Perfil dos Feirantes de Hortaliças do Município de Alegre ES

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1 Perfil dos Feirantes de Hortaliças do Município de Alegre ES Profile of fairground vegetables in the municipality of Alegre ES NASCIMENTO, Maxwel Rodrigues 1, JAEGGI, Mário Euclides da Costa 1, SALUCI, Júlio Cesar Gradice 2, GUIDINELLE, Rebyson Bissaco 2, ZACARIAS, Alex Justino. 1 Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias, Laboratório de Fitotecnia, Campos dos Goytacazes, RJ, mariopechara@hotmail.com, maxwel.rn88@gmail.com; 2 Instituto Federal do Espírito Santo, campus de Alegre, Alegre, ES, juliosaluci@gmail.com, rebysonguidinelle@gmail.com, alexjustino12@gmail.com. Resumo: A presente investigação objetivou-se caracterizar o perfil dos vendedores de hortaliças na feira livre do município de Alegre ES, quanto às suas preferências, exigências e reclamações. Foram realizadas entrevistas e aplicação de questionário padronizado e estruturado a um total de 25 feirantes. O questionário envolveu perguntas sobre o sexo, faixa etária, estado civil, naturalidade, onde reside, grau de instrução, número de pessoas na família, quais os produtos comercializados, hortaliças comercializadas, frequência da venda, quem fornece os produtos, quais produtos orgânicos são vendidos, rendimento obtido com a venda de produtos na feira, justificar se houver trabalho extra, lucro médio mensal, satisfação com as organizações das barracas. Com base nos resultados obtidos, a maioria dos feirantes é do sexo masculino, com idade entre 30 e 50 anos, casado, natural deste município, moradores da zona rural, com ensino fundamental incompleto e com três pessoas na família. Os feirantes, em sua maioria, produzem na própria propriedade e comercializam seus produtos sempre que é realizada a feira. O rendimento obtido com a feira, para a maioria, é extra e o lucro médio mensal entre um e dois salários mínimos. A insatisfação foi questionada pela maioria dos feirantes que alegam que as barracas não são organizadas e a feira não é coberta. É possível que, com os dados obtidos pelo estudo, o poder público possa intervir no sentido de melhorar a estrutura física da feira e ampliar o número de feirantes e de produtos orgânicos. Palavras-chave: comportamento de compra, consumo, exigências, preferências, reclamações. Abstract: This research aimed to characterize the profile of vegetable sellers in the open market of the municipality of Alegre - ES, as to their preferences, demands and complaints. Interviews were conducted and application of a standardized questionnaire and structured to a total of 25 merchants. The questionnaire involved questions about gender, age, marital status, nationality, where you live, education level, number of people in the family, which marketed products, marketed vegetables, frequency of sale, who provides the products, which organic products are sold, revenue from the sale of products at the fair, justified if there is extra work, average monthly income, satisfaction with the organizations of the tents. Based on these results, most merchants are male, aged between 30 and 50 years old, married, natural of this municipality, residents of the countryside, with incomplete primary education and three people in the family. The market traders, mostly produced on the farm Cadernos de Agroecologia ISSN V. 11, N. 2,

2 and sell their products where the fair is held. The income derived from the fair, for most, is extra and the average monthly income between one and two minimum wages. Dissatisfaction was questioned by the majority of market traders who claim that the tents are not organized and fair is not covered. It is possible that, with the data obtained in the study, the government can intervene to improve the physical structure of the fair and increase the number of stallholders and organic products. Keywords: buying behavior, consumption, requirement, preference, complaints. Contexto Alegre é um município brasileiro do Estado do Espírito Santo a 200 km ao sul da capital, Vitória, abrangendo uma área de aproximadamente 778,6 km². O clima é quente e chuvoso, no verão, e seco no inverno. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, a população do município em 2010 era de habitantes e densidade demográfica de 39,85 habitantes/km². Situada na Rua Major Quintino, centro, atrás do hospital, a feira livre contém 36 barracas com cobertura e algumas montadas ao ar livre, não existe registro de estudo sobre a comercialização de hortaliças na feira de Alegre. As hortaliças constituem alimentos indispensáveis para a alimentação humana, pois são fontes de vitaminas, sais minerais, carboidratos, fibras e outras substâncias para uma dieta saudável e equilibrada (Figueira, 2003). O canal de comercialização é o caminho percorrido pela mercadoria dede o produtor até o consumidor final. Hoffmann et al., (1992), afirmam a necessidade do conhecimento desse canal como ferramenta para melhor organização do mercado de hortaliças, tendo como exemplos a entrega do produto no lugar adequado, no momento certo, na forma e na quantidade desejada. Os principais locais de comercialização de produtos alimentícios são supermercados, mercearias e as feiras livres. Entretanto, à participação de intermediários é bastante significativa com efeitos negativos nos preços recebidos pelos produtores. As feiras livres são ainda imprescindíveis para o abastecimento da população e têm conseguido a concorrência de modernos supermercados, não existindo tecnologia ou eficiência nos caixas de supermercados que substituam o contato direto entre vendedores e compradores. Santos et al. (2008) acrescentam que a feira livre oferece a possibilidade do consumidor comparar preços entre diferentes comerciantes da mesma mercadoria a pequenas distancias, contrário ao que acontece entre supermercados, por ficarem distantes uns dos outros. Tal fato dificulta a pesquisa de preços ou a torna inviável Cadernos de Agroecologia ISSN V. 11, N. 2,

