ZONEAMENTO AGROCLIMÁTICO DA Hymenaea Courbaril (JATOBÁ) NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
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- Martim de Andrade Barroso
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1 ZONEAMENTO AGROCLIMÁTICO DA Hymenaea Courbaril (JATOBÁ) NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Klippel, V.H., Toledo, J.V., Costa, J., Pimenta, L.R., Pezzopane, J.E.M. Universidade Federal do Espírito Santo/Departamento de Engenharia Florestal/Alto Universitário, s/n Caixa Postal 16, Guararema , Alegre - ES, valeria.h.klippel@hotmail.com Resumo: Com o objetivo de determinar a aptidão agroclimática para o cultivo do jatobá (Hymenaea courbaril) no Estado do Espírito Santo foi realizado o zoneamento agroclimático do estado. Utilizaram-se dados meteorológicos, do período de , provenientes de 96 postos pluviométricos da Agência Nacional de Águas (ANA), sendo 80 localizados dentro do Estado e 16 em estados circunvizinhos, 11 estações meteorológicas pertencentes ao INCAPER (Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural); e três do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia). Os elementos climáticos para determinar a aptidão foram a temperatura do ar, precipitação e deficiência hídrica anual para a capacidade de água disponível de 300 mm. Fazendo-se uso de um sistema de informação geográfica, classificou-se o Estado em zonas de aptidão obtendo como resultado 31% do território estadual classificado como apta, e 69% inapto ao cultivo. Palavras-chave: balanço hídrico, sistema de informação geográfica, zoneamento agroclimático. Área do Conhecimento: Ciências Agrárias. Introdução O afloramento dos problemas ambientais e a necessidade de recuperação de áreas degradadas têm aumentado o interesse sobre o conhecimento das espécies nativas brasileiras. O jatobá (Hymenaea courbaril L. - Caesalpiniaceae) ocorre do Piauí ao norte do Paraná na floresta semidecídua, atingindo 10 a 15 m de altura. É pouco exigente em fertilidade e umidade do solo, geralmente ocorrendo em terrenos bem drenados, não podendo faltar na composição de reflorestamentos heterogêneos e na arborização de parques e grandes jardins (TIGRE, 1976; LORENZI, 1992). A madeira é empregada na construção civil, como vigas, caibros, ripas, para acabamentos internos, como marcos de portas, tacos e tábuas para assoalhos, para confecção de artigos de esportes, cabos de ferramentas, peças torneadas, esquadrias e móveis. Os frutos contêm uma farinha comestível e muito nutritiva, consumida tanto pelo homem como pelos animais (LORENZI, 2002). O jatobá apresenta melhor desenvolvimento em temperaturas médias na faixa de 19 a 28 C e necessidade hídrica variando de 1000 a 2000 mm anuais de precipitação onde sua deficiência hídrica não deve passar de 100 mm (NAPPO, 2005; CARVALHO, 1994). O objetivo desse trabalho foi realizar um zoneamento agroclimático para a Hymenaea corbaril L. no estado do Espírito Santo, visando com isso conhecer as áreas de aptidão climática para implantação dessa espécie. Metodologia O Estado do Espírito Santo é a área do presente estudo situando-se geograficamente entre os meridianos e de longitude oeste e entre os paralelos e de latitude sul. Atualmente conta com 78 municípios, sendo sua área total de ,1 km², e tem como limites o Oceano Atlântico a Leste, a Bahia a Norte, Minas Gerais a Oeste e Noroeste e o estado do Rio de Janeiro a Sul (SEAG, 2009). Apresenta áreas planas e elevadas, sendo que o clima é influenciado, de maneira marcante pelo relevo, altitude e exposição das serras (SIQUEIRA et al., 2004). Para caracterização da chuva no Estado foram utilizadas séries históricas (com 30 anos de dados) englobando um mesmo período ( ), coletadas em 11 estações meteorológicas do Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Agropecuária (INCAPER) e 3 estações do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), além de 80 postos pluviométricos da Agência Nacional de Águas (ANA) no Espírito Santo e 16 postos pluviométricos também pertencentes à ANA localizados fora do estado tendo como objetivo minimizar o efeito de borda no processo de interpolação, assim como realizado por Andrade (1998), Acosta (1997) e Moreira (1997). No total foram utilizados 110 pontos de medição (Figura 1). 1
