devemos realizar as mudanças imperativas à nossa própria subsistência. A presença da Justiça do Trabalho aqui e agora, em tão importante e crucial

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1 1 Exmo. Sra. Desa. Presidenta do Eg. TRT da 1ª Região Desembargadora Maria de Lourdes D'Arrochella Lima Sallaberry; Exmo. Sr. Proc. Chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 1ª Região; Ilustre Pres. da Seccional da OAB do Rio de Janeiro, em nome de quem saúdo e cumprimento os advogados; Srs. Juízes e servidores! Senhoras e Senhores! É com enorme júbilo, orgulho e entusiasmo que a Justiça do Trabalho participa desta Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável RIO+20, em especial para a implantação do seu sistema de processo judicial eletrônico na 1ª Região da Justiça do Trabalho. Vivemos um tempo de degradação ambiental, em que pairam graves ameaças sobre o Planeta Terra. Desafortunadamente, isso se dá em meio a uma das crises econômico-financeiras mais severas dos últimos 90 anos, cujas medidas de superação nem mesmo sabem ainda as principais nações envolvidas. É sob esse inquietante quadro que o mundo reúne-se nesta Cidade Maravilhosa, na busca de uma equação dificílima: harmonizar o crescimento econômico com a redução das desigualdades sociais e com a preservação dos recursos ambientais do Planeta. Precisamos conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Como se sabe, a Conferência abraça três frentes bem nítidas: meio ambiente equilibrado, desenvolvimento sustentável e economia verde. A premissa de que todos aqui partimos é a de que não há mais saída para o nosso massacrado Planeta senão mediante a persistente busca da sustentabilidade, o que implica mudar comportamentos e inovar. Inovar para melhorar a situação de todos os habitantes do Planeta e mesmo para subsistir. É incomensurável o desafio. Mas a Rio-92, que antecedeu a atual Conferência, ensinou-nos que, mediante a formação de uma consciência coletiva, podemos e

2 devemos realizar as mudanças imperativas à nossa própria subsistência. A presença da Justiça do Trabalho aqui e agora, em tão importante e crucial momento da história do homem, é para afirmar e proclamar, alto e bom tom, o seu compromisso visceral e responsabilidade inarredável com o desenvolvimento sustentável. Mais que isso. Retórica à parte, queremos expor e divulgar o que fazemos de concreto nesse sentido. Desde o último dia 13, no estande situado no Pavilhão C --- para cuja visita a todos agora convido --- a Justiça do Trabalho tem a grata satisfação de anunciar que já desenvolve inúmeras boas práticas cujo objetivo é a proteção socioambiental. 1º) desenvolve programas de inclusão social e sustentabilidade, realizados no âmbito dos Regionais e do TST; 2º) desenvolve o Programa Trabalho Seguro, que consiste em um conjunto de práticas e políticas públicas destinadas à prevenção e à redução dos alarmantes índices de acidentes de trabalho em nosso País; trata-se de um Programa que busca, assim, alcançar um ambiente de trabalho mais saudável, pressuposto básico do trabalho decente preconizado pela Organização Internacional do Trabalho; 3º) também vimos de implantar um inovador Guia de Compras Sustentáveis nas contratações da Justiça do Trabalho, recentemente aprovado pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho; trata-se de iniciativa inédita na Justiça brasileira; uma vez que respondemos por expressivo volume de compras de produtos e serviços a cada ano, não poderíamos consentir em que tais aquisições fossem realizadas à margem de regras claras, práticas e eficazes, com vistas ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e ao desenvolvimento sustentável, a exemplo da preferência por produtos recicláveis e reciclados e da opção por equipamentos duráveis, reparáveis e aperfeiçoáveis; 4º) a Justiça do Trabalho brasileira também desenvolve diretamente (ela mesma!) e implanta um sistema próprio de Processo Judicial Eletrônico --- o PJE-JT ---, destinado a atender às especificidades do processo trabalhista. Gostaria de deter-me em particular sobre o nosso sistema de Processo Judicial Eletrônico e sua 2

3 notável, imediata e importantíssima função socioambiental, sobretudo ao abolir a utilização de papel na Justiça do Trabalho, em absoluta sintonia com o objetivo principal desta Conferência das Nações Unidas. A dimensão dessa função socioambiental ainda mais avulta se considerarmos que se trata do maior projeto institucionalizado de informatização do processo judicial de que se tem notícia no mundo. Em face da nossa elevada e recordista taxa de litigiosidade trabalhista, bem se compreende que não haja paralelo conhecido em qualquer outro País de substituição em tão larga escala do meio papel pelo meio eletrônico para a tramitação de processos judiciais. Desenvolvido pela e para a Justiça do Trabalho, o sistema de Processo Judicial Eletrônico denominado PJE-JT, que hoje se implanta na Justiça do Trabalho do Rio, proporciona estupendas vantagens para todos: 1ª) ganho excepcional em celeridade processual, pois enseja uma completa racionalização e mais eficiente desempenho da dinâmica processual, com redução de tempo na solução dos conflitos; 2ª) ganho mediante substancial redução de gastos públicos, pois importa um enxugamento considerável nos custos da atividade finalística do Poder Judiciário; diminuição de despesas em material de expediente, em pessoal, em mobiliário, em prédios para acomodação dos processos, em arquivos e em transporte; 3ª) ganho do advogado e das partes em acessibilidade: as portas da Justiça do Trabalho estarão sempre abertas para o jurisdicionado, 24 horas por dia, 7 dias por semana, 52 semanas por ano; sem fila, sem enfrentar congestionamento de trânsito que polui e afeta a atmosfera em prejuízo de todos; isso porque obviamente o interessado poderá compulsar os autos digitais sem necessidade do comparecimento físico ao balcão da Secretaria; 3

