NOVOS DEVERES DE INFORMAÇÃO NO ÂMBITO DA PUBLICIDADE AO CRÉDITO
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- Diego Leandro Damásio Tuschinski
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1 TMT N.º 1/2009 MAR/ABRIL 2009 NOVOS DEVERES DE INFORMAÇÃO NO ÂMBITO DA PUBLICIDADE AO CRÉDITO A informação divulgada pelas Instituições de Crédito relativamente aos produtos que estas oferecem tem sido cada vez mais regulada pelo Banco de Portugal. Neste âmbito, foi colocado em consulta pública o projecto de aviso denominado Deveres de Informação na Comercialização de Depósitos Indexados e Depósitos Duais (doravante apenas designado de Projecto ) que pretende regular os deveres de informação no mercado dos depósitos bancários, aumentando a transparência e o rigor da informação prestada pelas instituições de crédito aos seus clientes, incluindo nas mensagens publicitárias, inserindo-se num conjunto de iniciativas que têm vindo a ser desenvolvidos pelo Banco de Portugal no âmbito das suas funções de supervisão. O Projecto insere-se nos trabalhos de revisão do quadro regulamentar dos deveres de informação das instituições de crédito na comercialização de depósitos. Este processo iniciou-se com o projecto de diploma relativo aos depósitos bancários simples e suas contas, através da publicação no Diário da Republica do Aviso 10/2008, a 22 de Dezembro de 2008, sendo agora completado com idênticos deveres sobre os depósitos indexados e duais (produtos financeiros complexos, de acordo com a classificação adoptada pelo Decreto Lei n.º 211 A/2008, de 3 de Novembro). A inovação e a concorrência entre as instituições de crédito têm levado ao surgimento de produtos de aforro, como os depósitos bancários, com características distintas. Alguns, em particular, implicam que os clientes bancários assumam riscos que podem não ser imediatamente perceptíveis. Por isso, é necessário caracterizar de forma clara as diversas modalidades que os depósitos podem assumir.
2 Este Projecto tem como pilar a transparência da publicidade a produtos e/ou serviços financeiros corolário do princípio da veracidade constante do Código da Publicidade 1 o que, por um lado, significa que todas as mensagens publicitárias, prospectos e contratos relativos a produtos financeiros complexos têm de ser verdadeiros e que, por outro, não deve ser distorcida informação essencial para o consumidor tomar uma decisão esclarecida. Neste sentido, em complemento aos deveres de transparência e rigor de informação, para os depósitos simples, reforçam-se agora os deveres de informação das instituições na comercialização de depósitos indexados e de depósitos duais. O Projecto vem, ainda, estipular um conjunto de procedimentos que os prospectos destes depósitos passam a ter de apresentar, tendo como requisito essencial a prestação de informação mais completa aos consumidores. Em termos práticos, antes de iniciarem a sua comercialização, as instituições de crédito passam de a ter de submeter os prospectos e as respectivas campanhas publicitárias à aprovação prévia do Banco de Portugal, tal como o Aviso 10/2008 dispunha. O Banco de Portugal entende também ser necessário reforçar as características fundamentais dos depósitos, de entre as quais se destaca a da segurança dos fundos aplicados. Apenas os produtos de aforro que apresentem esta característica podem utilizar a designação de depósito nas campanhas de publicidade e na sua comercialização. A intenção da instituição é tornar estas aplicações mais seguras, ou seja, que antes de se iniciar a comercialização dos depósitos, os prospectos sejam submetidos à aprovação do Banco de Portugal, bem como as respectivas campanhas publicitárias. A) Âmbito de aplicação: 1 Por força do artigo 10º do Decreto-Lei n.º 330/90, de 23 de Outubro (Código da Publicidade), a publicidade deve respeitar a verdade, não deformando os factos sendo obrigatório que todas as afirmações respeitantes à origem, natureza, composição, propriedades e condições de aquisição dos bens ou serviços publicitados devem ser exactas e passíveis de prova, a todo o momento, perante as instâncias competentes. 2
3 Produtos financeiros complexos definidos no n.º 1 do artigo 2.º do DL 211- A/2008, de 3 de Novembro; Depósitos indexados depósitos cuja rendibilidade está associada, total ou parcialmente, à evolução de outros instrumentos ou variáveis financeiras ou económicas relevantes, designadamente acções ou cabaz de acções, índice ou cabaz de índices accionistas, índice ou cabaz de índices de mercadorias; Depósitos duais depósitos que correspondem à comercialização combinada de dois ou mais depósitos/produtos bancários, sejam eles simples e/ou indexados. Exclusão: Depósitos com taxa variável indexados de forma simples a índices de mercado monetário, porque são equiparados a depósitos simples. B) Informação e Publicidade Na comercialização dos depósitos indexados e duais, as instituições de crédito têm de cumprir deveres de transparência e rigor de informação nas diferentes fases de comercialização dos produtos e serviços financeiros desde a publicidade, passando pela informação preliminar, à escolha do produto, pelos esclarecimentos que deverão ser prestados na celebração do respectivo contrato, até à informação que deve ser transmitida durante a vigência do mesmo. Assim a informação tem de ser: completa, verdadeira, actual, clara, sintética, objectiva e legível. No que respeita a publicidade e aos deveres de informação e transparência, o projecto remete para o que já consta no Aviso 10/2008 que dispõe que toda a publicidade a produtos e financeiros deverá conter informação inequívoca sobre a instituição de crédito que é responsável pelos mesmos (i.e. quem é o anunciante). 3
