Desempenho produtivo de cultivares de batata-doce na savana de Roraima (1)
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1 Desempenho produtivo de cultivares de batata-doce na savana de Roraima (1) Gabriella Pimentel Nascimento (2) ; Adalgisa Aranha de Souza (3) ; Edgley Soares da Silva (4) ; Rafaela Figueiredo Oliveira (5) ; Pedro Henrique Santos de Menezes (6) ; João Luiz Lopes Monteiro Neto (4). (1) Trabalho executado com recursos próprios. (2) Estudante do curso de agronomia da Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, Roraima; (3) (4) gabriellapn@hotmail.com; Professora da Universidade Federal de Roraima; Estudande de Doutorado em (5) agronomia da Universidade Federal de Roraima; Estudande de agronomia da Faculdade Roraimense de Ensino (6) Superior (FARES); Estudande de Mestrado em agronomia da Universidade Federal de Roraima. RESUMO: O desenvolvimento de novas cultivares de batata-doce visam altas produtividades, resistência a pragas e doenças e melhor adaptação às diferentes condições climáticas. No entanto, a maioria das cultivares apresentam problemas de adaptação a determinadas regiões, o que resulta em baixa produtividade e qualidade inferior de raizes. Neste sentido objetivou-se avaliar o desempenho agronômico de três cultivares de batata-doce produzidas nas condições edafoclimáticas da savana de Roraima. O experimento foi conduzido no Embrião Cooperativo na Escola Agrotécnica da Universidade Federal de Roraima, Campus Murupu, município de Boa Vista-RR. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com quatro repetições. Os tratamentos constaram da avaliação de três cultivares de batata-doce: Brazlândia Roxa, Três Quinas e Balão Roxo. Avaliou-se as características de produtividade de raizes total, comercial e não comercial, massa de raizes total, comercial e não comercial e número de raizes total, comercial e não comercial. A comparação entre as médias das cultivares foi realizada pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Foi verificado maior produtividade total de raizes nas cultivares Brazlândia Roxa e Balão Roxo, com ,55 kg ha -1 e ,17 kg ha -1 respectivamente. A produtividade comercial de raízes não diferiu estatisticamente entre as cultivares. A produtividade de raízes não comercial respondeu de forma semelhante à produtividade total, onde novamente a Brazlândia Roxa e a Balão Roxo obtiveram maiores rendimentos, com ,31 kg ha -1 e ,98 kg ha -1 respectivamente. Não foi verificado diferença significativa para as caraterísticas de número de raízes total, comercial e não comercial. Concluise que as cultivares Brazlândia Roxa e Balão Roxo apresentam elevado potencial produtivo nas condições edafoclimáticas da savana de Roraima. Termos de indexação: Ipomoea batatas L., edafoclimáticas, cerrado. 1
2 INTRODUÇÃO A batata-doce (Ipomoea batatas) é uma planta originária da América Latina, suas raízes tuberosas correspondem ao sexto alimento mais importante produzido no mundo e a quarta hortaliça mais consumida no Brasil, sendo o principal alimento de alguns países em desenvolvimento (CIP, 2013). Essa hortaliça possui elevado teor nutritivo, devido a alta concentração de carboidratos, sais minerais, açúcares e vitaminas A, C e as do complexo B (Gandin et al., 1988). É cultivada principalmente em pequenas áreas, desempenhando maior importância para populações de baixa renda (Silva, 1991). Na região norte, principalmente no Estado de Roraima, apesar de poucos investimentos em tecnologias, a cultura da batata-doce surge como uma das alternativas de exploração agrícola para as áreas de savana e de mata. Entretanto, os agricultores fazem pequenas áreas de cultivo associada à aplicação de baixa tecnologia, o que resulta em baixo volume de produção e baixa lucratividade, contribuindo para a marginalização da cultura. Este fato é