24horas, quando fui conversar com ele de novo, ele já tinha fechado com outros estudantes. Eu estava hospedada em um quarto no AIRBNB e minha reserva

Transcrição

1 Relatório de Intercâmbio Madrid Espanha 2016 Nome: Nicole Lopes de Almeida Fournier de Assis Curso: Publicidade e Propaganda Universidade Carlos III de Madrid Moradia: Pisei em Madrid dia 12 de janeiro de 2016 e sabia que aquele era o primeiro dia de uma experiência que me marcaria para o resto da vida. A primeira atividade da faculdade só começava quase duas semanas depois, lá pelo dia 23. Cheguei antes para conhecer a cidade, me ambientar com o idioma e, principalmente, para procurar um quarto/apartamento. Eu já tinha conversado com algumas pessoas que já tinham feito intercâmbio e muitas me disseram que o melhor era procurar um apê pessoalmente, conhecer o bairro, as redondezas. Também saía mais barato fechar diretamente com o proprietário do que fechar com uma empresa via internet. Existem diversas imobiliárias especializadas em alugar quartos para estudantes e, de fato, é uma super segurança você já chegar com a garantia de um lugar para ficar, mas eles cobram uma taxa bem alta, então resolvi procurar por conta própria. Entrei em grupos do Facebook de aluguel de quartos em Madrid, curti a página da minha universidade e procurei por grupos Erasmus em Madrid. Logo já conheci uma polonesa que também estava procurando pessoas para dividir um apartamento e entrei em contato com ela. Nos correspondemos por um mês até nos conhecermos pessoalmente. Como cheguei com uma certa antecedência em Madrid, comecei a procurar por quartos. Num primeiro momento, achava que ia ser fácil achar uma residência, porque, de fato, os grupos de Facebook estavam bombando e muitos estudantes estavam terminando seu intercâmbio e vagando seus quartos. Porém, depois da primeira semana comecei a entrar em desespero. Os preços estavam bem caros na minha opinião (uma média de 350) e quase não haviam mais ofertas porque as pessoas estavam fechando o contrato super rápido, já que o início do ano letivo estava próximo. Visitei duas repúblicas que eu gostei, pedi um dia para o responsável para conversar com a minha mãe e posteriormente dar a resposta e, em menos de

2 24horas, quando fui conversar com ele de novo, ele já tinha fechado com outros estudantes. Eu estava hospedada em um quarto no AIRBNB e minha reserva estava acabando, minhas aulas prestes a começar e não tinha nada em vista. Todas as noites, eu ligava para meus pais tentando não parecer desesperada, mas a verdade é que comecei a ficar muito nervosa porque não encontrava nada legal. Visitei repúblicas com 12 pessoas morando lá, os banheiros eram uma imundice, a cozinha nunca tinha sido faxinada, os apartamentos tinham corredores super extensos com as luzes queimadas e uma galera muito estranha morando lá. Nem todos eram estudantes. Fiquei desesperada depois de uma visita a uma dessas repúblicas em especial. Simplesmente, quando o proprietário abriu a porta do quarto para me mostrar o dormitório, tinha um casal transando e um outro cara assistindo e fumando maconha. Saí de lá me imaginando em um lugar desses e bateu o aperto. Foi a primeira (de apenas duas vezes) que eu senti falta de ter meus pais próximos para me ajudar a lidar com a situação. Desde antes de viajar - por já ter vivido duas experiências de intercâmbio - eu já tinha muito certo na minha cabeça que não queria me relacionar com brasileiros, porque eu queria aproveitar a oportunidade de conhecer pessoas de outros lugares do mundo, de praticar inglês e espanhol, e fazer um grupo de amigos brasileiros era ficar na minha zona de conforto. (O oposto do que eu estava procurando) - Mas quando o desespero bateu, acabei recorrendo aos outros alunos da PUC-Rio que também estavam em Madrid, para ver se alguém já tinha achado alguma coisa e/ou queria dividir um apartamento. Resumindo, graças a essas três meninas da PUC que encontrei um lugar para morar. O apartamento era um pouco afastado do centro 6 estações -, mas eu tinha meu próprio quarto, pagava apenas 200 e, como o sistema de transportes lá funciona, eu não tinha nenhum problema para chegar em qualquer lugar. Além delas, vivia com mais um menino espanhol. Sou muito grata por elas terem me ajudado, mas não nos tornamos exatamente amigas. Éramos companheiras de casa, eu tinha meu próprio grupo de amigos e elas tinham o grupo delas. Isso foi uma questão para mim no início, pois eu me sentia muito deslocada em casa e, às vezes, sentia que eu estava atrapalhando. Mas depois