4 4ª) e, principalmente, --- last, but not least! ---, o Processo Judicial Eletrônico que ora se implanta também na Justiça do Trabalho do Rio proporciona ganhos excepcionais em sustentabilidade ambiental, em especial pela substancial e direta redução do consumo de papel, de água e de energia elétrica. Inegavelmente, a par do ganho sensível em produtividade, o PJE-JT ajuda, ainda, na construção de um mundo ecologicamente melhor e mais saudável. Esse aspecto ainda mais se acentua em face do elevadíssimo nível de litigiosidade trabalhista que se nota em nosso País. Provavelmente, somos recordistas mundiais, ano após ano, no número de novos processos trabalhistas. Em 2011, a Justiça do Trabalho brasileira recebeu cerca novos processos, o que, considerado o tamanho médio dos processos --- no TST: 540 folhas; na 1ª e 2ª instâncias: 200 folhas ---, exige cerca de 431,4 milhões de folhas de papel A4. Se tomarmos em conta esse número de processos e o quantitativo médio de folhas de papel A4 que neles se contêm, é impactante, do ponto de vista ambiental, a estimativa positiva advinda da substituição do processo físico em papel pela implantação do processo judicial eletrônico. Segundo dados de sites sobre sustentabilidade, 1 para cada tonelada de papel fabricado é necessário o corte de 25 árvores, litros de água e 5.000kwh de energia. Desse modo, a implantação do processo judicial eletrônico (ou seja, que tramita inteiramente sem documentos impressos) em todas as instâncias da Justiça do Trabalho, se considerado um quantitativo de processos igual

5 ao de 2011, gerará, apenas no âmbito da Justiça do Trabalho, economia anual de: 1) toneladas de papel por ano, o que equivale à preservação de árvores, ou seja, importa poupar uma verdadeira floresta por ano; 2) gerará também uma economia de litros de água e algo ao redor de dez milhões de kilowatts hora de energia elétrica. Impõe-se destacar ainda que a extinção dos autos de processo em papel implicará, também, sensível e notória redução de emissão de gás carbônico, que seria despendido na produção de equipamentos que se tornarão, para nós, obsoletos, como as impressoras. A desnecessidade de impressoras, por si só, representa, ainda, economia de energia elétrica e de insumos, tais como tonners, cartuchos de tintas e peças plásticas de reposição. Adite-se, ainda, a expressiva diminuição na emissão de CO2 com a eliminação do transporte desse mesmo volume de papel entre os tribunais. Patente que movimentar toneladas de papel por ano exige aplicação de recursos elevados e produz indesejável quantidade de gás carbônico. Pondere-se, ainda, que a implantação do PJe-JT elimina um último elemento de agressão à natureza: o problema do tratamento dos resíduos sólidos. Imprimir, autuar, movimentar e arquivar mais de duas mil toneladas de papel por ano constituem atividades das quais deriva notável quantidade de resíduos sólidos, cujo tratamento exige tempo, recursos e estratégias custosas por parte da Administração. Significa que ao desenvolver e implantar o PJe-JT contribuímos para um mundo com menos lixo. Vê-se, assim, com nítida clareza, que o processo judicial eletrônico da Justiça do Trabalho cumpre papel relevantíssimo de desenvolvimento sustentável, a par 5

6 dos benefícios que diretamente traz à realização das atividades judicantes. Atestamos e confirmamos, com isto, nosso compromisso por um meio ambiente ecologicamente equilibrado, por um desenvolvimento sustentável e por condições de trabalho decentes! Não nos deve passar despercebido igualmente que o trabalho realizado mediante o concurso do PJe-JT, em razão do manifesto aumento da produtividade que patrocina, trará aos envolvidos nas tarefas -- juízes, servidores, advogados ---, maior qualidade de vida. Sim! Pois faremos mais, com menos. Menos tempo, menos esforço. Mais qualidade e melhores resultados. É, pois, sob a perspectiva alvissareira, palpável e inquestionável de tais benefícios ambientais e sociais que hoje e aqui participamos da implantação do módulo de segundo grau do Processo Judicial Eletrônico PJE-JT, no Egrégio Tribunal do Trabalho da 1ª Região. 6 Muito obrigado! PRONUNCIAMENTO DO EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO JOÃO ORESTE DALAZEN, PRESIDENTE DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO E DO CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO, POR OCASIÃO DA IMPLANTAÇÃO DO PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO (PJE) DE SEGUNDO GRAU, NO RIO DE JANEIRO (PARQUE DOS ATLETAS, RIO+20), RJ, DIA 18 DE JUNHO DE 2012.