VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA PRODUÇÃO DO FEIJOEIRO IRRIGADO

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1 VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA PRODUÇÃO DO FEIJOEIRO IRRIGADO VIEIRA, T.A. 1 ; SANTANA, M.J. 2 ; BRAGA NETO, J.A. 3 ; BARRETO, A.C. 2 ; PAULA, J.C. 3 1 Estudante do curso de Agronomia do Centro Federal de Educação Tecnológica de Uberaba MG Rua João Batista Ribeiro, 4000 Bairro Mercês, fone (34) ; thiago_agrop@yahoo.com.br 2 Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Uberaba MG Rua João Batista Ribeiro, 4000 Bairro Mercês, fone (34) , e- marciosantana@cefetuberaba.edu.br. 3 Tecnólogo em Irrigação e Drenagem, CEFET UBERABA RESUMO Este experimento foi conduzido no campus I do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET), em Uberaba, MG. O objetivo deste trabalho foi avaliar o rendimento de três cultivares do feijoeiro comum (Canela, Pérola e IAPAR-81), submetidas a diferentes níveis de reposição da água de irrigação, determinando a lâmina ótima física e econômica. Os tratamentos consistiram em cinco níveis de reposição de água no solo (50%, 100%, 150%, 200% e 250%). O delineamento experimental foi em blocos casualizados, em esquema fatorial de 5x3, com quatro blocos. Foram avaliados: produtividade da cultura, eficiência do uso da água e lâminas ótimas físicas e econômicas. As lâminas ótima físicas e econômicas foram: para a cultivar Canela 645,78 mm e 632,69 mm, para a cultivar Pérola 750,37 mm e 726,60 mm e para a cultivar IAPAR-81 foram 767,86 mm e 743,34 mm. O maior lucro foi encontrado com a IAPAR-81 (R$ 2.267,98 ha -1 ), sendo a mais indicada pelo presente trabalho para o cultivo na região de Uberaba, Minas Gerais. Palavras-chave: economia, feijão, lâminas de irrigação. INTRODUÇÃO Entre as espécies cultivadas do gênero Phaseolus, o feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é o mais plantado, sendo responsável por cerca de 95% da produção mundial de Phaseolus (YOKOYAMA & STONE, 2000). O feijoeiro é cultivado em regiões como no Alto Paranaíba e no Triângulo Mineiro, Minas Gerais, em três safras bem definidas: a) verão; quando a semeadura concentra-se nos meses de outubro e

2 novembro, normalmente não necessitando de irrigação; b) safra da seca; cuja semeadura se concentra nos meses de março e abril, com necessidade de irrigações complementares e c) safra de inverno; quando a semeadura é realizada nos meses de maio a julho, sendo a irrigação imprescindível (SANTANA, 2007). A irrigação está ligada diretamente à obtenção de máxima produção e boa qualidade, ao passo que sistemas mal manejados, representando déficit ou excesso, comprometem essa produtividade. Segundo Santana (2007), faltam informações e pesquisas em diversos temas relacionados à relação água-solo-planta em determinados locais. Devem ser realizados trabalhos que estudem alguns aspectos, como a quantidade de água a ser aplicada de acordo com cada cultivar e solo, os coeficientes de cultura (Kc) a serem usados nas diversas fases, a resposta da cultura ao déficit e ao excesso de água e a lâmina ótima econômica, dentre outros. Segundo Silveira & Stone (2001), as áreas aptas à produção de feijão devem apresentar precipitações anuais entre 500 mm e 1500 mm, porém, a quantidade de chuva para suprir a demanda durante o ciclo da cultura varia de 300 mm a 400 mm, dependendo da capacidade de retenção de água do solo. A produtividade da cultura do feijoeiro é função de vários fatores, tais como: qualidade da semente, cultivar, clima e aspectos físico-químicos do solo. Dentre os fatores climáticos, a precipitação pluviométrica é uma das principais causas do insucesso na obtenção da alta produtividade de feijão. Em regiões as quais a distribuição de chuvas é irregular, podem ocorrer perdas significativas, principalmente, quando a falta ou o excesso de água ocorrem na fase mais sensível. Nesses casos, a irrigação é uma tecnologia que pode não só reduzir os riscos de insucessos, como também aumentar a produtividade do feijão e, até proporcionar maior número de safras durante o ano (REZENDE, 2000). O presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar o desempenho de três cultivares de feijão comum submetidas a diferentes níveis de reposição de água no solo e determinar o efeito das lâminas de água na produtividade física e econômica da cultura, frente à realidade do produtor, indicando uma cultivar para a região e a lâmina a se aplicar durante o ciclo da cultura. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em uma área de pousio, localizada na unidade I do Centro federal de Educação Tecnológica de Uberaba (CEFET/Uberaba), em Uberaba MG. A altitude média do local é de 800 m, com latitude Sul e longitude

