Prevalence of enteroparasitosis among inhabitants of Terra Vermelha, Vila Velha, ES, and possible related causative factors

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1 REF - ISSN Vol. VI (2), , 2009 PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES ENTRE OS MORADORES DO BAIRRO TERRA VERMELHA NO MUNICÍPIO DE VILA VELHA, ESPÍRITO SANTO, E POSSÍVEIS FATORES CAUSAIS RELACIONADOS Prevalence of enteroparasitosis among inhabitants of Terra Vermelha, Vila Velha, ES, and possible related causative factors Eduardo Roberto Cole 1,2* ; Edney Leandro da Vitória 1,3 ; Bárbara Voss de Amigo 1 ; Jamili Melotti 1 ; Priscila Figueiredo Pontes 1 1 Curso de Farmácia, Centro Universitário Vila Velha (UVV). Rua Comissário José Dantas de Melo, Vila Velha ES, Brasil; 2 Prof. da disciplina de Farmácia Homeopática da UVV. 3 Prof. da disciplina de Bioestatística da UVV. *Autor para correspondência eduardo.cole@uvv.br Recebido em 22/11/ Aceito em 09/05/2009 RESUMO: As enteroparasitoses constituem um sério problema de saúde pública no Brasil devido ao difícil acesso ao saneamento básico e a educação pela população mais carente, já que a transmissão desses agentes está diretamente relacionada com as condições de vida e de higiene da população. A incidência de enteroparasitoses foi avaliada com base nos resultados de exames coproparasitológicos de moradores do bairro Terra Vermelha, no município de Vila Velha, Espírito Santo, no período de setembro a outubro de No total, foram avaliados 186 exames, sendo 42,48% das amostras positivas, das quais a maioria era de indivíduos do sexo feminino (61,82%). Os protozoários Giardia intestinalis, Endolimax nana, Entamoeba coli e o helminto Ascaris lumbricoides foram os parasitos mais freqüentemente encontrados, correspondendo a 78,46% das amostras positivas, com uma maior prevalência na faixa etária de 1 a 15 anos, com exceção de E. coli. Observou-se uma correlação negativa entre a renda familiar e a prevalência das

2 parasitoses intestinais. O bairro Terra Vermelha apresenta sérios problemas de saneamento básico, o que contribui em larga escala para a disseminação das enteroparasitoses e, portanto, a melhoria das condições sócio-econômicas e da infraestrutura geral surge como importantes medidas para a correção da problemática apresentada. PALAVRAS-CHAVE: Parasitos, prevalência, etiologia. ABSTRACT: The occurrence of enteroparasitosis in Brazil is a serious public health issue. Due to improper hygienic and sanitary conditions combined with low education level, the transmission of enteroparasitosis is highly correlated with poor population. The incidence of enteroparasitosis in the area of Terra Vermelha, Vila Velha, ES, was evaluated based on coproparasitologic exams performed by Labortel Clinical Laboratory Analysis, between September and October In total, 186 persons were examined. Positive fecal samples were found for 42,48% of the volunteers, mainly among females (61,82%). Protozoan species like Giardia intestinalis, Endolimax nana, Entamoeba coli and helminth Ascaris lumbricoides were the most frequent parasites. They were found in 78,46% of all enteroparasite positive cases, with higher prevalences in the 1 15 age-group, except for E. coli. There was negative correlation between low-income families and positive results for enteroparasites. The region of Terra Vermelha faces several limitations towards proper sanitation, which highly contributes to the prevalence of enteroparasitosis. It will have to be shown if an improvement of social-economic and infrastructure conditions will be capable to decrease this substantial problem described in this study. KEYWORDS: Parasites, prevalence, etiology.

