UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CAMPUS LARANJEIRAS DEPARTAMENTO DE ARQUEOLOGIA GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA

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1 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CAMPUS LARANJEIRAS DEPARTAMENTO DE ARQUEOLOGIA GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA Captação de recursos no Mato Alto I, um sambaqui do Litoral Sul de Santa Catarina Lycia Macley dos Santos Silva Laranjeiras 2018

2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CAMPUS LARANJEIRAS DEPARTAMENTO DE ARQUEOLOGIA GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA Captação de recursos no Mato Alto I, um sambaqui do Litoral Sul de Santa Catarina Lycia Macley dos Santos Silva Trabalho de Conclusão de Curso na Graduação Arqueologia Orientadora: Dra. Daniela Magalhães Klökler Laranjeiras 2018

3 2 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 902MACLEY, Lycia Santos Silva. Captação de recursos numa paisagem sambaqueira do litoral meridional: o caso do sítio Mato Alto I, Santa Catarina [manuscrito] / Lycia Santos Silva Macley f. : il. ; 30 cm. Monografia (bacharelado em Arqueologia) Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, Orientação: Profa. Dra. Daniela Magalhães Klokler. 1. Sambaquis. 2. Zooarqueologia. 3. Captação de Recursos. I. Klokler, Daniela. II. Título. CDU: 902 Bibliotecária responsável: Luciane Alves Santini - CRB 10/1837

4 3 MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA DA APRESENTAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO BANCA EXAMINADORA Dra. Daniela Magalhães Klökler (Orientadora) Universidade Federal de Sergipe DARQ 1º Examinador (Membro Interno): Dra. Márcia Barbosa Guimarães Universidade Federal de Sergipe DARQ 2º Examinador (Membro Externo): Dr. Fernando Ozorio de Almeida Universidade Federal de Sergipe Suplente (Membro Interno): Dra Lorena Luana Wanessa Gomes Garcia Universidade Federal de Sergipe DARQ

5 4 Dedicatória: Dedico todo este trabalho a mainha e Dona Zefinha (minha avó)!

6 5 Agradecimentos: Agradeço a todos os professores que fizeram parte da jornada, contribuindo com o meu aprendizado, iniciada desde o ensino escolar ao superior. Todos foram muito importantes para minha formação enquanto profissional, e ser humano.aos professores do José Inácio (colegial), em especial ao professor Carlos Alexandre. E do Colégio Manuel Messias (ensino médio). A professora e orientadora Daniela Klökler pelo incentivo, confiança, oportunidade e os ensinamentos em laboratório, aula e campo, durante esses 4 anos. Ao professor Fernando Ozorio, por todas as oportunidades de aprendizado em campo e em aula, pelo seu bom humor de sempre e obrigada por toda inspiração.aos professores: Leandro Duran, Lorena Garcia e Márcia Barbosa obrigada por seus ensinamentos em sala de aula, e por seus incentivos profissionais. Ao professor André Strauss pela oportunidade de participar do campo em Lagoa Santa. E a todos que tive a oportunidade de conhecer nesta escavação. Aos professores Fernando e Daniela pelos campos em Xingó, a equipe do Museu de Arqueologia de Xingó MAX, e da Califórnia em especial a professora Brenda. Ao pessoal do grupo galera da caatinga, nosso primeiro campo, por toda união envolvida, nossas risadas (apesar do sofrimento, caminhando no sol escaldante do meu sertão rsrs): Eriká, Thiago, Carol, Vinicius Pedra. A todos os colegas e amigos que fazem parte do laboratório mais badalado dessa UFS: o LAPSO, por toda vivência, troca de aprendizado, e risadas também; Sandra, Ivan, Adriana... Agradeço muito a chefinha/mãe Carol Sousa por todos os ensinamentos em campo e fora dele, e pela sua amizade, sem você essa monografia não seria a mesma. Juntamente com pai Felipe Neves sempre me aconselhando, incentivando em diversos momentos. Os meus amigos que fizeram parte dessa jornada de alguma forma, aos que fizeram apenas uma passagem e em especial aos que permanecem firmes e fortes (rsrs). Obrigada a todos por aguentarem essa ariana que vos fala. A vocês: Gabriel, Anthony, Guiliana, pelos incentivos e longos papos sobre a arqueologia e a vida. A Anny e

7 6 Luciana pelos estímulos recíprocos, pelas longas conversas sobre as frustrações, e as análises na hora de escrever. A toda a família de Laranjeiras, pelos bons tempos. Vivemos muitas coisas juntos: sempre em união,nos momentos de diversão nas longas madrugadas e tristezas. A todas as republicas ali presentes, em especial ao pessoal da Casa de Bonecas, Thia, e Tchacaray e a república a qual fiz parte. Em especial: Yuri, Raul, Del, Jadson, Malu, Danilo,Wallace, Rafael Meneses, Nacagima, Rafael Dantas, Juliana, Karol, Denise, Fernando, Lucas, Larissa...Vocês são lacrativas. As minhas viadas amigas que fiz através do grupo arqueologia da sedução pelos grandes papos nas madrugadas, em especial a Anderson, Arlon e Bruno... Vocês arrasam! As minhas manas: Hiago (foram anos dormindo de conchinha), Suellen (melhor risada), Poliana (amiga arquiteta) e Enderson (rainha dos apelidos) pela nossa convivência e amizade, de Laranjeiras para a vida. A Thauan (rainha dos memes), Victor (garota do fogo) e Nicolas (melhor crush) pelo longo tempo de amizade e parceria. A Eloildo (amiga arquiteta) e Lázaro (que está arrasando no Canadá). Obrigada a todas por estarem presentes em momentos importantes da minha vida, bii, vocês são destruidoras. Ao meu trio favorito (quero-quero/want-want), obrigada por cada momento de cumplicidade, amor, carinho, incentivo, risadas e tudo que já vivemos e vamos viver. Vocês são lindas e maravilhosas: Aíres e Eunice. E a minha mais nova mana paraense Carol, pelos momentos divertidos. Obrigada a todas do vale! As minhas amigas de longa data: Jaqueline (Jack), Gádria (meu carma rsrs) são mais de 10 anos de amizade na nossa história. As minhas novas amigas: Laís (panda), Sandry (ariana das tretas), presentes nesta reta final. Obrigada a todas vocês por aguentarem minhas ansiedades e minha loucuras. A minha prima e amiga Kauana pelo presente que é minha afilhada Nicole. E aos meus amigos Laís e Erlânio pela minha afilhada: Evelyn, meu segundo presente. A minha família por todo apoio, em especial a minha mãe e meu irmão. E a todas as tias e tios em especial a Suzana por todo seu apoio inicial. Sem vocês nada disso seria possível. E por fim, todos os grupos sambaquieiros (em especial do Mato Alto I), obrigada por existirem!

8 7 Resumo Os sambaquis são os principais vestígios da presença dos grupos pescadores-coletorescaçadores no litoral meridional do Brasil. Esses registros são basicamente compostos por materiais de origem faunística. O sítio objeto desta pesquisa é o Mato Alto I, situado no município de Tubarão, litoral sul do estado de Santa Catarina. A pesquisa tem como objetivo uma abordagem sobre a captação de recurso dos grupos que construíram o sítio Mato Alto I, baseado nas análises do material faunístico, em especial malacológico e ictiológico. O sambaqui foi trabalhado na década de 1990 pela equipe do projeto Sambaqui e Paisagem (DEBLASIS et al. 1997). O sítio possui aproximadamente 6 metros de elevação, apresenta datações de e anos AP (FISH et al.2000).o Mato Alto I é um sambaqui cuja sua construção foi baseada na coleta de moluscos, entre eles berbigões, mariscos e ostras. O consumo de vertebrados do grupo que construiu o sambaqui teve como base a pesca, sendo bagre, corvina e miraguaia as espécies mais utilizadas pelos grupos. Os dados apresentados sobre o sítio contribuem com informações inéditas sobre a formação do sambaqui, reforçando a importância do seu estudo para o contexto arqueológico de sua região. Palavras Chaves: Sambaquis Zooarqueologia Captação de Recursos

9 8 Abstract Shell-mounds are the main evidence of the presence of fisher-gatherer-hunter groups on the southern coast of Brazil. They are basically composed of materials of animal origin. This research focus on Mato Alto I site, located in the municipality of Tubarão, south coast of the state of Santa Catarina. The goal of this research is to presente aresource catchment analysis about the groups that built the Mato Alto I site, based on analyzes of the faunal material, especially malacological and ichthyological material. In the 1990s this site was studied by the Sambaqui e Paisagem project (DEBLASIS et al., 1997). The site has approximately 6 meters of elevation, and has two radiocarbon dates of approximately 2,245 to 2,535 years BP(FISH et al. 2000). The Mato Alto I construction was based on the collection of mollusks, basically cockles, mussels and oysters. The consumption of vertebrates the group was based on fishing, being catfish, corvina and miraguaia the most important species. The data presented on the site contain information about a sambaqui formation, reinforcing an aspect of its study to the archaeological context of its region. Key Words:Shell-mounds - Zooarchaeology Resource catchment

10 9 Sumário Dedicatória:... 4 Agradecimentos:... 5 Abstract... 8 Sumário... 9 Lista de Figuras Lista de Tabelas Introdução CAPÍTULO I Sambaquis: uma Abordagem sobre Captação de Recursos Sambaquis - uma breve contextualização A construção das paisagens arqueológicas O estudo da Captação de Recursos a partir dos grupos humanos Os estudos faunísticos baseados nas zooarqueologia (seu surgimento como disciplina e conceitos) Os estudos zooarqueológicos em sambaquis no Brasil As conchas e os peixes dentro dos estudos zooarqueológicos CAPÍTULO II Mato Alto I: um Sambaqui do Litoral Sul de Santa Catarina Projeto de Intervenção Arqueológica Sambaqui e Paisagens O Litoral Sul do Estado de Santa Catarina Discussões acerca de trabalhos realizados na área do projeto Sambaqui e Paisagens O Sambaqui Mato Alto I CAPÍTULO III - Metodologia Métodos realizados em campo Métodos realizada em laboratório CAPÍTULO IV - Dados obtidos de Mato Alto I Análises granulométricas do Perfil I em Mato Alto I Componentes faunísticos e arqueológicos presentes em Mato Alto I O Sambaqui Mato Alto I e seus Perfis Perfil I... 55

11 Perfil II Perfil III NISP e NMI X Peso da Anomalocardia brasiliana do Mato Alto I NMI dos vertebrados presentes no Mato Alto I Conversão de carne X parte dura CAPÍTULO V Resultados e Discussão Levantamento biológico do modo de vida e habitats dos animais presentes em Mato Alto I A captação dos recursos presentes emmato Alto I De onde veio este recurso? A utilização dos recursos pelos grupos sambaquieiros Considerações finais: Referências Bibliográficas: ANEXO APÊNDICES

12 11 Lista de Figuras FIGURA 1- REGIÃO ESTUDADA PELO PROJETO SAMBAQUI E PAISAGENS. FONTE: GOOGLE EARTH FIGURA 2 - MAPA GEOLÓGICO DA ÁREA. FONTE: OLIVEIRA FIGURA 3 - MAPA DA REGIÃO POR VOLTA DE AP, COM O NÍVEL DO MAR 1,0 ACIMA DO ATUAL. FONTE: KNEIP FIGURA 4 - MAPA DA REGIÃO POR VOLTA DE AP, COM O NÍVEL DO MAR 0,5 ACIMA DO ATUAL. FONTE: KNEIP FIGURA 5 - LOCALIZAÇÃO DO SAMBAQUI MATO ALTO I. FONTE: GOOGLE EARTH, FOTO DE FIGURA 6 - SÍTIO MATO ALTO I. FONTE: KLOKLER FIGURA 7 - CROQUI REALIZADO EM CAMPO DO PERFIL II FIGURA 8 - MATERIAL DURANTE A TRIAGEM FIGURA 9 - LOCALIZAÇÃO DO UMBO EM UM BIVALVE / LATERALIDADE DOS BIVALVES, LADO DIREITO E ESQUERDO FIGURA 10- PESO INICIAL (P0), FRAÇÃO TRIÁVEL (P1 A+B) (MEDIDAS EM GRAMAS) FIGURA 11 - DISTRIBUIÇÃO DOS COMPONENTES EM MATO ALTO I FIGURA 12-PESOS TOTAIS DOS COMPONENTES DOS PERFIS DO MATO ALTO I, UNIDADE DE MEDIDA UTILIZADA EM GRAMAS FIGURA 13 - PESOS TOTAIS EM GRAMAS DAS CAMADAS DO PERFIL I FIGURA 14 - COMPONENTES PRESENTES NO PERFIL I FIGURA 15 - PESOS TOTAIS EM GRAMAS DAS CAMADAS DO PERFIL II FIGURA 16 - MATERIAL FAUNÍSTICO DO PERFIL II FIGURA 17 - COMPONENTES PRESENTES NO PERFIL II FIGURA 18 - PESOS TOTAIS EM GRAMAS DAS CAMADAS DO PERFIL III FIGURA 19 - COMPONENTES PRESENTES EM PERFIL III FIGURA 20 - NISP E NMI DA ANOMALOCARDIA BRASILIANA PRESENTES EM MATO ALTO I FIGURA 21 - NISP E NMI DOS BERBIGÕES, PERFIL I FIGURA 22 - PESO DOS BERBIGÕES, PERFIL I FIGURA 23 - NISP E NMI DOS BERBIGÕES, PERFIL II FIGURA 24 - PESO DOS BERBIGÕES, PERFIL II FIGURA 25 - NISP E NMI DA ANOMALOCARDIA BRASILIANA DO PERFIL III FIGURA 26- PESO DA ANOMALOCARDIA BRASILIANA EM GRAMAS NO PERFIL III FIGURA 27 - TAMANHO MÉDIO DE CONCHAS POR PERFIS E CAMADAS EM MATO ALTO I. FONTE: OLIVEIRA FIGURA 28 - NMI DOS VERTEBRADOS PRESENTES EM MATO ALTO I FIGURA 29 - PORCENTAGEM ESTIMADA DA MASSA COMESTÍVEL (CONVERSÃO DE CONCHA/OSSO X CARNE) DO SÍTIO MATO ALTO I FIGURA 30 - PORCENTAGEM ESTIMADA DA MASSA COMESTÍVEL (CONVERSÃO DE CONCHA/OSSO X CARNE) PERFIL I FIGURA 31 PORCENTAGEM ESTIMADA DA MASSA COMESTÍVEL (CONVERSÃO DE CONCHA/OSSO X CARNE) DO PERFIL II FIGURA 32- PORCENTAGEM ESTIMADA DA MASSA COMESTÍVEL (CONVERSÃO DE CONCHA/OSSO X CARNE) PERFIL III FIGURA 33 - MAPA DA REGIÃO E SUAS LAGUNAS FONTE: DEBLASIS ET AL FIGURA 34 - MAPA DA REGIÃO POR VOLTA DE AP, COM O NÍVEL DO MAR 1,0 ACIMA DO ATUAL. FONTE: KNEIP FIGURA 36 - FICHA DE ANÁLISE DOS VERTEBRADOS. FONTE: ARQUIVO DE DANIELA KLOKLER

13 12 Lista de Tabelas TABELA 1 - TABELA DE DATAÇÕES DO MATO ALTO I TABELA 2 - DESCRIÇÃO DAS CAMADAS DO PERFIL I TABELA 3 - DESCRIÇÃO DAS CAMADAS DO PERFIL II TABELA 4 - DESCRIÇÃO DAS CAMADAS DO PERFIL III TABELA 5 - COMPONENTES PRIMÁRIOS PRESENTES EM MATO ALTO I TABELA 6 - COMPONENTES SECUNDÁRIOS PRESENTES EM MATO ALTO I TABELA 7 - COMPONENTES INORGÂNICOS PRESENTES EM MATO ALTO I TABELA 8 - NMI DOS VERTEBRADOS, PERFIL I TABELA 9 - NMI DOS VERTEBRADOS, PERFIL II TABELA 10 - NMI DOS VERTEBRADOS, PERFIL III TABELA 11 - TABELA DE ANÁLISE DOS OTÓLITOS TABELA 12 - SAMBAQUIS DO LITORAL SUL DE SANTA CATARINA E DATAÇÕES TABELA 13 PORCENTAGEM DOS COMPONENTES PRESENTES EM 4 SAMBAQUIS DO LITORAL SUL DE SANTA CATARINA TABELA 14 - TIPOS DE VERTEBRADOS PRESENTES NOS DIFERENTES SÍTIOS TABELA 15 - COMPONENTES PRESENTES NO PERFIL I TABELA 16 - COMPONENTES PRESENTES NO PERFIL II TABELA 17 - COMPONENTES PRESENTES NO PERFIL III

14 13 Introdução Sambaquis são sítios arqueológicos apontados como o principal registro da presença dos grupos pescadores-coletores-caçadores na costa brasileira. São caracterizados pela acumulação intencional de materiais faunísticos, principalmente malacológicos, visando crescimento, formando uns montículos de elevação arredondada, com diferentes formas e tamanhos (GASPAR 2000, 2004; GASPAR et al. 2013). Sambaquis estão distribuídos principalmente em regiões lagunares. Essas regiões possuem componentes ideais para a construção destes sítios. As construções desses sítios propiciam na paisagem uma composição diferenciada, uma vez que esses montículos se destacam na natureza pelas suas formas e/ou tamanhos. Essas construções de composição faunística nos possibilitam a exploração de diversos aspectos como: captação de recursos, processo de formação de sítio, e implantação na paisagem (KLOKLER 2012). O presente trabalho aborda o sambaqui Mato Alto I localizado no município de Tubarão no litoral sul de Santa Catarina. Este sítio foi trabalhado na década de 1990 pela equipe do projeto Sambaqui e Paisagem (DEBLASIS et.al. 1997). O material faunístico proveniente do sítio voltou a ser analisado em 2014 através do Projeto de Iniciação Científica desenvolvido pela autora 1. A partir dessas análises traçaremos algumas discussões sobre a captação de recursos, buscando contribuir para a discussão sobre a importância dos moluscos e peixes para populações sambaquieiras. No Capítulo I iremos realizar uma abordagem acerca dos sítios arqueológicos denominados sambaquis com enfoque em sua temporalidade, evolução dos estudos, seguido de discussão sobre a importância dos recursos aquáticos para esses grupos. Para completar este quadro geral, abordaremos um pouco sobre o surgimento da zooarqueologia como disciplina e sua evolução histórica, e a interação cultural humanoanimal. Desta maneira também apontaremos sobre a importância dos estudos zooarqueológicos no Brasil voltado para os sambaquis (compostos basicamente por recursos faunísticos). Adentraremos nas discussões da importância dos estudos malacológicos e ictiológicos, destacando a importância recursos para os grupos humanos na região litorânea brasileira. 1 Titulo do trabalho: Os Vestígios Faunísticos do Sambaqui Mato Alto

