DIAGNOSTICANDO DIFICULDADES EM CARTOGRAFIA, UMA INTRODUÇÃO PARA AS ATIVIDADES DO PIBID

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1 DIAGNOSTICANDO DIFICULDADES EM CARTOGRAFIA, UMA INTRODUÇÃO PARA AS ATIVIDADES DO PIBID Pedro Henrique Maia de Carvalho 1 Universidade Estadual de Montes Claros pedro_maia15@hotmail.com INTRODUÇÃO O Brasil vem passando por um momento de estabilidade econômica, porém, o social do país precisa de maiores atenções. Um meio para amenizar tamanha desigualdade social no país é investindo em educação. Desta forma o governo brasileiro vem implementando políticas públicas voltadas para o setor educacional, em especial para a educação básica. Neste contexto, surge em 2007 o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), voltado para o fortalecimento da educação básica brasileira. E em 2009 este programa inicia suas ações no âmbito da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), situada no norte de Minas gerais. Desde então, vários Subprojetos de diversas licenciaturas foram desenvolvidos nesta universidade, e em 2014 o Subprojeto Geografia: Alfabetização Cartográfica, foco do nosso trabalho, iniciou os seus trabalhos. Em detrimento das atividades desse subprojeto em questão, foi possível realizar uma pesquisa ao iniciar as intervenções na Escola Estadual Dom Aristides Porto, unidade escolar onde funciona o subprojeto, localizada na mesma cidade da universidade. Para 1 Professor da educação básica do estado de Minas Gerais. Supervisor do PIBID Subprojeto Geografia: Alfabetização Cartográfica. Pós Graduando Lato-Sensu em Geografia Escolar pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES

2 tanto, o presente trabalho tem por objetivo diagnosticar algumas dificuldades em cartografia dos alunos do primeiro ano do ensino médio dessa escola. A metodologia utilizada para a realização do trabalho consistiu em revisão bibliográfica e levantamento de dados através de uma avaliação com questões de cartografia, podendo então, conhecer qual o conteúdo relacionado a cartografia os educandos possuem maior dificuldade. DESENVOLVIMENTO Em se tratando da educação básica brasileira, não é inédito dizer a necessidade de investimentos maciços para o pleno desenvolvimento desse nível de ensino, uma vez que circundam neste setor inúmeros problemas, tais como, indisciplina por parte dos discentes, falta de estrutura escolar, desvalorização dos professores, entre outros que não cabe aqui destacar por esse assunto não ser o foco deste trabalho. Para tanto, vem acontecendo no Brasil, ainda que de maneira tímida, a busca por melhorias na educação, tentando assim, qualificar esse setor do país. E um dos caminhos escolhidos para o progresso da educação são as elaborações de políticas públicas voltados para a promoção desse setor. Essas alternativas vêm sendo implementadas ao pensar que Se não fizermos da Educação no Brasil a base de desenvolvimento do país, estaremos cometendo um crime da maior gravidade e que comprometerá nossa condição de país sério e representativo (PIMENTA 2011, p. 312). Neste contexto, o Brasil tem investido no PIBID, uma importante política pública educacional lançada desde o ano de 2007 pelo ministério da educação. No decorrer dos anos, o programa veio tomando proporções cada vez maiores, contando com um número alto de bolsista, maior número de instituições de ensino superior e básico envolvidas e o principal, melhor qualidade dos trabalhos vinculados ao ambiente escolar, tornando o programa reconhecido nacionalmente em um curto espaço de tempo.