3 INTRODUÇÃO Os parasitas intestinais estão entre os patógenos mais freqüentemente encontrados em seres humanos, ocorrendo relatos desde os antigos egípcios. Dessa época até os nossos dias, têm-se realizado estudos buscando compreender os parasitas e suas relações com os hospedeiros; no entanto ainda carece-se de inquéritos com ampla abrangência das populações (SEGANTIN & DELARIVA, 2005). Os altos índices de prevalência para as parasitoses intestinais representam um sério problema de saúde pública em vários países, especialmente em áreas subdesenvolvidas. Observa-se que a maioria dos casos ocorre entre as populações de níveis sócio-econômicos mais baixos e precárias condições sanitárias (MACEDO, 2005). Outro fator importante de disseminação é a contaminação de alimentos, através de manipuladores domésticos, comerciais e escolares. Além disso, o aumento das atitudes predatórias no ambiente, assim como as estruturas políticas e econômicas, estão entre os principais fatores responsáveis pelo aumento de várias parasitoses e de outras doenças (SEGANTIN & DELARIVA, 2005). Nas décadas recentes, especialmente nos últimos 50 anos, apesar dos grandes avanços médicos e tecnológicos, houve reduções pouco significativas na prevalência das doenças parasitárias. De fato, em termos globais ou absolutos, o número de casos continua aumentando consideravelmente (MACEDO, 2005). Os parasitas intestinais mais freqüentemente encontrados em seres humanos são: Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e os ancilostomídeos Necator americanus e Ancylostoma duodenale; dentre os protozoários, destacam-se a Entamoeba histolytica e a Giardia intestinalis (PITTNER et al., 2007). Estimativas recentes revelam que cerca de 25% da população mundial encontra-se infectada por Ascaris lumbricoides e que aproximadamente 50% apresenta infecção por Entamoeba histolytica, considerada a terceira causa de morte por parasitas no mundo, perdendo somente para a malária e a esquistossomose. Parasitas como Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e os ancilostomídeos acometem cerca de um bilhão de pessoas, distribuindo-se globalmente por mais de 150 países e territórios. No continente americano estima-se que cerca de 200 milhões de pessoas estejam infectadas por algum tipo de parasita intestinal (MACEDO, 2005). No Brasil, a cada ano, cerca de óbitos acontecem devido à ancilostomídeos, sendo associados a Ascaris, o que equivale a aproximadamente 14 mortes/hora, devido a estes parasitas (BRITO et al., 2007). O Brasil devido à situação geográfica, às condições climáticas e aos graves problemas sanitários enfrentados por grande parte da população, apresenta índices elevados de enteroparasitoses, cuja prevalência varia de acordo com a

4 COLE, E. R. da et al./revista Eletrônica de Farmácia Vol 6(2), , região e com a população estudada. Muitos são os fatores interferentes: a presença de indivíduos susceptíveis, as migrações humanas, as condições ambientais favoráveis de temperatura e umidade e os aglomerados de pessoas que vivem em condições mínimas de qualidade de vida (VIEIRA, 2004). Os mais acometidos são as crianças, por terem maior contato com solos contaminados, menor noção de higiene, e conseqüentemente, maiores riscos de infecção (BRITO et al., 2007). A elevada prevalência das enteroparasitoses provoca o desenvolvimento de doenças que são quase sempre negligenciadas e esquecidas, já que os sintomas clínicos são inespecíficos ou confundidos com os de outras doenças, ficando os indivíduos parasitados por longos anos, de forma silenciosa e inaparente, causando danos, principalmente às crianças (ARAÚJO & FERNÁNDEZ, 2005). A ocorrência de parasitoses intestinais na idade infantil, especialmente na idade escolar, consiste em um fator agravante da subnutrição, podendo levar à morbidade nutricional, geralmente acompanhada de diarréia crônica, má- absorção, anemia, dores abdominais e atraso no crescimento. Esses fatores refletem diretamente no rendimento escolar, promovendo a incapacitação física e intelectual dos indivíduos parasitados. O diagnóstico, através do exame parasitológico de fezes, é indispensável para a exata avaliação da atividade dos diferentes agentes terapêuticos utilizados (MACEDO, 2005). Estudos têm revelado que o acesso à quantidade suficiente de água, de qualidade, bem como o destino adequado dos dejetos interferem significativamente na redução da morbidade por doenças relacionadas com estes fatores de risco (PRADO et al., 1998). Assim, é necessário identificar, tratar e prevenir as infecções parasitárias, a fim de evitar prováveis epidemias e formação de novas áreas endêmicas. Além de preservar a saúde da população, os programas de prevenção contribuem para a redução dos gastos anuais com o tratamento específico (FERREIRA & ANDRADE, 2005). É necessário também, além da melhoria das condições sócioeconômicas e da infra-estrutura geral, o engajamento comunitário, que é um dos aspectos fundamentais para implantação, desenvolvimento e sucesso dos programas de controle (BAPTISTA et al., 2006). Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a prevalência de enteroparasitoses entre moradores do bairro Terra Vermelha, no município de Vila Velha, Espírito Santo, os principais aspectos epidemiológicos envolvidos, e verificar os possíveis fatores causais relacionados a este quadro. MATERIAL E MÉTODOS População Estudada

