O MINISTÉRIO PÚBLICO Requerido: O SINDICATO PATRONAL DOS HOTEIS, BARES E RESTAURANTES DE TERESINA
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- Regina Neiva de Sá
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1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PIAUÍ 1.ª VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE TERESINA GABINETE DA JUÍZA MARIA LUIZA DE MOURA MELLO E FREITAS Rua Mato Grosso, nº 210 Norte, Bairro Cabral, Teresina (PI) CEP: Fone (0xx86) REGISTRO PROCESSUAL: nº ; NATUREZA DA AÇÃO: AÇÃO CIVIL PÚBLICA REQUERENTE(S): O MINISTÉRIO PÚBLICO Requerido: O SINDICATO PATRONAL DOS HOTEIS, BARES E RESTAURANTES DE TERESINA Decisão Interlocutória: O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, através de seu representante legal, Titular da 45ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude e Coordenação do Núcleo das promotorias da Infância e Juventude da capital, em conjunto com a Defensoria Pública do Estado Núcleo da infância e da Juventude, na pessoa de sua representante, ajuizaram perante este Juízo, ação AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER c/c pedido Liminar de Antecipação de Tutela, contra O SINDICATO PATRONAL DOS HOTÉIS, BARES E RESTAURANTES DE TERESINA, retro qualificado, com fulcro nos arts. 129, inciso III da CF, art.1º inciso IV e 5º, I e II da Lei Federal nº7.347/85, art.3 e art.36, inciso IV, letras c e d da Lei Complementar Estadual nº12/93, e ainda, art.148 IV e art.210 I, do ECA, bem como, contra todos os Hotéis e Restaurantes que deverão ser chamados ao feito, via edital, conforme art.84 ou 94 do CDC, alegando, em resumo: Que no ano passado, por este juízo, foi baixada a Portaria n007/2011, que regulamentava a entrada e permanência de crianças e adolescentes, desacompanhadas dos pais ou responsável, em estádio, ginásio e campo desportivo, bailes ou promoções dançantes, boates ou congêneres, casa que explore comercialmente diversões eletrônicas, estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. E a
2 participação em: espetáculos públicos e seus ensaios, certames de beleza, após certa hora da noite, inclusive nos eventos festivos, de grande porte, como: Carnaval, Micarina, Piauí Pop, shows, circus e outros, em situação de risco. Aduzindo, ainda, haver sido realizadas inspeções em alguns eventos da capital, por meio de equipe do próprio Juizado da Infância e Juventude, em parceria com os Conselhos Tutelares, Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e o RONE Acrescenta ainda, que nessas inspeções foram apreendidos e encaminhados aos pais, vários adolescentes ingerindo bebida alcoólica, fato que já era preocupação do Ministério público, tanto que pedimos ao delegado Geral do estado do Piauí, a instauração de inquérito policial para apurar esse crime. Assim, essa ação tem caráter preventivo, na luta contra o alcoolismo de crianças e adolescentes, conforme documentos anexos. Requereram a antecipação de tutela para que todos os bares e restaurantes desta Capital, afixem banner de 75 cm de alturax50 cm de largura, com as seguintes informações: É PROIBIDA A PERMANENCIA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SEM A DEVIDA AUTORIZAÇÃO DOS PAIS OU DOS RESPONSÁVEIS. Ao pedido juntou os documentos de fls.07/97, necessários, para apreciação do pedido. É o relatório. Vieram os autos conclusos. A lei anti-álcool para menores de 18 anos, é um dos principais pontos da Campanha Anti-álcool e combate ao álcool na infância e juventude, em todo País. Bares, restaurantes, lojas de conveniência e baladas, entre outros locais, não poderão vender, oferecer nem permitir a presença de menores de idade consumindo bebidas alcoólicas no interior dos estabelecimentos, mesmo que acompanhados de seus pais ou responsáveis maiores de idade. Art.82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento, congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.