2 cada célula da matriz, possibilitando, assim, a geração de cartas digitais da condição térmica do Estado (Figura 4) com o auxílio do modelo digital de elevação, obtido através de dados de radar SRTM (Shuttle Radar Topography Mission). Essas imagens fazem parte de um programa de reconstituição do relevo do país, desenvolvido por Embrapa Monitoramento por Satélites. O MDE gerado através de dados SRTM forneceu as coordenadas geográficas e as altitudes necessárias para estimar a temperatura média do ar. Figura 1 Distribuição espacial dos pontos de medição dos dados climáticos localizadas sobre o estado do Espírito Santo e estados vizinhos. Como nos postos pluviométricos da ANA não são realizadas medidas de temperatura do ar, essa variável foi estimada em função da altitude, latitude e longitude do Estado, através dos modelos matemáticos desenvolvidos por Castro (2008). Mediante os dados de temperatura média do ar e precipitação pluviométrica para todas as localidades, foi calculado o balanço hídrico climático mensal, pelo método proposto por Thornthwaite e Mather (1955), utilizando como auxílio o programa BHnorm, elaborado em planilha EXCEL por Rolim et al. (1998), assumindo-se uma capacidade máxima de armazenamento de água no solo (CAD) de 300 mm, conforme é indicado para espécies florestais (PEREIRA et al., 2002). Para obter o mapa temático da precipitação média anual para o Estado do espírito Santo foi realizada a interpolação dos dados de precipitação de cada posto de coleta utilizando o método da krigagem (Figura 2). Com o resultado do balanço hídrico em cada posto pluviométrico, foi realizada a interpolação dos dados através do método de krigagen, permitindo assim, a elaboração da caracterização digital da deficiência hídrica no Estado (Figura 3). Através dos modelos de matemáticos, desenvolvidos por Castro (2008), calculou-se a temperatura média anual do ar para Figura 2 - Mapa da precipitação anual média para o estado do Espírito Santo. 2
3 Os índices térmicos e hídricos exigidos pela espécie para o seu desenvolvimento foram dividindos em duas classes de aptidão climática: apta e inapta. Com base nos estudos realizados por Nappo (2005) e Carvalho (1994) para a cultura da Hymenaea courbaril, foram estabelecidos seus parâmetros térmicos e hídricos, mostrados na Tabela 1. Tabela 1 - Faixa de aptidão da Temperatura Média Anual (Ta), Deficiência Hídrica Anual (DH) e Precipitação Média Anual (P) para a cultura da Hymenaea courbaril. Regiões Ta ( C) Df (mm) P (mm) Aptas 19 Ta 1000 P Df Inaptas Ta <19 e <1000 e Df >100 Ta>28 >2000 Figura 3 - Mapa da deficiência hídrica anual acumulada para o estado do Espírito Santo. Utilizou-se o software ArcGIS Desktop 9.2 para importar os dados e processar a interpolação. O módulo Spatial Analysis do mesmo software foi usado para gerar os mapas com a geoespacialização da temperatura, da precipitação e do déficit hídrico, reclassificados de acordo com as exigências da espécie. Através do cruzamento dos dois mapas foi obtido o mapa com as zonas aptas e inaptas para a cultura no Resultados Na figura 5 podemos observar o mapa temático do zoneamento climático para a implantação da Hymenaea courbaril em todo o estado do Espírito Santo, conforme as exigências climáticas da espécie. A tabela 2 mostra o número de pixels para as regiões aptas e inaptas do Estado do Espírito Santo, classificadas de acordo com as exigências da espécie em estudo, e suas respectivas porcentagem de área em relação a área total do Tabela 2 Número de pixels e porcentagem de área das regiões aptas e inaptas para o cultivo da Hymenaea courbaril no Estado do Espírito Santo. Figura 4 - Espacialização das estimativas dos valores da temperatura média anual do ar para o Estado do Espírito Santo. Regiões Número de Pixels % de Área Aptas Inaptas Total
