PALAVRAS-CHAVE: Agricultura familiar, cadeias produtivas, fumicultura
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- Ayrton Sousa de Mendonça
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1 PERCEPÇÃO SOCIO-ECONÕMICA DOS PRODUTORES DE FUMO NO MUNICÍPIO DE VERA CRUZ - RS 1 Ana Carolina Klinger 2 Andrea Cristina Dorr 3 Ederson Sérgio Bortoluzi 4 Renata Rojas Guerra 5 Resumo A produção brasileira de fumo, segunda maior do mundo, concentra-se na região Sul, que responde por 97% do total nacional, com cerca de 700 municípios produtores. A fumicultura é uma atividade agrícola de fundamental importância para o Estado do Rio Grande do Sul pois cerca de 95 mil produtores rurais estão envolvidos na atividade, gerando em torno de R$ 2,4 bilhões de receita. Nesta cadeia produtiva, está fixado o chamado Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT). Considerado um dos pilares do agronegócio do tabaco, este sistema estabelece vínculos entre os agentes da cadeia, estando assim, presente em todos os elos do sistema produtivo. Coletaram-se dados primários, diretamente de 22 famílias de fumicultores, residentes no município de Vera Cruz-RS, situada na região dos Vales. Os dados foram tabulados e organizados de acordo com a ideia expressa pelos agricultores. Os resultados indicam a percepção dos produtores em relação à empresa, que se reflete na sua permanência no ramo da integração principalmente em virtude da segurança que este sistema oferece. Citam-se ainda as poucas alternativas para a maioria dos agricultores integrados. Os dados indicam que a maioria dos fumicultores se mostra satisfeita com esta atividade, A ligação estabelecida entre os agricultores e as empresas fumageiras demonstra ser um elo que sustenta a produção e nesse enlace, se estabelecem todas as decisões tomadas ao longo do ciclo produtivo, revelando a importância dessa relação e evidenciando o motivo pelo qual o fumo é a cultura principal produzida na região. PALAVRAS-CHAVE: Agricultura familiar, cadeias produtivas, fumicultura Introdução A produção brasileira de fumo, segunda maior do mundo, concentra-se na região Sul, que responde por 97% do total nacional, com cerca de 700 municípios produtores, segundo dados do IBGE. No Sul, a cultura é típica de pequenas 1 Trabalho resultante de projeto de pesquisa realizado pelo Grupo de Pesquisas em Agronegócios - UFSM 2 Acadêmica do curso de Zootecnia e pesquisadora da Universidade Federal de Santa Maria aninhaklinger@zootecnista.com.br 3 Doutora e pesquisadora e professora da Universidade Federal de Santa Maria 4 Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Santa Maria 5 Acadêmica do curso de Ciências Econômicas e Pesquisadora da Universidade Federal de Santa Maria
2 propriedades, e a maior produção está nas proximidades das indústrias de transformação e beneficiamento. A fumicultura é uma atividade agrícola de fundamental importância para o Estado do Rio Grande do Sul, pois se estima, segundo dados do Sindicato da Indústria do Fumo (SINDITABACO), que cerca de 95 mil produtores rurais estão envolvidos na atividade, gerando em torno de R$ 2,4 bilhões de receita aos mesmos. A produção de fumo no Rio Grande do Sul, assim como em outras regiões do país, é caracterizada por uma intensa necessidade de mão-de-obra. Na cadeia produtiva do fumo, especialmente naquela estabelecida no sul do Brasil, está fixado o chamado Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT), o qual, consiste em um vínculo contratual existente entre a empresa fumageira e o produtor de fumo que deveria estabelecer uma relação de cooperação do tipo usuário-produtor que, como tal, teria benefícios e obrigações equilibradas (DALLAGO FILHO, 2003, p.08). Considerado um dos pilares do agronegócio do tabaco, o SIPT estabelece vínculos entre os agentes da cadeia, estando presente em todos os elos do sistema produtivo. A coordenação de todo o processo está a cargo das agroindústrias fumageiras. Destaca-se que elas são responsáveis por fornecer insumos necessários à cultura do tabaco e assistência técnica aos produtores, além de encaminharem e avaliarem financiamentos junto aos bancos e se comprometerem a adquirir toda a produção ao final da safra. A adoção desse pacote tecnológico é apontada como principal fonte do adequado desempenho e crescimento do setor fumageiro no Brasil e no mundo. Nesse contexto, o sistema de produção sul-brasileiro baseado fortemente no SIPT, está regido por meio de contratos firmados entre os fumicultores e a agroindústria processadora de fumo. O objetivo do presente estudo é realizar uma análise descritiva da produção de fumo na cidade de Vera Cruz, RS. O propósito é identificar: as características das transações entre produtores rurais e as agroindústrias fumageiras, além da percepção da situação econômica e social por parte dos produtores. Metodologia