15 14 Em seguida, no Capítulo II apresentaremos a região sul do litoral de Santa Catarina, com uma breve discussão sobre a composição geológica da área. Apresentaremos alguns aspectos do Projeto Sambaqui e Paisagem e suas intervenções. Por fim, apresentaremos o sítio arqueológico Mato Alto I, as intervenções realizadas nele, além da sua composição e as datações obtidas. Os métodos e técnicas utilizados nesta pesquisa serão apresentados e discutidos no capitulo III. Também abordaremos a etapa realizada em campo, a proposta de amostragem e recuperação de vestígios. Por fim, discutiremos as atividades realizadas em laboratório, consistindo na triagem do material das amostras dos três perfis presentes no sítio, seguidas das classificações taxonômicas das espécies e o processamento de todo material (pesagem, contagem de NISP número de mínimo de espécimes identificados, e NMI número mínimo de indivíduos). Dando continuidade, no Capítulo IV apresentaremos os perfis do sítio Mato Alto I e suas respectivas composições. Na sequência descreveremos os dados processados, obtidos através das análises em laboratório. Começaremos com os dados das análises granulométricas do perfil I e continuamos com as análises de NISP e NMI dos vertebrados e dos moluscos, da espécie Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) por fim nos utilizaremos dos dados de conversão de carne versus carapaça/ossos. O último Capítulo abordará os resultados das análises malacológicas e ictiológicas, levando em consideração discussões biológicas e ecológicas. A fim de complementar as discussões sobre as práticas de captação de recursos por grupos sambaquieiros no litoral sul - brasileiro iremos apresentar um breve levantamento das espécies de moluscos e peixes encontrados no sambaqui e seus respectivos habitats. Por fim, dialogamos com a literatura disponível sobre outros sítios da região e do contexto litorâneo brasileiro

16 15 CAPÍTULO I Sambaquis: uma Abordagem sobre Captação de Recursos Os sítios arqueológicos denominados sambaquis estão presentes na costa brasileira há aproximadamente anos AP (GIANNINI et al. 2010). Alguns desses sítios possuem uma arquitetura considerada monumental, por se tratarem de construções com elevações que podem ter chegado até 60 metros de altura durante seu tempo de atividade, como é o caso do Garopaba do Sul (Santa Catariana) (DEBLASIS et al. 2007). Dessa forma, destacam-se no meio ao qual estão inseridos, modificando a paisagem. O estudo das relações entre seres humanos e animais, e a maneira como esses grupos exploravam o ambiente ao qual estiveram inseridos é possível graças aos estudos zooarqueológicos. Esta é a área da arqueologia fundamental para o estudo de sítios de composição faunística como os sambaquis. Os estudos zooarqueológicos no Brasil tiveram seu principal desenvolvimento nos trabalhos voltados para os sítios sambaquis (KLOKLER 2001). A seguir iremos apresentar as diferentes abordagens sobre os sambaquis e a contextualização dos estudos desses sítios no Brasil, adentrando na utilização da captação de recursos utilizados por grupos pescadores, coletores e caçadores Sambaquis - uma breve contextualização Sambaquis são amontoados de conchas construídos por grupos pescadores, coletores e caçadores costeiros pré-coloniais. Esses sítios arqueológicos são também conhecidos pelas denominações: berbigueiros, ostreiros, casqueiros ou sernambis (ROHR 1984). Sítios construídos com conchas de moluscos são encontrados em vários lugares do mundo, com nomenclaturas diferentes como, por exemplo, shellmounds nos EUA, concheros ou conchales em países da América Latina (ROHR 1984). No Brasil esses sítios são considerados os principais registros da presença de grupos précoloniais que habitaram a costa brasileira. As ocupações desses grupos ocorreram principalmente entre e anos A.P. segundo Giannini e colegas (2010).

17 16 No litoral sul brasileiro, alguns sambaquis são conhecidos por sua dimensão monumental e grande visibilidade na paisagem. De acordo com DeBlasis e colegas (1997), os sambaquis de escala monumental foram criados como marco paisagístico. Quando se pensa em funcionalidade das construções podemos atribuir sua dimensão como pontos estratégicos, possibilitando uma visibilidade ampla do local, como também poderiam ter um maior controle sobre as chegadas de cardumes (bastante útil para grupos que tem a pesca incluída na sua base alimentar) (DEBLASIS et al. 1997). Os principais locais de ocupação desses grupos estão ligados a recursos aquáticos (lagunas, desembocaduras de rios, mangues), locais abundantes em peixes, moluscos e crustáceos. A alta disponibilidade de recursos nos ambientes aquáticos é essencial para a abundância faunística local, consequentemente responsáveis pela longa permanência das ocupações humanas em suas proximidades. Para Klokler (2010) os recursos aquáticos estruturam a vida de sambaquieiros. Levando em consideração suas características físicas como: visibilidade e posicionamento próximo ao litoral, os sambaquis foram certamente, os primeiros sítios arqueológicos a serem encontrados no Brasil, chamando a atenção de curiosos, missionários e viajantes não somente pela sua característica monumental, mas também pela sua formação conchífera (KLOKLER 2001). O embate sobre a verdadeira origem dos sambaquis inicialmente se desdobra em duas correntes os naturalistas e os artificialistas, no caso da primeira corrente os pesquisadores acreditavam que se tratavam de depósitos naturais resultantes de catástrofes ou acúmulo natural de moluscos; na segunda corrente os pesquisadores defendiam a origem antrópica dos sítios. Posteriormente surge uma terceira corrente considerada mista, na qual acreditava que a origem dos sambaquis fosse uma combinação entre a ação humana e a natural (KLOKLER 2001, BARBOSA-GUIMARÃES 2003, WAGNER 2009, HILBERT 2011). Os estudos da corrente naturalista começam a ocorrer no final do século XIX, onde se acreditava que os sambaquis fossem provenientes do recuo do mar (KLOKLER 2001, BARBOSA-GUIMARÃES 2003, WAGNER 2009, HILBERT 2011). E a presença de esqueletos seria explicada como o resultado dos naufrágios (Leonardo 1938 apud Klokler 2001). Com o desenvolvimento das pesquisas arqueológicas onde obteve vários indicativos da atividade humana, a corrente naturalista perde suas forças.

18 17 De acordo com Barbosa-Guimarães (2003), entre a corrente artificialista temos os pesquisadores que acreditavam que era construções intencionais, como o Rath, que em seus estudos realizados no estado de São Paulo sistematizou o estudo desses sítios. Na época, o pesquisador convidou o imperador Dom Pedro II para visitar um sambaqui, deixando claro sua opinião de que os sambaquis eram construções feitas pelo homem resultado da coleta de moluscos, e construídos para enterrar seus mortos (BARBOSA-GUIMARÃES 2003). Em meio a todo esse desdobramento surge uma terceira corrente considerada mista, que descrevia os sambaquis como uma combinação entre a ação humana e a natural (KLOKLER 2001, BARBOSA- GUIMARÃES 2003, WAGNER 2009, HILBERT 2011). Na década de 1990 as pesquisas em sambaquis ganham força, sendo elaboradas diversas teses e artigos sobre essas ocupações costeiras. Ao considerar a composição desses sítios conchíferos acreditava-se inicialmente que a alimentação desses grupos fosse baseada em moluscos (BARBOSA-GUIMARÃES 2003). Em seus trabalhos Levy Figuti começa a pensar nos sambaquis como tendo sua alimentação baseada na pesca (FIGUTI 1993, KLOKLER 2001, BARBOSA-GUIMARÃES 2003). Bandeira em seus trabalhos no ano 2000 se utilizou dos restos alimentares para realizar abordagens para determinar as relações entre os humanos e o meio circundante e as mudanças culturais desses grupos (KLOKLER 2001). Desta forma, é perceptível que os estudos zooarqueológicas vêm se transformado e contribuindo de maneira significativa para a arqueologia com novas abordagens. Esses processos podem estariam ligados aos crescentes avanços nesta área de pesquisa, como também o número crescente de pessoas com diferentes perspectivas de interesses na atuando na área, com uma grande abrangência nos temas de pesquisas (temas que vão desde domesticação de vegetais, sedentarismo, identidade social, territorialidade e organização social). Essas diferentes abordagens nos possibilitam um maior entendimento sobre o modo de vida dos grupos que ocuparam o litoral brasileiro, uma vez que entendemos que esses grupos humanos foram verdadeiros modificadores da paisagem natural A construção das paisagens arqueológicas

19 18 Da relação entre Homem e Ambiente apropriações simbólicas do espaço são compreendidas dentro de um delimitador territorial que forma uma paisagem cultural, representada, no registro etnográfico, pelos mitos associados aos grupos humanos que mantêm uma relação duradoura com o local em que vivem (SILVA-MENDES 2007). A paisagem arqueológica surge a partir da interação entre o humano e o ambiente (ASHMORE 2008). Essas relações vão além de um uso econômico da paisagem, envolvem valores simbólicos/significado. Tratando-se de um ambiente relacionados à dinâmica cultural, sendo fruto direto dos processos sociais onde os grupos humanos estão inseridos, sendo denominada como palimpsestos de longa duração da interação humana com a terra (ASHMORE 2008). Essa construção da paisagem arqueológica é perceptível nos estudos etnográficos de grupos indígenas da atualidade, a maneira como esses grupos lidam com a paisagem e como esses locais estão diretamente ligados a memória e o reconhecimento da paisagem como lugar de memória. Podemos utilizar como exemplo, o caso do estudo realizado por Fabíola Silva ao discutir a temática com sociedades tradicionais no Pará. De acordo com Silva (2013), os estudos etnoarqueológicos são um modo de compreensão como as populações humanas exploram, transformam e gerenciam as paisagens e os recursos, tais comportamentos resultam na formação dos registros materiais. Ao se pensar em como as paisagens arqueológicas foram manipuladas é necessário entender que as sociedades passadas possuem uma lógica diferente do mundo ocidental (LÉVI-STRAUSS 1989). Desta forma, a maneira como esses povos compreendem o significado de lugar também é diferente. De acordo com Fagundes (2009), o manejo da paisagem envolve questões que extrapolam as condições adaptativas e de subsistência, como muito se pensou (RATZEL apud CARVALHO 1987), porém há muito a ser superado (MAUSS 1974; BINFORD 1982). Esses autores e outros relacionam os aspectos da ordem cognitiva ao apego sentimental ao lugar, as escolhas, estratégias, políticas ou ritualísticas, enfim faz parte de uma rede de significação infinita. O lugar é a junção em que ambientes pessoas e significado convergem em escalas múltiplas e, no processo, criam um registro de comportamento, percepção e cognição humana (ZEDENÕ & BOWSER 2009).

20 19 De acordo com Binford em Archaeology of Places (1982), o arqueólogo deve expandir suas análises para além do sítio arqueológico 2, compreendendo as características dos espaços topográficos em que diferentes tipos de sítios (e não-sítios). Contudo, o estudo da paisagem arqueológica está diretamente ligado ao entendimento das relações existentes entre humanos e seus ambientes como já afirmarmos aqui (e.g. SILVA 2013). Estes estudos envolvem questões complexas sobre as maneiras com que os grupos pré-históricos, conscientemente ou não, moldaram seus espaços sociais e culturais, situações que envolvem uma variedade de processos tanto relacionados à organização deste espaço quanto a sua modificação em função de uma diversidade de propósitos que incluem subsistência, questões de ordem econômica, social, política, cognitiva, simbólica ou religiosa (FAGUNDES 2009). Para realização do estudo da paisagem em arqueologia é necessário a utilização de diferentes áreas do conhecimento. Para os estudos arqueológicos de contextos précoloniais faz-se necessária a compreensão da paisagem onde se inserem os sítios em estudo, podendo partir de uma perspectiva natural, isto é, na sua materialidade, ou quanto em sua condição simbólica (FAGUNDES 2009). As paisagens, de grosso modo, foram (no momento de ocupação) e devem (no seu estudo) ser pensadas, interpretadas, e simbolizadas e os grupos que as ocuparam fizeram parte de um todo de uma organização social para sua existência (FAGUNDES 2009). Enfim, o estudo arqueológico destes diferentes tipos de sítios, deixa evidente a maneira como esses grupos exploraram o ambiente e os recursos nele presentes, configurando o que chamamos de paisagem arqueológica. 2 Tradução nossa.

21 O estudo da Captação de Recursos a partir dos grupos humanos (...) grupos humanos passam a explorar de forma mais intensiva os recursos aquáticos dos oceanos e zonas estuarinas, sobrevivendo de uma dieta baseada em peixes, crustáceos, moluscos e mamíferos aquáticos (SILVEIRA; SCHAAN 2005). Os recursos presentes na natureza sempre foram manipulados de alguma forma pelos os grupos humanos, e a relação entre humanos e natureza nos deixaram registros arqueológicos, como é o caso dos sambaquis no litoral brasileiro. Através desses registros podemos compreender as interações desses povos. Os sambaquieiros se utilizaram dos recursos naturais de diversas formas, desde alimentação à construção dos próprios sítios. No litoral sul brasileiro quatros grandes mudanças no nível do mar resultaram em uma série de depressões ocupadas por lagunas, lagoas e lagos, e acumulações de areia formando cordões de dunas paralelas à costa (FARION 2007). Todas essas alterações propiciaram ao litoral um habitat ideal para a manutenção fauna local, possibilitando aos povos que ocuparam o litoral a permanência dos recursos necessários para a sobrevivência desses grupos humanos. O território de captação de recurso é determinado de acordo com a probabilidade e/ou intensidade de exploração da área; na medida em que os recursos básicos diminuem, e a distância a explorada automaticamente aumenta, não é rentável o investimento de energia gasto na procura dos recursos, portanto geralmente os grupos deixam de explorar essas áreas (SANJUAN 2005 apud SILVA 2009). Desta forma, podemos inferir que a área de captação de grupos humanos está diretamente ligada à presença de recursos alimentares básicos. A análise da área de captação de recursos é uma técnica criada para estudar a área imediata que rodeia um sítio e que pode ter sido explorada pelos habitantes do mesmo (SILVA 2009). Podemos compreender a análise da área de captação de recursos como a tentativa de realizar uma descrição total dos elementos de um sítio e seus lugares de procedência, ou seja, é a reconstituição arqueológica dos padrões de interação dinâmica entre um dado nicho ecológico (a natureza e seus recursos) e uma comunidade humana (sua tecnologia, população, organização socioeconômica, etc.) (SILVA 2009).

22 21 Para avaliar a forma de captação de recursos dos grupos humanos se tem proposto vários modelos, de diferentes complexidades e elaborações. Neste trabalho optamos realizar o modelo proposto por Kent Flannery, et al o autor combinou a análise de captação e a análise de território de exploração em seu trabalho em Oaxaca (SILVA 2009). O método utilizado por ele teve como base os recursos documentados no assentamento, partindo da análise dos materiais documentados no sítio, questionando em que pontos mais próximos ao sítio poderiam ser encontrados tais recursos, estabelecendo a área de suporte do sítio (SILVA 2009) Os estudos faunísticos baseados nas zooarqueologia (seu surgimento como disciplina e conceitos) O termo zooarqueologia engloba aspectos diversos, como o estudo da domesticação, a alimentação humana, os rituais funerários e as manifestações artísticas (CHAIX e MÉNIEL 2005). A zooarqueologia é uma disciplina da arqueologia que estuda as relações entre humanos e animais, sejam elas ocupações pré-coloniais ou pós-contato (históricas). Essas interações são bastante perceptíveis na história da evolução da humanidade, onde os primeiros registros desses contatos são evidenciados no continente africano há aproximadamente 2,5 milhões anos AP com os primeiros hominíneos (LEWIN 1999). Inicialmente através de informações da inclusão de carne na alimentação pelos Australopitecus (LEWIN 1999), seguido dos Homo; sendo que o contato com os animais estava voltado principalmente para a alimentação (MITHEN 1998; LEWIN 1999). Com o Homo sapiens o contato vai além da alimentação. Podemos notar a inclusão dos animais no meio cultural, através das domesticações, a criação de ferramentas de ossos, rituais funerários, entre outros (ARSUAGA 2005). Embora a relação entre os humanos e os animais seja algo que se perpetua há milhões de anos, o surgimento da disciplina que estuda essa interação é relativamente recente; com o seu desenvolvimento a partir do século XX (CHAIX e MÉNIEL 2005). Podemos enfatizar a presença de três escolas (Alemã, Americana e Inglesa) muito importantes para o desenvolvimento da zooarqueologia (CHAIX e MÉNIEL 2005). Na

23 22 Alemanha, a escola que inicia em Munique, estava voltada para os trabalhos zoológicos. (CHAIX e MÉNIEL 2005). A escola inglesa se utilizava da interdisciplinaridade tendo a sedimentologia e a palinologia um papel importante. Seu principal pesquisador foi Davis, sua melhor descrição da disciplina foi exposta em sua obra The Archaeology of Animals (1987), considerando os animais como elementos do espaço arqueológico (CHAIX e MÉNIEL 2005). Foi com base nos estudos de Gautier e das escolas citadas acima, na qual foram propostas as definições para a realização das pesquisas em arqueozoología (CHAIX y MÉNIEL 2005). Dentro da disciplina arqueozoología e de outros estudos de restos de animais recuperados em etapas arqueológicas, foram pensadas as seguintes etapas de investigação: - O reconhecimento e a descrição das espécies animais e com quais grupos humanos se relacionaram; - O estabelecimento da natureza e das relações entre grupos humanos e espécies animais nos sítios arqueológicos (caça, pesca criação de gado, comércio, etc.) e o uso do mesmo (alimentação, matéria prima, ritos, força de trabalho, etc.); - Abordar as consequências biológicas, ecológicas das intervenções humanas sobre as espécies animais (raças domesticadas, modificações do meio ambiente, etc.); - A contribuição dos conhecimentos dos grupos sobre o meio ambiente, de seu habitat, do modo de vida e da demografia, etc. Essas definições citadas acima contribuem diretamente para o desenvolvimento dos estudos zooarqueológicos, uma vez que iniciam as discussões sobre as relações diretas entre os grupos humanos e animais, dando uma nova luz aos novos estudos. Para a realização dos estudos zooarqueológicos foram necessários a adoção de classificações e termos advindos da biologia, como é o caso da classificação de categoria ao qual os animais são inseridos (mamíferos, aves, anfíbios, repteis peixes e as conchas de moluscos).

