EQUIPA MULTIDISCIPLINAR DE DEFESA DA FLORESTA DO NORTE
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- Ana Luiza Morais Almeida
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1 EMISSOR Equipa Multidisciplinar de Defesa da Floresta do Norte EMDFN NÚMERO R 002/ EMDFN / 2012 DATA 15 / 10 / 2012 TÍTULO RELATÓRIO DE EMERGÊNCIA PÓS INCÊNDIO DE ALGOSO VIMIOSO, OCORRIDO EM 8 DE AGOSTO DE 2012 CAPA DO RELATÓRIO RELATÓRIO Nº002/2012 EQUIPA MULTIDISCIPLINAR DE DEFESA DA FLORESTA DO NORTE 1/10
2 ÍNDICE 1. Introdução Caracterização da área afectada: Histórico de incêndios: Impactos: Propostas de intervenção minimizadoras: /10
3 1. INTRODUÇÃO No dia 8 de Agosto de 2012 pelas 13:28 deflagrou um incêndio de grandes proporções no concelho de Vimioso, distrito de Bragança, que consumiu área de floresta e de agricultura atingindo uma área estimada de hectares. Indo de encontro ao solicitado superiormente, pretendeu se obter um relatório simples e objetivo, que possibilite de forma expedita e no imediato um enquadramento da situação ocorrida avaliando as ações de emergência passíveis de ser executadas através da Sub Acção (portaria nº1137 B/2008) Tal trabalho, pela dimensão da área afetada, pela complexidade da situação envolvida e atendendo ao tempo de realização, baseia se na fotointerpretação dos ortofotomapas de 2006, no conhecimento existente e observação local, nomeadamente nas áreas sob gestão da Autoridade Florestal Nacional e da recolha de informação e contributos, dados principalmente pelo GTF do Município de Vimioso. Naturalmente, que os prejuízos daí decorrentes serão mais ou menos atenuados em função da forma como o material lenhoso afectado seja escoado comercialmente, e assim poder ser deduzido em rendimento para os proprietários florestais abrangidos. A fundamentação técnica para os dados apresentados, constam de anexo técnico integrante deste relatório. 2. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA AFECTADA: A área atingida pelo incêndio insere se no concelho de Vimioso e estendeu se por quatro freguesias: Campo de Víboras, Algoso, Matela e Santulhão, perfazendo um total aproximado de hectares. (Figura 1) Trata se de uma área envolvente ao Rio Maças, afluente do Rio Sabor, afectando ambas as margens e também as zonas de planalto adjacentes. Os declives são muito acentuados podendo atingir os 45% nas encostas mais próximas ao rio. A exposição é variável, existindo encostas com todas as exposições, embora o incêndio se tenha desenvolvido ao longo de uma linha de água com orientação norte/sul. O elemento que mais influenciou o desenvolvimento deste incêndio foi a topografia tendo percorrido uma parte considerável da bacia de drenagem do rio Maças e terminado nas cumeadas adjacentes. O vento que se fazia sentir, a temperatura elevada e a baixa humidade relativa do ar e dos combustíveis contribuíram decisivamente para o resultado final negativo. (Figura 1 e 2) A área ardida afectou principalmente espaço florestal (cerca de 92%) que se encontrava ocupado na sua maior parte por Matos, mas também Azinheiras, Sobreiros adultos de elevado valor económico, e plantações jovens executadas com recurso a fundos comunitários (Reg CEE 2080, 797), sendo as espécies principais os Ciprestes, o Pinheiro Bravo, o Sobreiro e a Cerejeira. Ardeu também uma área significativa de Eucaliptos. 3/10
4 A área restante é ocupada com culturas agrícolas com predomínio do olival, pastagens e cereal. O quadro seguinte apresenta as áreas aproximadas. Espécie Área ardida (ha) Povoamentos jovens (ciprestes, pinheiros, sobreiros, eucalipto e cerejeira) 320 Sobreiros Adultos 165 Outras Folhosas 55 Matos 1500 Agrícola 170 Total 2210 O Regime de propriedade é 100% privado não existindo neste local áreas do Estado, baldias ou áreas submetidas a Regime Florestal. No entanto uma grande parte da área afectada encontra se incluída na Rede Natura 2000 dos Rios Sabor e Maças (Figura 3). Não existem Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) no local, no entanto parte das arborizações com apoios comunitários