5 COLE, E. R. da et al./revista Eletrônica de Farmácia Vol 6(2), , No período de setembro a outubro de 2008, foram analisados os resultados de 186 exames coproparasitológicos de moradores do bairro Terra Vermelha, localizado no município de Vila Velha, Espírito Santo. Os indivíduos participantes da pesquisa apresentavam faixa etária variando de 1 a 29 anos. Somente participaram da pesquisa os indivíduos que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Anexo I. No caso de crianças, esta autorização foi dada pelos pais. (SPSS, versão 15.0). Foram calculadas a freqüências simples das variáveis sexo, idade, nível de escolaridade e renda familiar mensal, e as freqüências cruzadas entre enteroparasitoses e estas variáveis. O teste não-paramétrico de Qui-quadrado foi usado para verificar a dependência entre as variáveis cruzadas, sendo considerados estatisticamente significantes os valores de níveis descritivos iguais ou inferiores a 5% (p 0,05). Perfil Sócio-Econômico Coleta De Dados Os dados foram coletados a partir dos resultados de exames coproparasitológicos realizados pelo Laboratório de Análises Clínicas Labortel, localizado em Vila Velha, Espírito Santo, em sua unidade de Coleta situada no bairro Terra Vermelha. A análise dos mesmos foi realizada utilizando a freqüência de ocorrência, plotada em gráficos e tabelas. Análise Estatística Os dados coletados foram organizados em uma planilha eletrônica com objetivo de tabular e verificar por meio da pré-análise, possíveis incoerências devido à digitação ou coleta. Posteriormente os dados foram tratados estatisticamente no Software Estatístico Statistical Package Social and Science A avaliação do perfil sócio-econômico da população estudada foi feita após o consentimento do laboratório, por meio de questionário (Anexo II), baseado em um conjunto de questões objetivas. Como principais indicadores das condições sócioeconômicas dos participantes foram selecionadas as seguintes variáveis: sexo, faixa etária, renda familiar mensal, nível de escolaridade, número de pessoas residentes no domicílio e condições de moradia. No caso de crianças, este questionário foi preenchido pelos pais. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 186 exames coproparasitológicos analisados, constatou-se resultado positivo em 42,48% dos casos, conforme mostrado na Figura 1.

6 42,48% Positivo Negativo 57,52% Figura 1. Freqüência relativa de enteroparasitos em moradores do bairro Terra Vermelha, Vila Velha, Espírito Santo, de setembro a outubro de Dos resultados positivos, observou-se predominância de indivíduos do sexo feminino (61,82%), quando comparados com indivíduos do sexo masculino (38,18%), conforme mostrado na Figura 2, porém tal diferença não foi significativa estatisticamente pelo teste de Qui-quadrado (p > 0,05). Figura 2. Ocorrência de enteroparasitos de acordo com o sexo dos pacientes avaliados.