3 do primeiro mês, eu já estava adaptada, nos conhecemos melhor e aprendemos a conviver e respeitar o espaço de cada uma. Faculdade: Fui recomendada a cursar de 3 a 5 matérias, no máximo, durante o período de intercâmbio. Eu já tinha olhado a grade curricular quando me inscrevi para a Universidade Carlos III de Madrid, então já tinha uma ideia de quais matérias eu queria estudar e quais eu poderia reaproveitar no meu currículo aqui no Brasil. Porém, quando chegou o dia da matrícula, acabei mudando um pouco os planos. Diferentemente de como funciona na PUC, as matérias lá não seguem um horário que faz muito sentido. Por exemplo, aqui, se eu tenho uma matéria de 4 créditos, 2x por semana, provavelmente a matéria vai ser 2ª e 4ª, das 09 às 11h, ou 3ª e 5ª, seguindo um padrão de horário nos dois dias de aula. Lá, se a matéria era de 4 créditos, eu tinha aula duas vezes por semana, uma na terça de 11h às 12h45 e outra na quarta-feira de 16h às 17h45. As aulas não seguiam um padrão de horário ou de dia, então minha rotina da semana era um pouco confusa. Por isso também que minha grade tinham uns buracos de horário meio aleatórios. As aulas lá também eram divididas em teórica e prática. Em um dia, tínhamos a teoria sobre um determinado conteúdo e na aula seguinte fazíamos algum exercício sobre aquela matéria em sala ou apresentávamos algum seminário. Achei um método interessante, mas não funcionou em todas as matérias que tive. Em algumas, nas aulas práticas, os estudantes ficavam conversando ou faziam o exercício com muita má vontade. (Confesso que eu não gostava de fazer exercícios em aula, me sentia um pouco como no colégio. Preferia quando a aula prática era alguma apresentação de seminário, pois sentia que aproveitava melhor o tempo) A Carlos III oferece muitas opções de aula em inglês, mas como meu inglês já era fluente, resolvi focar mais no espanhol. Já tinha feito 3 anos de espanhol e me graduado no idioma a língua não era algo completamente novo para mim - mas como não usava tanto quanto o inglês e não era um idioma tão presente no meu dia-a-dia aqui no Brasil, escolhi quatro matérias em espanhol e apenas uma em inglês. Por ter escolhido as aulas em espanhol, a maioria dos meus colegas de classe eram espanhóis e tinham poucos intercambistas