3 Art.250. hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel,pensão, motel ou congênere: Pena multa. 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até 15 dias. 2 Se comprovada a reincidência em período inferior a 30(trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá sua licença cassada. A Portaria a que referem-se os Promoventes da presente ação, continua em vigor, na qual, se mantém as seguintes proibições: a entrada e permanência de crianças e adolescentes(pessoas com menos de 18 anos, desacompanhadas dos pais ou responsáveis(ascendentes e colaterais até o 3º grau(tio sobrinho), após às 23:00 horas, em qualquer dia da semana, em estabelecimentos comerciais denominados bares e outros que comercializem bebidas alcoólicas e outras drogas. a) PROIBIR a entrada e permanência de crianças e adolescentes, (pessoas com menos de 18 anos, desacompanhadas dos pais ou responsáveis (ascendentes e colaterais até o 3º grau(tio sobrinho), após às 23:00 horas, em qualquer dia da semana, em estabelecimentos comerciais denominados bares e outros que comercializem bebidas alcoólicas e outras drogas; b) PROIBIR a entrada e permanência de crianças e adolescentes, na mesma situação acima, em estabelecimentos conhecidos como boates ou congêneres, cujo funcionamento se dê no período noturno, após as 23:00 horas, ressalvados os eventos como matinês ou outros similares, onde não há oferecimento de bebidas alcoólicas e outras drogas, desde que acompanhados de seus pais ou responsáveis, ou ainda, mediante autorização escrita destes; c) RESPEITAR o direito de ir, vir e estar em logradouros públicos e espaços comunitários, previsto no art.16 do ECA, salvo em horário não recomendável e em situação considerada de risco, tendo em vista que expressa o citado disposto estatutário, ressalvadas as restrições legais; d) Às forças POLÍCIAIS (Civil e Militar), o CONSELHO TUTELAR, e o serviço de COMISSARIADO deste Juizado, que em operação sistemática, formem uma força tarefa, com junção das forças de segurança, devendo ser encaminhado crianças e adolescentes desacompanhados dos pais ou de adulto responsável, e na falta destes, em situação de negligência e risco, o acolhimento, evitando-se que tal situação, possa levar a um comprometimento físico ou mental, em afronta ao art.3º do ECA, que é a proteção integral, por exemplo, menores de 18 anos, (andando pelas ruas, em contato ou ingerindo bebidas alcoólicas, envolvidos com drogas ou se prostituindo, em situação de risco); e) DEVERÃO estes, crianças e adolescentes, ser encaminhadas aos pais, imediatamente, como medida de proteção, mediante advertência, isso sem prejuízo de outras providências, como a responsabilização dos pais, com multas, em caso de reiterada negligência, o encaminhamento para acompanhamento e tratamento dos infantes viciados em drogas, encontrados após as 23:00 horas, os quais deverão ser transportados em veículo compatível com a condição, sem algemas, celas, castigo, vingança ou retribuição à rebeldia; f)esclarecer que a privação que se possa divisar na execução da medida, obedecerá aos princípios constitucionais da brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoas em desenvolvimento, previsto no art.227 da CF;
4 g)advertir que no caso de descumprimento à ordem judicial, lavre-se o respectivo auto de infração, nos termos do art.194 do ECA, c/c o art.258, do mesmo diploma legal, pela ocorrência; h)convidar a Ordem dos Advogados do Brasil Secção do Piauí, a Defensoria Pública, os Órgãos de Proteção, os Conselhos Tutelares e de Direito, o Ministério Público, a Secretaria de Segurança, Delegacias de Segurança e Proteção e outros, para o cumprimento e a fiscalização da decisão proferida através desta portaria da 1ª Vara da Infância e da Juventude da Capital, consistentes na retirada das ruas dos infantes em situação de risco; i)fundamentar a motivação legal e jurídica da presente decisão judicial, que não é combater a criminalidade, mas sim, enfrentar a situação de risco, reais ou potenciais, em que se encontram crianças e adolescentes, de conformidade com o disposto no art.70/75, 80, 81 e 82, 129, 149 e 153, c/c art.227 da CF; j)esclarecer que Estudantes uniformizados, entenda-se, crianças ou adolescentes que voltam para casa, depois do cinema ou da casa de amigos, aniversários e festinhas (como hipótese, não serão conduzidos ao Conselho Tutelar para advertências ou multa aos pais, devendo ser orientados no sentido de esclarecer que a polícia e o CT, estão