Termos para indexação: guandu, proteína bruta, produtividade
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1 PRODUTIVIDADE DE MASSA SECA E TEOR DE PROTEÍNA BRUTA DE ACESSOS DE GUANDU (Cajanus cajan (L.) MILLSP) Francisco Duarte Fernandes 1, Renato Fernando Amabile 1, Allan Kardec Braga Ramos 1, Fábio Gelape Faleiro 1 ( 1 Embrapa Cerrados, BR 020, Km 18, Caixa Postal 08223, Planaltina, DF. duarte@cpac.embrapa.br) Termos para indexação: guandu, proteína bruta, produtividade Introdução A pecuária é uma das atividades agrícolas mais expressivas na região Central do Brasil, onde a produção de carne é baseada quase que exclusivamente em pastagens de gramíneas. Nessas pastagens, a utilização de leguminosas forrageiras poderá contribuir para elevar o valor nutritivo das gramíneas acompanhantes, principalmente na época seca, além de contribuir para o aumento da fertilidade do solo, para a redução dos custos de produção, para a redução do uso de agroquímicos e, conseqüentemente, para a proteção do meio ambiente (Lascano, 2002; Martinez et al., 2003; Kluthcouski et al., 2006). O guandu (Cajanus cajan (L.) Milllsp) é considerado uma das principais leguminosas cultivadas nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. É uma espécie que pode ser utilizada para as mais diversas finalidades: como planta melhoradora de solos, na recuperação de áreas degradas, como planta fitorremediadora, em renovação de pastagens, na alimentação animal e humana (Azevedo et al., 2007). O emprego do guandu na alimentação de ruminantes tem sido bastante preconizado. Exceto as hastes já lenhosas, toda a parte aérea da planta pode ser utilizada. Os animais habituam-se rapidamente e as respostas em ganho de peso e produções de leite são tantos maiores quanto mais deficiente em proteína for a alimentação anterior (Katounian, 1994). A produtividade e a qualidade da forragem de guandu são influenciadas pela densidade, pela distribuição espacial e pela idade fisiológica das plantas, pelas propriedades químicas e físicas do solo, pela época de plantio, pela cultivar, pelo manejo a que a planta é submetida, pelas condições climáticas e pela proporção de folhas, caules, vagens e flores. Diversos trabalhos fazem relatos sobre a produtividade e o valor nutritivo da forragem de guandu (Favoretto et al., 1995; Rao et al., 2002; Rao et al., 2003; Godoy et al., 2005; Silveira et al., 2005; Fernandes et al. 2006). Em virtude da variabilidade genética da espécie, ocorrem diferenças quanto à produção e à qualidade da
2 forragem aproveitável (folhas, flores, vagens e ramos menores ou iguais a 6 mm de diâmetro) (Favoreto et al., 1995). O objetivo do presente estudo foi avaliar a produtividade de massa seca e o teor de proteína bruta de acessos de guandu como alternativa alimentícia para ruminantes na região do Cerrado brasileiro. Material e Métodos 0 experimento foi conduzido entre dezembro de 2002 e abril de 2004, na Embrapa Cerrados, localizada no município de Planaltina, DF ( 15º S, 47º O, e altitude de 1000 m), em Latossolo Vermelho, textura argilosa. A análise química do solo, na camada de 0 a 20 cm, apresentou as seguintes características químicas: ph em H 2 O = 5,0; MO = 2,4%; P = 7,1 mg/dm 3 ; K = 113,0 ppm; Al = 0,21 coml c /dm 3 ; H + Al = 6,15 coml c /dm 3 ; Ca + Mg = 2,9 coml c /dm 3. O ensaio foi instalado em dezembro de 2002, num delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro repetições Os materiais genéticos analisados no presente trabalho foram quatro acessos selecionados com base em características morfológicas e desempenho agronômico na Embrapa Cerrados para produção de grãos (g 40-1, g 40-2, g 54-1, g 54-2) e dois cultivares comerciais, como testemunhas (Fava Larga e Caqui). As parcelas foram constituídas por cinco linhas de 5 m de comprimento, com 0,5 m de espaçamento e 0,25 m entre plantas, com área útil de 6 m 2. As sementes foram semeadas, manualmente, em covas, sendo duas por cova. Aplicaram-se, por ocasião da semeadura, 40 kg ha -1 de P 2 O 5 (Superfosfato simples), em sulcos. A produção de matéria seca dos materiais foi estimada pelo corte das plantas da área útil da parcelas, seguida da determinação do peso total. Amostras de folhas, hastes finas (com diâmetro menor ou igual a 6 mm) e hastes grossas provenientes de seis planta da área útil foram então separadas, pesadas e secas em estufas a 65 ºC, até peso constante. Nas amostras de folhas foram determinados os teores de proteína bruta (Oliveira, 1981). O teor de proteína bruta foi determinado conforme Oliveira (1981). As análises estatísticas foram realizadas no pacote estatístico SISVAR, descrito por Ferreira (2000), sendo as médias ao nível de comparadas ao nível 5% de probabilidade, pelo teste de Scott-Knott.