3 Foram coletados dados primários de 22 produtores de fumo, residentes na cidade de Vera Cruz-RS, situada na região dos Vales. Para a amostragem, o cálculo do tamanho da amostra é dado conforme Schneider (2004), pela seguinte fórmula: Onde: n = tamanho mínimo da amostra calculada;, = valor de t tab admitindo = 5%; s² = variância obtida através da amostra piloto; N = tamanho da população; e 0 2 = quadrado do erro amostral, obtido com os dados da amostra piloto. A população de produtores na região do Vale do Rio Pardo é de (AFUBRA, 2010). Segue-se o cálculo amostral: 4, , n 21, ,49(2497) 4, ,56 A amostra totalizou em 22 produtores. No questionário foram abordadas questões abertas sobre a percepção do produtor em relação à empresa, bem como outras informações sociais que possibilitam analisar e identificar as características das transações entre produtores rurais e as agroindústrias fumageiras. Os dados foram tabulados e organizados, sendo as perguntas diretas organizadas em nível crescente, e as indiretas agrupadas de acordo com a ideia expressa dos agricultores. Resultados e Discussões
4 A respeito da empresa, grande parte dos entrevistados avaliou-a de modo positivo, sendo que 63% destes atribuiu nota igual ou superior a 7 (Figura 1). Esta percepção se reflete na permanência no ramo da integração, fato justificado por eles principalmente em virtude da segurança que este sistema oferece. Os agricultores que consideram a empresa regular (nota 5 ou 6) correspondem a 33% e acreditam que as empresas fumageiras contribuem para a conservação dos minifúndios, embora possam aprimorar-se em alguns aspectos. Já a minoria dos entrevistados se mostra insatisfeito (4%) afirmando que na última década a empresa reduziu significativamente o valor pago pelo produto e conceituando a relação entre as partes ruim. O estabelecimento agrícola familiar não pode ser visto apenas como funcional para a agroindústria (Tedesco, 2001; Paulilo, 1990). Figura 1 Avaliação da empresa pelos produtores com nota de 0 a 10 4% 17% 4% 16% NOTA 2 NOTA5 NOTA6 NOTA7 17% NOTA 8 34% 8% NOTA 9 NOTA 10 Fonte: Dados da pesquisa Dentre os motivos de maior importância na escolha da indústria fumageira, 50% dos produtores negociam com o mesmo empreendimento que seus familiares, citando a tradição como aspecto de maior importância (Figura 2). Por outro lado, 32% dos entrevistados optam pela oferta de maior valor. Em parcelas menos significativas, sobrepesa a proximidade, o fato de a empresa ser grande, problemas com a empresa anterior e a fusão de fumageiras como o motivo da escolha.
5 4,25% 4,25% 4,25% TRADIÇÃO 4,25% REMUNERAÇÃO 50% PROBLEMAS COM A EMPRESA ANTERIOR 32% PROXIMIDADE EMPRESA GRANDE Figura 2 Motivos pelos quais os produtores comercializam com determinada empresa Fonte: Dados da pesquisa Os resultados indicam que metade dos produtores considera a tradição como o fator preponderante na escolha da firma, o que justifica o fato de a maioria deles realizarem apenas uma ou duas conversas antes do fechamento do contrato, correspondendo a 64% e 27% respectivamente (Tabela 1). Apenas uma minoria dos entrevistados mostra-se mais exigente optando por realizar três (4,5%) ou cinco (4,5%) reuniões. Tabela 1 - Número de reuniões ou diálogos entre o produtor e a firma para o fechamento do contrato Número de encontros Número de produtores Percentual (%) Um Dois 6 27 Três 1 4,5 Quatro Fonte: Dados da Pesquisa Cinco 1 4,5 Total
6 Conclusão O cultivo de fumo para a cidade de Vera Cruz, RS, mostra-se positivo à economia da cidade. A maioria dos agricultores inseridos neste contexto se mostra satisfeito com a atividade que, além de necessária para sua renda, trata-se de uma tradição trazida pelos seus ancestrais e arraigada na cultura local. Historicamente a região dos vales fortaleceu sua economia com base na fumicultura e nas relações tradicionais entre os agentes. A ligação estabelecida entre agricultores e as empresas fumageiras demonstra ser um elo que sustenta a produção e nesse enlace, se estabelecem todas as decisões tomadas ao longo do ciclo produtivo, revelando a importância dessa relação e evidenciando o motivo pelo qual o fumo é a cultura principal produzida na região. REFERÊNCIAS AFUBRA (Associação dos Fumicultores do Brasil). Perfil do fumicultor. Disponível em: < afubra.com.br>. Acesso em: 05 ago AFUBRA. Associação dos Fumicultores do Brasil. Site institucional. Disponível em < Acesso em 05 ago DALLAGO FILHO. Avaliação da relação produtor-empresa no sistema integrado de produção agrícola na cultura de fumo. Dissertação de Mestrado em Administração. Porto Alegre: UFRGS PAULILO, Maria Ignez S. Produtor e agroindústria: consensos e dissensos. Florianópolis: Ed. da UFSC - SECE, SINDIFUMO. Sindicato da indústria de tabaco. Disponível em < Acesso em 05 de jun. de TEDESCO, João C. Contratualização e racionalidade familiar. In:. (Org.) Agricultura familiar: realidades e perspectiva. 3. ed. Passo Fundo: UPF, VOGT, Olgário Paulo. A produção de fumo em Santa Cruz do Sul RS: ( ). Santa Cruz do Sul: Edunisc, 1997.
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