3 para o consumidor. Assim, a feira livre acaba competindo com o supermercado, porque oferece preços mais acessíveis, e isso agrada ao consumidor. Deste modo, com esta pesquisa objetivou-se estudar o perfil social e econômico dos feirantes na feira livre de Alegre ES. Descrição da Experiência Esta pesquisa foi realizada no período de 30 de janeiro a 22 de março de 2013 na feira livre de Alegre ES. Foi aplicado questionário padronizado e estruturado aos feirantes, totalizando 25 entrevistas. A abordagem foi feita por meio de comunicação direta in loco com o respondente que constitui a forma tradicional para a coleta de dados primários. O questionário envolveu perguntas sobre o perfil social, econômico e educativo dos feirantes. Em relação ao perfil sócio-educativo foram questionados aspectos referentes tanto aos dados pessoais como gênero, faixa etária, naturalidade, local e zona onde reside, grau de instrução, assim como aqueles relacionados diretamente às atividades na feira, como, por exemplo, fornecedor (es) dos produtos, se comercializa produtos orgânicos, rendimento, lucro médio, venda em outro local ou estabelecimento e satisfação quanto à organização das barracas. A análise dos dados foi realizada por meio de estatística descritiva, utilizando tabelas e gráficos para a apresentação dos resultados. Resultados Tabela1. Perfil dos feirantes da feira livre de Alegre ES quanto ao gênero, faixa etária, estado civil, naturalidade, local ou zona onde reside, grau de escolaridade, e número de pessoas na família Gênero % Feminino 12 Masculino 88 Faixa etária até 30 anos 16 de 30 a 50 anos 52 mais de Estado civil Solteiro 0 Casado 84 Divorciado 0 Viúvo 4 Relacionamento estável 12 Onde nasceu? Cadernos de Agroecologia ISSN V. 11, N. 2,

4 No município de Alegre 76 Em outro município do Espírito Santo 20 Em Estado da Região Norte 0 Em Estado da Região Sudeste, exceto Espírito Santo 4 Em Estado da Região Nordeste 0 Em Estado da Região Sul 0 Onde reside? No município de Alegre 84 Em outro município do Espírito Santo distante de Alegre num raio maior que km Em outro município do Espírito Santo próximo a Alegre num raio de até km Em outro Estado da Região Sudeste 0 Em Estado de outra Região do Brasil 0 Local de moradia Zona rural 72 Zona urbana 28 Grau de instrução Analfabeto 12 Ensino fundamental incompleto 36 Ensino fundamental completo 12 Ensino médio incompleto 12 Ensino médio completo 20 Curso superior incompleto 0 Curso superior completo 8 Pós-graduação incompleta 0 Pós-graduação completa 0 Número de pessoas na família Dois 20 Três 28 Quatro 16 Cinco 16 Seis 12 Sete 0 Oito 4 Nove 0 Dez ou mais 4 Tabela 2. Perfil dos feirantes da feira livre de Alegre quanto à frequência de venda dos produtos, fornecedor (es), se o produto é orgânico, rendimento, lucro médio, venda em outro local ou estabelecimento e satisfação quanto a organização das barracas Frequência de venda % Sempre que ocorre a feira (Quartas-feiras e Sábados) 56 Esporadicamente 44 Quem fornece os produtos que vende? Produção própria (ou familiar) 80 Produção de terceiros dentro do município 4 Proveniente de outro município no Espírito Santo 16 Proveniente de outro Estado 0 Vende produto orgânico? Sim 28 Não 72 Cadernos de Agroecologia ISSN V. 11, N. 2,

5 Rendimento obtido com a venda dos produtos na feira Único da família 40 Extra 60 Se extra na questão anterior, qual o tipo de rendimento? Aposentadoria 20 Trabalho assalariado 0 Outro 80 Lucro médio mensal (salário mínimo vigente R$ 678,00) Menos que um salário 32 Entre um e dois salários 48 Entre dois e três salários 16 Entre três e quatro salários 4 Entre quatro e cinco salários 0 Cinco ou mais salários 0 Comercializa os produtos em outro local ou estabelecimento? Sim 26 Não 74 Satisfação com a organização das barracas Sim 28 Não 72 Figura 1. Proporção dos produtos comercializados e produtos orgânicos na feira livre de Alegre ES Cadernos de Agroecologia ISSN V. 11, N. 2,