3 Resultados e Discussão Os resultados de produtividade de massa seca de folhas (MSF), de hastes finas (MSHF), de hastes grossas (MSHG) e total (MST) e os teores de proteína bruta (PB) nas folhas dos acessos avaliados no primeiro corte são apresentados na Tabela 1. Os acessos apresentaram produtividades médias de massa seca de 3090, 2233, 4752 e kg ha -1, respectivamente, de folhas, de hastes finas, de hastes grossas e total. O acesso que apresentou maior produtividade de MSF foi o g 54-1, com 3745 kg ha -1, diferindo (P<0,05) dos demais, que, por sua vez, não diferiram (P>0,05) entre si. A produtividade média de MSF (3090 kg ha -1 ) foi superior ao valor encontrado por Silveira et al. (2005), que registraram rendimento máximo de MS de 2348 kg ha -1 para o limbo foliar de guandu aos 98 dias após a emergência. Os acessos que alcançaram maiores produtividades de MSHF foram o g 40-1, g 40-2, g 54-1 e Fava Larga, com produtividade variando de 2173 a 2753 kg ha -1, enquanto, que as menores produtividades foram obtidas pelo g 54-2 e Caqui, com 1938 e 1492 kg ha -1, respectivamente. As maiores produtividades de MSHG e de MST foram observadas para os acessos g 40-1 (5993 kg ha -1 ) e g 54-1 (5460 kg ha -1 ) que não diferiram (P<0,05). Para a produtividade de MST verifica-se que os acessos g 40-1, g 54-1 e Fava Larga foram os que atingiram maiores produtividade de MST, com valores de 11606, e kg ha -1, respectivamente. Os resultados obtidos para MST são semelhantes ao resultado citado por Alves et al. (2004), que observaram kg ha -1 de massa seca, porém, abaixo do resultado registrado por Alcântara et al. (2000), que encontraram produtividade de kg ha -1 de massa seca de guandu. Os teores de PB variaram entre 209 e 237 g kg -1. Os acessos g 40-1 e g 54-1 apresentaram os maiores teores de PB, que não diferiram (P>0,05), sendo superiores aos demais. Estes resultados estão dentro da faixa citada por Lourenço et al. (1994), que encontraram valores de PB variando entre 180 e 255 g kg -1 nas folhas, o que evidencia alta qualidade da forragem disponével, podendo ser utilizada como banco de proteína. Do ponto de vista da alimentação de ruminantes este fato é desejável, haja vista que as folhas constituem o componente mais ingerido pelos animais. O valor médio de PB (221 g kg -1 ) obtido nas folhas foi superior ao encontrado por Fernandes et al. (2006), de 195 g kg -1, porém, inferior ao valor de 244 g kg -1 encontrado por Rao et. al. (2002).
4 Tabela 1. Produtividade de massa seca de folhas (MSF), de hastes finas (MSHF) e total (MST) e os teores de proteína bruta nas folhas dos acessos de guandu no corte realizado em 25 de abril de Produtividade Acesso MSF MSHF MSHG MST PB kg ha -1 kg ha -1 kg ha -1 kg ha -1 g kg -1 g b 2558 a 5993 a a 230 a g b 2173 a 3846 b 8995 b 209 b g a 2753 a 5460 a a 237 a g b 1938 b 3810 b 8529 b 216 b Fava Larga 3141 b 2486 a 4864 b a 221 b Caqui 2844 b 1492 b 4540 b 8876 b 213 b Média geral Médias seguidas da mesma letra na coluna, não difere entre si, pelo teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade. Os resultados de produtividade de massa seca de folhas (MSF), de hastes finas (MSHF) e total (MST) e os teores de proteína bruta (PB) nas folhas dos acessos de guandu avaliados no segundo corte são apresentados na Tabela 2. Os acessos apresentaram produtividades médias de massa seca de 199, 265 e 464 kg ha -1, respectivamente, para folhas, hastes finas e total. Os acessos que apresentaram maiores produtividades de MSF foram o g 40-1, g 40-2 e g 54-1, com produtividade de MSF variando de 228 a 289 kg ha -1, enquanto que as menores MSF foram alcançadas pelos acessos Fava Larga e Caqui, sendo que o g 54-2 ficou em posição intermediária. Os acessos que alcançaram maiores produtividades de MSHF foram o g 40-1, g 40-2, g 54-1 e g 54-2, com produtividade variando de 281 a 360 kg ha -1, enquanto, que as menores produtividades foram obtidas pelos acessos Fava Larga e Caqui, com 136 e 145 kg ha -1, respectivamente. Dentre os acessos que atingiram maiores produtividades de MSHF o g 40-1, g 40-2 e g 54-1 também tiveram maiores produtividades de MST. Os teores de PB variaram entre 130 e 149 g kg -1. Os acessos g 40-1, g 54-1 e g 54-2 apresentaram os maiores teores de PB, que não diferiram (P>0,05), sendo superiores aos demais. Estes valores verificados nas folhas estão acima do mínimo essencial para uma adequada fermentação ruminal, segundo MINSON (1984). Portanto, este alimento pode ser utilizado como fonte suplementar de proteína no período seco do ano.