3 Oeste. O clima do local é do tipo tropical quente e úmido, com inverno frio e seco (AW), com precipitação e temperatura média anual de 1500 mm e 21 C, o solo foi classificado como latossolo vermelho distrófico de textura franco arenosa (SOUZA, 2006). As cultivares empregadas foram Canela, Pérola e IAPAR-81. O experimento foi conduzido em blocos casualizados (DBC) com quatro repetições, sendo empregado um esquema fatorial 5 x 3, constituído por cinco níveis de reposição de água no solo (50%, 100%, 150%, 200% e 250% da lâmina necessária para elevar a umidade do solo à umidade de capacidade de campo, com um turno de rega de três dias) e três cultivares (IAPAR-81, Pérola e Canela). Cada parcela foi composta por cinco linhas de semeadura com 3 m de comprimento, espaçadas de 0,45 m e com densidade de 12 plantas por metro linear. Somente foi considerada útil uma área central de 3 m². Foi realizada a calagem com base no resultado de análise química do solo, tomando-se o valor de saturação por bases de 60%. Em seguida, foi realizada uma subsolagem, uma aração, duas gradagens e o controle de formigas, deixando a área preparada para a semeadura. A semeadura foi realizada no dia 12 de julho de 2007, à profundidade de 3 cm, com 17 sementes por metro linear. Após a emergência e estabelecimento das plantas, foi realizado um desbaste permanecendo 12 plantas por metro linear. Em cada parcela, foram utilizados quatro microaspersores com sobreposição de 50 %, da marca Dan 2002, autocompensantes, com vazão de 28 L h -1. O cálculo do tempo de irrigação foi realizado com base nas leituras diárias de evaporação do tanque classe A, para controle da lâmina de irrigação. Levando em consideração os aspectos físicos da evaporação, podendo-se obter a evapotranspiração de referência (ETo), ao relacionar-se com as condições meteorológicas da área e o local em que o tanque foi instalado, ou seja, considerando o seu meio circundante (tanque circundado por grama). Após a colheita, os grãos foram pesados e avaliados quanto à umidade, para correção do peso para umidade de 13%, seguindo a metodologia proposta por Carvalho (2005). O peso dos grãos foi expresso em kg ha -1. Todas as parcelas foram colhidas no momento em que o tratamento 100% de todas as três cultivares atingiram o ponto de arranquio. O modelo utilizado para o ajuste da função de produção foi um polinômio do segundo grau, conforme a Equação 1: (1) y = f (w) = a + bw + cw em que,

4 y = produtividade (kg ha -1 ); w = lâmina total de água aplicada (mm) e a, b e c = parâmetros da equação. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentadas as lâminas de água aplicadas em cada tratamento. Os valores de lâminas correspondentes aos tratamentos situaram-se acima da lâmina total necessária ao ciclo do feijão proposta por Doorenbos & Kassam (1994) de 300 a 500 mm. Tabela 1. Lâminas (mm) de água aplicadas em todos os tratamentos. Reposição (%) , , , , ,57 Nas Figuras 1, 2 e 3 é mostrado o comportamento da produtividade em função da reposição de água no solo, nas diferentes cultivares em estudo. Verificando-se os resultados, constatou-se que houve um aumento da produção em função da reposição de água, atingindo um máximo com a reposição de água próxima a 150% (645,78 mm) para a cultivar Canela. Lâminas menores ou maiores ocasionaram perdas de produtividade, no que se trata da otimização da produtividade física das plantas. Para as cultivares Pérola e IAPAR-81, as lâminas que proporcionaram maior produtividade física foram próximas do nível de reposição 200% (750,37 mm e 767,87 mm). Produtividade ( kg ha -1 ) Cultivar Canela y = -0,0294x ,972x , R 2 = 0, Figura 1. Produtividade média, em função da reposição de água de irrigação, cultivar Canela.