ali para fazerem a proteção deles, orientando-os quanto ao perigo de andar nas ruas tarde da noite, e a importância da presença dos pais acompanhando os filhos, e até oferecendo-lhe carona para casa, em caráter educativo; l)acrescentar que no caso de vulnerabilidade social, as famílias deverão ser encaminhadas para programas de auxílio psicológico e de assistência social, dependendo da ocorrência, e as crianças e os adolescentes viciados em drogas, serão encaminhados para acompanhamento e tratamento por dependência química, em comunidade terapêutica, a ser custeada pelo Estado, Município e ou a Família; m)advertir aos pais que não cumprirem as obrigações deles em relação aos filhos, deverão obedecer às ordens judiciais, no sentido da prevenção e da proteção, pois se não fixarão horário para os filhos impondo limites, deverão observar e cumprir essa ordem judicial, conforme o disposto no art.22 do ECA, sob pena de responsabilização pecuniária, ou seja o pagamento de multa a ser arbitrada por este juízo; n)dvertir aos proprietários de estabelecimentos que disponham de bilhar ou sinuca, casas de jogos e afins, lan houses, deverão impedir o acesso de crianças e adolescentes, sob pena de pagar multa de 03 a 20 salários de referência. No caso de violação da determinação supra, ficam os infratores, pessoas físicas ou jurídica, sujeitos à multa de acordo com a legislação em vigor, sem prejuízo de cassação do Alvará, ou das penas, prevista no art.330 do CP, além de outras sanções em que incorrerem. Por esse motivo, fixo o prazo de 30 dias, para campanha educativa de esclarecimentos, inclusive com a participação de blitz. Por sua vez o Estatuto da Criança e do Adolescente, assegura: Art. 3º. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes,por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Art. 4º: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
5 esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único: A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com proteção à infância e à juventude. Art. 5º: Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. E ainda, a CF, em seu art.227, que assegura a proteção Integral da criança e do adolescente, senão vejam: É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-las a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Diante do exposto, considerando o que dos autos consta e de conformidade com o disposto nos Arts. arts. 129, inciso III e 227, ambos da CF, art.1º inciso IV e 5º, I e II da Lei Federal nº7.347/85, art.3º e art.36, inciso IV, letras c e d da Lei Complementar Estadual nº12/93, e ainda, arts. 3º, 4º, 81 II, 82, 148 IV, 149 e art.210 I, do ECA, DEFIRO LIMINARMENTE a tutela na forma requerida, determinando a citação do Sindicato demandado para querendo, em 05 dias, contestar a presente ação, indicando provas, contado esse prazo da execução da medida, e presumindo-se aceitos como verdadeiros os fatos alegados pelo autor,
6 caso não seja a ação contestada, bem como dos demais réus demandados, os hotéis, motéis, pousadas e congêneres, a citação dos réus demandados para contestação do feito, na pessoa de seus representantes legais ou quem suas vezes fizer, mediante publicação de edital no DJ ou jornais de grande circulação, conforme o disposto no art.94 do Código de Defesa do Consumidor, que foi incorporado à Lei da Ação Civil Pública, como microssistema de defesa de direitos difusos e coletivos; c) a afixação do banner de 75cm de altura x 50cm de largura, contendo o informativo de infração administrativa: É PROIBIDA A PERMANENCIA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SEM A DEVIDA AUTORIZAÇÃO DOS PAIS OU DOS RESPONSÁVEIS. Configurado o seu descumprimento, fixo a multa diária no valor de RS 1.000,00(hum mil reais) para estabelecimentos comerciais de pequeno porte; ,00 (dez mil reais), para estabelecimentos comerciais de médio porte; e de R$50.000,00(cinqüenta mil reais), para estabelecimentos de grande porte, com destinação disciplinadas no art.12 2º, 2º e 13 da lei da Ação Civil Pública, sem prejuízo das sanções administrativas, nem das sanções civis e penais, inclusive a suspensão do Alvará de funcionamento e da inscrição no cadastro de contribuintes do ICMS. Sem Custas. Publique-se, Registre-se e Cumpra-se. Intimações necessárias. Notifique-se o MP. Teresina(PI), 18 de Julho de Maria Luiza de Moura Mello e Freitas Juíza de Direito Titular da 1ª Vara da Infância e da Juventude
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