Palavras-chave: Ensino em Química, Aulas Práticas, Experimentação.

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1 PROPOSTA E AVALIAÇÃO DE AULAS PRÁTICAS NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE QUÍMICA Edilane Maria de Lima Eduardo 1, João Lucas Vitorio Ribeiro Carvalho 2, Isamayra Germano de Sousa 3, Eveline de Abreu Menezes 4 RESUMO: Desde a criação dos Parâmetros e das Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino Médio, ocorreram discussões sobre a importância da contextualização e interdisciplinaridade para um ensino mais completo e integrado do aluno. O ensino de Química, por exemplo, ainda está muito limitado a transmissão de conceitos através da repetição das teorias e memorização de fórmulas, em vista disso muitos alunos sentem dificuldades na disciplina de Química pelo fato dos conceitos científicos aplicados em sala de aula não estarem refletidos no seu cotidiano. As aulas experimentais possuem grande contribuição na explicitação, problematização e discussão dos conteúdos. Nesse contexto, o presente trabalho teve por objetivo o desenvolvimento e aplicação de aulas práticas de Química para os alunos de duas escolas públicas da região do Maciço de Baturité utilizando materiais alternativos e de baixo custo, que não ofereçam riscos para os alunos. O experimento teve como finalidade utilizar o extrato do açaí (Euterpe oleracea) como indicador natural para classificar substâncias ácidas e básicas, tratando-se então de uma atividade que atende ao conteúdo de funções inorgânicas (ácidos e bases). O extrato de açaí foi adicionado a outras substâncias como o suco de limão, leite de magnésia e detergente, que eram classificadas como substâncias ácidas ou básicas de acordo com a cor que elas apresentavam no final do experimento. Palavras-chave: Ensino em Química, Aulas Práticas, Experimentação. 1 da Natureza, edilanelima785@gmail.com 2 da Natureza, lucasvitorio@aluno.unilab.edu.br 3 da Natureza, isamayrag@hotmail.com 4 da Natureza, eveline@unilab.edu.br

2 INTRODUÇÃO As finalidades básicas da educação são a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos para que os estudos possam prosseguir; a preparação para o trabalho e cidadania; a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos e a relação teoria prática, no ensino de cada disciplina (BRASIL,2003). No ensino de Química, podemos distinguir duas atividades: a prática e a teoria. A atividade prática ocorre no manuseio e transformação de substâncias nos laboratórios e nas indústrias, quando então se trabalha em nível macroscópico, isto é, em coisas visíveis. A atividade teórica se verifica quando se procura explicar a matéria, em nível microscópico (MOREIRA et al., 2007). As atividades práticas ou experimentais no ensino escolar apresentam diversas funções, no entanto, terão mais valor no processo de ensinoaprendizagem quando possibilitarem o teste de hipótese ou a investigação (IZQUIERDO et al., 1999). Materiais alternativos, que não apresentam riscos para os alunos, podem ser utilizados para a demonstração de aulas práticas como, por exemplo, o extrato de repolho roxo que pode ser utilizado como indicadores naturais de ph (SILVA, et. al.,2012). Embora seja importante, a existência de um espaço adequado, uma sala preparada ou um laboratório, é condição necessária, mas não suficiente para uma boa proposta de ensino experimental. Diante desses argumentos, acredita-se que a proposta de uma atividade experimental utilizando materiais alternativos para explicar conceitos básicos de Química e uma avaliação dessa proposta levaria a uma aprendizagem significativa e não apenas memorizada, desenvolvendo um raciocínio mais apurado e as implicações éticas do seu uso; integraria, dessa forma, os conceitos propostos nos planos de ensino. Dado este quadro os objetivos desse trabalho serão discutir a relevância do desenvolvimento de duas atividades práticas e a avaliação efetiva dessas práticas, por meio de questionário, utilizando materiais alternativos. METODOLOGIA O experimento teve como finalidade utilizar o açaí como indicador natural para classificar substâncias ácidas e básicas. Trata-se de uma atividade que atende ao conteúdo de funções inorgânicas (ácidos e bases), trabalhados atualmente na nona série do ensino fundamental. Para tal experimento, foram utilizados os seguintes materiais: 3 unidades de filtros de papel para café n 102; 5 copos (de vidro ou plástico) de 200 ml; 3 seringas descartáveis (2 de 5 ml e 1 de 10 ml); 1 vidro de cor marrom (âmbar) de 100 ml; 1 funil ou coador de café; 1 colher de sopa; 50 g de vinho de açaí ou polpa de açaí; 100 ml de álcool etílico a 70%; 5 ml