24 23 Os primeiros trabalhos zooarqueológicos relacionavam os vestígios faunísticos a refugos alimentares, porém com o desenvolvimento de novas perspectivas teóricas houve a constatação da importância dos animais para grupos humanos, em outras áreas da vida (CHAIX e MÉNIEL 2005). Entender os vestígios faunísticos puramente como restos alimentares limita o potencial desses para com os grupos humanos, assim como as nossas interpretações enquanto arqueólogos. Além de todas as questões que podem ser respondidas pelos estudos de restos faunísticos, como alimentação, mobilidade, sazonalidade, captação de recursos, o estudo da zooarqueologia visa compreender as relações entre os humanos e os animais Os estudos zooarqueológicos em sambaquis no Brasil Os sambaquis são sítios arqueológicos formados basicamente por vestígios faunísticos, principalmente por conchas de moluscos e ossos de peixes. Os estudos desses remanescentes demonstram a abundância dos recursos ambientais no entorno dos sítios arqueológicos, sendo a maior parte da fauna encontrada nos sítios arqueológicos coletadas pelos grupos em seu entorno (KLOKLER 2001). A valorização dos estudos zooarqueológicos nas pesquisas brasileiras em sítios conchíferos trouxe novas abordagens que permitiram a ampliação dos nossos conhecimentos sobre as populações pré-coloniais (KLOKLER 2001). Segundo Klokler (2001), além da zooarqueologia estudar a alimentação dos grupos pré-coloniais ela pode trazer informações sobre a formação dos próprios sítios. As análises zooarqueológicas podem nos possibilitar o entendimento dos mecanismos de coleta, utilização e deposição dos vestígios faunísticos nos sítios arqueológicos;informações que também podem ajudar a caracterizar a relação entre seres humanos e o meio ambiente. Realmente são inúmeras relações, podendo ser simbólicas, econômicas, influenciando interações sociais. Os estudos zooarqueológicos utilizam-se da interdisciplinaridade com outras áreas como a biologia, zoologia, geologia, geografia, entre outras disciplinas, contribuindo ainda mais para o enriquecimento dos estudos. Segundo Klokler (2012), os sambaquis mostram-se como o ambiente ideal para o estudo de padrões de subsistência pré-coloniais pela sua riqueza em recursos

25 24 faunísticos. Entre os vestígios presentes nos sambaquis mais comumente temos moluscos bivalves (berbigões, ostras, mariscos), gastrópodes, peixes e crustáceos. Dessa forma, os estudos dos remanescentes faunísticos presentes nos sambaquis (moluscos e peixes) nos possibilitam um melhor entendimento do ambientes e paisagem. Os estudos zooarqueológicos no Brasil nascem e se desenvolvem a partir dos estudos de sítios costeiros (KLOKLER 2001). Dessa forma, optamos por pontuar alguns trabalhos que tiveram grande importância nos estudos zooarqueológicos em sambaquis. Garcia (1970) estudou o sítio Piaçaguera localizado no litoral de São Paulo, trabalhou com o estudo de subsistência das populações litorâneas utilizando os vestígios faunísticos, desta forma pode ser considerado o pioneiro por tratar da questão de subsistência em populações costeiras. O autor em sua tese tenta abordar a possibilidade de sedentarismo no grupo, porém não levou o trabalho adiante, por falta de um evidencia conclusiva; Garcia (1972) trabalhou com os sítios Piaçaguera e Tenório, na avaliação do grau de adaptação ecológica dos grupos que habitaram os respectivos sítios (KLOKLER 2001). Em 1975, Schoor (1975) estudou 7 sítios cerritos no sudeste do Rio Grande do Sul, com a identificação dos recursos usados na alimentação e locais de os abastecimentos dos povos. Em seu trabalho evidenciou a importância das lagoas como áreas de exploração dos peixes, uma vez que são os elementos mais consumidos (KLOKLER 2001). Em 1991, Lima apud Klokler (2001), elaborou pesquisas em sítios conchíferos no litoral sul do Rio de Janeiro, em ilhas da Baía da Ribeira, com uma pesquisa que procurava elementos para determinar a relação entre o humano e o meio e as evidencias de mudança cultural dos grupos humanos através dos restos alimentares. Em 1992, Bandeira trabalhou com o sítio Enseada I, localizado em São Francisco do Sul, Santa Catarina, procurando por indicativos de padrões de subsistência (KLOKLER 2001). No ano de 1997, Bonetti analisou a dieta alimentar dos grupos pescadores-caçadorescoletores que ocuparam o Vale do Ribeira, procurando identificar alguma mudança, o autor conclui que os grupos passaram a depender mais dos peixes do que dos moluscos em determinado momento, porém o estudo não foi conclusivo, pois a metodologia utilizada não era apropriada para alcançar os objetivos proposto (KLOKLER 2001). Em seus trabalhos Figuti (1989, 1992, 1993) indica que as populações costeiras sempre tiveram sua alimentação baseada na pesca, sendo o primeiro pesquisador no

26 25 Brasil a realizar a conversão do peso das carcaças dos animais para o peso de matéria comestível salientando a importância da pesca e da coleta para as populações costeiras (KLOKLER 2001). O autor em seus trabalhos salientava a necessidade da padronização metodológica nas pesquisas zooarqueológicas para uma possível comparação dos dados e a confirmação das hipóteses referente às pesquisas em sambaquis (KLOKLER 2001). Em 1996, Figuti e Klokler analisam o processo de construção de Espinheiros II (Joinville) baseado nos vestígios faunísticos, onde são identificados dois episódios diferentes na sua construção, refletidos através dos diferentes modos de acumulação das conchas. E os mesmos evidenciam a pesca como principal atividade de subsistência. Em 2001, Klokler pesquisa o sambaqui Jabuticabeira II, localizados em Jaguaruna no estado de Santa Catarina, visando estudar o processo de formação de sítio, a autora trata a acumulação das diferentes camadas estratigráficas como resultante dos rituais funerários presentes no sambaqui. Acreditamos que o crescente trabalho em sítios arqueológicos de composição faunística tenha contribuído para a valorização das pesquisas zooarqueológicas e ampliação dos temas abordados permitindo ampliar nossos conhecimentos sobre as populações humanas, principalmente grupos costeiros pré-coloniais As conchas e os peixes dentro dos estudos zooarqueológicos Atualmente conhece-se mais de espécies de moluscos, e mais de espécies de peixes, apresentando-se de uma maneira mais numerosa do que as espécies mamíferas nos registros arqueológicos (CHAIX e MÉNIEL 2005). Os representantes do filo Mollusca constituem o segundo maior grupo zoológico conhecido pela ciência. Os moluscos são caracterizados pela presença de concha sólida (conhecida como carapaça), composta essencialmente por carbonato de cálcio, que serve de proteção. Dentre os moluscos temos os terrestres, de água doce, ou marinha (CHAIX e MÉNIEL 2005; COLLEY et al. 2012). A ictiologia compreende o estudo do desenvolvimento, da estrutura e de seus hábitos, a classificação dos diferentes tipos de peixes e o estudo de sua distribuição geográfica e suas relações com o meio ambiente. Nos estudos dos peixes observamos que é possível realizar uma boa estimação da idade do animal, assim como a estação em que foi capturado (CHAIX e MÉNIEL 2005). Essa grande

27 26 quantidade e variedade de suas espécies de moluscos ratificam a importância das pesquisas zooarqueológicas em sítios sambaquis. Os moluscos são fundamentais para a manutenção do ecossistema ao qual estão inseridos. Estão entre os animais mais evidentes e relacionados à sociedade humana, desde as ocupações mais antigas até os dias atuais, sendo importantes como recursos econômicos (COLLEY et al. 2012). Os recursos aquáticos foram amplamente utilizados por grupos antigos no mundo, cujo uso foi da alimentação aos materiais construtivos, simbólicos, sagrados, entre outros. Um dos fatores que possa ter contribuído para a utilização dos moluscos por muitos grupos humanos seja sua abundância e riqueza nos ambientes aquáticos. Nas comunidades litorâneas os peixes e os moluscos representam um importante papel cultural: podendo estar ligado as construções dos sítios, a alimentação dos grupos e ao fator simbólico (KLOKLER 2001). Pesquisas arqueológicas têm evidenciado essa importância para esses grupos antigos (FIGUTI e KLOKLER1996, KLOKLER 2001, PAVEI et al. 2005, BARBOSA-GUIMARÃES 2007, NISHIDA 2007). Podemos citar como exemplo de ligação simbólica com os peixes os grupos que ocuparam o sambaqui Jabuticabeira II (localizado na mesma região do Mato Alto I) (KLOKLER 2001; NISHIDA 2007). Esse sítio possui grande concentração de sepultamentos. Ao realizar as análises faunísticas referentes aos vestígios advindos dos rituais funerários Klokler quantifica os vestígios como sendo 75% deles peixes. A autora afirma que os depósitos associados aos enterramentos seriam resultado de grandes banquetes realizados em homenagem aos mortos (KLOKLER 2010). Apesar de toda essa importância, os peixes têm sido muito subestimados entre os vertebrados presentes nas escavações arqueológicas e, às vezes até ignorados. Isto se deve a várias razões: como a fragilidade e o tamanho das peças ósseas (CHAIX y MÉNIEL 2005). Podemos perceber que a ausência de uma padronização em pesquisas zooarqueológicas unido a carência de profissionais nesta área devam ter contribuído para o esquecimento da importância dos vestígios ictiológicos na pesquisa arqueológica. Outro dado importante sobre os peixes é a possibilidade de estimação de peso e tamanho através dos esqueletos dos mesmos. Em seus trabalhos, Levy Figuti foi o pioneiro dessas transformações no Brasil, trazendo uma visibilidade para esses dados.

28 27 Sua pesquisa possui uma grande contribuição para o entendimento do consumo de peixe entre esses povos em períodos mais remotos.

29 28 CAPÍTULO II Mato Alto I: um Sambaqui do Litoral Sul de Santa Catarina O litoral meridional de Santa Catarina possui uma composição geológica com um mosaico de lagoas, paleolagunas e lagos e essa constituição influenciou diretamente para a composição de um ambiente ideal de diversificação da fauna local. Essa composição ajudou a criar um ambiente propicio para a construção e permanência das ocupações sambaquieiras (GIANNINI 2010). Durante os anos de 1997 a 1999 foram realizadas intervenções arqueológicas em alguns municípios do litoral sul de Santa Catarina, entre eles Jaguaruna, Laguna e Tubarão. O projeto Sambaqui e Paisagem, sob coordenação de Paulo DeBlasis e Madu Gaspar, entre outros e pesquisou diversos sambaquis da região, inclusive Mato Alto I, o sítio abordado nesta pesquisa Projeto de Intervenção Arqueológica Sambaqui e Paisagens O projeto arqueológico Sambaqui e Paisagem realizada através da parceria de distintas instituições: o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), o Museu Nacional da Universidade do Rio de Janeiro (MN-UFRJ) e o Arizona State Museum da Universidade do Arizona (ASM-UA), com a participação de pesquisadores do National Forest Service (NFS-CNP) entre outros. O projeto, iniciado em 1997, teve como coordenadores: Paulo DeBlasis (MAE), Maria Dulce Gaspar (MN), Paul R. Fishe Suzanne K. Fish (ASM). O projeto teve como principal objetivo: investigar um conjunto de sambaquis; o processo de formação dos mesmos; desenvolver procedimentos de pesquisa de campo minimizando o impacto nos sítios e estimular sua preservação enquanto patrimônio arqueológico e ambiental e através dos estudos etnoarqueológicos; além da comparação entre as populações sambaquieiras e as comunidades pescadoras contemporâneas dessa região (DEBLASIS et al. 1997).

30 O Litoral Sul do Estado de Santa Catarina O litoral do estado de Santa Catarina (figura 01) contém uma concentração de sambaquis, despertando assim o interesse no desenvolvimento de pesquisas arqueológicas no estado. A região é caracterizada pela ocorrência de planícies costeiras quaternárias, terraços marinhos arenosos e depósitos eólicos arenosos (dunas) (DEBLASIS et al. 1997). Os sítios arqueológicos da área são compreendidos pela grande variedade de volumes, formas e composições, tornando-se os principais testemunhos de algumas ocupações litorâneas, destacados pela concentração de sítios (DEBLASIS et al., 2007). A região estudada pelo projeto Sambaquis e Paisagem está demarcada pelos municípios de Laguna, Tubarão e Jaguaruna (figura 1). Nessa região encontra-se um complexo mosaico de processos deposicionais eólicos, lagunares e marinhos interdependentes (GIANNINI 2010). O sistema lagunar abrange um conjunto de lagunas que se comunicam. Entre elas destacamos as lagoas de Santa Marta e Garopaba do Sul, e uma sequência de lagos residuais de antigas lagunas (KNEIP2010). Figura 1- Região estudada pelo projeto Sambaqui e paisagens. Fonte: Google Earth.

31 30 A área é banhada pelas bacias hidrograficas do rio Tubarão e dos rios Capivari e Cubículo, além dos lagos e lagunas (OLIVEIRA 2010). A principal bacia de drenagem é do rio Tubarão, que pode ser classificado como um rio de planície, apresentando boas condições fluviais (CARUSO JR 1995). A região apresenta uma grande ocorrência de dias de chuvas, ocasionando numa não definição de uma estação de seca definida. No verão temos a estação mais chuvosa, e no inverno temos um menor período chuvoso KLOKLER (2001). De acordo com a Epagri (2002) et al Marques (2010), a partir da caracterização climática de Köepen, a região se enquadra-se no tipo climático: Subtropical Mesotérmico Úmido e Verão Quente Cfa. Com variação na temperatura média 12 C, nas localidades mais altas, a 20 C, nos locais de menores altitudes, a umidade relativa média fica entre 80 e 84%, com insolação variando de 1600 a 2200 horas por ano de radiação solar (MARQUES 2010). De acordo com Marques (2010), a cidade de Tubarão localiza-se sobre a Planície Colúvio Aluvionar que se equivale a uma superfície plana com uma suave rampa para leste, formada sobre depósitos de transição entre influências continentais e marinhas. As áreas de influência continental apresentam predomínio de modelados planos convexizados e formas de topos planos e baixos tabuleiros, enquanto naqueles de influência marinha, ocorrem terraços marinhos e baixos tabuleiros com topos remobilizados pela ação eólica (ROSA; HERRMANN, 1986 et al MARQUES 2010).Na planície flúvio-marinho-lagunar, o material mineral é construído de areias, siltes e argilas, de natureza mista, que geram lamas e lodos com grande percentagem de matéria orgânica em decomposição (ISSLER; FERNANDES; FREIRE 1986 et al MARQUES 2010) (figura 2). A área está localizada na costa atlântica, na porção meridional do estado de Santa Catarina, a região delimitada nesta pesquisa foi descrita por Ab'Saber (2006) como parte integrante de um setor da costa brasileira conhecida como "litoral de Laguna", seguindo desde Garopaba, passando por Imbituba e se estende até o sul do conjunto de lagunas meridionais catarinenses (ASSUNÇÃO 2010).

32 31 "Região de praias sincopadas, entre paredões de maciços costeiros que foram paleoilhas. Pequenas lagoas no reverso dos maciços costeiros, entre feixes de restingas 3 de antigas enseadas marinhas (...) (Ab Saber 2006). Figura 2 - Mapa geológico da área. Fonte: Oliveira A área abriga um ambiente de laguna dinâmico, facilitando assim as recorrentes ocupações do litoral. De acordo com DeBlasis e Gaspar (2008/2009), a área de concentração dos sambaquis é marcada pela presença de grandes ambientes lagunares, 3 É uma planície arenosa costeira, de origem marinha (incluindo praia, cordões arenosos, depressões entre cordões, dunas e margem de lagunas), com vegetação adaptada ás condições ambientais (site:zonacosteira.bio.ufba.br) acessado em 23/01/2018.

33 32 planícies de restingas e elevações cristalinas. Os sistemas lagunares estão diretamente ligados as ocupações desses grupos. Segundo DeBlasis (1997) na região de Laguna e Jaguaruna existem extensos campos de dunas fósseis ou paleodunas, cobertos por vegetação. Alguns sambaquis estão assentados na região citada acima como na região de Santa Marta. Nesta mesma região encontra-se um amplo lençol conchífero natural, chamado Jabuticabeira (DEBLASIS et al. 1997) Discussões acerca de trabalhos realizados na área do projeto Sambaqui e Paisagem Em seus trabalhos os autores Rohr (1969), Kneip (2004) e Giannini et al. (2010) discutem a formação geológica da área e a formação dos sambaquis da região sul de Santa Catarina. Rohr classificou os sambaquis do litoral sul de Santa Catarina em cinco grupos diferentes, levando em consideração as formas e composições e implantação dos sítios na paisagem. Andreas Kneip realizou a construção de um SIG (Sistema de Informação Geográfica) com o qual discutiu a formação costeira baseado na transgressão marítima, abordando em seus estudos a influência do recuo na formação geológica e ocupação pré-colonial da área. Através das informações geomorfológicas, geológicas e topográficas integradas no SIG, permitiram ao autor simular a movimentação do nível do mar (NMM) do período de anos AP até o momento atual (KNEIP 2004). Paulo Giannini e colegas usaram como referência os dados geomorfológicos da região, e a formação costeira no período do quaternário, relatando a formação da área através dos levantamentos sistemáticos dos sítios e datações, identificando os padrões de distribuição espacial nos sambaquis da região. Em suas conclusões Paulo Giannini e colegas identificaram nos sítios da região cinco contextos geológico-geomorfológicos, três padrões estratigráficos e quatro fases de ocupação sambaquieira com base na quantidade de sítios e no tipo de padrão construtivo (GIANNINI et al. 2010). Essas discussões contribuíram para uma melhor compreensão da área arqueológica estudada por vários pesquisadores. Ao classificar os sambaquis do litoral de Santa Catarina, Rohr (1969) inseriu Mato Alto I no Grupo II, ou seja, sítios formados principalmente por Anomalocardia

34 33 brasiliana (Anomalocardia brasiliana), porém com uma quantidade considerável de ostras (Ostrea sp). Os sítios deste grupo não são sambaquis de grandes elevações, porém podem apresentar grandes extensões, e encontram-se localizados sobre paleodunas ou encostas. Em geral possuem enterramentos numerosos, variando de acordo com cada sítio. Rohr descreve que em alguns sítios a camada superior possui como material construtivo sedimento de coloração preta (Cabeçuda, Carniça I, II, III, e IV, Congonhas I, II, e III, Jabuticabeira I, II, e III, Mato Alto I e II, Morrote, Ponta do Morro Azul, Porto Vieira I, e II, Riachinho e Santa Marta Pequeno). A seguir temos as descrições dos outros respectivos grupos. No grupo I são classificados os sambaquis formados principalmente de Anomalocardia brasiliana (Anomalocardia brasiliana). Alguns são longos e extensos. Geralmente se localizam a 1 km da praia, na extensão da barreira holocênica (que separa o mar da lagoa), com um grande número de enterramentos. O grupo III é formados por dois sambaquis, compostos principalmente por conchas de mariscos brancos localizados a cerca de 100m da praia (não foram localizados pelos integrantes do Projeto Camacho).Junto às conchas encontram-se lascas de sílex e cerâmica. Apresentam-se a cerca de 200m da linha da praia atual, e a 1 km dos sambaquis do grupo I. O grupo IV é formado por dois sambaquis, compostos por conchas de Donax sp. Com uma indústria lítica classificada por Rohr (1969) como pobre. E no grupo V os sítios possuem uma composição na qual é notada a falta de preferência por um tipo especifico de molusco. São sambaquis semi-enterrados ou semi-submersos. Em seu trabalho Kneip (2004), leva em consideração a classificação realizada por Rohr, porém acrescenta o estudo sobre a transgressão marinha, onde o nível médio marinho caiu aproximadamente 2 m acima do zero atual. De acordo com os dados obtidos em trabalho, Kneip (2004) separou os grupos de sambaquis da região de acordo com sua cronologia. O sambaqui Mato Alto I, esteve ativo entre aproximadamente AP e anos AP (figura 03) AP. Durante esse tempo de ocupação outros sambaquis estudados pelo projeto também estiveram ativos. Por exemplo, temos o Carniça I, Caieira, Congonhas I, Congonhas II, Garopaba do Sul, Jabuticabeira I, Jabuticabeira II, Mato Alto I e Morrote.