3 A UNIMONTES trouxe o programa para a universidade em 2009 e conforme o Projeto institucional do PIBID da referida universidade (2009), na primeira edição houve o envolvimento de 10 cursos organizando 12 Subprojetos para serem desenvolvidos em Montes Claros e em outras cidades do Norte de Minas Gerais. Por sua vez, o Subprojeto Geografia: Alfabetização Cartográfica, foco do nosso trabalho, foi aprovado pelo edital 2013, começando os trabalhos no primeiro semestre do atual ano. O PIBID, por apresentar tamanha magnitude, não se contenta em abranger apenas um objetivo. De acordo com o Art. 3º do Decreto Nº 7.219/10 e com o Relatório de Gestão /DEB os objetivos do programa são: I - incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação básica; II - contribuir para a valorização do magistério; III - elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e educação básica; IV - inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem; V - incentivar escolas públicas de educação básica, mobilizando seus professores como coformadores dos futuros docentes e tornando-as protagonistas nos processos de formação inicial para o magistério; e VI - contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura. (BRASIL, ART. 3, D /2010.) O subprojeto Geografia: Alfabetização Cartográfica, quanto aos seus objetivos, não se diferem dos objetivos gerais do PIBID mencionados acima, apenas enfatiza-os para o ensino da cartografia no ambiente da educação básica, assim, os propósitos do subprojeto são compreendidos em, proporcionar o contato direto do licenciando em geografia com a realidade escolar, possibilitar os acadêmicos condições para se tornarem professores pesquisadores e utilizar metodologias diferenciadas no ensino da cartografia nos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio.

4 CONTEXTUALIZANDO A CARTOGRAFIA ESCOLAR: BREVES CONSIDERAÇÕES É indiscutível a importância de se trabalhar a cartografia com os discentes da educação básica, os benefícios adquiridos pelos escolares ao aprender a analisar o espaço nos recursos cartográficos, como mapas, é relevante para a formação de cidadãos críticos, que saibam analisar o espaço local e global em que está inserido. Guedson (2000, p. 96) descreve a categoria de análise geográfica espaço, dizendo O espaço não é humano pelo simples fato de o homem o habitar, mas sim, porque ele o constrói e reproduz. Com isto, pode-se dizer que o espaço geográfico é produto das relações que ocorrem num determinado momento histórico entre a sociedade e meio ambiente. É também processo de reprodução fundamentado na acumulação de tecnologia e cultura de um determinado povo. Esse é um processo contínuo que está vinculado ao desenvolvimento da própria sociedade que cria a cada momento histórico, um modo de vida e uma estruturação espacial correspondente. Esse importante recurso que estamos abordando, o mapa, é um instrumento da cartografia que viabiliza ao profissional docente ministrar aulas apresentando informações diversas, como dados quânticos e qualitativos de espaços variados, sejam eles se referindo a um país, ou continente ou alguma outra região qualquer. Assim, recursos que possibilitam representar essas transformações constituem uma chave para o pensamento crítico sobre o espaço. Entre tais recursos está a linguagem dos mapas. O indivíduo que não consegue usar um mapa está impedido de pensar sobre aspectos do território que não estejam registrados em sua memória. Está limitado apenas aos registros de imagens do espaço vivido, o que o impossibilita de realizar a operação elementar de situar localidades desconhecidas. (ALMEIDA, 2001, p.17) Entretanto, o ensino da cartografia não compreende apenas em mapas, propriamente ditos. Existe uma vastidão de temas a serem tratados para, inclusive, saber compreender os mapas, a saber, escala, projeções cartográficas, orientação, entre outros. Após compreender a teoria relacionada aos ensinamentos cartográficos, é indispensável uma

5 aula prática com metodologias atrativas que desperte os sentidos do educando para o aprendizado da alfabetização cartográfica. (CASTELLAR, 2011). Partindo dessa premissa, entende-se que o conteúdo da cartografia escolar é vasto, podendo ser empregadas metodologias diferenciadas na tentativa de uma melhoria no processo de ensino aprendizagem. O subprojeto Geografia: Alfabetização Cartográfica assume esse desafio ao propor alternativas significativas no ensino deste conteúdo da Geografia. DIAGNÓSTICO DE ALGUMAS DIFICULDADES EM CARTOGRAFIA Antes de dar início as atividades de intervenções como oficinas ou minicursos, fez-se necessário diagnosticar a estrutura e funcionamento da escola onde está sendo desenvolvido o subprojeto. Essa atividade é proposta no primeiro eixo norteador do Subprojeto Alfabetização Cartográfica, sendo a fase inicial do PIBID na escola, para tanto, nessa oportunidade foi realizada a técnica do grupo focal com alunos e professores com o intuito de conhecer algumas questões sobre o ensino na escola, além disso, desenvolvemos uma pequena pesquisa para uma melhor averiguação do espaço escolar. Nesta conjuntura, antes de idealizarmos qualquer intervenção que envolva o conteúdo de cartografia, realizou-se também, um diagnóstico através de uma avaliação periódica escrita, com a finalidade de identificar as dificuldades dos alunos relacionadas a esta temática. A pesquisa foi desenvolvida com os discentes de uma turma do primeiro ano do ensino médio, tendo como universo da pesquisa 15 participantes. Vale ressaltar que antes da aplicação da avaliação houve capacitação dos educandos, apresentando o conteúdo cartográfico e desenvolvendo inclusive, atividades práticas lúdicas com os mesmos.

