Responsabilidade Civil dos Pais pela Vigilância na Conduta dos filhos Menores e Seus Reflexos
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- Ruth Luciana Padilha Graça
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1 Responsabilidade Civil dos Pais pela Vigilância na Conduta dos filhos Menores e Seus Reflexos 1
2 Premissas quanto à Responsabilidade dos Pais Filho deve ser menor de idade, o que pressupõe menos de 18 anos Art. 5º do Código Civil A responsabilidade dos pais está prevista no artigo 932, I, do Código Civil Art São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; O artigo 227 da C.F. c.c. artigo do Código Civil estabelecem aos pais o poder familiar e a consequente obrigação de salvaguardar o filho e dirigir-lhe a criação e educação, entre outros atributos. 2
3 Responsabilidade Objetiva No Código Civil de 1916 prevalecia a regra de que os pais respondiam pela culpa in vigilando, ou seja, falha no dever de atenção No Código Civil de 2002 passou a estabelecer a responsabilidade objetiva (independentemente da ausência de culpa) Art. 933 A responsabilidade dos pais não exime a do menor, que responde subsidiariamente pela indenização (art. 928, C. Civil). 3
4 Jurisprudência Responsabilidade Objetiva dos Pais INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. Autor perdeu o globo ocular direito, em razão de ato ilícito cometido por um dos corréus. Ausência de causa excludente de responsabilidade do apelante. Em decorrência do poder familiar, os pais respondem de maneira objetiva e solidária em relação aos atos dos filhos menores que ocasionem danos a terceiros. Danos materiais demonstrados. Pensão mensal vitalícia devida, porquanto inquestionável o prejuízo de exercício de atividade laborativa por parte do requerente. Valor arbitrado condizente com as peculiaridades da situação em análise. Pensão devida a contar do evento danoso. Reparação por danos morais fixada de maneira equilibrada, observando a razoabilidade e proporcionalidade. RECURSO DESPROVIDO. (TJSP; Apelação ; Relator (a): Paulo Alcides; Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional II - Santo Amaro - 4ª Vara Cível; Data do Julgamento: 28/09/2017; Data de Registro: 29/09/2017) 4
5 Jurisprudência Responsabilidade Subsidiária do Menor DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL POR FATO DE OUTREM - PAIS PELOS ATOS PRATICADOS PELOS FILHOS MENORES. ATO ILÍCITO COMETIDO POR MENOR. RESPONSABILIDADE CIVIL MITIGADA E SUBSIDIÁRIA DO INCAPAZ PELOS SEUS ATOS (CC, ART. 928). LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO. INOCORRÊNCIA. 1. A responsabilidade civil do incapaz pela reparação dos danos é subsidiária e mitigada (CC, art. 928). 2. É subsidiária porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios para ressarcir a vítima; é condicional e mitigada porque não poderá ultrapassar o limite humanitário do patrimônio mínimo do infante (CC, art. 928, par. único e En. 39/CJF); e deve ser equitativa, tendo em vista que a indenização deverá ser equânime, sem a privação do mínimo necessário para a sobrevivência digna do incapaz (CC, art. 928, par. único e En. 449/CJF). (...). 5. Recurso especial não provido. (REsp /MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, 4ª TURMA, julgado em 02/02/2017) 5
6 Risco O risco é o fundamento da responsabilidade civil dos pais pelos atos praticados pelos filhos menores. Com o atual C. Civil fez surgir a ideia do risco criado, por se encarar a paternidade como um desenvolvimento de uma atividade chamada: Poder familiar Os filhos, para os pais, são fonte de alegrias e esperanças e são, também, fonte de preocupações. Quem se dispõe a ter filhos não pode ignorar os encargos de tal resolução. Assim, pois, em troca da razoável esperança de alegrias e amparo futuro, é normal contra o risco de frustrações, desenganos, decepções e desilusões. Portanto, menos que ao dever de vigilância, impossível de ser observado durante as 24 horas de cada dia, estão os pais jungidos ao risco do que pode acontecer aos filhos pequenos, ao risco daquilo que estes, na sua inocência ou inconsciência, possam praticar em prejuízo alheio. A realidade indica que é muito mais racional e menos complicado entender que a responsabilidade dos pais pelos danos causados por seus filhos menores se funda no risco. (CARLOS ROBERTO GONÇALVES) 6
