QUALIDADE FÍSICA DE MILHO SAFRINHA, PRODUZIDO EM TRÊS SISTEMAS DE CULTIVO, EM DOURADOS, MS
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1 QUALIDADE FÍSICA DE MILHO SAFRINHA, PRODUZIDO EM TRÊS SISTEMAS DE CULTIVO, EM DOURADOS, MS Larissa Fatarelli Bento (1), Lígia Maria Maraschi da Silva Piletti (2), Mateus Luiz Secretti (3),Fagner Frota (4), Luiz Carlos Ferreira de Souza (5) Introdução O Brasil é o terceiro maior produtor de milho do mundo, ficando atrás dos Estados Unidos e da China, responsáveis por 70% da produção mundial (USDA, 2013). Cerca de 80% da produção brasileira é destinada à alimentação de animais na avicultura e suinocultura principalmente e, apenas 15% é voltada para alimentação humana de forma direta e indireta (IBGE, 2012). Com abertura de novos mercados para importação de carnes suínas e de aves brasileira, a exemplo da China, as indústrias nacionais estão mais exigentes quanto à qualidade da matéria-prima utilizada no processo de criação, já que este é um dos principais determinantes para o sucesso e continuidade da parceria comercial. A qualidade dos grãos na maioria dos países é definida a partir de características como pureza do grão, cor, quantidade de grãos quebrados, índice de rachados, material estranho, grãos danificados, teor de água, peso hectolítrico, presença de fungos e presença de micotoxinas (ASCHERI; GERMANI, 2004). No Brasil, o milho sob a forma de grãos destinado à comercialização interna é classificado em grupos, classes e tipos, respectivamente de acordo com a sua consistência, coloração e qualidade. Pela classificação oficial as características qualitativas são avaliadas em um lote de milho para sua tipificação: grãos ardidos, fermentados, mofados, 1 Engenheira-Agrônoma, M.Sc., Doutoranda da UFGD, Rodovia Dourados/Itahum, km 12 - Dourados, MS. larissafatarelli@gmail.com 2 Engenheira-Agrônoma, M.Sc., Doutoranda da UFGD, Rodovia Dourados/Itahum, km 12 - Dourados, MS. ligiamaraschi@hotmail.com.br 3 Engenheiro-Agrônomo, M.Sc., Doutorando da UFGD, Rodovia Dourados/Itahum, km 12 - Dourados, MS. mateussecretti@hotmail.com 4 Graduando Agronomia da UFGD, Rodovia Dourados/Itahum, km 12 - Dourados, MS. frotafagner@gmail.com 5 Engenheiro-Agrônomo, Professor da Faculdade de Agronomia, UFGD, Rodovia Dourados/Itahum, km 12 - Dourados, MS. luizsouza@ufgd.edu.br [1]
2 germinados, gessados carunchados, chochos ou imaturos, quebrados, impurezas e matérias estranhas (BRASIL, 2011). O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade física, de acordo com padrão oficial, do milho safrinha produzido em três sistemas de cultivo, em Dourados/2013. Material e Métodos O experimento foi desenvolvido na Fazenda Experimental de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Grande Dourados, município de Dourados, localizada nas coordenadas geográficas latitude 22º 14 S, longitude de 54º 49 W e altitude de 458 metros. O clima, de acordo com a classificação de Koppen, é Cfa (Clima Mesotérmico Úmido sem estiagem), em que a temperatura do mês mais quente é superior a 24ºC. A precipitação pluviométrica anual da região é de à mm e a evapotranspiração real anual é de 1100 à 1200mm. A temperatura média anual é de 22ºC. O solo predominante na área cultivada é o Latossolo Vermelho Distroférrico. O milho foi semeado mecanicamente no dia 01 de março de 2013, utilizando o híbrido DKB 390 YG, com espaçamento entre linhas de 0,9 m e densidade de cinco sementes por metro. No tratamento onde o milho foi consorciado com a Brachiaria ruziziensis, a mesma foi semeada nas entrelinhas do milho, numa densidade de 4 kg.ha -1. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, com 3 tratamentos e quatro repetições. Cada unidade experimental mediu 15 m de largura e 35 m de comprimento, perfazendo uma área de 525m 2. Os tratamentos foram: T1 - milho safrinha cultivado sobre soja de verão; T2 - milho safrinha cultivado sobre milho de verão; e T3 - milho safrinha em consórcio com B. ruziziensis cultivado sobre soja. A colheita foi realizada no dia 30 de julho de 2013, efetuando-se colheita manual de uma área útil de 9 m 2, escolhida ao acaso no centro de cada parcela. A partir das espigas colhidas o material foi trilhado e separado em amostras de 2 kg para realização das análises de determinação da qualidade física. O teor de umidade dos grãos foi determinado de forma indireta utilizando aparelho G800, Gehaka. A massa específica foi obtida a partir da determinação do peso hectolitro, em balança hectolítrica com capacidade de ¼ de litro, utilizando três subamostras para [2]