7 Estes resultados são contrários aos obtidos por estudo realizado por Ribeiro et al. (2005) junto à população de Martinésia (zona rural de Uberlândia, Minas Gerais), onde os homens se mostraram quase duas vezes mais parasitados do que as mulheres. Entretanto, os autores do estudo em questão alertaram para a necessidade de uma investigação mais aprofundada para obtenção de resultados conclusivos. Considerando a distribuição por faixa etária, verificou-se um maior número de resultados positivos na faixa etária de 6-10 anos, seguidos de 1-5 anos (Figura 3). Figura 3. Freqüência relativa das enteroparasitos por faixa etária em moradores do bairro Terra Vermelha, Vila Velha, Espírito Santo, de setembro a outubro de Verificou-se um decréscimo da prevalência de enteroparasitoses, estatisticamente comprovado para esta amostra de dados segundo o teste de Quiquadrado (p < 0,05), com o aumento da idade, o que pode ser explicado pelo desenvolvimento da resistência imunológica em função das infecções prévias e pelas mudanças comportamentais que implicam em menos contato com as fontes de infecção (REY, 2002). Dos 42,48% exames positivos, verificou-se que os parasitas que tiveram maior incidência foram: Ascaris lumbricoides (24,08%) e Giardia intestinalis (22,78%), seguidos de Endolimax nana (16,45%). Outros parasitas observados: Entamoeba coli (15,18%), Strongyloides stercoralis

8 (7,59%), Enterobius vermicularis (7,59%) e Trichomonas hominis (6,33%) Figura ,78% 24,08% ,18% 16,45% 10 7,59% 7,59% 6,33% 5 0 Giardia intestinalis Entamoeba coli Strongyloides stercolaris Trichomonas hominis Ascaris lumbricoides Enterobius vermicularis Endolimax nana Figura 4. Freqüência relativa dos enteroparasitos em moradores do bairro Terra Vermelha, Vila Velha, Espírito Santo, de setembro a outubro de Na Tabela 1, pode-se observar que o parasita mais freqüente na faixa etária de 1-5 anos foi Giardia intestinalis, enquanto na faixa etária de 6-10 anos foi Ascaris lumbricoides e na faixa etária de anos houve igual freqüência de Giardia intestinalis e Endolimax nana. Na faixa etária de anos e maiores que 21 anos notase a presença quase exclusiva de Entamoeba coli. Tabela 1. Ocorrência de enteroparasitos de acordo com a faixa etária dos pacientes avaliados.

9 Parasitas/Faixa etária >21 Total Giardia intestinalis Ascaris lumbricoides Entamoeba coli Enterobius vermicularis Strongyloides stercoralis Endolimax nana Trichomonas hominis Todos os indivíduos avaliados encontravam-se infestados por somente um tipo de parasita intestinal (ausência de poliparasitismo). Normalmente, elevados níveis de poliparasitismo estão relacionados com condições precárias de saneamento básico (FONTBONNE et al., 2001). Dentre os parasitas identificados, foi observada maior incidência de Ascaris lumbricoides, especialmente entre crianças. As infecções helmínticas, do qual a ascaridíase faz parte, exercem importante influência sobre o estado nutricional, crescimento e função cognitiva de escolares em países subdesenvolvidos (NOKES et al., 1992). De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), 25% dos habitantes do planeta estão parasitados por algum tipo de helminto. As crianças estão mais susceptíveis a contaminação em função do desconhecimento dos princípios básicos de higiene e da maior exposição dos agentes etiológicos a partir de intenso contato com o solo (BAPTISTA et al., 2006). Em segundo lugar em número de casos apareceu Giardia intestinalis, especialmente na faixa etária de 1-5 anos. Outros autores também verificaram maior ocorrência de giardíase em crianças (LUDWIG et al., 1999; OLIVEIRA et al., 2003). No Brasil, a freqüência de infecção por este parasita, varia de acordo com a população e região estudada, e, pode constituir um importante indicador do estado de saúde (PITTNER et al., 2007). Os protozoários não-patogênicos Endolimax nana e Entamoeba coli apresentaram maior incidência na faixa etária de 6-10 anos e maiores que 21 anos, respectivamente. Estes agentes patogênicos são indicadores de baixas condições de higiene e contaminação fecal. Trata-se de parasitas comensais, ou seja, parasitas que não causam efeitos nocivos ao hospedeiro e, por isso, não precisam de tratamento (BAPTISTA et al., 2006). Em menor número de casos foram encontrados os helmintos Enterobius vermicularis, Strongyloides stercoralis e Trichomonas hominis, sendo os dois primeiros mais comuns entre indivíduos até 15 anos, e o último mais comum a partir da faixa etária de anos.

