O E U C A L I P T O E O C I C L O H I D R O L Ó G I C O N O M U N I C Í P I O D E S Ã O L U I Z D O P A R A I T I N G A, S P, N O A N O D E
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- Pedro Paiva Castro
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1 O E U C A L I P T O E O C I C L O H I D R O L Ó G I C O N O M U N I C Í P I O D E S Ã O L U I Z D O P A R A I T I N G A, S P, N O A N O D E Geberson Ricardo de Paula Gilberto Fisch Universidade de Taubaté - UNITAU geberr@bol.com.br gfisch@uol.com.br Introdução Desde a origem dos seres vivos, a água é o fator primordial para a vida, onde se torna insumo básico e essencial em todas as suas formas. A água representa bem de consumo para quase todas as atividades humanas. Em decorrência de sua importância, tanto na relação entre seus diversos usos quanto à manutenção de sua qualidade e quantidade, os recursos hídricos são considerados um bem comum, que deve ser gerido de forma integrada, garantindo assim, aproveitamento por todos os setores sociais com o mínimo de conflitos. Desta forma, é evidente o fato de que a disponibilidade natural de água constitui um dos mais importantes temas relacionados ao manejo dos recursos minerais e florestais em todo o mundo. As florestas plantadas sempre estiveram na mira de discussões acaloradas em vários países do mundo em função de seus possíveis efeitos sobre os recursos hídricos, principalmente no que diz respeito ao consumo de água. Tais discussões, longe de terminarem, atingiram atualmente uma dimensão nova e muito significativa. Primeiro nas regiões tropicais do mundo, que atinge aproximadamente 50 milhões de hectares, com taxa de novos plantios de 3 milhões de hectares ano. (LIMA, 2006) Assim, as relações entre florestas plantadas e seus efeitos sobre a água vêm sendo estudadas em vários países, por meio de diferentes modalidades e perspectivas de pesquisa, tanto ao nível da árvore isolada quanto do talhão e da escala de microbacias hidrográficas. (LIMA, 2006) No município de São Luiz do Paraitinga, desde final da década de 1960, vem expandindo gradativamente o cultivo de eucaliptos. Esta situação chegou a um ponto preocupante que o Tribunal de Justiça de São Paulo, em março de 2008, determinou a suspensão do corte, plantio e replantio de eucaliptos até que seja feito um estudo de impacto ambiental na região.
2 Objetivos O trabalho teve por objetivo estudar a correlação entre as florestas plantadas, na situação, o Gênero Eucalyptus, com o ciclo hidrológico no município de São Luiz do Paraitinga, localizado na região do Vale do Paraíba Paulista, através do Balanço Hídrico, calculado a partir de dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), referente ao ano de Metodologia A figura 1 mostra a área de estudo, que, segundo o Plano de Bacias Hidrográficas do Comitê de Bacias Hidrográficas do Paraíba do Sul CBH-PS (2004), o rio Paraíba do Sul é formado pela confluência dos rios Paraibuna e Paraitinga, que nasce no Estado de São Paulo e percorre cerca de 900 km antes de desembocar no Oceano Atlântico, em Atafona, Município de São João da Barra, no Estado do Rio de Janeiro. Da Serra da Bocaina, nos municípios de Areias e São José do Barreiro (SP), a 1800m de altitude, nasce o rio Paraitinga, que desce rumo a sudoeste em vale estreito e encaixado entre a Serra do Mar e seus contrafortes (Serras da Bocaina, Quebra-Cangalha e Jambeiro). Em vale proximamente paralelo ao primeiro, a partir do município de São Luiz de Paraitinga, desce o rio Paraibuna, que nasce no município de Cunha (SP), até encontrarem-se próximos à cidade de Paraibuna, dando origem assim ao rio Paraíba do Sul. Essa região é classificada como Curso Superior, percorrendo 280 km até a cidade de Guararema, esculpindo terrenos antigos, em altitudes variáveis de a 572 metros, numa declividade média de 4,9 m/km e abrangendo uma área drenada de km². São Luiz do Paraitinga é um município do estado de São Paulo, com área de 737 km², localizado na Região do Alto Curso Superior do Rio Paraíba do Sul, entre Taubaté (distância de 45 km) e Ubatuba (distância de 52 km) e distante 170 km da capital paulista. Figura 1: Mapa de localização da área de estudo
3 Para identificar a distribuição do cultivo eucalipto no município de São Luiz do Paraitinga, foi utilizado o trabalho de Arguello et al. (2008), que utilizou quatro imagens TM/Landsat, com 30mx30m de resolução, com datas de aquisições em: 23/12/2006 para órbita 217 ponto 76; 05/05/2007 para órbita 218 ponto 75; 16/08/2007 para órbita 219 ponto 76 e, 25/08/2007 para órbita 218 ponto 76, nas bandas espectrais 3,4 e 5. O aplicativo utilizado no trabalho foi o SPRING - Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas versão Windows 4.3.1, além de um banco de dados fornecido pelo Instituto Florestal de São Paulo (utilizado em projeto pelo INPE), com imagens TM/Landsat A Estação Meteorológica Automática (número A740), do município de São Luiz do Paraitinga, operada pelo Instituto Nacional de Meteorologia - INMET realiza medidas horárias, desde 01 de novembro de 2007 até os dias atuais. A estação está localizada a 23º13'67 S e 45º25 00 W, com altitude de 870 m. Os dados provenientes desta estação são: medidas de radiação solar direta em (kjm²), temperatura do ar em (ºC), temperatura de orvalho em ºC, umidade relativa do ar em %, taxa de precipitação em mm, pressão atmosférica hpa, velocidade e direção do vento a 10m. Os dados da Estação foram obtidos através da página do INMET ( onde são anexados a cada hora e ficam disponíveis por um período de 90 dias a contar de forma decrescente da inserção do último dia. Para a estimativa de evapotranspiração foi utilizado a formulação de Penman-Monteith (PEREIRA et al., 2002), que é um método micrometeorológico para estimativa da evapotranspiração de referência na escala diária, sendo considerado o método padrão da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). O cálculo da evapotranspiração em mmd -1 (milímetro / dia) pode ser expresso por: em que: ETo _ evapotranspiração de referência, mmd -1 Rn radiação solar líquida disponível, MJ m -2 d -1 G fluxo de calor no solo, MJ m -2 d -1 g constante psicrométrica, kpa ºC -1 U2 velocidade do vento a 2 m, m s -1