4 Pretende, ainda, o Banco de Portugal evitar que os anunciantes não omitam informação necessária à correcta avaliação das características dos produtos financeiros publicitados. Eventuais condições de acesso, nomeadamente, a exigência da aquisição de outros produtos ou restrições inerentes ao próprio produto publicitado que, frequentemente, são apresentadas em campanhas promocionais, terão de ser claramente explicitadas. Em particular, não será admitido que as mensagens publicitárias, os prospectos e os contratos: i) não contenham a explicitação clara da respectiva natureza ou finalidade; ii) omitam ou dissimulem as condições que permitem o acesso a promoções que sejam publicitadas; iii) omitam ou dissimulem as condições que permitem ao cliente obter a redução do montante das prestações de um empréstimo; iv) não revelem os encargos que tenham de ser assumidos, como contrapartida de vantagens a que o cliente tenha acesso. Ainda nos termos do artigo 6.º deste Aviso, fica estipulado que se aplica à publicidade a produtos e serviços financeiros, o Código de Publicidade, como, aliás, resulta do artigo do art. 77.º C do Regime Geral das Instituições de Crédito e das Sociedades Financeiras. C) Prospectos Informativos Para os depósitos indexados e duais, a harmonização da informação pré-contratual é efectuada através da definição de prospectos normalizados, cujo conteúdo deve estar reflectido no contrato, estando o prospecto sujeito a prévia aprovação do Banco de Portugal. No prospecto informativo de depósitos indexados e duais deve constar um conjunto de elementos caracterizadores deste tipo de produtos, designadamente: 4
5 (i) A identificação do produto como depósito indexado ou depósito dual e a sua classificação como produto financeiro complexo; (ii) A caracterização e a evolução histórica dos instrumentos ou variáveis de que depende a remuneração do produto e o perfil de cliente recomendado; (iii) A referência à garantia total do capital aplicado, pelo que o montante a reembolsar ao depositante não pode ser inferior ao depositado por via, nomeadamente, de variações ocorridas nos instrumentos ou variáveis subjacentes; (iv) A cobertura proporcionada pelo Fundo de Garantia de Depósitos (v) A remuneração mínima garantida e a descrição detalhada da sua forma de cálculo e respectivo prazo; (vi) A descrição das condições de mobilização antecipada, se permitida, e a existência de penalizações sobre os juros corridos, se aplicável. Em particular, no caso dos depósitos duais, o prospecto tem de indicar os elementos referidos devidamente detalhados para os diferentes depósitos que constituem o produto. D) Contrato de subscrição de depósitos No contrato de subscrição dos produtos financeiros complexos tem de constar obrigatoriamente os seus elementos caracterizadores nomeadamente prazo, condições de mobilização dos fundos antes do vencimento, descrição da remuneração e indicação das fontes de dados que permitam acompanhar a rendibilidade do produto. Esta informação tem de estar em conformidade com o respectivo prospecto informativo. E) Regime Sancionatório Caso as normas em causa não sejam cumpridas, o Banco de Portugal poderá também exercer uma função fiscalizadora, nos termos do art. 19.º do Aviso e do art. 77.º D do Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras. Ora, embora esta 5
6 função fiscalizadora incida sobre as instituições financeiras, facilmente a Direcção Geral do Consumidor órgão que controla a actividade publicitária em Portugal irá receber denúncias dos concorrentes e do próprio Banco de Portugal 2. F) Entrada em Vigor O projecto será aplicado aos produtos financeiros complexos que venham a ser comercializados após a entrada em vigor do projecto. O projecto entrará em vigor 30 dias após a sua publicação. Departamento de TMT fm@cca-advogados.com Rua Victor Cordon, nº 10 A 4º e 5º Lisboa Portugal Tel Fax / ccageral@cca-advogados.com NIPC Nº REGISTADA NA OA SOB O Nº 27/9 A presente newsletter foi elaborada com fins informativos, sendo disponibilizada de forma gratuita, para uso exclusivo e restrito dos clientes CCA, encontrando-se vedada a sua reprodução e circulação não expressamente autorizadas. Esta informação tem carácter geral e não substitui o aconselhamento jurídico para a resolução de casos concretos. Não hesite em contactar-nos caso necessite de esclarecimentos adicionais. 2 Note-se, a este respeito, que o Decreto-Lei 57/2008, de 26 de Março, dispõe que qualquer pessoa pode intentar acção inibitória com vista a prevenir, corrigir ou fazer cessar um prática comercial ilegal. 6
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