6 Figura 2. Hortaliças comercializadas na feira livre de Alegre - ES. (As respostas dos entrevistados foram individuais para cada hortaliça) Destaca-se que 88% dos entrevistados são do sexo masculino. Maior parte dos feirantes entrevistados possui idade entre 30 e 50 anos (52%), estes dados não se diferem dos resultados obtidos por Albuquerque (2011) constatou-se também que a maioria dos feirantes tem idades entre 31 e 40 anos. Uns dos possíveis motivos que fazem do público jovem ter minoria da participação na feira do município é o desinteresse pelo campo, falta de políticas públicas voltadas ao empreendedorismo rural, processo migratório campo-cidade, assistência técnica e extensão rural ineficiente e não abrangente, precariedade das estradas rurais, atrativos da vida urbana como trabalho remunerado e entre outros. Dentre os entrevistados, (84%) são casados e possuem famílias. Em estudo semelhante ocorrido junto aos feirantes de Campinas SP, realizado por Mondin (2009), encontrou resultados semelhantes. Nessa pesquisa constatou-se que 68% dos feirantes são casados, o que significa que por serem casados utilizam a renda da feira para o sustento familiar. (76%) são naturais de Alegre e residentes nesta cidade (84%), sendo a maioria (72%) pertencente à zona rural e com ensino fundamental completo (36%). Isso afirma que os produtos que são comercializados na feira advém da agricultura familiar em que todos da família contribuem para o desenvolvimento da propriedade. A maioria dos feirantes não tem o ensino fundamental completo isso significa que os jovens rurais que, anteriormente, migraram para os centros urbanos em busca de melhor qualidade de vida se diplomaram casaram e não retornaram para o meio de origem, enquanto os que Cadernos de Agroecologia ISSN V. 11, N. 2,

7 permaneceram, que não tiveram a mesma oportunidade, hoje trabalham e vivem do campo. Em relação ao número de pessoas por família o maior percentual, foram de três e quatro pessoas por família, totalizando (42%). Esse dado mostra mesmo que população brasileira tenha aumentado significativamente nas últimas décadas, o número de componentes da família brasileira diminuiu inclusive no meio rural. Dos produtos comercializados na feira livre de Alegre 64% são hortaliças, 60% são frutas, 24% carnes (aves e suínos), 20% doces e biscoitos, 8% cereais, 4% lacticínio e 8% são outros não listados, como lanches e caldos. Dentre as hortaliças comercializadas 44% são orgânicas, dentre as frutas 20% e dentre os cereais 50% são orgânicos (Figura 1). A maioria dos produtos comercializados são olerícolas de clico curto, como as brássicas e aliáceas, que permite o produtor produzir em durante todo o ano. Não existem relatos existentes sobre a pesquisa da proporção de orgânicos entre as hortaliças em feira livre, sendo assim um incentivo para o desenvolvimento de pesquisas. As hortaliças mais comercializadas na feira livre de Alegre são cebolinha, couve, jiló, quiabo e taioba (Figura 2). Os dados obtidos pela pesquisa além de caracterizar e gerar uma discussão sobre o perfil socioeconômico dos feirantes, podem ser utilizados pelas esferas do poder público com intuito de promover intervenções necessárias no que diz respeito à estrutura das feiras, divulgação, incentivos fiscais, ampliação do número de feirantes cadastrados, melhoria da infraestrutura das estradas, criação de cooperativas, registro e aumento de produtos orgânicos. Referências ALBUQUERQUE, G. G. Perfil dos feirantes e aspectos do processo de comercialização de hortícolas na feira livre de União dos Palmares p. Trabalho de conclusão de curso Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Alagoas, FILGUEIRA, F. A. R. Manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV, p. HOFFMANN, R; ENGLER, J. J. C.; SERRANO, O.; THAME, A. C. M.; NEVES, E. M. Administração da Empresa Agrícola, 7ª Edição. São Paulo: Pioneira, p. Cadernos de Agroecologia ISSN V. 11, N. 2,

8 MONDIN, S. P. Condições de trabalho e estilo de vida entre feirantes na cidade de Campinas-SP. UNICAMP. Anais... Campinas-SP, SANTOS J.E.; JÚNIOR S.S.; THEODORO V.C.A.; NOLASCO F. Caracterização da horticultura comercial do município de Rio Branco/MT/Brasil. Anais... Rio Branco/MT Horticultura Brasileira 26: S2332-S Cadernos de Agroecologia ISSN V. 11, N. 2,