35 34 Figura 3 - Mapa da região por volta de AP, com o nível do mar 1,0 acima do atual. Fonte: Kneip O período de AP no qual o Nível Médio do Mar esteve a 1,0 m acima do atual, configura o momento em que houve um maior número de sambaquis ativos na área (Carniça I, Caieira, Congonhas I, Congonhas II, Garopaba do Sul, Jabuticabeira I, Jabuticabeira II, Mato Alto I), nesse período estiveram ativos sambaquis considerados pequenos como é o caso do Mato Alto I e os sambaquis monumentais como a Jabuticabeira II e Garopaba do Sul. O Jabuticabeira II é considerado sambaqui monumental funerário (KLOKLER 2001; NISHIDA 2007; VILLAGRAN 2010), e o Garopaba do Sul é considerado monumental pela sua elevação, chegando a ter mais de 60 metros (DEBLASIS et al. 2007; JUSTINA 2015). No período de AP o Nível Médio do Mar estava 0,5 m acima do atual, o Mato Alto I ainda estava ativo, porém a concentração de sambaquis ativos na área era bem menor (Carniça I, Congonhas III, Jabuticabeira II, Mato Alto e Morrote), esse período configurava o momento inicial da retração e desaparecimento desses grupos no litoral (figura 4).

36 35 Figura 4 - Mapa da região por volta de AP, com o nível do mar 0,5 acima do atual. Fonte: Kneip De acordo com Giannini e colaboradores (2010), a parte costeira da região sul de Santa Catarina, é formada por quatros sistemas deposicionais do quaternário costeiro, são eles: Barreiras (ou Barra-Barreiras), Planície Costeira (ou de Cordões), Lagunas holocênico e Eólico, descritos sucintamente abaixo. O sistema lagunar holocênico abrange lagunas intercomunicáveis e uma série de lagos de lagoas residuais de antigos fundos lagunares, os quais integraram complexos de lagunas interligados durante níveis do mar mais alto que o atual. Esse sistema deposicional foi formado por dois processos distintos: isolamento parcial do corpo d água por formação de uma barreira arenosa e afogamento de vales de dissecação preexistentes. A formação resultada destes dois processos denominados baía-laguna e vale laguna. A baía-laguna abrange as lagoas Garopaba do Sul, Camacho e Santa Marta.

37 36 De acordo com os estudos de Giannini e colegas (2010), o sambaqui Mato Alto I está inserido na área de formação pelo sistema lagunar holocênico, pela sua localização próxima a lagoa do Camacho. Desta forma, podemos compreender que os grupos PCC utilizavam como estratégias de ocupação a preferência de áreas que se apresentam como terrenos elevados, em meio ou próximos as lagunas (KNEIP 2004; DEBLASIS et al. 2007; GIANNINI et al. 2010) O Sambaqui Mato Alto I O sítio Mato Alto I (figura 5) está localizado no município de Tubarão. Esse sambaqui já foi conhecido como: Passo do Gado (ROHR 1969). De acordo com DeBlasis e colegas (1997) e Kneip (2004), o sítio está georeferenciado pelas coordenadas: 22J E m S m, com dimensão atual de 300m por 80m de base e 6 m de altura, perfazendo metros quadrados. É considerado um sambaqui monticular de acordo com Assunção (2010). Durante as prospecções foi localizado um pequeno sítio nomeado Mato Alto II a cerca de 60 metros do primeiro. Durante as intervenções foram aproveitados os barrancos localizados na frente e na lateral do sítio para a abertura de dois perfis, o primeiro perfil com 4 metros por 5 de altura, o segundo 2,5 por 5 metros de altura e o terceiro perfil alcançou sua a base do Mato Alto I (KLOKLER 2015). Mato Alto I composto por solo argiloso de coloração marrom, com um nítido contraste em relação à cor, composição e textura com as camadas superiores do sambaqui (DEBLASIS et al. 2007). O Mato Alto I foi parcialmente delimitado pelo projeto Sambaqui e Paisagem, durante as intervenções realizadas foram recuperadas amostras de sedimentos totais para análises estratigráficas e datações. Datações radiocarbônicas indicam que Mato Alto I foi construído há aproximadamente anos atrás (GIANNINI et al. 2010). De acordo com Fish e colegas (2000) no sítio Mato Alto I podemos observadas uma datação de anos AP na base do Perfil II, e anos AP no Perfil I/estrato 2, datações realizadas por carvões (Tabela 1).

38 37 Figura 5 - Localização do sambaqui Mato Alto I. Fonte: Google Earth, foto de Tabela 1 - Tabela de datações do Mato Alto I. Mato Alto I Datações Idade Local (anos AP) Base do perfil II Perfil I/estrato 2 Fonte: Fish e colegas Material Código do Sigma + Referência datado laboratório Sigma Carvão Az Fish e colegas (2000) Carvão Az Fish e colegas (2000) O Mato Alto I encontra-se sobre uma encosta de serra (figura 6). De acordo com DeBlasis e colegas. (1997), o sítio foi bastante danificado ao longo do tempo, mas principalmente nos anos 80 quando, segundo informantes, foram retiradas grandes quantidades de sedimentos da parte mais elevada do sambaqui pela prefeitura local, para a utilização do material na construção civil, devido ao seu potencial construtivo. O cemitério da vila local encontra-se localizado sobre parte do sítio atualmente.

39 38 Figura 6 - Sítio Mato Alto I. Fonte: Klokler De acordo com os dados de DeBlasis e colegas (1997) foi encontrado um sepultamento no sambaqui, porém não foi possível realizar a identificação quanto ao sexo e faixa etária do indivíduo. A partir da contextualização da área e do Mato Alto I apresentados acima, vamos apresentar no capítulo seguinte as informações acerca dos procedimentos metodológicos de realizados em campo e em laboratório.

40 39 CAPÍTULO III - Metodologia Neste capítulo discutiremosas estrategias adotadas para o processamento e análise do material arqueofaunístico do sítio Mato Alto I. Segundo Klokler (2013), durante o desenvolvimento de metodologia em estudos zooarquelógicos deve-se considerar alguns fatores que são importantes:adequação dos métodos, representatividade e padronização das amostras, e cuidado na definição de índices de quantificação; todos fatores fundamentais para responder às questões da pesquisa. A partir das análises faunisticas traçaremos algumas discussões sobre a captação de recursos, buscando destacar a importância dos moluscos e peixes para populações sambaquieiras Métodos realizados em campo. A probabilidade de resultados mais sólidos para qualquer pesquisa depende de fatores que vão desde métodos escolhidos, quantidade e qualidade das amostras (SCHEEL-YBERTet. al 2005/2006). A padronização da coleta é considerada a mais eficiente para o estudo da matriz sedimentar dos sambaquis em geral, possibilitando uma melhor identificação de variações dos componentes das camadas (FIGUTI e KLOKLER 1996). A estratégia de coleta de amostragem realizada em Mato Alto I tem o mesmo padrão discutido e descrito por Figuti e Klokler (1996), Klokler (2001; 2013) e Scheel-Ybert e colegas (2005/2006). A recuperação de amostras representativas é fundamental para a validade dos resultados e sua subseqüente interpretação, evitando assim a distorção ou subestimação dos dados. Acreditamos que não exista uma metodologia correta, universal, mas sim a mais adequada para os propósitos de determinada pesquisa (KLOKLER 2001).Desta forma as amostras faunísticas são tratadas como amostras de sedimentos, evitando a seleção de resto de animais específicos (podendo ser o mais preservado ou mais conhecido). A amostragem de vestígios em sambaquis vem sendo muito discutidapor pesquisadoresnas últimas décadas (KLOKLER 2001e 2013; NISHIDA 2007; SCHEEL-YBERT 2005/2006), trazendo grandes contribuições referentes a utilização de

41 40 métodos adequados para estes sítios particulares.uma vez que sambaquis possuem uma composição basicamente faunística, isso reforça a necessidade depensar em estratégias específica para sítios com esta composição. Ao realizar trabalhos sobre padronização de amostragem Klokler e Nishida (2016), concluíram que não é o tamanho da amostra que garante a qualidade da pesquisa, uma vez que amostras muito grandes tendem a apresentar resultados redundantes, enquanto as amostras muito pequenas podem não possuir diversidade taxonômica. As autoras chegaram à conclusão que a padronização do volume de coleta das amostragens é indispensável para garantir a realização de uma boa pesquisa, pois a recuperação de amostras representativas é fundamental para a validade dos resultados e posteriormente sua interpretação. Klokler (2008,2013) e Klokler e Nishida propõem que amostras de 8 litros seriam a mais apropriadas para capturar a diversidade taxonômica das especies em grandes sambaquis. A utilização de amostragem por colunas é a mais interessante para estudar a matriz sedimentar do sítio, pois permite a verificação vertical das mudanças na deposição das camadas durante a formação do sambaqui (CASTELL 1970; CLAASSEN 1991; WASELKOV 1987 apud KLOKLER 2001). A coleta é realizada através de amostras de totais sedimentos totais, evitando assim uma seleção dos espécimes a serem coletadas. Uma vez que uma coleta selecionada irá influenciar diretamente nos resultados da pesquisa, acarretando na supervalorização de determinadas espécies. Durantes as intervenções de prospeccção realizadas em Mato Alto I (figura 7), foram abertos 3 perfis; o perfil I e o II se completam, e foram localizados na face da planície de inundação, local das intervenções, foram aproveitados os barrancos localizados na frente e na lateral do sítio. O perfil III foi aberto na face do sambaqui voltada para a estrada.este últimoalcança a base do sambaqui, formada por sedimento areno-argiloso de coloração marrom-amarelada, com um nítido contraste em relação à cor, composição e textura em relação às camadas superiores do sambaqui (DEBLASIS et al. 2007). As amostras faunísticas (sedimento total) foram coletadas nos 3 perfis por colunas a partir do momento em que foi estabelecida a sequência da estratigrafia de cada perfil. Foram coletadas amostras de 15 centímetros cúbicos de cada camada considerada relevante. No Perfil I a equipe de campo amostrou 14 camadas, sendo que nos demais

42 41 cinco camadas foram coletadas (tabelas 2). O Perfil II foi amostrado 5 camadas, no qual totalizou 2,56m de comprimento com 4,37m de altura 4 (figura 8) (tabela 3). E por fim, o perfil III também foi amostrado 5 camadas, a seguir temos as apresentações das tabelas com as informações das respectivas camadas (tabela 4). Figura 7 - Croqui realizado em campo do perfil II. Tabela 2 - Descrição das camadas do Perfil I. Mato Alto I PERFIL I Camada 1 Camada 2 Camada 3 Camada húmica com presença de raízes, mariscos. Camada com sedimento arenoargiloso, sendo identificada a presença de argila, carvão, mariscos, ostras, Anomalocardia brasiliana e ossos. Foi encontrada a presença de carvão, Anomalocardia brasiliana inteiros e mariscos queimados: fogueira. 4 Os dados de campo sobre as intervenções realizadas em Mato Alto I foram anotações de campo cedidas pela professora Daniela Klokler. Desta forma não temos disponibilizadas todas as informações dos perfis.

43 42 Camada 4 Camada 5 Camada 6 Camada 7 Camada 8 Camada 9 Camada 10 Camada 11 Camada 12 Camada 13 Camada 14 Similar a camada 2, com uma maior concentração de mariscos./ Sedimento arenoargiloso, fragmentos centímetricos de mariscos, poucos ossos de peixes, válvas fragmentadas. Lente de carvão e material argiloso, com resto de peixes. Foi identificada presença de ostras grandes, com válvas inteiras. Sedimento argiloso muito compactado foi encontrado ostras inteiras, mariscos fragmentados e ossos de peixes. Foi percebida alta concentração de restos de peixes. Camada com muitos peixes, poucos mariscos e ostras. Camada com sedimento argiloso compactado. Camada com presença de mariscos compactados Camada com ossos de peixes e mariscos Camada com presença de berbigões. Camada com muitos fragmentos de mariscos, lente fina. Mato Alto I PERFIL I 5 Capa 1 Capa 2 Feature1 Feature 2 Statum 3 Feature 3 Feature 4 Feature 5 Matriz arenoargilosa, cinza claro com conchas fragmentadas (mariscos e anomalocardias) pouco carvão. Matriz arenoargilosa, com conchas duas vezes mais esmagadas que a 1 (mariscos e anomalocardias), o estrato possui uma coloração quase branca de tão cinza. Mais ossos de peixes presentes neste estrato e há mais carvão vegetal, em seguida, estrato 1. É uma linha composta de anomalocardias, mariscos, e berbigões, não aparece terra sobre ela 90% de berbigões, amostra inteira (próximas) É uma camada de cinza escura (uma possível superfície) com conchas esmagadas, na seção leste, há uma aproximação com a camada superior 8 (foi coletado carvão). Existem os mesmos blocos de argila. Matriz argilosa com mariscos fragmentados e alguns blocos de argila. Há presença de muito carvão. Há presença de ostras distribuídas comparado com o estrato 2, este estrato possui uma maior quantidade de conchas esmagadas. Camada preta com presença de muito material orgânico de argila com ossos de peixe e fragmentos de carvão e uma pequena proporção de mariscos. A matriz é uma cova com um preenchimento composto de osso de peixe, carvão é argila. Contido alguns mariscos esmagados é uma patela humana é visível no meio da cova É uma possível cova preenchida por conchas, com quase todas inteiras 5 As fichas a seguir foram traduzidas pela autora, a partir das anotações de campo realizadas pela professora Daniela Klökler.

44 43 (anomalocardias). Stratum 4 Matriz argilosa com conchas fragmentadas (mariscos e anomalorcadias). Muito similar ao stratum 1 e 2. Stratum 5 Igual ao estrato 4. Stratum 6 Igual ao estrato 4. Feature6 É uma camada de ostras, com muitas ostras esmagadas, fazendo um montículo. Com presença de carvão e ostras na camada. Recolhemos o carvão com as ostras. Tabela 3 - Descrição das camadas do Perfil II. Mato Alto I PERFIL II Camada 1 Camada 2 Camada 3 Camada 4 Camada 5 Foram observadas 13 espécies, camada com presença de raízes, apresenta mariscos e mariscos em maiores quantidades na sua composição. Camada com coloração marrom. Foram observadas 7 espécies diferentes, camada com pequena concentração de material. Com presença de raízes, sem grande variedade entre os componentes. Anomalocardia brasiliana em maior quantidade. Camada com coloração marrom. Foram observadas 9 espécies diferentes, sem muitas variações entre as espécies, camada com presença de raízes. Com presença significativa de ostras (inteiras) e berbigões. Camada com coloração marrom. Foram observadas 10 espécies diferentes, sem muitas variações entre as espécies, camada com presença de raízes. Com presença significativa de ostras (inteiras) e berbigões. Camada com coloração marrom. Foram observadas 10 espécies diferentes, camada com presença de raízes. Com presença significativa de ostras (inteiras) e berbigões. Camada com coloração marrom. Mato Alto I PERFIL II Statum 7 Feature 7 A matriz de argila é muito orgânica, as conchas espessas em toda parte, as ostras são dispersas na matriz. A matriz é muito escura, preta com carvões. É uma camada de ostras inteiras no topo desta camada, ao norte havia uma possível rocha queimada coletamos todo o carvão a partir desta característica (estrato 2). É possível que o fundo do sambaqui esteja aqui. Tabela 4 - Descrição das camadas do Perfil III. Mato Alto I PERFIL III Camada 1 Foram observadas 11 espécies diferentes, camada com presença de raízes. Com presença significativa de Thais (com partes inteiras), ostras, berbigões, asa de anjo (Cyrtopleuras) e mariscos. Camada com coloração levemente escurecida.