reflexo da ausência de tecnologia, informações e conhecimentos adequados principalmente com relação à materias genéticos mais produtivos (Oliveira et al., 2006). Tradicionalmente, há grande disponibilidade de cultivares de batata-doce no mercado e a seleção exerce importância primária para se obter produtos com aspectos qualitativos demandados pelo mercado, com tolerância ao transporte, de melhor aparência, tamanho padrão e satisfatórias características sensoriais, especialmente, sabor e aparência. Em geral, as cultivares não variam apenas, em relação a esses caracteres, mas também pela sua capacidade de resposta às diferentes condições de cultivo em que são submetidas (Ferreira et al., 2003). É importante destacar que o desenvolvimento de novas cultivares tem visado altas produtividades, resistência a pragas e doenças, melhor adaptação as diferentes condições climáticas, boa resistência das raizes na pós-colheita e características comerciais que atendam às exigências do mercado consumidor (Andrade Júnior et al., 1998). No entanto, a maioria das cultivares apresentam problemas de adaptação a determinadas regiões, o que resulta em baixa produtividade e qualidade inferior de raizes. Sabendo-se que as condições edafoclimáticas em que são submetidas, influenciam diretamente as características produtivas e qualitativas de uma cultivar, objetivou-se com este trabalho, avaliar o desempenho agronômico de três cultivares de batata-doce produzidas nas condições edafoclimáticas da savana de Roraima. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no período de maio a outubro de 2016 em área de savana, no Embrião Cooperativo na Escola Agrotécnica da Universidade Federal de Roraima, Campus Murupu, município de Boa Vista-RR. O clima local, de acordo com a classificação de Köppen, é do tipo Aw, tropical chuvoso, com estação chuvosa de abril a setembro e estação seca de outubro a março, caracterizado por médias anuais de precipitação, umidade relativa e temperatura ambiente em torno de mm, 70% e 27,4 C, respectivamente (Araújo et al., 2001). O solo da área experimental foi classificado como ARGISSOLO AMARELO Distrófico com baixa reserva de nutrientes e baixa capacidade de troca de cátions (Embrapa, 2013). O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com quatro repetições e dez plantas por parcela. Os tratamentos constaram da avaliação de três cultivares de batata-doce: Brazlândia Roxa, Três Quinas e Balão Roxo. A parcela foi constituída por uma fileira de 3,0 m de comprimento, espaçada em 1,5 m entre linhas e 0,3 m entre plantas, totalizando 10 plantas, dessas, 8 plantas foram utilizados como área útil. O preparo do solo foi realizado 30 dias antes do plantio das ramas e constou de uma aração na profundidade de 20 cm, duas gradagens niveladoras e a confecção de leirões de plantio com aproximadamente 30 cm de altura. Na ocasião, foi realizada a calagem aplicando-se 500 kg ha -1 de calcário dolomítico (PRNT 90%) buscando suprir a saturação por base (V%) desejada à cultura. 2
3 A adubação de fundação foi efetuada covas de plantio, seguindo as recomendações para a cultura da batata-doce. Foram aplicados 180 kg ha -1 de P 2 O 5 e 90 kg ha -1 de K 2 O na forma de superfosfato simples e cloreto de potássio respectivamente. A adubação nitrogenada constou de 60 kg ha -1 de N na forma de ureia, parcelada em duas aplicações iguais, ocasião do plantio, e aos 40 dias do plantio, além de 1 L por cova de esterco ovino. No plantio, foram utilizadas ramas jovens coletadas com um dia de antecedência para facilitar o pegamento e seccionadas em tamanho de aproximadamente 30 cm de comprimento, contendo em média oito entrenós. Foram plantadas duas ramas por cova, enterradas pela base na profundidade de 10 cm em covas abertas no topo das leiras. A irrigação foi efetuada por aspersão convencional