6 A primeira questão da avaliação propôs aos discentes que indicassem em uma figura os principais paralelos e meridiano da Terra, uma simples questão, contudo importante e necessária no processo ensino aprendizagem em cartografia. O gráfico I apresenta a quantidade de erros e acertos dessa questão. IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS PARALELOS E MERIDIANO Acertos Erros 2 0 Círculo Polar Ártico Trópico de Câncer Linha do Equador Trópico de Capricórnio Círculo Polar Antártico Meridiano de Greenwich Gráfico I: Identificação dos principais paralelos e meridiano. Fonte: Pesquisa direta. Org.: CARVALHO, P. H. M. d Conforme analisado no gráfico I, uma grande quantidade de alunos acertaram a primeira questão. Esse resultado é positivo, pois se o aluno compreender onde estão localizados os principais paralelos e meridiano da Terra, os próximos conteúdos não só de cartografia, mas também outros da geografia, como por exemplo a climatologia e meteorologia, serão de mais fácil compreensão dos educandos. Fitz (2008, p. 66) explica os paralelos e meridianos como sendo MERIDIANO, ou seja, cada um dos círculos máximos que cortam a Terra em duas partes iguais, que passam pelos pólos Norte e Sul e cruzam-se entre si, nesses pontos, semelhantemente aos gomos de uma laranja; PARALELO, que representaria cada um dos cortes horizontais feitos na referida laranja, ou seja, cada círculo que corta a Terra, perpendicularmente

7 em relação aos meridianos. Pode-se concluir, então, que o equador é o único paralelo tido como círculo máximo. A segunda questão fez menção a orientação cartográfica, a pergunta solicitou do discente que identificasse os pontos cardeais da rosa dos ventos, importante meio de orientação. O gráfico II expõe os resultados obtidos nessa questão. 12 IDENTIFICAÇÃO DOS PONTOS CARDEAIS Acertos Erros 2 0 Norte Sul Leste Oeste Gráfico II: Identificação dos pontos cardeais na rosa dos ventos. Fonte: Pesquisa direta. Org.: CARVALHO, P. H. M. d O resultado expresso foi positivo quanto aos acertos referentes aos pontos norte e sul, já os pontos leste e oeste houve uma quantidade relevante de alunos que não conseguiram identifica-los. Fitz (2008, p. 34) destaca a importância de reconhecer os pontos cardeais para melhor se localizar já que Possivelmente, o emprego dessa convenção está ligado a um dos mais antigos métodos de orientação conhecidos. Esse método se baseia em estendermos nossa mão direita na direção do nascer do Sol, apontando, assim, para a direção leste ou oriental; o braço esquerdo esticado, consequentemente, se prolongará na direção oposta, oeste ou ocidental; e a nossa fronte estará voltada para o norte, na direção setentrional ou boreal. Finalmente, as costas indicarão a direção do sul, meridional, ou ainda, austral.