45 44 Camada 2 Camada 3 Camada 4 Camada 5 Foram observadas 17 espécies diferentes, camada com presença de raízes. Com presença significativa de ostras, mariscos, concrenções de sedimentos e berbigões. Foram observadas 17 espécies diferentes. Essa camada se destaca pela grande quantidade de Anomalocardia brasiliana presentes, com uma concentração de mais de 1 kg. Foram observadas 11 espécies diferentes. Camada com uma quantidade de mariscos, concrenções de sedimentos, Anomalocardia brasiliana e carvões. Foram observadas 11 espécies diferentes. Camada com uma quantidade considerável de mariscos, seguido dos berbigões, ostras e carvões. Além do material faunístico coletado em Mato Alto I, temos as coletas de um lítico no Perfil I e camada 6, no estrato 2 foi realizada a coleta de carvão, na feição 6 foi coletado uma camada de ostras, na feição 2 foi coletado 8 carvões. No perfil II foram coletados 7 líticos e carvão do estrato 7, podendo se tratar de uma possível fogueira Métodos realizada em laboratório. O material proveniente do Mato Alto I já se encontrava parcialmente processado, ou seja, a pesagem inicial da amostra, a lavagem e separação em duas frações e a pesagem final com a amostra seca, realizadas por Daniela Klökler no laboratório do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. A continuidade das etapas de laboratório foi realizada em parceria com o discente Robson Thauan de Jesus Silva, ambos vinculados a projetos de Iniciação Científica da Universidade Federal de Sergipe - UFS (realizados no período ). As análises do material faunístico 6 foram parcialmente realizadas nos laboratórios de Bioarqueologia de (LABIARQ) e de Arqueologia Sensorial (LAS). Enquanto a finalização das mesmas ocorreu nas dependências do Laboratório de Sociedade e Paisagem (LAPSO). Todas as etapas foram realizadas sob a supervisão da Prof. Daniela Klokler. 6 O material faunístico do Mato Alto I encontrava-se alojado na Reserva Técnica do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo e foi cedido para realização do projeto de Iniciação Cientifica ( ) sob a responsabilidade da Professora Daniela Klökler. É importante destacar que parte da documentação de prospecção do sítio Mato Alto I foi perdida, por este motivo nem todas as informações serão completas.

46 45 É importante frisar que o material do Mato Alto I, já se encontrava parcialmente processado. Inicialmente as análises em laboratório foi realizado pela professora Daniela Klökler consitindo na lavagem do material (necessária para a separação do sedimento mais fino do material faunístico). Em seguida fora feita a pesagem inicial e final da amostra (para estabelecer um maior controle da densidade do material arqueológico presente em cada amostra), uma vez que realizada a lavagem das amostras os sedimentos mais finos são eliminados. Dando seguimento, as análises laboratóriais consistiram na escolha da malha a utilizada.o diâmetro da malha escolhida condicionará não apenas a quantidade de restos recuperados como também a sua variedade. A utilização de uma malha grande implica na perda de parte dos vestígios arqueofaunísticos menores e, portanto, poderá ocorrer a subestimação de certos grupos taxonômicos na amostra (BEJEGA GARCÍA 2008). O tamanho adequado da malha poderá garantir uma maior variedade de espécies recuperadas. Para as análises faunísticas do Mato Alto I optamos por utilizar o material proveniente da malha de 4 mm; esta fração permite um maior grau de identificação taxonômica devido ao maior tamanho e à menor fragmentação dos vestígios. A fração de 2 mm poderá ser analisada no futuro e os resultados comparados para verificar diferenças nas proporções dos componentes e dificuldades em relação à identificação do material. Segundo Klokler (2008) uma malha com fração menor de 2 mm pode tornar inviável a identificação dos componentes faunísticos, principalmente de moluscos, impossível devido à fragmentação. A escolha da utilização de dois tamanhos de malhas além de facilitar a triagem, possibilitar a verificação do teor de compactação das conchas em cada camada (KLOKLER 2001). O terceiro procedimento adotado foi triagem do material (figura 9). Esse processo consiste na separação dos componentes de acordo com sua categoria taxonômica, possuindo um processo duplo:separação dos componentes e a identificação taxonômica (BEJEGA GARCÍA 2008 e BEJEGA et al 2010). A separação permite observar a variabilidade taxonômica presente no sítio. Para o auxílio no trabalho de triagem foram utilizados: pinça e lupa binocular (para uma melhor visualização dos espécimes que se encontravam com maior fragmentação). Em seguida passamos para a identificação taxonômica de todos os componentes da matriz. Para essa identificação

47 46 nos utilizamos dos manuais de conchas e peixes: Conchas Marinhas de Sambaquis do Brasil (SOUZA et al. 2011) e o Cambridge Manuals in Archaeology Fishes (WHEELER e JONES 1989), alem de coleções de referências e anotações de campo da professora Daniela Klokler. Nesta etapa inicialmente foi realizada a separação dos componentes: bivalves, gastrópodes, ossos, carvão vegetal, raízes, concreção, argila, rocha. Em seguida foram iniciadas a classificação e identificação de todos os vertebrados e moluscos, seguindo a metodologia utilizada por Klokler (2001, 2008) e Nishida (2007). Durante essa atividade procurou-se realizar a identificação dos espécimes (elementos ou fragmentos) no nível de taxón mais específico possível. No caso dos moluscos e peixes foi possível chegar ao nível de espécie na maioria dos casos porém; o mesmo não foi possível no caso da ave, devido a fragmentação e falta de coleção de comparação específica que limitaram a identificação. Nas análises dos ossos dos peixes as peças geralmente mais facilmente identificadas taxonomicamente estão localizadas na parte do crânio (em geral são peças que apresentam características morfológicas identificadoras, o que possibilita a identificação em nível de família ou espécie, e os otólitos também localizados no crânio, mas com composição distinta do resto do esqueleto 7. Os espécimes separados foram então analisados e uma série de oito atributos foram registrados em planilhas: -O primeiro, o tipo de espécime foi determinado (por exemplo, raio de nadadeira ou dentário); - O segundo, seu lado (direito, esquerdo, único); - O terceiro conjunto de atributos envolve possíveis modificações, grau de queima, estado de preservação e presença de modificação antrópica (KLOKLER 2008); 7 Os otólitos são elementos são concreções acelulares de carbonato de cálcio e outros sais orgânicos que se localizam no ouvido do peixe (Assis 2000).

48 47 Figura 8 - Material durante a Triagem. Após a triagem os vestígios foram submetidos a pesagem dos componentes de cada camada. Utilizou-se uma balança de precisão por tratarem sua maioria de materiais leves, já que uma balança normal não teria a adequação para pesos além de miligramas. A utilização do método de pesagem dos fragmentos de conchas e ossos de vertebrados nos permite análisas as porcentagens relativas da abundância ados componentes faunisticas e a estimaçãodo peso da parcela comestível dos bivalves e vertebrados (KLOKLER 2001). De acordo com Klokler (2001), alguns autores vêem problemas no método de pesagem, por conta das massas perdidas pelas conchas durante o processo de decomposição, e durante a peneiração se perde ainda as partes muito fragmentadas das conchas. Porém, optamos por utilizar mais de um método, assegurando uma maior confiabilidade dos dados obtidos. Na etapa seguinte as espécies foram submetidas a quantificação do NISP (número de espécimes identificados) e estimativa de NMI (número mínimo de indivíduos), os registros dos dados foram anexados as fichas de análises de material faunístico, e posteriormente adicionadas ao banco de dados criado no Office Excel. A quantificação de NISP e NMI não é viavél realizar com todos os componentes faunisticos da matriz, o auto teor de fragmentação da fauna dificulta este tipo de

49 48 quantificação, uma vez que se é necessário a conservação das porções diagnosticas da mesma. Os componentes presentes em Mato Alto I escolhidos para quantificação das peças foram a Anomalocardia brasiliana (Anomalocardia brasiliana) e os ossos de peixes. Optou-se por realizar esta quantificação apenas com a Anomalocardia brasiliana por apresentarem uma maior preservação da porção diagnóstica (umbo) (figura 10). O NMI desses moluscos foi realizadoatravés da lateralidade do umbo. O NMI é considerado por muitos autores o método de índice de abudância relativa mais adequado para estudos zooarqueológicos, por estimar o número mínimo de indivíduos que representamos elementos esqueletais identificados a uma determinada espécie (LYMAN 1994; REITZ E WING 1999 apud KLOKLER 2008). Segundo KLOKLER (2008), o White (1953) definiu o NMI como a quantificação de elemento mais abundante de uma espécie identificada separada por lado. Porém é importante lembrar que esse método pode esbarrar em algumas problemáticas, os animais para os quais a identificação depende de elementos não simétricos podem conduzir para estimativas baixas do NMI (REITZ E WING 1999 apud KLOKLER 2008). O NISP é utilizado com regularidade para estimar a frequência relativa dos taxons, porém essa técnica é muito afetada pelos distintos graus de fragmentação e diferenças no número de elementos esqueletais em diferentes animais (KLOKLER 2008). A fragmentação não é uniforme entre diferentes classes de animais, porque a fatores tafonômicos afetam os táxons de várias maneiras, e os graus de identificação variam muito, inflando os valores NISP de alguns animais (KLOKLER 2008). Desta forma, optou-se por realizar métodos diferentes de análise (pesagem para todos os componentes da matriz sedimentar e quantificação de NMI e NISP para a Anomalocardia brasiliana e os vertebrados) para garantir uma maior eficácia dos resultados obtidos.

50 Figura 9 - Localização do umbo em um bivalve / Lateralidade dos bivalves, lado direito e esquerdo. 49

51 50 CAPÍTULO IV - Dados obtidos de Mato Alto I. Como já foi abordado anteriormente, o sítio Mato Alto I é composto por três diferentes perfis (nomeados por perfil I, II e III), os quais foram analisados seus itens composicionais, com o intuito de compreender a captação de recurso presentes no sambaqui. A seguir neste capítulo iremos descrever os dados processados Análises granulométricas do Perfil I em Mato Alto I A análises iniciais em laboratório das amostras coletadas pela equipe do projeto Sambaqui e Paisagem, consistiram na pesagem inicial (antes da lavagem do material), posteriormente foram lavadas em água corrente com a utilização de peneiras com malha de 4 e 2 mm e pesadas novamente. Desse trabalho inicial foram gerados os dados relacionados à granulometria baseados no peso inicial (P0) e peso final da amostra (P1 a+b). No processo de lavagem as amostras foram separadas em frações de 4 e 2 mm (P1 a) e (P1 b), segundo procedimento proposto por Klokler (2001) e Nishida (2007). A escolha da malha dupla além de facilitar a triagem permite a verificação do teor de fragmentação e compactação das conchas em cada camada (KLOKLER 2001). A análise granulométrica do sítio foi realizada apenas nas amostras do Perfil I, uma vez que para a presente pesquisa não tivemos acesso aos dados dos outros perfis (II e III). Ao analisar o gráfico (figura 11) percebe-se que as camadas 1, 2 e 4 apresentam os pesos da porção triável são semelhantes, variando entre 290 a 350 gramas, de acordo com os dados de campo são camadas arenoargilosas com presença de mariscos, e coloração cinza clara. Nas camadas a seguir houve um aumento nos valores de P1 a+b. Na camada 3, foi observado um peso de 360g, foram observados mariscos queimados e presença de fogueira. A camada 5 possui em peso de 450g, foram observados a presença de material argiloso, e uma lente de carvão. Na camada 6apresentou peso de 470g, sendo observada a presença de ostras inteiras. A camada 7 não demonstra o menor peso (110g) de porção triável do perfil, de acordo com os dados de campo trata-se de uma camada entre ostras, com sedimento argiloso compactado. Na camada 8, o peso da porção triável apresentou um aumento (390g) ao se comparar com a camada anterior, sendo observado em campo uma alta concentração de ossos. Nas camadas seguintes houve uma nova diminuição no valor da porção triável, na camada 9 apresentou 340g, continuou sendo observado a alta concentração de peixe.

52 51 E a camada 10 com peso de 275g, com a presença de sedimento argiloso compactado. Na camada 11 o peso da porção triável houve um aumento (390g), foi observada a presença de marisco compactado. A camada 12 apresentou peso de 355g, com presença de ossos e mariscos. As camadas seguintes apresentaram os maiores pesos do perfil, a camada 13 com 655g, sendo observada a grande presença de A.brasiliana, na camada 14 com peso de 515g, foi encontrada uma lente fina com mariscos fragmentados. 1,600 1,400 1,200 1, Granulometria do Perfil I C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11 C12 C13 C14 P0 P1 a+b Figura 10- Peso inicial (P0), fração triável (P1 a+b) (medidas em gramas) Componentes faunísticos e arqueológicos presentes em Mato Alto I A seguir temos as listas das espécies presentes nas amostras do Mato Alto I, seguindo uma subdivisão de acordo com a classificação dos componentes em primários, secundários e inorgânicos (mencionados no capítulo anterior). Em relação aos componentes primários incluímos somente representantes do filo dos moluscos (seres de corpo mole, em geral é recoberto por uma concha calcária). Entre eles temos os bivalves (organismos compostos por duas valvas) e gastrópodes (possuem uma concha espiralada). Os bivalves são dominantes entre os componentes primários do sítio e os gastrópodes têm uma representação menor entre os moluscos. Nos componentes secundários temos a presença dos ossos de vertebrados (em sua quase totalidade peixes) como maiores representantes. Os componentes inorgânicos não apresentam grande

53 52 destaque em relação à sua presença nas amostras, o componente de maior destaque é o sedimento (concreções). A separação dos componentes do sambaqui permite observar sua frequência no sítio, possibilitando as interpretações acerca da acumulação de conchas (KLOKLER 2001). Foi feita a classificação dos componentes do Mato Alto I, baseados no trabalho de Klokler (2001), em: componentes primários, componentes secundários e componentes inorgânicos. Componentes primários englobam os moluscos, considerados os elementos mais importantes da matriz do sítio. Em Mato Alto I são mais frequentes berbigões, mariscos, ostras entre outros bivalves, além de gastrópodes diversos moluscos bivalves (A.brasiliana, ostreas sp, brachidontes sp, crepidula, cyrtopleura sp etc.), gastrópodes (Stramonita haemastoma, Nassarius vibex, e etc.). Os componentes secundários incluem os ossos de vertebrados, siris, cracas, caranguejos e fragmentos de carvão. Por último aglutinamos em uma categoria os componentes inorgânicos: tais como argilas, concreções e rochas (tabelas 5, 6 e 7). Tabela 5 - Componentes primários presentes em Mato Alto I. MATO ALTO I - COMPONENTES PRIMÁRIOS Classificaç ão Nomes comuns Nomes científicos Família Táxon Abrevi ação Bivalve Berbigões Anomalocardia Veneridae Espécie anb brasiliana (Gmelin, 1791) Bivalve Mariscos Brachidontes sp Mytilidae Gênero brd (Swainson,1840) Bivalve Caryocorbula sp. (J. Corbulidae Gênero car Gardner, 1926) Bivalve Chione sp.(gray, 1838) Veneridae Gênero chi Bivalve Asa de anjo Cyrtopleura costata Pholadidae Espécie cyc (Linnaeus, 1758) Bivalve Erodona mactroides (Bosc, 1801) Erodonidae Espécie erm Bivalve Amêijoa Macoma sp. (Leach, 1819) Tellinidae Gênero mac Bivalve Ostras Ostrea sp. (Linnaeus, 1758) Ostreidae Gênero ost Bivalve Lambreta, Phacoides Lucinidae Espécie lup sernambi, almêjoa pectinatus (Gmelin, 1791) Bivalve Mexilhões Protothaca sp. (Dall, 1902) Veneridae Gênero pro Bivalve unha-develho Tagelus plebeius(lightfoot, Solecurtidae Espécie tap 1786) Bivalve Tellina sp ( Linnaeus, 1758 ) Tellinidae Gênero tel Bivalve Bivalve Não Identificado. bni Gastrópode Crepidula aculeata (Gmelin, 1791) Calyptraeidae Espécie cra Gastrópode Nassarius vibex Nassariidae Espécie nas

54 53 (Nassarius Duméril, 1805) Gastrópode Neritina Neritina virginea Neritidae Espécie nev comum (Linnaeus,1758). Gastrópode Caracól Parvanachis sp. Columbelidae Gênero par marinho Gastrópode Saguarita Stramonita Muricidae Espécie thh haemastoma (Linnaeus,1767) Gastrópode Gastrópode Não Identificado gni Tabela 6 - Componentes secundários presentes em Mato Alto I. MATO ALTO I COMPONENTES SECUNDÁRIOS Classificação Nomes comuns Nomes científicos Família Táxon Abrevi ação Crustáceo Caranguejos Ucides cordatus Ocypodidae Espécie uc (Linnaeus, 1763) Crustáceo Siris Callinectes sp. Portunidae Gênero cl (Stimpson, 1860) Crustáceo Cracas Amphitritre sp. Gênero am Peixe Raia Rajidae Rajidae Família raj Peixe Bagre Ariidae Ariidae Família ar Peixe Sargo Archosargus Sparidae Espécie arp probatocephalus Peixe Pescada Cynoscion sp. Sciaenidae Gênero scc Peixe Corvina Micropogonias Sciaenidae Espécie scmc curvieri Peixe Miraguaia Pogonias chromis Sciaenidae Espécie scpc Ave Ave Não identificada Carvões A crv Tabela 7 - Componentes inorgânicos presentes em Mato Alto I. MATO ALTO I COMPONENTES INORGÂNICOS Componentes Inorgânicos Abreviações Sedimentos sed Argilas arg Argila queimada arq Rochas Roc Dentre os dados aqui apresentados, os componentes primários mais encontrados nas amostras do Mato Alto I são a A.brasiliana, ostrea sp. e brachidontes sp., juntos eles correspondem a 73% do total do sítio, e entre os componentes secundários os ossos

55 54 de vertebrados e as cracas correspondendo juntos a 7% do total do sítio. Esses dados são importantes para o entendimento sobre o modo de vida dos grupos que habitaram o Mato Alto I, pois nos trazem informações como esses grupos estavam manipulando o meio ambiente, desta forma trazendo informações dos respectivos lugares que os sambaquieiros estavam captando seus recursos, através do vestígio material (figura 12) Componentes Primários Componentes Secundários Componente inorgânicos 25 0 Perfil 1 Perfil 2 Perfil 3 Figura 11 - Distribuição dos componentes em Mato Alto I O Sambaqui Mato Alto I e seus Perfis O peso total do Perfil I é de 2.805,33 gramas no total, possui o maior peso (em gramas) da composição dentre os perfis estudados, com uma grande variação entre os componentes do Mato Alto I, apresentando em 14 camadas, com diferentes composições. Em seguida temos Perfil II com 503,7 gramas, com 5 camadas na sua totalidade, apresentando a menor porcentagem da composição total do sítio, porém neste perfil o material de todas as camadas apresenta uma coloração marrom escura, provavelmente recorrente da grande deposição de materiais orgânicos. Por fim, temos o Perfil III apresenta uma quantidade de 1.799, 06 gramas, segundo maior peso (em gramas) do sítio, esse perfil também é representado por 5 camadas, chamando a atenção para a camada 3 onde temos a maior quantidade de A.brasiliana entre todas as camadas do sítio (figura 13).