utilizando-se aspersor Naan 5035 com pressão de serviço de 280 kpa, vazão nominal de L h -1 e ângulo de inclinação do jato igual a 23º. Os tratos culturais durante o ciclo da cultura consistiram em capinas manuais regulares, com enxada entre as fileiras, condução de ramas e controle de pragas, realizados de acordo com os padrões utilizados pelos produtores locais. Avaliou-se as características de produtividade de raizes total, produtividade de raíz comercial, produtividade de raiz não comercial, massa de raizes total, massa de raíz comercial, massa de raiz não comercial, número de raizes total, número de raíz comercial e número de raiz não comercial. O dados foram submetidos à análise de variância com o nível de significância determinado pelo teste F a 5% de probabilidade. Para a comparação entre as médias das cultivares empregou-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade com o auxílio do software estatístico SISVAR versão 5.1 (Ferreira, 2011). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi verificado maior produtividade total de raizes nas cultivares Brazlândia Roxa e Balão Roxo, com ,55 kg ha -1 e ,17 kg ha -1 respectivamente (Tabela 1). Para todas as variedades testadas, observou-se que a produtividade total foi superior à média nacional de 11,8 t ha -1 (IBGE, 2010) e também a média obtidas por Massaroto et al. (2008) e Miranda (2006) para a cultivar Brazlândia Roxa que obtiveram valores médios de 12,7 t ha -1 e 25,0 t ha -1 respectivamente. De acordo com Andrade Junior et al. (2012), o material genético, o local de cultivo, a época de plantio, a adubação e a idade de colheita, promovem significativas diferenças no desempenho produtivo das variedades. Tabela 1- Valores médios para as caracteríticas de produtividade total, comercial e não comercial de raízes de cultivares de batata-doce produzidas nas condições edafoclimáticas da savana de Roraima Produtividade Produtividade Produtividade Não Total (kg ha -1 ) Comercial (kg ha -1 ) Comercial (kg ha -1 ) Três Quinas 28190,47 b 936,11 a 27254,36 b Balão Roxo 29103,17 ab 1526,19 a 27576,98 ab Brazlândia Roxa 34555,55 a 1945,23 a 32610,31 a A produtividade comercial de raízes não diferiu estatisticamente entre as cultivares, porém a Brazlândia Roxa foi númericamente superior as demais (Tabela 1). As médias de produtividade comercial apresentadas neste trabalho demonstraram comportamento produtivo superior a grande parte dos genótipos testados por Queiroga et al. (2007) cuja produtividade comercial máxima atingida foi de 17,75 t ha -1 com colheita realizada aos 155 dias após o plantio. Estes resultados podem ser atribuídos ao tempo de permanência das raízes tuberosas no campo. Rezende et al. (2000), em trabalho avaliando características produtivas da batata-doce em épocas distintas de colheita, obtiveram aumentos de produtividade em experimento com batata-doce colhidos mais tardiamente. 3
4 Para a produtividade de raízes não comercial as cultivares responderam de forma semelhante à produtividade total, onde novamente a Brazlândia Roxa e a Balão Roxo obtiveram maiores rendimentos, com ,31 kg ha -1 e ,98 kg ha -1 respectivamente (Tabela 1). Com relação à massa média de raízes, verificou-se diferença entre as cultivares apenas para a massa média total, sendo as cultivares Três Quinas e Brazlândia Roxa as de maiores médias observadas (Tabela 2). Esta discrepância de médias entre as cultivares avaliadas se deve, provavelmente, ao fato de a cultivar Balão Roxo apresentar ciclo mais precoce do que as demais. Rezende et al. (2000), avaliando características produtivas da batata-doce em épocas distintas de colheita, obtiveram aumentos de massa média de raíz em batata-doce colhida mais tardiamente. Segundo Silveira et al. (1997), o tamanho ideal de batata-doce para o comércio está entre 200 a 500g. De