7 Menor Emancipado O Código Civil permite a emancipação dos filhos a partir dos 16 anos (art , II). Os pais só não se eximem da responsabilidade nos casos de emancipação voluntária (art. 5º, I, C. Civil). AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ATROPELAMENTO. LESÕES CORPORAIS. INCAPACIDADE. DEVER DE INDENIZAR. REEXAME DE MATÉRIA DE FATO. REVISÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. PENSÃO MENSAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. JULGAMENTO ULTRA PETITA. OCORRÊNCIA. RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PAIS. EMANCIPAÇÃO. (...) 2. A emancipação voluntária, diversamente da operada por força de lei, não exclui a responsabilidade civil dos pais pelos atos praticados por seus filhos menores. (AgRg no Ag RJ Min. Maria Isabel Galloti) 7
8 A guarda e a responsabilidade dos pais divorciados A responsabilidade civil dos pais - em regra - permanece solidária, a despeito do regime de guarda (unilateral ou compartilhada). Enunciado 450 (V Jornada de Direito Civil) Art. 932, I: Considerando que a responsabilidade dos pais pelos atos danosos praticados pelos filhos menores é objetiva, e não por culpa presumida, ambos os genitores, no exercício do poder familiar, são, em regra, solidariamente responsáveis por tais atos, ainda que estejam separados, ressalvado o direito de regresso em caso de culpa exclusiva de um dos genitores (2012, p. 66). 8
9 Divergência no STJ quanto aos limites de Responsabilidade dos Pais Separados 3ª Turma DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO ENVOLVENDO MENOR. INDENIZAÇÃO AOS PAIS DO MENOR FALECIDO. ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL. REVISÃO. ART. 932, I, DO CÓDIGO CIVIL. 1. A responsabilidade dos pais por filho menor - responsabilidade por ato ou fato de terceiro -, a partir do advento do Código Civil de 2002, passou a embasar-se na teoria do risco para efeitos de indenização, de forma que as pessoas elencadas no art. 932 do Código Civil respondem objetivamente, devendo-se comprovar apenas a culpa na prática do ato ilícito daquele pelo qual são os pais responsáveis legalmente.(...) Contudo, há uma exceção: a de que os pais respondem pelo filho incapaz que esteja sob sua autoridade e em sua companhia; assim, os pais, ou responsável, que não exercem autoridade de fato sobre o filho, embora ainda detenham o poder familiar, não respondem por ele, nos termos do inciso I do art. 932 do Código Civil. 3. Recurso especial conhecido parcialmente e, nessa parte, provido também parcialmente.(resp /SC, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, 3ª TURMA, julgado em 17/12/2015) 9
10 Divergência no STJ quanto aos limites de Responsabilidade dos Pais Separados 4ª Turma DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL POR FATO DE OUTREM - PAIS PELOS ATOS PRATICADOS PELOS FILHOS MENORES. ATO ILÍCITO COMETIDO POR MENOR. RESPONSABILIDADE CIVIL MITIGADA E SUBSIDIÁRIA DO INCAPAZ PELOS SEUS ATOS (CC, ART. 928). LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO. INOCORRÊNCIA. (...) 4. O art. 932, I do CC ao se referir a autoridade e companhia dos pais em relação aos filhos, quis explicitar o poder familiar (a autoridade parental não se esgota na guarda), compreendendo um plexo de deveres como, proteção, cuidado, educação, informação, afeto, dentre outros, independentemente da vigilância investigativa e diária, sendo irrelevante a proximidade física no momento em que os menores venham a causar danos. 5. Recurso especial não provido. (REsp /MG, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, 4ª TURMA, julgado em 02/02/2017) 10
