I Jornada de Educação, Ciência e Tecnologia
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- Pedro Brás Soares
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1 I Jornada de Educação, Ciência e Tecnologia promovida pelo Grupo de Pesquisa Educação, Ciência & Tecnologia (GPEC&T) da Faculdade de Educação, USP Local: Faculdade de Educação, Bloco B, sala 116 Data: Segunda-feira, dia 24 de maio de 2004 Programa: Manhã 9h15-9h30 Apresentação do GPEC&T Prof. Dr. Marcos Barbosa de Oliveira, coordenador Comunicações de pesquisa: 9h30-9h55 Socialização, capitalismo e tecnologia: uma visão marcuseana Stefan Fornos Klein 9h55-10h20 Ciência, tecnologia e capitalismo em O homem unidimensional Isabel Loureiro 10h20-10h45 A questão da neutralidade no ensino de ciências Paulo Roberto dos Santos 10h45-11h10 Ensino de física, ética na ciência e teatro Neusa Raquel de Oliveira 11h10-11h20 Intervalo para café 11h20-11h45 Etnomatemática: uma reflexão teórica Aparecida Augusta da Silva 11h45-12h10 A epistemologia de Kuhn aplicada à área de comportamento motor Cássio de Miranda Meira Jr. 12h10-12h35 Universidade, Tecnociência e Democracia Evandro de Carvalho Lobão 12h35-13h Educação, ciência e tecnologia: notas sobre a crise contemporânea da Universidade pública Sylvia Gemignani Garcia
2 2 Tarde Palestras (coordenação Prof. Dr. Marcos Barbosa de Oliveira): 14h30-16h O papel que os valores desempenham na ciência Prof. Dr. Hugh Lacey (Swarthmore College (Pensilvânia, EUA), atualmente professor-visitante no Departamento de Filosofia da FFLCH-USP) 16h Tecnologia e valores Prof. Dr. Renato Dagnino (Professor titular do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências-UNICAMP)
3 3 Resumo das comunicações de pesquisa e filiação dos autores Stefan Fornos Klein Mestrando, Programa de Pós-graduação em Sociologia, FFLCH-USP Socialização, capitalismo e tecnologia: uma visão marcuseana Partindo do artigo Algumas implicações sociais da tecnologia moderna, de 1941, de Herbert Marcuse, pontuarei algumas questões colocadas por ele em sua interpretação. Trata-se de um texto que anuncia temas desenvolvidos posteriormente em sua obra O homem unidimensional. No decorrer da exposição procuro, dessa forma, incorporar elementos extra-texto que venham a elucidar idéias propostas por esse autor, possibilitando um contato inicial com os seus pontos de vista acerca das relações entre tecnologia e capitalismo. Prof a Dr a Isabel Loureiro Programa de Pós-graduação em Filosofia, Faculdade de Filosofia e Ciências, UNESP, Campus de Marília Ciência, tecnologia e capitalismo em O homem unidimensional Dentre os filósofos da Escola de Frankfurt, Herbert Marcuse foi quem mais se dedicou explicitamente à crítica da ciência e da tecnologia na sociedade capitalista contemporânea. O capítulo 6 de O homem unidimensional (1964), intitulado Do pensamento negativo ao pensamento positivo: a racionalidade tecnológica e a lógica da dominação, é um bom resumo da sua posição sobre o tema. A nossa comunicação tem como objetivo analisar esse capítulo, procurando explicar o que muitos comentadores, entre eles Habermas, consideram ambigüidades/inconsistências de Marcuse a respeito da ciência e da tecnologia. Paulo Roberto dos Santos Recém-mestre pela FEUSP A questão da neutralidade no ensino de ciências Trata-se de uma reflexão em torno da tese da neutralidade da ciência negada explicitamente pelos Parâmetros Curriculares Nacionais nos volumes que discutem o ensino de Ciências Naturais. O documento reitera insistentemente que o ensino de ciência deve favorecer a reflexão sobre o caráter não-neutro da ciência e suas implicações políticas e sociais, porém não oferece uma definição clara do conceito de neutralidade. Nosso objetivo foi o de identificar os elementos que devem compor uma noção adequada de neutralidade, sendo um dos requisitos o de que a negação da neutralidade da ciência não implique alguma forma de relativismo. Um autor que tem se dedicado a essa questão é Hugh Lacey, cujos trabalhos foram tomados como referencial básico em todas as nossas reflexões. Nossa conclusão é a seguinte: em razão de sua complexidade, o caráter não-neutro da ciência não é um assunto que deva ser tratado diretamente pelo professor em sala de aula, mas um conceito que, uma vez esclarecido,
4 4 deve orientar o professor nas discussões sobre as implicações políticas e sociais da produção e aplicação dos conhecimentos científicos e tecnológicos. Assim, ao se afirmar que o ensino de ciência deve ir acompanhado de um consciente questionamento sobre o papel social da ciência no mundo moderno, tal discussão, para ser objetiva, requer que o professor tenha uma clara noção sobre as formas como a ciência está relacionada com o mundo dos valores cognitivos, morais e sociais. Neusa Raquel de Oliveira Mestranda, Programa de Pós-graduação Interunidades IFUSP/IQUSP/FEUSP em Ensino de Ciências (Modalidade Ensino de Física) Ensino de física, ética na ciência e teatro Pretendemos discutir a necessidade de que o ensino de ciências no nível médio contemple a ética na ciência, bem como as práticas científicas, considerando o caso particular da física, e sugerindo uma maneira de introduzir esses tópicos na sala de aula, a saber, por meio do uso de peças de teatro. Trataremos especialmente duas questões: a dos limites entre