acordo com essa classificação os materiais estudados nessse trabalho enquadraram-se nas exigências do mercado consumidor brasileiro. Tabela 2- Valores médios para as caracteríticas de massa média total, comercial e não comercial de raízes de cultivares de batata-doce produzidas nas condições edafoclimáticas da savana de Roraima Massa Média Massa Média Massa Média Não Total (kg) Comercial (kg) Comercial (kg) Três Quinas 0,25 a 0,01 a 1,63 a Balão Roxo 0,20 b 0,01 a 1,05 a Brazlândia Roxa 0,23 ab 0,01 a 1,16 a Não foi verificado diferença significativa para as caraterísticas de número de raíz total, número de raíz comercial e número de raíz não comercial (Tabela 3) Tabela 3- Valores médios para as caracteríticas de número de raíz total, comercial e não comercial de cultivares de batata-doce produzidas nas condições edafoclimáticas da savana de Roraima Número de Raiz Número de Raiz Número de Raiz Não Total Comercial Comercial Três Quinas ,88 a 93611,02 a 16720,46 a Balão Roxo ,85 a ,06 a 26263,79 a Brazlândia Roxa ,52 a ,35 a 28112,33 a CONCLUSÕES As cultivares Brazlândia Roxa e Balão Roxo apresentam elevado potencial produtivo nas condições edafoclimáticas da savana de Roraima. AGRADECIMENTOS A UFRR e a PETROBRAS AMBIENTAL através do programa EDU3S 4
5 REFERÊNCIAS ANDRADE JUNIOR, A. S.; RODRIGUES, B.H.N.; ATHAIDE SOBRINHO, C.; MELO, F.B.; CARDOSO, M.J.; SILVA, P.H.S.; DUARTE, R.L.R. A cultura da melancia. 1. ed. Brasília: Embrapa-CPAMN, p. ANDRADE JÚNIOR VC; VIANA DJS; PINTO NAVD; RIBEIRO KG; PEREIRA RC; NEIVA IP; AZEVEDO AM; ANDRADE PCR Características produtivas e qualitativas de ramas e raízes de batata-doce. Horticultura Brasileira, 30:10-14, ARAÚJO, W. F.; ANDRADE JÚNIOR, A. S.; MEDEIROS, R. D.; SAMPAIO, R. A. Precipitação pluviométrica provável em Boa Vista, Estado de Roraima, Brasil. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e ambiental, 5: , CIP - Centro Internacional De La Papa. Facts and figures about sweet potato. Disponível em: http//: Acesso em 15 jul EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3.ed. Brasília, Embrapa, p. FERREIRA, M. A. J. E.; QUEIROZ, M. A.; BRAZ, L. T.; VENCOVSKY, R. Correlações genótipicas, fenotípicas e de ambiente entre dez caracteres de melancia e suas implicações para o melhoramento genético. Horticultura Brasileira, 21: , FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, 35: , GANDIN, C.L., THOMAZELLI, L.F., ALMEIDA, E.X. & BOFF, P. Batata-doce, alimento energético. Agropecuária Catarinense, 10: MASSAROTO, J. A. Características agronômicas e produção de silagem de clones de batata doce f. Tese (Doutorado em Fitotecnia)- Universidade Federal de Lavras, Lavras, MIRANDA JEC Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças. Embrapa Hortaliças. Disponível em Acesso em 20 jul OLIVEIRA, A.P.; MOURA, M.F.; NOGUEIRA, D.H.; CHAGAS, N.G.; BRAZ, M.S.S.; OLIVEIRA, M.R.T.; BARBOSA, J.A. Produção de raízes de batata-doce em função do uso de doses de N aplicadas no solo e via foliar. Horticultura Brasileira, 25:47-50, QUEIROGA RCF; SANTOS MA; MENEZES MA; VIEIRA CPG; SILVA MC. Fisiologia e produção de cultivares de batata-doce em função da época de colheita. Horticultura Brasileira, 25: 35-40, RESENDE, G. M. Características produtivas de duas cultivares de batata-doce em duas épocas de colheita, em Porteirinha, MG. Horticultura Brasileira, 18:68-71, SILVA, V.F. Associações de características da batata-doce (Ipomoea batatas (L) Lamarck) com a sua resistência à broca da raiz Euscepes postfasciatus (Fairmaire). (Tese de Doutorado). Viçosa. Universidade Federal de Viçosa, SILVEIRA, M. A. da; AZEVEDO, S. M.; MALUF, W. R.; CAMPOS, V. P.; MOMENTÉ, V. G. Canuanã e Palmas: novas cultivares de batata-doce resistentes aos nematóides-degalhas. Horticultura Brasileira, 15: ,
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