8 As próximas questões envolveram maior raciocínio dos escolares, pois apresentaram, gravuras, respostas de múltipla escolha e requeria maior entendimento prático. As questões envolviam basicamente os mesmos assuntos tratados nas questões acima, porém de uma maneira mais aprofundada, com o intuito de saber se os educandos conseguiriam direcionar o aprendizado da cartografia. O gráfico III demonstra os erros e acertos de uma questão sobre coordenadas geográficas. QUESTÃO SOBRE COORDENADAS GEOGRÁFICAS 10 5 Acertos Erros Gráfico III: Questão sobre coordenadas geográficas. Fonte: Pesquisa direta. Org.: CARVALHO, P. H. M. d Ao avaliar os números obtidos, elucidados no gráfico III, conclui-se que a maior parte dos escolares apresentaram dificuldades na resolução da questão envolvendo coordenadas geográficas. Entende-se que os discentes não conseguiram aplicar os seus conhecimentos adquiridos até aqui em questões mais rebuscadas sobre o assunto. Nessa questão, os discentes precisavam saber além dos pontos cardeais, conhecer também sobre latitude e longitude, uma vez que, a questão pedia aos educandos para localizarem pontos de coordenadas geográficas em variados locais de um mapa. Vale lembrar que

9 para saber sobre latitude ou longitude o aluno necessita ter compreendido sobre paralelos e meridianos, mais especificamente a localização da linha do Equador e do Meridiano de Greenwich. O gráfico IV, refere-se aos dados compilados sobre uma questão mais aprofundada em relação ao pontos cardeais. QUESTÃO SOBRE ORIENTAÇÃO CARTOGRÁFICA 8 7 Acertos Erros Gráfico IV: Questão sobre orientação cartográfica. Fonte: Pesquisa direta. Org.: CARVALHO, P. H. M. d A leitura do gráfico IV nos revela que a turma ficou quase igualada em quantidade de erros e acertos na questão sobre orientação. Essa questão propunha aos discentes localizar diversos pontos a partir de um alvo como referência, utilizando os conhecimentos de pontos cardeais e colaterais. Considera-se várias hipóteses para explicar a dificuldade dos alunos de se orientar através dessa convenção de pontos cardeais e colaterais, uma delas é a lateralidade, que dispõe a dificuldade dos alunos em saber qual é o lado esquerdo e direito, além de outras dificuldades que repercutem no aprendizado da cartografia.

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados obtidos dessa breve pesquisa realizada com os discentes da turma do primeiro ano da escola onde está sendo realizado o PIBID subprojeto Geografia: Alfabetização Cartográfica foi essencial para sabermos em que conteúdos focar nas próximas intervenções do programa na unidade de ensino, tendo em vista que foi possível constatar quais as dificuldades dos discentes quanto a alguns assuntos da cartografia, sendo estes em suma, relacionados a localização cartográfica. A pesquisa nos mostrou que os estudantes carecem de aulas mais práticas, que viabilize o conhecimento de uma forma mais dinâmica e contextualizada, repercutindo assim, na tentativa de uma melhoria no processo ensino aprendizagem. Dessa forma, este subprojeto se compromete com a dificuldade de aprendizagem dos discentes pesquisados, preparando atividades que possibilite sanar as dúvidas aqui identificadas. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Rosângela Doin de. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. Rosângela Doin de Almeida. São Paulo: Contexto, BRASIL, Decreto Nº 7.219, de 24 de junho de Dispõe sobre o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID e dá outras providências. Diário Oficial (da República Federativa do Brasil), Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, Brasília, DF, 25 jun Disponível em: < >. Acesso em Junho de 2012 CASTELLAR, Sonia Vanzella. A cartografia e a construção do conhecimento em contexto escolar. In: Almeida, Rosângela Doin (Org). Novos rumos da cartografia escolar: currículo linguagens e tecnologia. São Paulo: Editora Contexto, p. p COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR (CAPES) Relatório de Gestão / Diretoria de Educação Básica Presencial

11 (DEB). Disponível em:< >. Acesso em Junho de FITZ, Paulo Roberto. Cartografia básica. Paulo Roberto Fitz. São Paulo: Oficina de textos, 2008 GUEDSON, Nicelene Maria da Silva. Trabalhando o conceito de espaço no ensino fundamental: algumas diversidades e definições. Revista Olhares e Trilhas, Uberlândia, v.1, n.1, p , PIMENTA, Aluísio. Educação Minha Causa. Aluísio Pimenta. Belo Horizonte: O Lutador, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS. Projeto Institucional PIBID UNIMONTES Disponível em: < &Itemid =79 >. Acesso em Junho de 2014.