5 Tabela 2. Produtividade de massa seca de folhas (MSF), de hastes finas (MSHF) e total (MST) e teor de proteína bruta (PB) de acessos de guandu no corte realizado em 23 de setembro de Produtividade Acesso MSF MSHF MST PB kg ha -1 kg ha -1 kg ha -1 kg ha -1 g a 346 a 574 a 140 a g a 322 a 589 a 130 b g a 360 a 649 a 149 a g b 281 a 457 b 144 a Fava Larga 103 c 136 b 239 c 131 b Caqui 129 c 145 b 273 c 135 b Média geral Médias seguidas da mesma letra na coluna, não difere entre si, pelo teste de Skott-Knott a 5% de probabilidade. Conclusões Os resultados indicam que existe variabilidade entre os acessos de guandu quanto às produtividades de MSF, MSHF, MSHG e MST e teores de PB. O acesso g 54-1 destacou-se com a maior produtividades de MSF e o maior teor de PB nas folhas. Agradecimentos Os autores agradecem a Embrapa e a UNIPASTO pelo apoio financeiro. Referências bibliográficas ALCÂNTARA, F.A.; FURTINI NETO, A.E.; PAULA, M.B.; MESQUITA, H.A.; MUNIZ, J.A. Adubação verde na recuperação da fertilidade de um latossolo vermelho-escuro degradado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 35, n. 2, p , ALVES, S.M.C.; ABBOUD, A.C.S.; RIBEIRO, R.L.D.; ALMEIDA, D.L. Balanço de nitrogênio e fósforo em solo com cultivo orgânico de hortaliças após a incorporação de biomassa de guandu. Agropecuária Brasileira, v. 39, n. 11, p , AZEVEDO, R.L.; RIBEIRO, G.T.; AZEVEDO, C.L.L.; Feijão guandu: uma planta multiuso. Revista da Fapespe, v. 3, n. 2, p , FAVORETTO, V. PAULA, G.H., MALHEIROS, E.B.; GUIDELI, C. Produção e qualidade da forragem aproveitável de cultivares de guandu durante o período seco. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 30, n. 7, p
6 FERNANDES, F.D.; AMABILE, R.F.; FALEIRO, F.G.; RAMOS, A.K.B.; GODOY, R. Avaliação agronômica de genótipos de guandu forrageiro no Distrito Federal. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, p. Boletim de pesquisa e desenvolvimento/embrapa Cerrados. FERREIRA, D.F. Analises estatísticas por meio do SISVAR para Windows versão 4.0. In; REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE BIOMETRIA, 45, 2000, São Carlos, SP. Anais... São Carlos: UFSCar, p GODOY, R.; BATISTA, L.A.R.; SANTOS, P.M.; SOUZA. F.H.D. Agronomic evaluation of selected pigeon-pea lines (Cajanus cajan (L.) Millsp). Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 1, p.7-19, KHATOUNIAN, C.A. Produção de alimentos para o consumo doméstico no Paraná: caracterização e culturas alternativas. Londrina: IAPAR, p. (IAPAR, Circular, 81). KLUTHCOUSKI, J.; AIDAR, H.; COBUCCI, T.; STON, L.F.; THUNG, M.; BALBINO, L.C.; SILVA, C.C.; OLIVEIRA, F.R. Integração lavoura-pecuária: estudo de caso vivenciado pela Embrapa Arroz e Feijão. In: PATERNIANI, E. Ciência, Cultura e Sociedade. EMBRAPA, 2006, 503p. LASCANO, C.E. Caracterización de las pasturas para maximizar producción animal. Archivos Latinoamericano de Producción Animal. v. 10, n. 2, p , LOURENÇO, A.J.; MATSUI, E.; DELISTOIANO, J. Composição botânica da forragem disponível e da selecionada por bovinos em pastos de capim-colonião consorciado com centrosema e,ou, galáctia, com ou sem acesso a banco de proteína de guandu. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v. 23, n. 1, p , MARTINEZ, J.; LEONTE, L.; CASTELLANO, G. HIGUERA, A. Evaluación de 25 líneas de quinchoncho Cajanus cajan (L.) Millsp. con fines de selecionón para su uso como leguminosa arbustiva forrajera. Revista Científica, v. 13, n. 3, p , MINSON, D.J. Effects of chemical and physical composition of herbage eaten upon intake. In: HACKER, J.B. (Ed.). Nutritional limits to animal production from pasture. St. Lucia, Queens: Commonwealth Agriculture Bureaux p OLIVEIRA, S.A. Método colorimétrico para determinação de nitrogênio em plantas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.16, n.5, p , RAO, S.C.; COLEMAN, S.W.; MAYEUX, H.S. Forage production and nutritive value of selected pigeonpea ecotypes in the Southern Great Plains. Crop Science, v. 42, n. 4, p , 2002.
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