3 cada repetição. Os resultados obtidos em kg/hl foram transformados e expressos em kg/m 3 (BRASIL, 2009). A condição física dos grãos foi avaliada através do enquadramento comercial do milho em tipo, realizado com base no Padrão de Qualidade para grãos de milho, Tabela 1, conforme estabelecido pela Instrução Normativa nº 60, de 22 de dezembro de Tabela 1. Limites de tolerâncias para grãos de milho expressos em percentual (%) Enquadramento Grãos avariados Ardidos Total 1 Grãos quebrados Matérias Estranhas e Impurezas Carunchados Tipo 1 1,00 6,00 3,00 1,00 2,00 Tipo 2 2,00 10,00 4,00 1,50 3,00 Tipo 3 3,00 15,00 5,00 2,00 4,00 Fora de Tipo 5,00 20,00 Acima de 5,00 Acima de 2,00 8,00 1 Avariados: Soma dos defeitos (mofados, ardidos, chochos e imaturos, fermentados, germinados e gessados) Fonte: Instrução Normativa nº 60, de 22 de dezembro de Os dados obtidos foram submetidos aos testes de Lilliefors (5%), para verificar se os valores seguiram a distribuição normal e de Cochran e Bartlett (5%), para verificar a homogeneidade de variâncias. As médias foram transformadas em x + 1, submetidas à análise de variância e comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa estatístico SISVAR. Resultados e Discussão Para o teor de água das amostras de milho safrinha a média observada foi de 19,5% (Tabela 2), não apresentando diferença estatística entre os tratamentos. Esse valor encontra-se fora do padrão permitido pela legislação, 14% de umidade (BRASIL, 2011). Ressaltando que para a um armazenamento seguro do grão por até um ano, a umidade deve ser entorno de 13 a 14%, já para períodos superiores a um ano, a mesma não pode ser mais do que 12% de água livre (LAZZARI, 2001). Quanto à massa específica os valores observados para amostras de milho safrinha não apresentaram diferenças significativas entre os tratamentos (Tabela 2) e encontram-se abaixo do padrão 750 kg.m -3, apresentando uma qualidade inferior dos grãos (Didonet et al., 2001). Esses resultados provavelmente ocorreram em função do ataque de patógenos que encontraram condições favoráveis para se desenvolverem nos grãos em função dos [3]
4 elevados teores de água verificados (Tabela 2), provocando redução da massa específica, já que estes consumem as reservas dos grãos depreciando sua qualidade (PINTO, 2005). Tabela 2. Características físicas de milho safrinha produzidos em três sistemas de cultivo, em Dourados/ 2013 Tratamentos Teor de água (%) Massa específica (kg/m 3 ) T1 (19,7) 4,54 A 404 A T2 (19,1) 4,48 A 394 A T3 (19,8) 4,55 A 380 A Média 4, C.V. (%) 3,41 4,29 Desvio padrão 0,33 0,45 Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os valores foram transformados em x + 1. Os valores reais encontram-se dentro do parêntese. T1 - milho safrinha cultivado sobre soja de verão; T2 - milho safrinha cultivado sobre milho de verão e T3 - milho safrinha em consórcio com B. ruziziensis cultivado sobre soja. Em relação à classificação física dos grãos, os defeitos de maior ocorrência observados entre a amostras de milho foram grãos mofados, ardidos e quebrados (Tabela 3). As maiores médias de grãos mofados foram verificados nas amostras de milho provenientes dos tratamentos T2 e T3 com 7,28% e 6,19%, respectivamente. Para grãos ardidos as maiores médias observadas correspondem as amostras de milho vindas do tratamento T2 com 12,11%. Tabela 3. Classificação de milho safrinha produzidos em três sistemas de cultivo, em Dourados/ 2013, de acordo com padrão oficial Tratamentos Defeitos (%) Mofados Ardidos Quebrados Total de avariados T1 1,09 (1,42) B 7,5 (2,82) B 1,53 (1,58) A 12,92 (3,68) A T2 7,28 (2,87) A 12,11 (3,61) A 1,37 (1,53) A 19,80 (4,54) A T3 6,19 (2,52) A 6,89 (2,76) B 1,45 (1,55) A 16,85 (4,15) A Média 2,29 3,07 1,55 4,12 C.V. (%) 26,5 21,62 12,58 20,19 Desvio padrão 1,31 1,44 0,42 1,80 Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os valores foram transformados em x + 1. Os valores reais encontram-se dentro do parêntese. T1 - milho safrinha cultivado sobre soja de verão; T2 - milho safrinha cultivado sobre milho de verão e T3 - milho safrinha em consórcio com B. ruziziensis cultivado sobre soja. Os defeitos de ardidos e mofados são o reflexo das podridões das espigas originadas ainda no campo, provenientes da ação fúngica, que sob condições favoráveis de [4]
5 temperatura, umidade relativa e teor de água, podem acelerar o processo de deterioração durante a pós-colheita e no armazenamento (PINTO, 2005). Quanto aos defeitos de grãos quebrados e total de avariados não foram observadas diferenças significativas entre as amostras de milho dos tratamentos avaliados (Tabela 3). A média de porcentagem de grãos quebrados verificada foi de 1,55%, enquadrando o milho de todos os tratamentos em Tipo 1, de melhor qualidade (BRASIL, 2011). Para total de avariados as médias verificadas levaram o enquadramento do milho em Tipo 3 (grãos do tratamento 1) e Fora de Tipo (grãos dos tratamentos 2 e 3). No Quadro 1 consta o enquadramento comercial em Tipo dos grãos de milho safrinha obtidos de três sistemas de cultivo. QUADRO 1. Enquadramento comercial do milho safrinha produzido em três sistemas de cultivo, em Dourados/ Tratamentos Matérias Estranhas, Impurezas e Fragmentos (%) TIpo (%)Ardidos Tipo Quebrados Tipo (%) Total de Avariados Tipo Tipo Final T1 0,34 1 7,5 FT* 1, ,92 3 FT T2 0, ,11 FT 1, ,80 FT FT T3 0,52 1 6,89 FT 1, ,85 FT FT * Fora de Tipo; Fonte: Resultados da pesquisa. T1 - milho safrinha cultivado sobre soja de verão; T2 - milho safrinha cultivado sobre milho de verão e T3 - milho safrinha em consórcio com B. ruziziensis cultivado sobre soja. Dentre os defeitos observados para enquadramento em Tipo, as elevadas porcentagens de grãos ardidos acima de 5% foram as avarias que levaram ao enquadramento do milho safrinha provenientes dos tratamentos avaliados como abaixo do padrão oficial (Tabela 3 e Quadro 1). Considerando que a maioria das agroindústrias produtoras de frangos e suínos adotam um valor máximo de 6% para grãos ardidos no recebimento do milho (CRUZ et al., 2008), superior ao da classificação oficial, as porcentagens de grãos ardidos das amostras observadas também estariam acima do limite de tolerância estabelecido pelas indústrias. [5]
6 Conclusões O milho produzido nos três sistemas de cultivo foi enquadrado como abaixo do padrão, devido aos elevados teores de água que contribuíram para redução da massa especifica e para as elevadas porcentagens de grãos ardidos. Referências ASCHERI, J.L.R.; GERMANI, R. Protocolo de qualidade do milho. Rio de Janeiro: Embrapa Agroindústria de Alimentos, p. (Embrapa Agroindústria de Alimentos. Documentos, INSS ; 59). BRASIL - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. - Brasília: Mapa/ACS, p BRASIL- Leis e decretos. Ministério da Agricultura. Instrução Normativa nº 60, de 22 de dezembro de 2011, Diário Oficial da União, de 23 de dezembro, Seção I, página 3, Brasília, CRUZ, J.C.; KARAM, D.; MONTEIRO, M.A.R.; MAGALHAES, P.C. A cultura do milho. 1. ed. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola Disponível em: Acesso em: 1 set LAZZARI, F.A.; LAZZARI, S.M.; GOMES, J. Avaliação das práticas e das condições do armazenamento de grãos no Brasil. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE MILHO SAFRINHA, 6, 2001, Londrina. Anais. Londrina: CNPq, FAPEAGRO, UFPR e IAPAR, p. USDA United States Department of Agriculture, Subpart D -- United States Standards for Corn. Disponível em: Acesso em: 25 set Pinto, N. F. J. Grãos ardidos em milho. Sete Lagoas: EMBRAPA, p. (Circular Técnica, 66). [6]
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