foram feitas em áreas agrupadas denotando a existência de gestão conjunta de propriedades nesta região. Refira se que nas três freguesias mais afectadas, Matela, Algoso e Campo de Víboras, foram arborizados hectares com recurso aos programas PAF, PDF, REG 2080/92 e Ruris, representando um investimento total de De acordo com a nossa primeira medição apenas foram afectados neste incêndio 256 hectares dessa área (14%). A área afectada pelo incêndio encontra se ordenada do ponto de vista cinegético, abrangendo quatro zonas de caça, sendo duas delas bastante afectadas: a Zona de Caça Turística de Terras de Vimioso e a Zona de Caça Associativa de Campo de Víboras, que viram afectada quase 50% de cada uma das suas áreas de abrangência. As Zonas de Caça Associativa de Santo Ildefonso e a Associativa de Algoso foram apenas marginalmente atingidas. Relativamente às matérias de Defesa da Floresta Contra Incêndios (DFCI), refira se que o local estava bem serviço de rede viária, embora em algumas encostas mais próximas ao rio e mais declivosas, a densidade da rede viária é bastante baixa e de difícil acesso. No local não existiam faixas de gestão de combustíveis de 4/10
5 rede primária, secundária, terciária ou de mosaicos de parcelas de gestão de combustíveis, embora a existência de muitos terrenos agrícolas e novas arborizações conferissem alguma alternância dos combustíveis (mosaicos). 3. HISTÓRICO DE INCÊNDIOS: Recorrendo à cartografia disponível de incêndios dos últimos 22 anos (desde 1990) podemos constatar que a área agora atingida não tem sido percorrida por grandes incêndios nos últimos anos. De facto, embora haja ocorrências naquele local, temos apenas registo de duas ocorrências com cerca de 100 hectares: uma no ano 2000 e outra em Para além destas existem outras mais pequenas, das quais se destacam duas em 2009, com 50 e com 38 hectares, e outra de 38 hectares em Olhando para a região a uma escala inferior (Vimioso e zonas próximas de concelhos vizinhos), já podemos observar incêndios de grandes proporções e com um comportamento semelhante a este, embora todos pouco mais pequenos. Destacamos os seguintes: 1990 (1270ha), 1993 (500ha), 1994 (450ha), 2000 (530ha), 2001 (430ha), 2004 (515ha), 2005 (700ha), 2009 (1100ha), 2009 (1180ha) e em 2010 (660ha). Como se pode perceber pelos dados os incêndios daquela região tem tido cada vez maiores proporções ao longo dos anos. (Figura 4) Todos estes incêndios, à excepção do incêndio de 1990 com 1270 hectares, tem uma tipologia semelhante com uma influência topográfica dominante, isto é, desenvolvem se ao longo de linhas de água consumindo partes de bacias de rede hidrográfica e terminando normalmente nas cumeadas. Pelo contrário o incêndio de 1990 desenvolveu se completamente em planalto provavelmente sob forte influência do vento. Em suma, é frequente ter este tipo de incêndios topográficos nesta região, e embora neste local não tenhamos cartografia de um incêndio de tão grandes proporções, existe a indicação de ter existido um incêndio semelhante antes do ano de IMPACTOS: Para além dos impactos associados à perda de produção agrícola, pela perda de algumas oliveiras, e florestal, pela perda de madeira e cortiça, existem ainda perdas associadas à pastorícia e à actividade cinegética. Arderam ainda espécies arbustivas com valor ambiental e que estiveram na base da afectação desta área à Rede Natura 2000, bem como a vegetação ripícola associada às linhas de água e que acabam também por ter um efeito negativo na qualidade da água e da fauna piscícola. Finalmente referir os eventuais efeitos negativos que poderão vir a acontecer sob os processos erosivos, sendo este aspecto muito dependente da quantidade e intensidade de precipitação que vier a acontecer no próximo Outono/Inverno. Tendo ficado o solo desprovido de vegetação importa acompanhar de perto a 5/10