5 Produtividade (kg.hā 1 ) Cultivar Pérola y = -0,0162x ,312x ,2 R 2 = 0, Figura 2. Produtividade média, em função da reposição de água de irrigação, cultivar Pérola. Produtividade (kg.ha -1 ) Cultivar IAPAR y = -0,0157x ,111x ,9 R 2 = 0, Figura 3. Produtividade média, em função da reposição de água de irrigação, cultivar IAPAR-81. Os valores de lâminas e produtividade física e econômica estão na Tabela 2. Os produtos físicos marginais (PFMa) foram obtidos a partir das funções de produção (Figuras 1, 2 e 3) estimadas para cada cultivar avaliada, sendo geradas as equações 2, 3 e 4. - Canela: y = -0,0294w ,972w 9750,8 (R 2 = 0,9467) (2) - Pérola: y = -0,0162w ,312w 6235,2 (R 2 = 0,8785) (3) - IAPAR-81: y = -0,0157w ,111w 5909,9 (R 2 = 0,9706) (4) Quando o valor do PFMa atinge o valor zero, conclui-se que a lâmina aplicada proporcionou a produtividade física máxima. Igualando-se à primeira derivada a zero (PFMa=0), as maiores produtividades físicas são mostradas na Tabela 3, para as cultivares.

6 Tabela 2. Lâminas que proporcionaram máxima produtividade física estimada (L.F.), produtividade física máxima estimada (P.F.), lâminas que proporcionaram máxima produtividade econômica (L.O.), produtividade economicamente ótima (P.O.) e lucro, encontrados para as três cultivares irrigadas. Cultivar L.F. P.F. L.O. P.O. LUCRO (mm) (kg. ha -1 ) (mm) (kg. ha -1 ) (R$ ha -1 ) Canela 645, ,64 632, ,98 851,74 Pérola 750, ,30 726, , ,10 IAPAR , ,11 743, , ,98 CONCLUSÕES 1. As lâminas ótimas físicas para as cultivares Canela, Pérola e IAPAR-81, para a região de Uberaba, MG, são 645,78 mm, 750,37 mm e 767,86 mm respectivamente. 2. As lâminas ótimas econômicas para as cultivares Canela, Pérola e IAPAR-81, para a região de Uberaba, MG, são 632,69 mm, 726,60 mm e 743,34 mm respectivamente. 3. A melhor cultivar de feijão para a região de Uberaba, MG é a IAPAR-81, que apresentou uma produtividade de 3.337,67 kg ha -1 e um lucro de R$ 2.267,98 ha - 1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, J.A. Desempenho técnico-econômico de sistemas intercalares do feijoeiro-comum em lavouras de café (Coffea arabica) adensado p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) Universidade Federal de Lavras. Lavras, MG. DOORENBOS, J.; KASSAM, A. H. Efeito da água no rendimento das culturas. Campina Grande: UFPB, p. (FAO, Estudos de irrigação e Drenagem, 33). REZENDE, R. Efeito da qualidade da irrigação em variáveis de produção e de crescimento da cultura do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) p. Tese (Doutorado em Agronomia) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Piracicaba, SP. SANTANA, M.J. de. Resposta do feijoeiro comum a lâminas e épocas de suspensão de irrigação p. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola/Irrigação e

7 Drenagem) - Universidade Federal de Lavras. Lavras, MG. SILVEIRA, P.M.; STONE, L.F. Irrigação do feijoeiro. Goiânia: EMBRAPA/CNPAF, p. SOUZA, M. de. Avaliação da uniformidade de distribuição de um aspersor de impacto de média pressão aplicando água residuária de suinocultura Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnologia em Irrigação e Drenagem), Centro Federal de Educação Tecnológica de Uberaba. Uberaba, MG. YOKOYAMA, L.P; STONE, L.F. Cultura do Feijoeiro no Brasil: Características da produção. Santo Antônio de Goiás: EMBRAPA Arroz e Feijão, p.