE SUA NATUREZA FEDERAL OU ESTADUAL. - NÃO EXISTE CONTRADIÇÃO ENTRE O EXERCÍCIO DA FUNÇÃO NORMAL DO ADVOGADO DA UNIÃO, FIXADA NO CAPUT DO ARTIGO 131 DA CARTA MAGNA, E O DA DEFESA DE NORMA OU ATO INQUINADO, EM TESE, COMO INCONSTITUCIONAL, QUANDO FUNCIONA COMO CURADOR ESPECIAL, POR CAUSA DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE SUA CONSTITUCIONALIDADE. QUESTÃO DE ORDEM QUE SE DECIDE NO SENTIDO DA DEVOLUÇÃO DOS AUTOS A PROCURADORIA-GERAL DA 2
4 REPÚBLICA, PARA QUE APRESENTE A DEFESA DAS NORMAS ESTADUAIS IMPUGNADAS. 4. Assim, não é dado ao Procurador-Geral do Estado, no plano do controle abstrato de constitucionalidade de competência dos Tribunais de Justiça dos Estados-membros, assim como não se concebe no tocante ao Advogado-Geral da União, no plano da jurisdição constitucional exercida pela Suprema Corte, desonerar-se de tão elevada função, deixando, conquanto intimado para tanto, de cumprir com o múnus que lhe impõe a Constituição do Estado de Goiás (art. 60, 3º). 5. No referido precedente plenário do Supremo Tribunal Federal, assim se manifestou, com precisão, o atual decano da Corte, Ministro Celso de Mello, litteris: A indeclinabilidade do exercício dessa atividade constitucionalmente deferida ao Advogado-Geral da União não lhe permite, em consequência, exonerar-se desse especial encargo constitucional que lhe foi cometido. Trata-se, aí, de uma função anômala e extraordinária do Advogado-Geral da União, que não atua, no processo de ação direta, como representante judicial dessa pessoa estatal, mas como defensor impessoal da validade dos preceitos infraconstitucionais, quer emanados da própria União Federal, quer editados pelos Estados-membros. (ênfase acrescentada) 6. Nesse mesmo diapasão, o Ministro Celso de Mello, em decisão monocrática proferida nos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 1350, em , assim se pronunciou: A intervenção do Advogado-Geral da União, em consequência, reveste-se de compulsoriedade, não só quanto ao seu chamamento judicial, mas, também, quanto ao seu pronunciamento defensivo em favor da norma impugnada. 7. Idêntico rumo toma o magistério da doutrina, acentuando, ademais, a necessidade de que a atuação do Advogado-Geral da União e, pois, por analogia, do 3
5 Procurador-Geral do Estado, ostente feição defensiva do ato impugnado, ainda que tenha convicção pessoal em outro sentido (JUNIOR, Nelson Nery, e NERY, Rosa Maria de Andrade, Constituição Federal Comentada e Legislação Constitucional, 3ª ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012, p. 1107; SIQUEIRA JR., Paulo Hamilton, Direito Processual Constitucional, 5ª ed., São Paulo: Saraiva: 2011, p. 227, inter plures), observadas, mutatis mutandis, as exceções assentadas nos arestos da Suprema Corte, a exemplo do que sucede em casos nos quais é conhecida sua orientação jurisprudencial remansosa, em situações essencialmente idênticas, no sentido da inconstitucionalidade (MENDES, Gilmar Ferreira, e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet, Curso de Direito Constitucional, 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 2013, p ; BARROSO, Luís Roberto, ob. cit., p. 209, v. g.). 8. Nessa senda, a intervenção do Ministério Público, no tocante à sua atividade de custos legis, não importa se em exame de pleito de tutela de urgência ou do pedido final, deve sempre seguir-se à do curador da presunção de constitucionalidade, tal como advém da regência da Lei n /1999, aplicável, por analogia, aos processos de controle abstrato de constitucionalidade estadual (BERNARDES, Juliano Taveira, e FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves, Direito Constitucional, 1ª ed., Salvador: JusPODIVM, 2011, p. 525, v.g.). 9. Sobre o tema de que ora se ocupa, transcreve-se autorizado magistério doutrinário (MENDES, Gilmar Ferreira, e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet, ob. loc. cit., p , v. g.), litteris: Na segunda hipótese, há pedido de concessão de medida cautelar. É de notar que, nesse caso, os órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou o ato impugnado disporão de cinco dias para manifestar-se sobre o pedido de liminar (art. 10). Após o julgamento da cautelar deve, então, o relator pedir informações a que se refere o art. 6º. Nas duas hipóteses (procedimento com ou sem pedido de liminar), decorrido o prazo das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o 4
6 Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, que deverão manifestar-se, cada qual, no prazo de quinze dias (Lei n /99, art. 8º). (ênfase acentuada) 10. Essa ótica tanto mais se robustece quando se reconhece o valor processual da atuação do Procurador-Geral do Estado no exercício da função curador da presunção de constitucionalidade das leis e atos normativos impugnados em sede de controle abstrato estadual. 11. Na espécie, destoando da intelecção resenhada, não houve, como visto, manifestação do Senhor Procurador-Geral do Estado. 12. Sucede, porém, que se deve observar o figurino constitucional, em consonância com o magno princípio do devido processo legal em sua dimensão ritual (CF/88, art. 5º, LIV), impondo-se, para tanto, que se determine a intimação de Sua Excelência para que apresente a sua manifestação defensiva. II 13. DO EXPOSTO, o Ministério Público do Estado de Goiás, por meio de Procuradoria-Geral de Justiça manifesta-se pela intimação do Procurador-Geral do Estado de Goiás, para que desempenhe, nos presentes autos, sua indeclinável função de curador da presunção de constitucionalidade da normativa impugnada ou, conforme o caso, externe, na linha das exceções ressabidas da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, as razões de o não fazer. Goiânia, 30 de janeiro de Spiridon N. Anyfantis Subprocurador - Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos Port. Nº1.492/2014 DOMP 1224ª ed. 5
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