11 Divergência no STJ quanto aos limites de Responsabilidade dos Pais Separados 4ª Turma Civil e processual civil. Responsabilidade dos pais e da avó em face de ato ilícito praticado por menor. Separação dos pais. Poder familiar exercido por ambos os pais. Dever de vigilância da avó. Reexame de fatos. Incidência da súmula 7/STJ. Dissídio jurisprudencial comprovado. [...] 2. Ação de reparação civil movida em face dos pais e da avó de menor que dirigiu veículo automotor, participando de "racha", ocasionando a morte de terceiro. [...] 4. A mera separação dos pais não isenta o cônjuge, com o qual os filhos não residem, da responsabilidade em relação ao atos praticados pelos menores, pois permanece o dever de criação e orientação, especialmente se o poder familiar é exercido conjuntamente. Ademais, não pode ser acolhida a tese dos recorrentes quanto a exclusão da responsabilidade da mãe, ao argumento de que houve separação e, portanto, exercício unilateral do poder familiar pelo pai, pois tal implica o revolvimento do conjunto fático probatório, o que é defeso em sede de recurso especial. [...] (REsp /MA, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 01/10/2009, DJe 19/10/2009) [grifei]. 11
12 Direito de Ressarcimento O artigo 934 do Código Civil veta a possibilidade de ressarcimento dos pais em relação ao que pagaram pelo ato ilícito cometido pelo filho. Se um dos genitores pagar integralmente o valor, poderá reivindicar do outro a sua quota parte correspondente, nos termos do art. 283 do Código Civil 12
13 Responsabilidade do cônjuge/convivente pelos danos causados por enteados menores O enteado possui grau de parentesco por afinidade (art , C. Civil). Esse vínculo é indissolúvel, entretanto, a responsabilidade civil não se estende ao padrasto ou madrasta (art , C. Civil). 13
14 Isenção de Responsabilidade de Outrem Eventuais terceiros indicados com responsável por um dano, podem se eximir da responsabilidade, caso evidenciada a negligência dos pais no cuidado com os filhos menores, pois tal situação é vista como se culpa exclusiva da vítima fosse. 14
15 Situações Concretas onde Terceiros se Eximem da Responsabilidade pela Negligência dos Pais em Relação aos filhos Menores INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS - ACIDENTE EM SUPERMERCADO - CARRINHO DE BEBÊ SEM CINTO DE SEGURANÇA - NEGLIGÊNCIA DOS PAIS - RESPONSABILIDADE CIVIL AFASTADA - RECURSO PROVIDO. - Os pais devem ser os maiores protetores dos filhos, prevendo situações de risco, agindo sempre com cautela e zelo, a fim de evitar as mazelas a que estão os infantes expostos a todo tempo. - O supermercado não pode ser considerado culpado pela queda da criança, se os pais não se certificaram de que estava acomodada no carrinho com segurança, mormente, quando o acidente era perfeitamente previsível. V.V. (TJ-MG MG /001(1), Relator: OTÁVIO PORTES, Data de Julgamento: 01/10/2008, Data de Publicação: 21/11/2008) 15
16 Situações Concretas onde Terceiros se Eximem da Responsabilidade pela Negligência dos Pais em Relação aos filhos Menores APELAÇÃO CÍVEL Ação indenizatória - Morte por afogamento de criança de 9 anos de idade em lago artificial - Danos morais e materiais - Improcedência - Não demonstrado nexo causal Inteligência do art. 333, I do CPC - Culpa exclusiva dos pais da criança que foram negligentes quando ao dever de guarda e vigilância de criança de tenra idade - Sentença mantida Recurso desprovido. (TJSP; Apelação ; Relator (a): Eduardo Gouvêa; Órgão Julgador: 7ª Câmara de Direito Público; Foro de Angatuba - Vara Única; Data do Julgamento: 18/12/2012; Data de Registro: 07/01/2013) 16
17 Situações Concretas onde Terceiros se Eximem da Responsabilidade pela Negligência dos Pais em Relação aos filhos Menores -Indenização. Menor com 'carrinho de compras' infantil fora atingida por garrafa de espumante que se encontrava em prateleira. Criança de três anos sob a vigilância da mãe. Ausência de falha na prestação de serviços. Relação consumerista é insuficiente para atribuir ao polo passivo inobservância dos cuidados necessários ao explorar regularmente o comércio. Prateleiras com vinho estão à altura que o consumidor possa ter acesso, até próximas ao solo, o que é público e notório. Local não envolve lazer ou diversão. Genitora que permite a permanência de com filha de três anos no supermercado deve ter cuidados redobrados, assumindo o risco. Não se identifica nenhum serviço defeituoso da ré. Verbas reparatórias pretendidas sem suporte. Improcedência da ação deve sobressair. Apelos da ré e denunciada providos. Recurso das autoras desprovido. (TJSP; Apelação ; Relator (a): Natan Zelinschi de Arruda; Órgão Julgador: 30ª Câmara Extraordinária de Direito Privado; Foro de Vargem Grande Paulista - Vara Única; Data do Julgamento: 24/10/2017) 17
18 Obrigado! 18
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