3 de suco de limão; 5 ml de hidróxido de magnésio (leite de magnésia); 5 ml de detergente; 5 ml de vinagre; 30 ml de água. O açaí, cuja espécie botânica é conhecida como Euterpe oleracea, contém antocianinas (ACiS), substâncias responsáveis pelas colorações nos tons de azul, vermelho e arroxeado em diversos tecidos vegetais, especialmente em flores e frutos. As ACiS mudam sua coloração conforme a acidez ou basicidade do meio em que se encontram. Isso faz com que o extrato de açaí possa atuar como um indicador ácido-base, tornando-se um exemplo interessante para ser utilizado em aulas de Ciências e introduzir os conceitos de acidez e basicidade. O extrato do açaí torna-se avermelhado em soluções ácidas (ph<7); esverdeado em soluções básicas (ph>7) e roxo claro em soluções neutras (ph 7). Após a realização da atividade, o aluno foi indagado quanto ao comportamento dos materiais usados, como por exemplo: A) O que você observou quando adicionou extrato de açaí ao suco de limão? Ao vinagre? Ao leite de magnésia? Ao detergente? B) Após sua observação, diga em que copo há substâncias ácidas, básicas ou neutras? A partir dessas observações foi possível avaliar tal atividade através dos questionários aplicados antes e após a prática. RESULTADOS E DISCUSSÃO O projeto consistiu em duas etapas, sendo a primeira etapa na escola E.E.E.M. Dr. Brunilo Jacó, Redenção-CE, onde participaram setenta e seis alunos do 2º ano do ensino médio das turmas Louis Pasteur pela manhã e Gregor Mendel no período da tarde, e a segunda etapa na escola E.E.F Padre Antônio Crisóstomo, onde 30 alunos do 9º ano B do ensino fundamental também participaram da aula prática sobre ácidos e bases, utilizando o extrato do açaí como indicador natural de ph. Contabilizando o público total, 106 alunos participaram das práticas do projeto. Diante da análise das respostas dos 106 alunos às perguntas dissertativas, aplicadas após o experimento sobre o assunto abordado na aula prática, foi possível observar um aumento considerável na percentagem de acertos à pergunta Como podemos definir uma substância ácida e uma substância básica?. Obtivemos no questionário aplicado após a aula prática, um aumento de 50% no número de acertos quando comparado as respostas da mesma pergunta aplicada no questionário anterior, como observado através das Figuras 1 e 2.

4 Figura 1 Antes do experimento Figura 2 Depois do experimento A outra pergunta específica sobre o assunto abordado na aula prática foi O que é um indicador ácido-base?. Essa questão também foi aplicada antes e após a realização da prática e, mais uma vez, houve um aumento na quantidade de respostas corretas, em comparação aos resultados obtidos no questionário aplicado antes da prática. Esse aumento no número de respostas corretas demonstra uma melhor interpretação da turma sobre o assunto abordado durante a aula experimental, conforme observamos nas Figuras 3 e 4. Figura 3 Antes do experimento Figura 4 Antes do experimento Diante das análises dos resultados obtidos nesse trabalho, foi possível observar que há necessidade de adoção das aulas práticas no ensino de química e em qualquer outra área na qual essa metodologia possa auxiliar no processo de ensino e aprendizagem. Notou-se que com as aulas práticas, houve um melhor desempenho dos alunos no que diz respeito à compreensão do conteúdo, aumentando o interesse sobre o assunto abordado, a participação nas aulas e maior interação entre os alunos e o professor, tornando assim a aula mais dinâmica e produtiva. A aula prática mostrou-se fundamental para auxiliar os alunos a enfrentar as dificuldades

5 encontradas nesta disciplina, além de ser uma metodologia eficaz pela sua capacidade de relacionar teoria, prática e cotidiano. Este último, principalmente quando se utiliza materiais alternativos. CONCLUSÕES Os alunos sentem a necessidade de se ter aplicações práticas dos assuntos abordados em sala de aula e que a dificuldade deles em compreender conteúdos referentes as Ciências, principalmente em Química, pode ser superada através de atividades experimentais, essas, proporcionando uma melhor relação entre a teoria e a prática. AGRADECIMENTOS Ao Pibic-Unilab, pela bolsa concedida. As escolas E.E.E.M. Dr. Brunilo Jacó e A escola E.E.F Padre Antônio Crisóstomo, onde o trabalho foi realizado. A todos envolvidos direta e indiretamente nesse projeto. REFERÊNCIAS BRASIL, Lei nº Dispõe sobre normas para a educação nacional. A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas, Campinas, p. IZQUIERDO, M.; SANMARTÍ, N. E ESPINET, M. Fundamentación y diseño de las prácticas escolares de ciencias experimentales. Enseñanza de las Ciencias, 17 n.1, 45-60, MOREIA, K. C.; BUENO, L.; SOARES, M.; ASSIS JR., L. R.; WIEZZEL, A. C. S., TEIXEIRA, M. F. S. O desenvolvimento de aulas práticas de química por meio da montagem de kits experimentais São Paulo: PROGRAD - UNESP, v.1, p SILVA, R. L. ; LOPES, F. A. S.; SANTOS, A. S.; SANTOS, M. A. J.; CARDOSO, P.H. F.; NUNES, D. G.; DUTRA, M. M.; ALVES, R. S.; BATISTA, C.C. A.; SANTIANO, J. C. Usando extrato de repolho roxo como indicador natural ácido-base no ensino de química. 52º Congresso Brasileiro de Química. Química e inovação: caminho para a sustentabilidade