4 es pressão de saturação do vapor de água atmosférico, kpa ea pressão atual do vapor de água atmosférico, kpa Ta temperatura média diária do ar, ºC Com os dados de precipitação provenientes da estação meteorológica e os dados de evapotranspiração obtidos pela formulação de Penman-Monteith fez-se o cálculo do Balanço Hídrico, onde: - Precipitação (P), total diário - Evapotranspiração (ETP), total diário ARM = P ETP O resultado, se positivo, representa o aumento de água armazenada. Quando negativo indica a redução de água armazenada no solo. Resultados e discussões Com os dados e informações levantadas junto à estação meteorológica automática, foram feitos gráficos, nos quais se obteve os resultados para a elaboração do balanço hídrico no município de São Luiz do Paraitinga, no ano de A Figura 2 apresenta os dados de Temperatura média mensal no ano de Observa-se que a temperatura média mensal foi de 19,1 ºC, sendo os meses de maio, junho e julho com a menor média 15,3 ºC, e janeiro, outubro, novembro e dezembro com maior média 21,9 ºC. Temperatura Média- Mensal ºC 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 Figura 2: Temperatura média mensal A Figura 3 apresenta os dados da precipitação no ano de Observa-se que o total de precipitação foi de 1443,7 mm, sendo os meses de janeiro, fevereiro, novembro e dezembro com a maior média 211,2 mm, e os meses de maio, junho e julho com a menor média 26,6 mm.
5 mm 300,0 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 Precipitação Total - Mensal jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 Figura 3: Precipitação média mensal. A figura 4 apresenta os dados calculados de Evapotranspiração segundo a fórmula de Penman- Monteith, no ano de Observa - se que o total de evapotranspiração foi de 880,66 mmd-1. mmd-1 150,0 100,0 50,0 0,0 Evapotranspiração Total - Mensal jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 Figura 4: Evapotranspiração média mensal. A figura 5 apresenta os valores médio mensal de precipitação e evapotranspiração para o ano de Observa-se que nos meses de maio, junho, julho e setembro a evapotranspiração foi maior que a precipitação, sendo que esta diferença foi provavelmente obtida da água armazenada no solo. Embora a evapotranspiração seja superior a precipitação, não ocorre déficit hídrico na região. (FISCH, 1995) mm 300,00 250,00 200,00 150,00 100,00 50,00 0,00 Precipitação x Evapotranspiração 2008 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 Precipitação Evapotranspiração Figura 5: Precipitação media mensal e Evapotranspiração média mensal. A identificação da área de eucalipto no município de São Luiz do Paraitinga foi feita através de imagens de satélites, cuja observação revelou que é a quinta maior área coberta por eucaliptos no Vale do Paraíba Paulista. As maiores áreas são: Paraibuna, Santa Branca, São Jose dos Campos e Taubaté. A identificação foi feita através do número de pixels (60859), atestando que a área corresponde a km 2 equivalendo a hectares. Esta área representa 7,42% do município
6 Conclusões Concluí se que o processo de evapotranspiração anual (880,6 mmd -1 ) é menor que a precipitação anual (1443,7mm), com isso o balanço hídrico na região mantém estável, ou seja, a precipitação é maior que a evapotranspiração. Com esses dados chega conclusão que o atual plantio de eucaliptos no município não prejudica de forma direta o balanço hídrico, porém vale ressaltar que no período de estiagem (maio a setembro) o cultivo de eucaliptos interfere diretamente no armazenamento de água no solo. Ressalta-se de que estes números são para o ano de 2008 e merece um estudo mais aprofundado, em termos de série temporal, para se definir claramente o papel do cultivo de Eucalipto no Balanço Hídrico local. Referências Bibliográficas ARGUELLO, F.V.P; BATISTA, G.T; PONZONI, F.J. Análise da distribuição espacial das áreas de eucalipto no Cone Leste Paulista. Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da Universidade de Taubaté (UNITAU), COOPERATIVAS DE SERVIÇOS, PESQUISAS TECNOLOGICAS E INDUSTRIAIS CPTI: Plano de Bacia. In: COMITE DE BACIAS HIDROGRAFICAS DO PARAIBA DO SUL Disponível em: Acesso em 10 de maio FISCH, G. F. Caracterização climática e balanço hídrico de Taubaté (SP). Universidade de Taubaté, Revista Biociências, vol.1, n 1, INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA INMET: disponível em http: acesso de janeiro a dezembro de LIMA, W.P; ZAKIA, M.J.B. As florestas plantadas e a água implementando o conceito de microbacia hidrográfica como unidade de planejamento. São Carlos: Editora Rima, PEREIRA, A.R; ANGELOCCI, L.R: SENTELHAS, P.C. Agrometeorologia: Fundamentos e aplicações práticas. Guaíba RS: Editora Agropecuária, 2002.
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