10 A capacidade dos pais em cuidar dos seus filhos está intrinsecamente ligada à sua educação (FERREIRA et al., 2006). Estudo realizado por Martins (2004) revelou, entre outros fatores, a influência significativa da escolaridade materna e qualidade do ambiente, podendo supor que as mães com escolaridade boa tiveram mais acesso a informações sobre desenvolvimento infantil e que desta forma interagem melhor com seus filhos, respondendo adequadamente às suas solicitações e provendo melhores condições físicas e emocionais para o desenvolvimento de seu filho. Tal fato assume importante papel no presente estudo, visto que a maior parte da população estudada era de crianças. Os pais envolvidos neste estudo possuem baixa escolaridade, a maioria com ensino fundamental (1º grau) incompleto (Figura 5). Figura 5. Freqüência relativa do grau de escolaridade dos pais envolvidos no estudo. Na análise da renda mensal familiar, observou-se que 38,90% dos entrevistados apresentavam renda mensal de até R$ 260,00, 57,65% ganhavam de R$ 261,00 a R$ 780,00 e somente 3,45% encontravam-se na faixa de R$ 781,00 a R$ 1.300,00 (Figura 6). O estudo mostrou uma correlação entre a renda familiar e a prevalência das parasitoses intestinais: foi observado um maior número de indivíduos parasitados dentre os classificados na menor faixa de renda, conforme mostrado a Figura 6. Entretanto, tal correlação não foi

11 significativa estatisticamente pelo teste de Qui-quadrado (p > 0,05). 3,45% 38,9% 57,65% R$ 781,00 a R$ 1300,00 R$ 261,00 a R$ 780,00 Até R$ 260,00 Figura 6. Ocorrência de parasitoses intestinais (casos positivos, apenas) e sua distribuição de acordo com a renda familiar mensal. No bairro Terra Vermelha a situação dos serviços e infra-estruturas urbanos é precária, sendo somente as principais avenidas asfaltadas, enquanto as ruas transversais são todas de areia ou terra. Somente uma pequena área tem instalação de rede de esgoto e uma estação de tratamento que funciona de maneira conveniente, uma vez que as fossas construídas pelos moradores apresentam problemas de funcionamento, resultado da falta de recursos que permitam a construção dentro de especificações técnicas corretas. Além disso, a região pela sua própria configuração é inundável, e assim as fossas atingem os lençóis freáticos o que faz com que elas trasbordem para as ruas, casas e quintais. Muitas casas lançam seus esgotos diretamente nos córregos-valões que atravessam a área. A contaminação do lençol freático e das canalizações da rede de água distribuída pela CESAN Companhia Espíritosantense de Saneamento representam um grande problema para esta população (ZANOTELLI, 2004). Ludwig et al. (1999) sugere a existência de uma relação inversa entre a positividade de parasitoses intestinais e o tamanho da população beneficiada com melhorias de saneamento básico.

12 CONCLUSÃO A prevalência de enteroparasitoses entre moradores do bairro Terra Vermelha apresenta percentuais e diversidades de parasitismo significativos. Este quadro alarmante de parasitoses pode ser um reflexo da carência de saneamento básico do município (incluindo água encanada e rede de esgoto), falta de orientação por parte da população e condições sociais e econômicas da mesma. Há necessidade de dedicar mais atenção e planejamento estratégico dos dirigentes para a captação de recursos financeiros a fim de implementar as ações que viabilizem o controle de parasitoses no município. É necessário formar uma nova mentalidade sobre a importância da proteção contra doenças e a luta pelo direito a saúde. As discussões do processo de adoecer devem ser continuamente problematizadas no ambiente em que se vive, para que no futuro sejam formados cidadãos mais críticos e sadios (SALES et al., 2004). AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao professor Alessandro Venturim Bento e ao Labortel Laboratório de Análises Clínicas, pelo inestimável apoio.

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