4 estudando comigo. Essa opção teve seu lado positivo, mas também seu lado não tão bom. O positivo era bem claro, consegui treinar muito o meu espanhol, fosse escrevendo os meus seminários e trabalhos, ou ouvindo a professora falar ou debatendo temas em aula com outros alunos e fazendo trabalhos em grupo. O lado ruim é que os alunos já se conheciam, já eram amigos e não faziam muita questão de fazer amizade com os intercambistas. Nosso contato se limitava ao convívio em classe e conversávamos basicamente só sobre a matéria, então não fiz quase nenhum amigo nas aulas. Fiz três matérias que duraram todo o semestre Marketing, Marketing Financeiro e Comunicação Publicitária - As outras duas matérias Crítica e debate na arte no século XX e Cinema Europeu eram chamadas de matérias de humanidade, então duravam apenas metade de um semestre. Assim, do início à metade do semestre cursei uma matéria e do meio para o final cursei outra. Mesmo sendo cursos mais curtos, não achei o conteúdo superficial. As aulas eram bem pesadas em conteúdo, mas eu gostei bastante e senti que deu para aprender. Porém, fiquei com gostinho de quero mais, pois queria ter tido o semestre todo para aprender ainda mais sobre o tema. A aula que eu fiz em inglês foi a aula de Cinema Europeu. Uma coisa que eu já tinha ouvido falar antes de ir para o intercâmbio é que o inglês de vários professores era bem ruim de entender. Minhas amigas intercambistas me disseram o mesmo quando as aulas começaram e eu pude comprovar quando tive aula. O meu professor, por exemplo, era turco, então o sotaque dele era realmente um desafio. Foi a matéria que eu tirei minha pior nota, pois perdia muito do que ele falava na aula mesmo meu inglês sendo fluente. Amizades: Como eu estava indo para a Espanha, honestamente, achei que iam ter muitos intercambistas nas aulas ministradas em espanhol. Então era nas aulas que eu esperava fazer amizades. Com eu falei anteriormente, na minha sala, basicamente só tinha estudante espanhol. E, para a minha surpresa, foi a partir de um encontro marcado despretensiosamente pelo Facebook que fiz minhas maiores amizades no intercâmbio.

5 Eu estava no grupo de intercambistas da faculdade no Facebook e via que algumas pessoas eram bem ativas lá, postavam coisas, já estavam se adicionando no Facebook, combinando de se encontrar... Mas eu nunca fui muito ativa no grupo. Até que alguns dias antes das aulas começarem, uma menina postou no grupo perguntando se alguém queria sair para jantar e nos conhecermos. Como eu estava sozinha na cidade, não tinha quase nenhum contato com o grupo de alunos da PUC que tinha ido para lá, aproveitei a oportunidade para conhecer novas pessoas e fazer amizade. Marcamos de nos encontrar na praça do Sol, a principal praça da cidade. Éramos umas 7 meninas no total e de várias nacionalidades italiana, belga, austríaca, holandesa, americana, polonesa e eu era a única brasileira. - A noite foi super divertida e agradável, todas as meninas pareciam muito legais, super abertas, disponíveis e empenhadas em se relacionar com pessoas de outras culturas e não apenas se fechar em um grupinho de "conterrâneas". O grupo foi aumentando a partir do momento em que as meninas conheciam outras pessoas e chamavam mais gente para se juntar a nós. Fosse alguém que elas tivessem conhecido em sala de aula ou companheira de república, ou amigo de amigo. O ponto é que, como eu não tive a chance de conhecer muita gente em sala, me juntei a esse grupo e permanecemos unidos até o final do intercâmbio. Com o tempo você cria laços mais fortes com umas e outras, mas a essência do grupo se manteve a mesma e foi incrível. Para ser bem sincera, acho que eu teria tido bastante dificuldades em fazer amigos se eu tivesse dependendo só do convívio em sala de aula. Aprendi no intercâmbio que não existe "regra" para fazer amizade. Eu era aquela pessoa careta que estava esperando as coisas virem até a mim, no sentido de "vou fazer amizade com quem estiver em volta e não vou tomar nenhuma iniciativa, porque sou tímida". Sobretudo no intercâmbio, os outros intercambistas tendem a estar muito abertos a conhecer novas pessoas, seja sentar com alguém que você não conhece e puxar papo na cafeteria da faculdade, ou conhecer alguém no banheiro da festa, ou na fila de algum lugar. Se eu tenho uma dica para as pessoas que querem fazer amizade no intercâmbio é "seja cara de pau" e não tenha vergonha de simplesmente sentar e conversar com alguém.

6 Com esse grupo de amigas me senti menos sozinha, conheci sobre outras culturas, outros pontos de vista, tive companhia para viajar, para estudar e ainda ganhei irmãs e hospedagem em vários lugares do mundo. Fiz amizades muito fortes e verdadeiras durante o intercâmbio e tenho certeza que vou levá-las para a vida, mesmo morando em países e continentes diferentes. Já nos encontramos depois do intercâmbio nos EUA para celebrar o aniversário de uma das meninas e já estamos marcando o próximo encontro.

7