6 recuperação da primeira vegetação pós incêndio de forma a evitar a perda superficial do solo, a concentração de sedimentos nas linhas de água e eventuais efeitos destrutivos nas infra estruturas existentes (rede viária, valetas e aquedutos e pontos de água ou estruturas de rega). 5. PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO MINIMIZADORAS: Desde logo importa referir da importância de rapidamente proceder ao corte do arvoredo com valor comercial afetando pelo incêndio, pelo facto de se degradar e perder valor. As primeiras ações a ter passam precisamente por desenvolver as atividades de exploração de forma correta. A exploração deve ter em atenção as orientações definidas no manual de Gestão Pós Fogo publicado pelo ICNF no âmbito do projeto Recuperação de Áreas Ardidas e disponível na página do ICNF. Dessas orientações destacamos os cuidados a ter nos trabalhos numa faixa de 10 metros para cada lado das linhas de água e evitar a utilização de maquinaria em alturas em que o solo se encontre saturado de água, após longos períodos de precipitação. Para além destas podemos considerar para este local, propostas adaptadas a três tipos de situações diferentes: encostas, linhas de água e tratamentos de caminhos. Encostas Os solos em causa, de origem xistosa, são erodidos com bastante facilidade, tornando se importante encontrar algumas ações que possam suster o solo. Em primeiro lugar contamos com a ação da própria natureza quer através de alguma vegetação que embora queimada mantém a sua fixação ao solo e permite suster alguns materiais que venham arrastados. Por outro lado verifica se já o nascimento e rebentação de herbáceas e arbustivas que vão provocar a primeira cobertura do solo. Em complemento propomos em alguns locais mais declivosos a aplicação de espécies de cobertura do solo através do processo de sementeira de forma a não mobilizar o solo. Também em locais onde ficou material lenhoso de árvores e arbustos sem valor comercial pode equacionar se o corte e a sua deposição no terreno quer seja simplesmente orientado em linhas seguindo as curvas de nível, quer seja destroçando/estilhaçando deixando os materiais espalhados pelo solo. Em alguns locais sem vegetação pode verificar se alguma impermeabilização do solo por se tratar de solo xistoso já por si propenso a isso, mas também pelas cinzas que tapam os micróporos do solo. Para ultrapassar esta questão propomos duas alternativas: a abertura de regos segundo as curvas de nível e o rompimento da camada superficial do solo. A vantagem do primeiro para o segundo é poder ter uma eficácia mais duradoura para locais onde se espera uma maior demora na recuperação da vegetação herbácea e arbustiva. Linhas de água Após os incêndios, perde se parte da capacidade de armazenamento e retenção de água que existe nos solos pelo que as linhas de água acabam por receber fluxos de água mais intensos, provocando correntes 6/10
7 torrenciais com elevada quantidade de inertes de dimensão variada. Aliado a isto acaba por vir parar às linhas de água muita vegetação morta que provoca entupimentos que por sua vez provocam mais arrastamentos acabando por provocar problemas a jusante. Assim, propõe se a limpeza e desobstrução de leitos e de passagens hidráulicas. Rede Viária Propõe se que após as chuvas se faça a regularização e consolidação dos caminhos florestais visto ser expectável que muita pedregosidade se liberte dos taludes para os caminhos dificultando a circulação. As ações propostas passam pela drenagem de escoamento dos pavimentos, da regularização e consolidação da superfície de caminhos e da construção de valetas e valas de drenagem. O preenchimento da Ficha de identificação de necessidades de intervenções de estabilização de emergência após incêndio que se anexa, tem como base todos os dados recolhidos no terreno e o pressuposto de estimativas quer de área quer de valores médios para intervenções em situações análogas. Elaborado por: ICNF com o apoio do GTF de Vimioso 7/10
8 8/10
9 RELATÓRIO EMISSOR EMDFN NÚMERO: DATA: R 002/ EMDFN / / 10 / 2012 Figura 1 Representação da área ardida sob carta militar com indicação das freguesias afetadas. 9/10
10 Figura 2 área ardida no GoogleHearth 10/10
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