4 Figura 5 - Zoneamento climático para Hymenaea courbaril no Estado do Espírito Santo. Discussão A maior parte da região norte do Estado apresenta temperaturas médias anuais maiores que 24 C, enquanto a região serrana ao sul apresenta temperatura média anual entre 18 e 22 C (Figura 4). A deficiência hídrica anual média para o Estado é de 147,8 mm/ano. De uma maneira geral a região norte possui uma área maior de deficiência hídrica quando comparada com o sul e região serrana do estado, onde os locais mais elevados apresentam deficiência hídrica anual abaixo de 50 mm/ano (Figura 3). Quanto a precipitação, em geral a região norte do 4
5 Estado possui valores menores de precipitação (Figura 2). A figura 5 mostra o mapa temático do zoneamento agroclimático para a implantação da Hymenaea courbaril em todo o Estado do Espírito Santo é apresentado na figura 5. O zoneamento para essa cultura encontrou uma área apta de 31% e inapta de 69%. Na região norte do Estado o fator principal de restrição para a implantação da cultura foi a deficiência hídrica que encontra valores superiores a 150 mm/ano. Apenas em uma parte dos municípios de Ecoporanga, Água Doce do Norte, Barra de São Francisco, São Mateus, Jaguaré, Linhares e Sooretama foram encontradas áreas aptas ao desenvolvimento do Jatobá. A grande maioria da região apta está localizada no sul do Estado, devido ao maior volume de chuva anual e conseqüentemente menores valores de deficiência hídrica. Conclusão Aproximadamente 69% do Estado do Espírito Santo é inapto ao cultivo do jatobá, principalmente devido a ocorrência de déficit hídrico maior que 100 mm/ano. De uma maneira geral a implantação do jatobá no Estado pode ser recomendada em 31% da área total do Estado, sendo que, a maior parte de áreas aptas está concentrada no Sul do Referências - ACOSTA, V.H. Classificação ecológica do território brasileiro situado ao sul do paralelo 24º S - uma abordagem climática. Viçosa: UFV, f. Tese (Mestrado em Ciência Florestal) - Universidade Federal de Viçosa, ANDRADE, L.A. Classificação ecológica do território brasileiro situado a leste do meridiano de 44º oeste e ao norte do paralelo de 16º sul: uma abordagem climática. Viçosa, f. Tese. (Doutorado em Ciência Florestal). Programa de Pós-Graduação em Ciência Florestal, Universidade Federal de Viçosa, CARVALHO, P. E. R., Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidades e uso da madeira. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Florestas. - Colombo: EMBRAPA CNPF; Brasília-DF, p. - CASTRO, F. da S. Zoneamento agroclimático para a cultura do pinus no Estado do Espírito Santo. 121 f. Dissertação (Mestrado em Agrometeorologia Agrícola) - Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre, ES, LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Editora Plantarum, p. - LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 4. ed. Nova Odessa: Editora Plantarum, p. - MOREIRA, I. P. S. Classificação ecológica do território brasileiro situado entre 16 e 24º de latitude Sul e 39º 51 de longitude Oeste p.Dissertação (Doutorado em Ciências Florestais). Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, NAPPO, M. E.; NAPPO, A. E.; PAIVA, H. N. Zoneamento Ecológico de Pequena Escala para Nove Espécies Arbóreas de Interesse Florestal no Estado de Minas Gerais. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal. Periodicidade Semestral Edição Número 5 Janeiro de Issn PEREIRA, A. R.; ANGELOCCI, L. R.; SENTELHAS, P. C. Agrometeorologia: fundamentos e aplicações práticas. Guaíba: Agropecuária, p. - ROLIM, G.S.; SENTELHAS, P.C.; BARBIERI, V. Planilhas no ambiente EXCEL para os cálculos de balanços hídricos: normal, sequencial, de cultura e de produtividade real e potencial. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v.6, p , SEAG - Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca. Aspectos fito-fisionômicos. Disponível em: < _matia=117&cd_site=54>. Acesso em: 20 jun SIQUEIRA, J. D. P. ; LISBOA, R. S. ; FERREIRA, A. M. ; SOUZA, M. F. R. de. ; ARAÚJO, E. de. ; LISBÃO JÚNIOR, L. ; SIQUEIRA, M. de. M. Estudo ambiental para os programas de fomento florestal da Aracruz Celulose S. A. e extensão florestal do governo do estado do Espírito Santo. Floresta, Edição especial, nov/2004, p THORNTHWAITE, C.W., MATHER, J.R. The water balance. Publications in Climatology, 8, Centerton, New Jersey, TIGRE, C. B. Estudos de silvicultura especializada do nordeste. Mossoró: ESAM, p. 5
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