o desenvolvimento e a aplicação do conhecimento científico se existem, e quais seriam e a do posicionamento do pesquisador em face das aplicações de suas descobertas. Para a discussão dessas questões, utilizaremos as peças de teatro Einstein de Gabriel Emanuel, Os físicos de Dürrenmatt, O caso Oppenheimer de Kippardt. Aparecida Augusta da Silva Departamento de Ciências Exatas e da Natureza, Universidade Federal de Rondônia, Campus de Ji-Paraná; doutoranda na FEUSP Etnomatemática: uma reflexão teórica A denominação Etnomatemática surge na década de 80, introduzida pelo matemático brasileiro Ubiratan D Ambrosio. Em publicação recente, D Ambrosio enfatiza que a Etnomatemática deve ser entendida como um Programa que tenta explicar não apenas a matemática, como também a religião, a culinária, o vestuário e as modas, o futebol e várias outras manifestações práticas e abstratas da humanidade, rejeitando a concepção, muito difundida, da Etnomatemática como uma matemática étnica. Este trabalho tem como objetivo desenvolver algumas reflexões sobre o termo Etnomatemática, especialmente na última década. Cássio de Miranda Meira Jr. Departamento de Pedagogia do Movimento do Corpo Humano, Escola de Educação Física e Esporte, USP; doutorando no Programa de Pós-graduação em Pedagogia do Movimento Humano da mesma unidade A epistemologia de Kuhn aplicada à área de comportamento motor O comportamento motor tem como objeto de estudo os mecanismos e processos subjacentes à aquisição de habilidades motoras e os fatores que a influenciam. Esta
5 5 disciplina científica, cujas origens remontam a mais de cem anos, pode ser tomada como exemplo típico para ilustrar o padrão epistemológico básico de Thomas Kuhn. A passagem da fase pluriparadigmática (pré-ciência) para a paradigmática (ciência normal) ocorreu com a consolidação do paradigma do processamento de informações (ou paradigma motor) no terceiro quarto do século passado. No decorrer daqueles anos, além da proposição de teorias consistentes, foram criados vários periódicos científicos específicos e uma sociedade internacional. No início da década de 1980, a área entrou em uma fase de crise, em virtude da identificação de anomalias significativas no paradigma motor e da adoção de modelos alternativos importados de metateorias da ciência. Emergiu daí o paradigma dos sistemas dinâmicos (ou paradigma da ação), que se fortifica nos anos subseqüentes com o aumento da quantidade de estudos publicados, simultaneamente à redução do número de estudos referentes ao paradigma motor. Essa fase biparadigmática de crise se arrasta até os dias atuais, estabelecendo um panorama de coexistência, o qual, a despeito de cada paradigma estar apoiado em alicerces filosóficos diferentes, parece não se definir a curto prazo. Evandro de Carvalho Lobão doutorando, FEUSP Universidade, Tecnociência e Democracia A democracia se constitui no enfoque fundamental para a abordagem da cultura. Uma forma da produção e reprodução da cultura é a pesquisa científica, que contemporaneamente é realizada de forma institucionalizada em que a universidade desempenha um papel dos mais importantes. A institucionalização da ciência e o desenvolvimento da pesquisa tecnológica no século XIX acabam possibilitando, no século XX, a constituição da ciência em grande escala e, finalmente da tecnociência. Esse contexto é considerado tendo-se como referência a Genômica e propondo-se como situação empírica o Programa Genoma da FAPESP. Na ciência contemporânea, a pesquisa em Genômica apresenta especial significado. Isto, na medida em que vem permitindo a manipulação genética de organismos, o que tem conseqüências econômicas e políticas. A esse respeito, com o patenteamento desses organismos instaura-se a possibilidade da apropriação mercantil dos fundamentos da vida (que até o passado recente se encontravam sob a esfera de domínio da natureza); isso os coloca no contexto da acumulação de capital e, daí, da disputa política por sua legalidade. Desse modo, a partir da Genômica cabe considerar as relações entre democracia, pesquisa científica institucionalizada e universidade. Prof a Dr a Sylvia Gemignani Garcia Departamento de Sociologia, FFLCH-USP Educação, ciência e tecnologia: notas sobre a crise contemporânea da Universidade pública Para uma primeira aproximação da crise contemporânea da concepção moderna de educação é preciso considerar a redefinição das relações entre a esfera pública e a esfera privada que se delineia a partir da década de 70 do século passado: a redução da esfera
6 6 pública, justificada pela crise fiscal do Estado (ie, a falência do sistema de financiamento dos serviços públicos que definem a própria cidadania em termos de direitos); e a reestruturação da esfera do trabalho, condicionada pela revolução tecnológica, basicamente caracterizada por tendências a complexificação e diferenciação, desregulamentação e individualização. A partir desse cenário, é possível examinar brevemente alguns aspectos do debate atual em torno da natureza e da função do ensino superior (notadamente, da universidade pública), que apontam para uma tendência de destruição da tensão entre qualificação profissional e formação cultural que historicamente habitou as concepções modernas da educação e da cultura
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