56 55 Peso dos perfis Perfil 1 Perfil 2 Perfil 3 Series Figura 12-Pesos totais dos componentes dos perfis do Mato Alto I, unidade de medida utilizada em gramas. A seguir apresentaremos alguns dados a respeito das camadas destes perfis. A apresentação desses dados é importante para uma melhor compreensão da composição material deste sambaqui Perfil I O perfil I apresenta o maior número de camadas e peso do Mato Alto I. Dentre as camadas, temos a camada 7 com menor peso em gramas (38,1g), a camada 11 apresenta um peso 89,1g. As camadas 2, 10, 12 e 14, apresentam quantidades entre 114 a 149 gramas. As camadas 1, 4 e 9 apresenta quantidade ente 172 a 199 gramas. As camadas 3 e 8 apresentam 246 e 234 gramas. As camadas 5, 6 e 13 se destacam pelos seus respectivos pesos, as duas primeiras apresentam quantidade de 331 e 333 gramas e a ultima apresenta uma quantidade de 450 gramas, com valores superiores em comparação às outras camadas perfil (figura 14). A maior variedade de espécies está presente nas camadas 3,4,5 e 6.

57 56 Perfil 1 C14 C13 C12 C11 C10 C9 C8 C7 C6 C5 C4 C3 C2 C C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11 C12 C13 C14 Series Figura 13 - Pesos totais em gramas das camadas do Perfil I. Na camada 1, a Ostreas sp. aparece em maior quantidade totalizando 33% dos componentes, temos a A.brasiliana perfazendo 25%, e a Stramonita haesmatona com um total de 15%. Os ossos de vertebrados perfazem 7,6% do total, e as cracas totalizam 6,8%, algo que não aparece com frequência nos sambaquis do sul de Santa Catarina, como Jabuticabeira I e II, Lageado e Caipora (KLOKLER 2001; OLIVEIRA 2010), Na camada 2, os brachidontes sp. em maior quantidade totalizando 49% dos componentes, temos as ostreas sp. perfazendo 11%, os ossos apresentam um total de 8,6%, a Cyrtopleura representa 7,8%, e as cracas 7% do total. Seguida da camada 3, onde os mariscos novamente estão em maior quantidade totalizando 51% dos componentes, a A. brasiliana perfazem 22%, as Stramonita haesmatona aparecem com um total de 12%, enquanto os ossos perfazem 8% do total. Nessa camada temos a presença de ossos queimados. Em seguida, na camada 4, temos os mariscos novamente em maior quantidade totalizando 49% dos componentes, em seguida temos a Cyrtopleura que totaliza 12%, as Stramonita haesmatona que contabilizam 9% e os

58 57 sedimentos que compõem 9% do total da camada. Logo após, temos a camada 5 na qual os brachidontes sp. continua em maior quantidade totalizando 35% dos componentes, seguido das Ostrea sp. com 24%, a A. brasiliana com um total de 12%, a Cyrtopleura com 11,5% do total e os ossos que compõem 4% deste perfil (do total). Em seguida, na camada 6, temos as ostras em maior quantidade totalizando 52% dos componentes, a A. brasiliana com 16,5%, o brachidontes sp. com 14%, e os ossos representam apenas 2,8% da totalidade. A camada 7 é a menos volumosa de todas as camadas recuperadas no Perfil I. As Ostreas sp. ocorrem em maior quantidade totalizando 28% dos componentes, logo depois temos o brachidontes sp perfazendo 22%, a Cyrtopleura em um total de 18%, as cracas com 9%, e os ossos têm uma representação muito pequena com apenas 1% Na camada 8, temos os mariscos em maior quantidade totalizando 36% dos componentes, em seguida temos a A. brasiliana que totalizam 22%, seguido dos ossos em um total de 16%, logo após temos a Ostreas sp. totalizando 7% do total. A camada 09, tem em sua composição Ostreas sp. representando 51% dos componentes, seguidas do brachidontes sp. perfazendo 20,5%, as cracas totalizam 7%, e os ossos chegam a 2%. Logo após, temos a camada 10, na qual as ostras continuam em maior quantidade totalizando 49,8% dos componentes, porém o segundo componente em maior quantidade da camada são as concreções com 31,1%, o brachidontes sp. que totaliza 13,9%, e os ossos apenas 0,69% da sua totalidade. Em seguida, temos a camada 11, na qual as cracas aparecem em maior quantidade totalizando 22,3% dos componentes, em segundo lugar as ostras perfazem 21,5%, enquanto Stramonita haesmatona apresenta um total de 11,7%, temos os ossos perfazendo 10%, e por fim a A. brasiliana totalizando 8% do total. Logo após, temos a camada 12, as cracas continuam em maior quantidade totalizando 32,5% dos componentes, em segundo lugar temos os mariscos que totalizam 24,5%, a A. brasiliana apresenta 22%, e os representam 3,5% do total da amostra. Posteriormente, temos a camada 13, na qual a A. brasiliana estão em maior quantidade totalizando 78,3%, em seguida temos os brachidontes sp. que totalizam 10,5%, os sedimentos representam 5,9%, e os ossos 1,3% do total da camada. Por fim, temos a camada 14, na qual os sedimentos aparecem em maior quantidade totalizando

59 58 46,6% dos componentes, em seguida temos o brachidontes sp. que totalizam 28,7%. A A. brasiliana totalizando 15,2%, e os ossos representam 5,2% da amostra total. Através das identificações taxonômicas dos componentes presentes sítio, nos possibilitou a observação da predominância de três bivalves entre os moluscos (A. brasiliana (anb), Ostreas sp. (ost) e Brachidontes sp. (brd), na composição das camadas do Perfil I (figura 15). A alternância entre esses bivalves pode indicar que esse grupo possuía uma coleta diversificada, demonstrando a importância desses bivalves. Outro fator importante para destacar é disponibilidade desses recursos no meio, podendo estar ligada diretamente à variedade desses moluscos no sítio. Essas características podem se configurar um item importante na construção do sítio. Também é observada no perfil, uma intensa atividade de pesca, onde se destaca as camadas 1, 2, 3, 8 e 11 pelos seus respectivos pesos, mostrando um maior consumo de peixes nesse momento. Na camada 4 temos a presença de um osso de ave, podendo estar ligada à caça de outros animais para a alimentação do grupo. A seguir apresentaremos o perfil II.

60 59 100% Perfil I 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% tap nas thh cyc cra ost anb brd oss 20% 10% 0% C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11 C12 C13 C14 Figura 14 - Componentes presentes no Perfil I. Legenda: Oss- ossos; brd Brachidontes sp., mariscos; and- Anomalocardia brasiliana, berbigões; ost Ostrea sp., ostra, cra - Crepidula aculeata;. cyc - Cyrtopleura costata;; thh Stramonita haemastoma; nas Nassarius vibex; tap Tagelus plebeius; 4.5. Perfil II Este perfil (figura 16) é o de menor representação do sítio, ao se comparar com os volumes dos outros perfis. Porém, apesar de seu pouco volume, destaca-se entre os outros, por ser o único perfil a possuir uma coloração marrom escuro (figura 17) em todo seu volume. A coloração pode estar relacionada aos grandes depósitos de materiais orgânicos nos vestígios faunísticos.

61 60 C5 C4 C3 C2 C1 Perfil II C1 C2 C3 C4 C5 Series Figura 15 - Pesos totais em gramas das camadas do Perfil II. Figura 16 - Material faunístico do perfil II. Na camada1 temos os mariscos em maior quantidade totalizando 35% dos componentes; a Anomalocardia brasiliana que totalizam 32%; as ostras que perfazem 10%; e os ossos representam apenas 4% da totalidade. Na camada 2, a Anomalocardia brasiliana aparecem em maior quantidade totalizando 56% dos componentes, logo depois temos, as ostras representam um total de 9%, Stramoniatas5% e os ossos 5%.Na camada 3, temos as ostras em maior quantidade totalizando 65% dos componentes, em seguida temos a Anomalocardia brasiliana que totalizam 17%, seguido dos Tagelus em um total de 7%, logo após temos as e os ossos representando 5% do total.as ostras estão em maior quantidade na camada 4 totalizando 55%, em seguida temos a Anomalocardia brasiliana com 25%, as Stramoniatas representam 11%, e os ossos 3% do total da camada.por fim, temos a camada 5, na qual temos as ostras com 65%. A Anomalocardia brasiliana totalizam 17 %, Tagelus com 7% e os ossos representam 5%.

62 61 Na composição deste perfil, existe uma predominância maior das ostras como material construtivo, seguido da Anomalocardia brasiliana (figura 18). Os mariscos aparecem somente em uma camada do perfil. A pesca aparece em menor quantidade em todo o perfil, em relação ao perfil I. 100% Perfil II 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% tap nas chi thh cyc ost anb brd oss 10% 0% C1 C2 C3 C4 C5 Figura 17 - Componentes presentes no Perfil II. Legenda: oss- ossos; brd Brachidontes sp., mariscos; and- Anomalocardia brasiliana, berbigões; ost Ostrea sp., ostra; cyc - Cyrtopleura costata;; thh Stramonita haemastoma; chi Chione; nas Nassarius vibex; tap Tagelus plebeius; 4.6. Perfil III No Perfil III (figura 19) a quantidade de camadas é a mesma que o Perfil II, porém este perfil apresenta mais de 1 kg de Anomalocardia brasiliana somente na camada três, podendo estar relacionado a um evento diferenciado no sítio.

63 62 Perfil III (medida em gramas) C5 C4 C3 C2 C C1 C2 C3 C4 C5 Series Figura 18 - Pesos totais em gramas das camadas do Perfil III. Na camada1, temos a Stramonita em maior quantidade totalizando 27% dos componentes, as ostras 24%, seguida da Anomalocardia brasiliana com 20%, as Cyrtopleuras com 10%, os mariscos 7%, e os ossos apenas 2% da totalidade. Em seguida, na camada 02, as ostras aparecem em maior quantidade totalizando 39% dos componentes, logo depois temos os mariscos 22%, a Anomalocardia brasiliana com 8%, e os ossos 1% da sua totalidade. Nesta camada 03, temos a Anomalocardia brasiliana em maior quantidade, totalizando 95% dos componentes, em seguida temos os mariscos 2%, a Stramonita 2% e os ossos 1% do total. Seguidos da camada 4,na qual os mariscos estão em maior quantidade totalizando 62%, a Anomalocardia brasiliana representam 8%, enquanto Nassarius e ossos correspondem a respectivamente 7% e 5% do total da camada. Por fim, temos a camada 5, na qual, os mariscos aparecem em maior quantidade sendo 41% dos componentes, em seguida temos a Anomalocardia brasiliana que totalizam 15%, as ostras 13%, e os ossos representam 5% da amostra total. Este perfil corresponderia à base do sambaqui, o que o conectaria diretamente ao início da construção sambaqui. Pode-se pensar que neste momento houve uma coleta de materiais específicos para a formação da base. Nas camadas 1 e 2 houve uma preferência maior pelas ostras. Nas camadas 5 e 4 percebemos que houve a preferência pelos mariscos. Na camada 3 houve a seleção basicamente de Anomalocardia brasiliana sendo que temos a maior concentração desse molusco em relação ao restante do sítio, essa característica diferencia o perfil do resto do sítio (figura 20).

64 63 100% Perfil III 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% nas thh cra cyc ost anb brd oss 20% 10% 0% C1 C2 C3 C4 C5 Figura 19 - Componentes presentes no Perfil III. Legenda: oss- ossos; brd Brachidontes sp., mariscos; and- Anomalocardia brasiliana, berbigões; ost Ostrea sp., ostra; cyc - Cyrtopleura costata; cra Crepidula aculeata; thh Stramonita haemastoma; nas Nassarius vibex; Dentre os dados aqui apresentados, os componentes primários mais encontrados nas amostras do Mato Alto I são os berbigões, ostras e mariscos, juntos eles correspondem a 73% do total do sítio, e entre os componentes secundários os ossos de vertebrados e as cracas correspondendo juntos a 7% do total do sítio. Esses dados são importantes para o entendimento sobre o modo de vida dos grupos que habitaram o Mato Alto I NISP e NMI X Peso da Anomalocardia brasiliana do Mato Alto I

65 64 De acordo com a quantificação, o NISP dos berbigões presentes no total das amostras foi peças e o NMI estimado em 668 indivíduos. Em relação ao estado de conservação das conchas presentes no sítio, podemos citar a fragmentação dos bivalves e a alteração da coloração marrom. Esses eventos podem estar ligados a movimentações no caso da fragmentação, e a coloração causada pelo contato com matéria orgânica, deixando as conchas com coloração marrom, sendo evidente principalmente no perfil II (figura 21) Perfil I Perfil II Perfil III NISP NMI Figura 20 - NISP e NMI da Anomalocardia brasiliana presentes em Mato Alto I. Ao analisar os dados do NISP, NMI e peso da Anomalocardia brasiliana no perfil I, é notável uma similaridade entre os dados apresentado, uma vez que as camadas 2, 4, 7, 9 e 14 apresentam uma baixa frequência de berbigões. E a camada 13 apresenta a maior quantidade de Anomalocardia brasiliana de todo o perfil. Na camada 10 é notável a ausência do bivalve dentre os componentes (figuras 22 e 23) NISP NMI Figura 21 - NISP e NMI dos berbigões, Perfil I.

66 Berbigões Figura 22 - Peso dos berbigões, Perfil I. No perfil II ao comparar os gráficos de NMI e NISP e Peso dos berbigões, é perceptível uma diferença entre os dados. Na análise de NISP as camadas de maior frequencia de bivalves são as camadas 1 e 2 (acima de 40 espécimes) e as demais camadas apresentam quantidades abaixo de 35 especiméns. Ao comparar com os dados de NMI é notável a baixa frequencia de valvas inteiras, este fator deve estar ligado a fragmentação dos bivalves. Ao analisa gráfico de peso, essa diferença fica ainda mais evidente, e reforça o grau de fragmentação das conchas (figuras 24 e 25) NISP NMI Figura 23 - NISP e NMI dos berbigões, Perfil II.

67 Berbigões Figura 24 - Peso dos berbigões, Perfil II. Por fim, temos o perfil III no qual observamos uma similaridade entre os dados de NISP, NMI e peso dos berbigões. A camada 3 apresenta o maior peso de berbigão de todo sítio (mais de 1 kg), nesta camada podemos observar um bom estado de conservação das valvas. E as demais camadas apresentam uma baixa frequencia de Anomalocardia brasiliana (figuras 26 e 27) NISP NMI Figura 25 - NISP e NMI da Anomalocardia brasiliana do Perfil III.

68 Berbigões Berbigões Figura 26- Peso da Anomalocardia brasiliana em gramas no Perfil III. Oliveira (2017), ao realizar os as medições das conchas presentes em Mato Alto I, percebeu uma diminuição nos tamanhos das valvas nas últimas camadas do perfil I e II, enquanto no perfil III existe estabilidade no tamanho das mesmas. Ele observou que os tamanhos das conchas de Anomalocardia brasiliana presentes no sambaqui coincidem com o tamanho médio de valvas de indivíduos adultos recuperadas em depósitos atuais do molusco, variando entre 23 e 28 mm de comprimento (Boehs et al.2008). Em suas conclusões Oliveira aponta que apesar da pequena diminuição do tamanho das valvas nos dois primeiros perfis, não é possível afirmar categoricamente que houve uma superexploração desses moluscos por esses grupos (figura 28). Figura 27 - Tamanho médio de conchas por perfis e camadas em Mato Alto I. Fonte: Oliveira NMI dos vertebrados presentes no Mato Alto I

69 68 Os animais têm um papel socioeconômico muito importante na vida dos grupos humanos. Indicativos desta importância foram encontrados nos grupos antigos do litoral brasileiro, sendo os peixes a base de sua alimentação, seguido de moluscos. De acordo com FIGUTI (1998), o consumo de peixe pode estar associado a 70% a alimentação dos grupos sambaquieiros. As análises detalhadas dos pescados podem nos trazer informações sobre paleoambiente, diversidade do pescado, economia dos grupos e métodos de pescas (BÉAREZ 1997). De acordo com as análises dos vertebrados, foram contabilizadas peças ósseas (NISP) e 43 otólitos. Em sua maioria os fragmentos correspondem a ossos de peixes. Dentre eles totalizamos cinco táxons de peixes ósseos e um corresponde a peixe cartilaginoso. Em relação ao NMI contabilizamos82 espécies. Além dos vestígios ósseos ictiológicos foi também encontrado um fragmento ósseo de ave, porém infelizmente não foi possível identificar o táxon devido à falta de coleção comparativa (figura 29). NMI dos vertebrados Bagre Corvina Miraguaia Pescada Raia Sargo Ave 1% 1% 1% 8% 12% 48% 29% Figura 28 - NMI dos Vertebrados presentes em Mato Alto I. O bagre é o táxon de maior destaque dentre os vertebrados do Mato Alto I, correspondendo ao total de40 dos peixes identificados, seguido da corvina com 24 peixes logo depois da miraguaia com 10 peixes. Temos o sargo e a raia com um peixe cada, e uma assim como a uma ave, sendo identificada apenas uma peça óssea. Houve uma alta taxa de peixes não identificados, por conta da alta fragmentação das peças ósseas.por ser o táxon de maior representação entre os vertebrados do Mato Alto I, é

70 69 preciso cuidado para não superestimar os bagres devido à maior facilidade de identificação em comparação com outras espécies (KLOKLER 2008). As tabelas abaixo indicam que a atividade de pesca era contínua em Mato Alto I, sendo o perfil I de maior destaque dentre os perfis analisados, quando pensamos em quantidade e variedade de espécie (tabela 8,9 e 10). O Perfil I onde houve maior deposição de restos de peixes, com 54 peixes no total, sugerindo um momento com maior atividade pesqueira, podendo tratar-se de um momento diferenciado para o sítio. Em seguida vem o Perfil II, com uma quantidade menor de componentes vertebrados, e uma presença significativa de bagres (10 peixes), sendo a única espécie identificada dentre os restos encontrados do perfil. O Perfil III é representado por 18 peixes, dentre eles o bagre é espécie presente em todas as camadas, e a corvina é a segunda espécie com maior representação. Tabela 8 - NMI dos vertebrados, Perfil I. Camadas Bagre Corvina Miraguaia Pescada Sargo Raia Ave Total:

71 Tabela 9 - NMI dos vertebrados, Perfil II. Camadas Bagre Corvina Total: 9 1 Tabela 10 - NMI dos vertebrados, Perfil III. Camadas Bagre Corvina Miraguaia Pescada Total: Os otólitos presentes no sítio foram analisados por Silva (2016) de acordo com suas informações, foram identificados bagres (Ariidae), corvina (Micropogonias furnieri), miraguaia (Pogonias chromis) e pescada (Cynoscion sp). Segundo o autor,corvinas e bagres apresentaram maior frequência entre os otólitos com 64% e 36% respectivamente da totalidade dos otólitos presentes, em Mato Alto I (SILVA 2016) (tabela 11). É importante frisar que apesar dos dados apresentados entre as análises dos ossos e dos otólitos apresentarem diferenças entre si (através das análises dos ossos a espécie de maior evidência é o bagre, seguido da miraguaia e depois a corvina, e quando analisamos os otólitos, espécie de maior ocorrência é a corvina, seguida do bagre). Tabela 11 - Tabela de análise dos otólitos. Perfil/Camada Espécie Lateralidade Quantidade P1 C2 Corvina E 1 P1 C3 Bagre E 1 Corvina D 1 Corvina E 2

72 71 P1 C4 Corvina D 1 P1 C5 Corvina D 1 Bagre D 1 Corvina E 1 Miraguaia D 1 P1 C6 Bagre E 1 P1 C8 Corvina D 4 Corvina E 1 Bagre E 1 Bagre D 1 P1 C11 Corvina D 1 P1 C11 Corvina E 1 P1 C11 Bagre E 1 P1 C12 Corvina E 1 Pescada D 1 P1 C13 Corvina D 1 Corvina E 1 P2 C1 Corvina D 1 Bagre E 1 P2 C2 Bagre D 1 Bagre E 3 P2 C4 Bagre D 1 P2 C5 Corvina D 1 Bagre E 2 P3 C1 Corvina E 1 Bagre D 1 P3 C2 Corvina E 1 P3 C3 Corvina E 1 P3 C4 Corvina E 1 Corvina D 1 P3 C5 Corvina E 1 Fonte: Dados de Silva A baixa ocorrência de ossos de vertebrados terrestres pode estar ligado ao fato dos grupos estarem voltados aos recursos advindos de ambientes aquáticos; similarmente ao que pesquisadoras demonstram em outros sambaquis da região

73 72 (OLIVEIRA 2010; KOKLER 2012, 2008, 2001 e NISHIDA 2007) onde a incidência de peixes (ósseos e cartilaginosos) sempre É maior que de outras classes de animais. Dentre as amostras analisadas foi perceptível a grande fragmentação dos ossos. Apesar dessa fragmentação foi possível a análise e identificação das espécies, uma vez em que encontramos as partes diagnósticas das peças conservadas. Em relação ao estado de conservação dos vertebrados, além da fragmentação, foi notada alteração causada pelo contato com matéria orgânica, deixando os ossos de vertebrados com coloração marrom, sendo evidente no perfil II. A seguir vamos nos utilizar dos dados obtidos através da multiplicação do peso da concha e/ou osso por carne Conversão de carne X parte dura Para entender melhor a quantidade de material comestível do sítio, utilizamos a metodologia sugerida por Figuti (1993). Essa metodologia consiste na multiplicação do peso da concha e/ou osso por valores específicos para cada grupo taxonômico. Essa multiplicação serve para estabelecer a quantidade de matéria comestível, ao qual equivaleria ao peso da parte mole por gramas da parte dura. Utilizamos para o cálculo os seguintes valores: Anomalocardia brasiliana 0,30g x 1g de concha, mariscos 0,34g x 1g de concha e ossos 20g de carne x 1g de osso (FIGUTI 1993). A representatividade dos componentes faunísticos nas camadas pode ser calculada através dos pesos dos seus respectivos componentes. Porém a avaliação através apenas dos pesos dos componentes, pode subestimara presença dos táxons no sítio. Ao observarmos, por exemplo, a quantidade de Anomalocardia brasiliana (Anomalocardia brasiliana) e vertebrados baseado em seus pesos, pode-se ocorrer uma subestimação elevada, uma vez que as conchas pesam mais que os ossos. Porém, quando é realizada a conversão criada por Figuti (1993) fica evidente importância dos peixes para a subsistência dos grupos que habitaram o Mato Alto I (figura 30).

74 73 Porcentagem estimada da massa comestível 3 2 Berbigões Mariscos Ossos 1 0% 20% 40% 60% 80% 100% Figura 29 - Porcentagem estimada da massa comestível (conversão de concha/osso X carne) do sítio Mato Alto I. No perfil I a porcentagem de carne advinda dos peixes é igual ou superior a 80%, na maioria das camadas (com exceção das camadas 4,7,9,10 e 13). Com a conversão para material comestível fica evidente o uso importante da pesca pelo o grupo. Porém é na camada 8, onde temos o maior destaque na quantidade de vertebrados presente do perfil, representando um momento de maior atividade no grupo, tratando de um momento diferenciado no sítio. Na camada 7, por outro lado, temos a menor representação de vertebrados do perfil. A camada apresenta um baixo peso, seguido da menor variedade de componentes presentes, podendo representar uma camada de menor atividade de coleta e pesca pelo grupo. E na camada 13, temos uma quantidade de A. brasiliana, podendo estar ligada a momento de acúmulo do sítio. Neste perfil em geral, podemos observar que as atividades construtivas tiveram a utilização da Anomalocardia brasiliana e mariscos na maioria das camadas (figura 31).

75 74 100% Perfil I 90% 80% 70% 60% 50% 40% Berbigões Mariscos Peixes 30% 20% 10% 0% C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C11 C12 C13 C14 Figura 30 - Porcentagem estimada da massa comestível (conversão de concha/osso X carne) perfil I. O perfil II apresenta a menor representação em peso do sítio, ao compara-se com os outros perfis. Porém, podemos notar uma representação significativa dos vertebrados, similar entre as outras camadas. Em geral notamos uma intensa atividade de pesca, apesar do pequeno peso do perfil em relação ao outros perfis do sítio (figura 32). 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Perfil II C1 C2 C3 C4 C5 Berbigões Mariscos Peixes

76 75 Figura 31 Porcentagem estimada da massa comestível (conversão de concha/osso X carne) do perfil II. No perfil III temos a menor quantidade de carne de peixes disponível para consumo de todo o sítio, porém esse perfil está diretamente ligado a um momento com atividades mais voltadas para a construção, devido ao alto peso de Anomalocardia brasiliana presente no perfil. De acordo com a equipe de campo essa seria um perfil correspondente à base do sítio. A camada 3 do perfil, nos chama mais atenção devido ao seu alto peso de berbigão (superior a 1kg), demonstrando um momento de atividade voltado para sua construção (figura 33). 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Perfil III C1 C2 C3 C4 C5 Berbigões Mariscos Peixes Figura 32- Porcentagem estimada da massa comestível (conversão de concha/osso X carne) perfil III. CAPÍTULO V Resultados e Discussão A partir dos dados obtidos nas análises laboratoriais optou-se por realizar um breve levantamento dos habitats das distintas variedades de moluscos, peixes e crustáceos encontrados no sambaqui. Em seguida abordamos as possíveis práticas de captação de recursos realizadas pelos os grupos que construíram Mato Alto I. Por fim, dialogamos com a literatura disponível sobre outros sítios da região e do contexto litorâneo brasileiro.

77 Levantamento biológico do modo de vida e habitats dos animais presentes em Mato Alto I Para discutir as práticas de captação de recursos por grupos sambaquieiros no litoral sul de Santa Catarina especialmente os grupos relacionados ao sambaqui Mato Alto, optamos por realizar um breve levantamento das espécies de moluscos, peixes e crustáceos encontrados no sambaqui e seus respectivos habitats, informações importantes para a realização de um zoneamento dos recursos disponíveis na região, a partir das informações retiradas do levantamento dos táxons presentes em nossas amostras. MOLUSCOS Bivalves: Anomalocardia brasiliana (berbigões) - (Gmelin, 1791), são bivalves marinhos, pertencentes à família Veneridae. Vivem em áreas com fundos arenosos e lodosos, enterradas ou sobre eles, são encontradas em uma profundidade de até 30 cm. Possuem um tamanho médio de 31 mm. Necessitam mais de água salobra para sobreviver. São abundantes na costa brasileira, nos sambaquis de Jaguaruna-SC e também comum em Mato Alto I (OLIVEIRA 2010; WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES ESPECIES). Brachidontes sp (mariscos) - (Swainson, 1840), são bivalves marinhos, pertencentes à família Mytilidae, são abundantes em mares mais frios, onde muitas vezes formam camas contínuas em margens rochosas na zona intermareal e na submédia rasa, vivem sob ou sobre pedras. Possuem tamanho médio de 16 mm. Espécie aparece com freqüência no Mato Alto I(WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES). Caryocorbula sp. - (J. Gardner, 1926), bivalves marinhos, pertencentes à família dos Corbulidae. Vivem em fundos de cascalho de coral, pedra ou conchas (WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES).

78 77 Chione sp. - (Gray, 1838) são bivalves marinhos, pertencentes à família Verenidae.Vivem em fundos arenosos, enterrado ou sob ele são encontradas a uma profundidade de 0 a 10 cm (CONQUIOLOGISTAS DO BRASIL, OLIVEIRA 2010, WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES). Cyrtopleura costata (asa de anjo) - (Linnaeus, 1758),são bivalves marinhos, pertencem à família Pholadidae. Vivem em fundos arenosos e lodosos, enterrados ou sob eles, são encontradas a uma profundidade de 0 a 10 cm. Possuem tamanho médio entre mm (WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES, OLIVEIRA 2010). Erodona mactroides - (Bosc, 1801), são bivalves marinhos, pertencentes à família Erodonidae. Vivem em fundos de cascalho de coral, pedra ou conchas,com profundidade de 0 a 10 cm. Possuem um tamanho médio de 39 mm (WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES). Macoma sp.,- (Leach, 1819), bivalves marinhos, pertencentes à família Tellinidae. Vivem em fundos arenosos, enterrados ou sob ele, ou ainda em fundos de cascalho de coral, pedra ou conchas, são encontradas a uma profundidade de 0 a 10 cm. Possuem tamanho médio de 40 mm (LOBPA, OLIVEIRA 2010, WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES). Ostrea sp., (ostras, gureri) (Linnaeus, 1758), são bivalves marinhos,pertencentes a família Ostreidae. Vivem nos substratos lodosos e arenosos que existem próximos a canais abertos aonde o forte fluxo de marés mantém o sedimento nas colônias. Ocorrem também fixadas a colchões rochosos e raízes de Rhizophora, são encontradas em geral na profundidade que vai de 0 a 10 cm. Possuem um tamanho médio de mm. Em geral se alimentam de plantas e algas. Apresentam uma frequência comum em parte do litoral do Brasil, sendo uma das mais comuns entre os sambaquis da região pesquisados pelo projeto Sambaqui e Paisagem (OLIVEIRA 2010, KLOKLER 2008). E aparecem com grande frequência em Mato Alto I (Macley, 2015) (OLIVEIRA 2010, WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES).

79 78 Phacoides pectinatus (almêijoa) - (Gmelin, 1791), são bivalves marinhos, pertencente à família Lucinidae. Vivem em fundos arenosos e lamosos no infralitoral, com profundidade de até 6m (MUSEU NACIONAL UFRJ, WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES). Protothaca sp.- (Dall, 1902), são bivalves marinhos, pertencentes à família Veneridae. Vivem em fundos arenosos, ou enterrados sob ele, em profundidade de 0 a 30 cm. Possuem tamanho médio de 33 mm (WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES). Tagelus plebeius (mariscos brancos, unha-de-velha) - (Lightfoot, 1786),são bivalves marinhos, pertencentes à família Solecurtidae.Vivem em fundos lodosos e arenosos, no infralitoral nas margens de baías, próximos a vegetação entre 1 a 6 metros, encontrados a uma profundidade de 0 a 10 cm. Possuem um tamanho médio de mm (MUSEU NACIONAL UFRJ, OLIVEIRA 2010, WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES). Tellina sp., - (Linnaeus, 1758), são bivalves marinhos, pertencentes à família Tellinidae. Vivem em fundos arenosos, enterrada ou sob ele. Com profundidade de aproximadamente 30 cm. Possuem em média 40 mm (WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES).

80 79 Gastrópodes: Crepidula aculeata (Gmelin, 1791), são gastrópodes marinhos, pertencentes à família Calyptraeidae, comum no litoral brasileiro. Vivem sob ou sobre pedras, ou parasitando outros seres vivos, são encontrados a uma profundidade que variam de 0 a 30 cm da superfície, alimentam-se de plantas e algas (CONQUIOLOGISTAS DO BRASIL, OLIVEIRA 2010, WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES). Nassarius vibex (Say, 1822), são gastrópodes marinhos, pertencentes à família Nassariidae. Vivem em fundo lodoso, arenoso, enterrado ou sob ele, em cascalho de coral, pedras ou conchas, são encontrados em profundidades de 0 a 10 cm. Possuem um tamanho médio que variam entre 11 e 18 mm. Alimenta-se de animais mortos (OLIVEIRA 2010, WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES). Neritina virginea - (Linnaeus, 1758), são gastrópodes marinhos, pertencentes à família Neritidae. Vivem em uma grande variedade de ambientes de água salgada, em fundos lodosos, arenosos enterrados ou sobre eles, são encontrados em profundidades de 0 a 10 cm. Possuem um tamanho médio que variam entre mm. São animais herbívoros, alimentam-se de plantas em decomposição e algas, principalmente as diatomáceas (OLIVEIRA 2010, PLANETA INVERTEBRADOS). Parvanachis sp- (Radwin, 1968), são gastrópodes marinhos, pertencentes à família Columbelidae. Vivem sob ou sobre pedras e em algas marinhas, alimenta-se de outros animais. Possuem um tamanho médio de 4 mm (WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES). Stramonita haemastona - (Linnaeus, 1767), são gastrópodes marinhos, pertencentes à família Thaididae. Vivem em fundo de cascalho de coral, pedra ou conchas, encontrados a profundidade de 0 a 10 cm. Possuem um tamanho médio entre 25 a 80 mm. Alimentam-se de outros animais (OLIVEIRA 2010, WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES).

81 80 Crustáceos: Callinectes sp. (Siri) - (Stimpson, 1860), pertencentes à família dos Portunidae, as espécies dessa família ocorrem em todo o mundo em ambientes marinhos e em estuários (zona de transição entre o mar e rios). A salinidade é um fator importante na distribuição desses organismos no ambiente. Alimentam-se de crustáceos menores, moluscos e uma infinidade de outras espécies, em geral mortas ou em estágio de decomposição. Podem chegar a até 15 cm de envergadura. Possuem cinco pares de patas, sendo que o último par é modificado para uma função parecida com a de um remo, para uma melhor locomoção do animal, essa característica os diferenciados caranguejos. Os siris também possuem uma carapaça mais larga que a dos caranguejos, com espinhos terminais (ANDA, OLIVEIRA 2010, WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES). Ucides cordatus (caranguejo) - (Linnaeus, 1763), também conhecidos por uçás. Pertencentes a família dos Ocypodidae. Habitam as regiões litorâneas, sendo que algumas espécies preferem área de mangue. Eles possuem nas costas uma carapaça protetora. Em geral alimentam-se de peixes e outras espécies de animais mortos. O seu tamanho varia de 8 a 20 cm em média (algumas espécies são maiores). Possuem cinco pares de patas (ANIMAIS MARINHOS E SUA PESQUISA.COM, OLIVEIRA 2010, WORLMS WOLRD REGISTER OF MARINES SPECIES). VERTEBRADOS Peixes teleósteos Archosargus probatocephalus (Sargo) pertencentes à família Sparidae. Distribui-se por todo o litoral brasileiro, desde Rio Grande do Sul até o Amapá, podendo ser finalmente encontrado durante todo o ano em águas costeiras e rasas com profundidade de até 50 metros, onde as pedras se encontram com areia. Penetra também em águas estuarinas por onde nada pequenos cardumes. É encontrado em canais litorâneos e fundos pedregosos, coral ou outros locais que possuem frestas e tocas, onde costumam abrigar, sendo normalmente mais ativos durante a noite. Pode medir 90 cm e alcançar de 10 a 12 kg. É um peixe onívoro, se alimenta de invertebrados e vertebrados pequenos (OLIVEIRA 2010).

82 81 Genidens sp. (bagre) Pertencente à família Ariidae, comum em toda costa brasileira, característico pela presença de barbilhões (apêndice carnoso e filamentos e apresentam células sensoriais que auxiliam na localização de alimento sobre o fundo próximo a boca. Peixe de couro; corpo achatado, nadadeira peitoral e dorsal com espinhos. Os maiores alcançam 1m de comprimento total e cerca de 5 kg. Sua alimentação é baseada em pequenos peixes, vegetal e matérias orgânicas. Após a desova, os machos incubam os ovos na boca. Seus ambientes são praias, estuários, manguezais, foz de rios e entram na água doce para desovar. Não são encontrados em águas muito profundas, em geral até 50m. Vivem em grupos de 5 a 100 indivíduos e tem hábitos noturnos, porém durante o dia em águas turvas é possível capturá-los. Sua distribuição geográfica vai do Amapá ao Rio Grande do Sul (LESSA, R., NOBREGA, M.F, 2000; SZIPELMAN M., 2000; SILVA, M. et al., 2006; BEMVENUTI & FISCHER 2010; OLIVEIRA, T., 2010). Micropogonias furnieri (Corvina) Pertencente à família Sciaenidae, espécie comum em toda costa brasileira (do Amapá ao Rio Grande do Sul), principalmente no Sul e Sudeste. Peixe de escamas, boca voltada para baixo; pré-opérculo fortemente serrilhado. A coloração é prata com reflexos roxos, podem apresentar listras longitudinais pretas ao longo do corpo, especialmente nos indivíduos jovens. Possui alguns pares de pequenos barbilhões na mandíbula. Alcança cerca de 80 cm de comprimento total e 6 kg. Espécie costeira vive nos fundos arenosos ou barrentos, em estuários, baías, em profundidades até 100m. Os jovens e alguns adultos costumam frequentar os manguezais e estuários, alimentam-se principalmente de crustáceos, complementando com os peixes pequenos, caranguejos, siris e mariscos. Também pode entrar na água doce. Formam cardumes pequenos (LESSA, R., NOBREGA, M.F, 2000; SZIPELMAN M., 2000; SILVA, M. et al., 2006; BEMVENUTI & FISCHER 2010; OLIVEIRA, T., 2010). Pogonias chromis (Miraguaia/ Piraúna) - Pertencentes à família Sciaenidae, peixe comum em toda costa brasileira (do Amapá ao Rio Grande do Sul), principalmente no Sul e Sudeste. Alcança 1,7m de comprimento total e 50 kg. São espécies costeiras, vivem sobre fundo de areia, lodo ou cascalho, principalmente em áreas estuarinas próximas a rochas e em canais. Sua alimentação é baseada em moluscos

83 82 (principalmente mariscos), crustáceos e peixes. Migram para águas mais quentes durante o inverno, época da reprodução, quando pode ser encontrada junto a costões rochosos. Os juvenis entram frequentemente nos estuários (LESSA, R., NOBREGA, M.F, 2000; SZIPELMAN M., 2000; SILVA, M. et al., 2006; BEMVENUTI & FISCHER 2010; OLIVEIRA, T., 2010). Cynoscion sp.(pescada) - Pertencentes à família Sciaenidae, peixe comum em toda costa brasileira (do Amapá ao Rio Grande do Sul), principalmente no Sul e Sudeste. Peixe de escamas, na costa brasileira ocorre mais de 30 espécies de pescadas. Entre as características mais interessantes desse grupo está a capacidade de produzir sons por músculos associados à bexiga natatória. As espécies podem apresentar de 45 cm e 1,5 kg a 1 m e 30 kg, a depender da espécie. As espécies vivem cardumes nos poços e regiões profundas, durante o dia nadam ao fundo e a noite é encontrada na superfície. Alimentam-se preferencialmente de crustáceos, como camarões, e de pequenos peixes (LESSA, R., NOBREGA, M.F, 2000; SZIPELMAN M., 2000; SILVA, M. et al., 2006; BEMVENUTI & FISCHER 2010; OLIVEIRA, T., 2010). Peixes condrícteos Rajidae (Raia) - As espécies dessa família possuem cauda grossa e alongada, com duas dorsais em posição terminal, e ausência de nadadeira caudal. Normalmente vivem solitárias, junto ao fundo arenoso ou pequenas pedras, durante a época de migração podem formar pequenos grupos. Sua alimentação é baseada em moluscos, crustáceos e peixes. As raias marítimas são relativamente comuns, podendo apresentar de 1,5m, 1,9m (SZIPELMAN M. 2000; OLIVEIRA T. 2010) A captação dos recursos presentes em Mato Alto I Silva (2009) baseou-se no trabalho realizado por Kent Flannery (1997) em seus estudos sobre captação de recursos, no qual o autor realizou o mapeamento dos recursos da área do sítio analisado. Procurando as áreas de fontes onde poderiam ser encontrados

84 83 tais recursos no entorno do sítio permitiu a identificação das possíveis unidades de explorações utilizadas no passado. Partindo desse pressuposto, a delimitação da área de exploração dos grupos que construíram o Mato Alto I foi realizada através dos componentes encontrados no sítio. A análise aqui apresentada tem como base os recursos faunísticos coletados sem incluir outros elementos da cultura material (como artefatos líticos e/ou vestígios arqueobotânicos) já que não foram disponibilizados estudos detalhados sobre os mesmos. Através do levantamento de dados dos respectivos habitats dos componentes faunísticos presentes no sambaqui, pode-se delimitar as possíveis áreas de trajeto dos grupos ao procurar os recursos necessários para distintos usos. Levando em consideração o registro arqueofaunístico traçaremos a distância razoável provavelmente percorrida no passado e os ambientes explorados. Para delimitação da área nos utilizamos de questão inicial, a mesma utilizada por Silva em seus trabalhos de 2009 e 2010: de onde veio esse recurso?. Diante da questão levantada Silva, considerando os registros arqueológicos e o levantamento da área da qual o sítio está inserido, identificou os elementos presentes na região: mata, laguna e mar (SILVA 2010). Esses componentes da paisagem abrigam as matérias-primas necessárias para a construção do sítio e sobrevivência dos grupos ali presentes. A partir dos estudos realizados por Caruso Jr (1995), Klokler (2001), Assunção (2010), Marques (2010) e Oliveira (2010), foi desenvolvido o levantamento da composição da área focando na contextualização e a disponibilidade dos recursos presentes em cada unidade da região onde o sambaqui está inserido e destacamos as seguintes observações (tabela 12): - Mata: possui uma vegetação litorânea estendendo-se pela planície costeira, abrangendo principalmente a vegetação de restinga. Podendo abrigar alguns animais (como mamíferos, aves), servindo de fonte de recurso para utilização de coleta de plantas silvestres e matéria-prima. - Laguna: A região abriga um conjunto de lagunas que se comunicam. Destacamos entre elas as lagoas de Santa Marta e Garopaba do Sul, e uma sequência de lagos residuais de antigas lagunas (KNEIP 2010). Como afirmamos anteriormente os sistemas lagunares estão diretamente ligados as ocupações desses grupos na região. Eles proporcionam um meio de comunicação entre os

85 84 grupos e o mar e ampliam as distâncias que podem ser percorridas a partir do uso de embarcações, possibilitando novas explorações de vários ecotonos. Habitat natural de alguns moluscos como: Anomalocardia brasiliana, Macoma sp.; Nassarius vibex; Tagelus plebeius. Crustáceos - siris e caranguejos. Peixes como - bagres, sargos, corvinas, miraguaia, pescada. - Mar: o Oceano Atlântico, fonte de recursos variados: como peixes (raias), moluscos. - Costões rochosos: regiões de transição entre os meios terrestres e marinhos. Abrigam moluscos como: Ostrea sp., E. haemastoma, crepídula sp., brachidontes sp., (mariscos). E alguns peixes como: bagres, sargos, raia. - Planície de restingas: é uma planície arenosa costeira, presentes nas áreas lagunares, praias e cordões arenosos (ZONA COSTEIRA ). Está presente na costa atlântica, na porção meridional do estado de Santa Catarina, descrita como vegetação da área litorânea, abriga espécies arbustivas, apresenta a predominância de gramíneas (KLOKLER 2001, DEBLASIS e GASPAR 2008/2009). Local de abrigo de aves e pequenos mamíferos e área importante para caça e captura destes animais De onde veio este recurso? A utilização dos recursos pelos grupos sambaquieiros Os sambaquis Jabuticabeira I, Jabuticabeira II, Garopaba do Sul e Mato Alto I estão localizados na mesma região e estavam ativos concomitante há 3 mil anos atrás (figura 35). Apesar de estarem na mesma região, esses sítios podem apresentar distinções em seu material constitutivo. Este fato pode estar diretamente ligado às seleções de material construtivo daqueles grupos humanos e a disponibilidade dos recursos. Os grupos sambaquieiros estavam se utilizando tanto de recursos próximos às suas áreas de ocupação, como também recursos próximos a costa. Ao estudar o sambaqui Mato Alto I, foi perceptível a variação de material construtivo do sítio (entre Anomalocardia brasiliana, Ostrea sp. e Brachidontes sp) deixando clara a seleção desses grupos, uma vez que os materiais estavam sendo captados nas lagunas e nos 8

86 85 costões rochosos. O Mato Alto I é um sambaqui voltado para o interior da região, a alguns quilômetros da costa atual, encontra localizado sobre encosta. Figura 33 - Mapa da região e suas lagunas Fonte: DeBlasis et al Para uma melhor compreensão foram utilizadas observações já existentes sobre variações de composição, juntamente com suas respectivas contextualizações dos sambaquis citados (tabela 12, 13 e 14).

87 86 Tabela 12 - Sambaquis do litoral sul de Santa Catarina e datações. Sítios Garopaba do Sul Jabuticabeira I Jabuticabeira II Mato Alto I Datações 4110 anos AP anos AP 4840 anos AP anos AP 2890 anos AP anos AP 2535 anos AP anos AP Fontes: (DELLA-JUSTINA 2015; OLIVEIRA 2010; DEBLASIS et al. 2007; NISHIDA 2007; KLOKLER 2001). Tabela 13 Porcentagem dos componentes presentes em 4 sambaquis do litoral sul de Santa Catarina. Sítios A. brasiliana Brachidontes sp. Ostrea sp Garopaba do 79,73 1,54 12,26 2 Sul Jabuticabeira I 66,70 4,07 19,61 1,41 Jabuticabeira 76,26 17,35 sem 6,37 II dados Mato Alto I 25,03 19,78 23,34 3,87 Tabela 14 - Tipos de vertebrados presentes nos diferentes sítios. Sítios Garopaba do Sul Jabuticabeira I Jabuticabeira II Mato Alto I Tipos de vertebrados bagre, corvina, miraguaia, sargo, tainha e roedor baiacu, sargo, miraguaia, raia, bagre, corvina, pescada, tartaruga, tatu, paru corvina, bagre, miraguaia, sargo, tainha, pescada-branca, baiacu, raia, tubarão, roncador, robalo, betara, salteira, cangoá, paru, ave e mamífero bagre, corvina, miraguaia, pescada, sargo, raia e ave O sambaqui Mato Alto I encontra-se com maior proximidade das lagunas presentes na área, onde provavelmente os grupos estão coletando a A. brasiliana para a construção do sítio e crustáceos para o consumo. A presença das ostras e mariscos no sítio indica que os grupos estavam indo nos costões rochosos, próximo do litoral capturar os moluscos para a construção do sítio. A variedade dos recursos construtivos indica que os grupos estavam freqüentando os dois ambientes (lagunas e costões rochosos) uma vez, que entre os três principais componentes construtivos do sítio

88 87 (berbigões, ostras e mariscos), a partir dos dados de analise mostra que não exista uma preferência entre as espécies utilizadas. A pesca em Mato Alto I Quando analisamos o consumo de peixes podemos observar a presença de ossos e otólitos em todas as camadas, indicando uma atividade de pesca constante em Mato Alto I. A análise desse material demonstra a exploração de um ambiente lagunarestuarino similar ao atual. Ao observar os dados de pesca do Mato Alto I percebemos que o bagre é o táxon de maior presença entre os pescados, com uma representação de 48%, seguido da corvina com 29% e a Miraguaia com 12%, somente essas três espécies correspondem a 89% dos peixes representados no sítio. Os bagres, corvinas e miraguaias são essencialmente peixes de ambientes lagunares. A presença de uma placa dentária de raia no sítio, não seria indicador suficiente para caracterizar a pesca em ambiente marítimo já que, de acordo com Klokler (2001), essa espécie vive próxima a costa, e podem adentrar nos canais que ligam a laguna ao mar. O ciclo anual do ecossistema da costa sul é determinado pela variação de temperatura e pluviosidade permitindo a disponibilidade de alimentação para os organismos aquáticos (FIGUTI 1998). A variação sazonal é dividida em um período frio (junho a setembro) e dois períodos quentes (primeiro de: outubro, janeiro/ fevereiro, e o segundo de: janeiro/ fevereiro até maio (FIGUTI 1998). Durante o tempo frio a abundância e diversidade dos pescados diminuem, portanto as atividades de pesca são bastante influenciadas por fatores ambientais. De acordo com Silva (2016) as espécies pescadas em Mato Alto I foram captadas ainda juvenis, existindo pouca variação de peso e tamanho nos indivíduos recuperados no sítio. Mais da metade das corvinas são consideradas juvenis (possuindo uma média de 20 cm de comprimento e peso de 90 g). Já os pesos dos bagres variam bastante, entre aproximadamente 30g a 200 g, e 20,5 cm de comprimento. Eles também são em sua maioria juvenis. Isto se mostra um fato interessante, pois a escolha dessa fase de desenvolvimento das espécies seleciona uma alternativa ao abastecimento durante o ano inteiro. Apesar da disponibilidade das corvinas o ano todo, entre os ossos não foram encontrados muitos vestígios dessa espécie; porém durante as análises dos

89 88 otólitos a corvina aparece em maior quantidade em relação aos bagres. Este fator deve estar ligado ao fator anatômico dos bagres, por apresentarem características que permite a fácil identificação dos vertebrados em relação às demais espécies. De acordo com Silva (2016), esses grupos estavam pescando espécies juvenis de corvinas e bagres, provavelmente por serem de mais fácil captura e por estarem disponíveis durante o ano inteiro, sendo capturadas nas paleobaías próximas ao sítio. A coleta de moluscos em Mato Alto I As espécies de moluscos encontradas em Mato Alto I em geral são regularmente encontradas em outros sambaquis do litoral sul de Santa Catarina. Observamos registro similar em outros sítios da região, como: Jabuticabeira II (KLOKLER 2001; NISHIDA 2007), Caipora (OLIVEIRA 2010), Lageado (OLIVEIRA 2010), Jabuticabeira I (OLIVEIRA 2010) e Garopaba do Sul (DELLA-JUSTINA 2015). Primeiramente podemos observar a variedade dos locais das coletas realizadas pelos diferentes grupos, uma vez que os recursos são encontrados em locais diferentes. A Anomalocardia brasiliana em geral são encontrados em sistemas lagunares (bancos naturais de moluscos), as ostras e mariscos em geral são encontrados em substratos rochosos (costões rochosos), embora possam existir algumas exceções. Ao pensar captação de materiais construtivos utilizados pelos diferentes grupos, a partir dos dados apresentados na tabela 13, observamos que os sambaquis Jabuticabeira I e Garopaba do Sul apresentam também similaridade nas escolhas de materiais construtivos (Anomalocardia brasiliana, Ostrea sp.,brachidontes sp) (DELLA-JUSTINA 2015 e OLIVEIRA 2010). O sambaqui Jabuticabeira II é majoritariamente construído por Anomalocardia brasiliana, apresentando como segundo elemento construtivo Brachidontes sp., porém com baixa representatividade comparado com o primeiro elemento (KLOKLER 2001). Os sambaquis Garopaba do Sul, Jabuticabeira I e II estão localizados próximos a lençóis conchíferos (KLOKLER 200, e VILLAGRAN 2012). O sambaqui Mato Alto I também está próximo a esses concheiros naturais, porém ao observarmos o material construtivo do sítio, percebemos a preferência dos grupos em utilizar três tipos de moluscos bivalves (Anomalocardia brasiliana, Ostrea sp. e Brachidontes sp.). Segundo Klokler 2001, durante as

90 89 construções dos sambaquis do sul do Brasil os grupos utilizavam como matéria-prima principalmente Anomalocardia brasiliana e Ostrea sp., em episódios de rápida acumulação, com o objetivo de formar um montículo criando depósitos mais espessos, enquanto que as camadas mais finas são geralmente compostas por mariscos (figura 37). Klokler (2008) chamou a atenção para a presença do concheiro natural Jabuticabeira, situado entre os sambaquis Mato Alto I, Jabuticabeira I e Garopaba do Sul, localizado no sistema de barra-barreira. Devido à extensão do concheiro natural, a autora defende que as coletas poderiam ter sido realizadas em diferentes locais, devido à variação e frequências de espécies presentes nos sítios. Ao analisarmos as composições do Mato Alto I, devido a sua composição é notável que os grupos construtores do Mato Alto I optaram por utilizar Anomalocardia brasiliana, Ostrea sp. e Brachidontes sp., como material construtivo.esses componentes representam: Anomalocardia brasiliana com 25%, seguido das ostras com 23% e os mariscos com 19%, ou seja, aparecem de forma equilibrada na composição do sítio, similarmente ao que Figuti e Klokler detectam nas camadas mais superficiais do sítio Espinheiros II (1996). Em seus trabalhos (FIGUTI & KLOKLER 1996; KLOKLER 2001), apontaram uma diferença nos padrões de construção do sítio, uma vez que na camada mais antiga as quais visavam à acumulação do sítio são compostas por Anomalocardia brasiliana e ostras. Ao analisar os perfis separadamente notamos as seguintes características: O Perfil I apresenta uma alta concentração de mariscos; - mariscos: presentes em quase todas as camadas, exceto na camada 1, com maior representação nas camadas: 2 49%, 3 51%, e 4 49%; - ostras: presentes da camada 1 a 12, com maior representação perto de 50% nas camadas: 6, 9 e 10; - berbigões: presentes em quase todas as camadas, exceto na camada 10, com maior representação na camada: 13 78%; O Perfil II apresenta uma alta concentração de ostras, presentes em todas as camadas, com maior representação nas camadas: 4 55% e 5 65%;

91 90 - mariscos: presentes apenas na camada 1, com maior representação 35%;. - berbigões: presentes em todas as camadas, com maior representação na camada: 2 56%; Por fim, o Perfil III com uma alta concentração de Anomalocardia brasiliana presentes em todas as camadas, com maior representação na camada: 3 95%; - mariscos: presentes em todas as camadas, com uma maior representação nas camadas: 4 62%, 5 41%; - ostras: presentes nas camadas 1, 3 e 5, com uma maior representação na camada: 2 39%; - Stramonita maior concentração na camada 1-27%. Essas diferenças podem estar ligadas as diferentes ocupações ocorridas nele, deixando claro que as preferências pela utilização dos recursos variam de acordo com cada grupo, uma vez que existe uma variação de material construtivo em cada camada. Observamos uma frequência maior de mariscos na datação mais antiga do sítio feita com base em material coletado na camada 2 do Perfil I. E a predominância de ostras no perfil II com datação mais recente (2.245 AP). Alguns autores ligam a presença de ostras e Anomalocardia brasiliana nos sambaquis às camadas mais antigas, na qual os grupos visavam à acumulação do sítio. Porém no Mato Alto I, a datação mais antiga tem o marisco como o maior representante do material construtivo. Essas observações demonstraram que os grupos que habitaram o Mato Alto I optaram por utilizar mais de um tipo de material construtivo, reforçando a escolha dos diferentes locais (lagunas e costões rochoso) para a captura dos recursos. Desta forma, podemos afirmar que o material construtivo e a economia pesqueira do Mato Alto I indicam que os grupos que os grupos que o construíram estariam voltados principalmente para os estuários, lagunas e substratos rochosos, devido a presença das ostras e mariscos utilizado para a construção do sítio (figura 35).

92 Figura 34 - Mapa da região por volta de AP, com o nível do mar 1,0 acima do atual. Fonte: Kneip

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