CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE MATO GROSSO
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1 PROCESSO CONSULTA CRM-MT Nº 29/2012 PARECER CRM-MT Nº01/2013 DATA DA ENTRADA: 23 de novembro de 2012 INTERESSADO: Dr. N. N. C. CONSELHEIRA PARECERISTA: Dra. Hildenete Monteiro Fortes ASSUNTO: Responsabilidades e atribuições do Diretor Técnico e Diretor Clínico DATA DE APROVAÇÃO: 19 de março de 2013 RELATÓRIO DA CONSELHEIRA PARECERISTA I. DA CONSULTA O consulente já ocupara cargo de Diretor Clínico junto ao Hospital Regional de Rondonópolis, e, atualmente, ocupa o cargo de Diretor Técnico, necessitando esclarecimentos acerca dos questionamentos formulados abaixo. Cita a resolução CFM 1342/91 elencando as atribuições do diretor técnico e diretor clínico. Questionamentos: a) Em que consiste a supervisão das atividades de assistência médica atribuída ao Diretor clínico? No dicionário, supervisor (do latim medieval supervisor, pelo inglês supervisor; registrado na língua portuguesa desde 1640) é aquele que dirige, organiza, cuida de tudo e se responsabiliza para que tudo se faça corretamente e de maneira segura. Portanto, as atividades do supervisor seria observar alguém no exercício de determinada atividade, zelar por essa pessoa e ter a certeza de que ela exerce bem
2 sua atividade para oferecer um serviço de qualidade para o paciente. b) Pode o diretor clínico, interferir na conduta adotada por médico especialista quando do atendimento aos seus pacientes? Não, o médico do corpo clínico goza de autonomia profissional, técnica, científica, política e cultural, tome conhecimento dos princípios fundamentais VII, VIII e XVI e dos artigos 20, 52 e 97 do CEM. c) Pode o diretor clínico, determinar qual a conduta clínica/cirúrgica o médico ortopedista, com título de especialista, terá que adotar para atender seus pacientes? Não, resposta no item b. d) Nos hospitais públicos, o poder de dotação de estrutura para atendimento, compra de materiais, equipamentos, instrumentos, medicamentos, dentre outros, pertence ao Estado. Uma vez o Diretor clínico tendo denunciado a deficiência dessa estrutura, bem como, as precárias condições de atendimento as autoridades e instituições competentes, inclusive ao CRM, sem solução, pode o mesmo ser responsabilizado pela ingerência, ou pelas consequências decorrentes dessa deficiência? Não. Essa é uma responsabilidade do diretor Técnico. Tomar conhecimentos dos direitos dos médicos itens III, IV e V e do artigo 19 do CEM. e) O diretor Clínico pode ser responsabilizado por fatos, conduta clínica ou cirúrgica adotada por médico especialista, em relação ao atendimento dos seus pacientes, estando ele licenciado e afastado do cargo e do hospital? Não. O médico é responsável pelos seus atos profissionais.
3 f) O diretor clínico pode ser responsabilizado civilmente, por conduta clínico-cirurgica adotada por médico especialista na eleição e condução do tratamento do seu paciente, estando ele licenciado e afastado do hospital, e se nesse período ocorrer um incidente com determinado paciente? Não, o médico é responsável pelos seus atos profissionais, previsto no principio fundamental XIX do CEM. Cabe ao diretor clínico estabelecer ou ditar metodologia de trabalho aos médicos especialistas? Não é atribuição do diretor clínico ditar metodologia de trabalho a nenhum médico do estabelecimento de saúde, o médico goza de autonomia profissional, técnica, científica, política e cultural e é seu direito indicar o procedimento adequado ao paciente. De acordo com a Resolução 1481/97 deverá o médico participar de atos médicos em sua especialidade e restringir sua prática à(s) área(s) para a(s) qual(is) foi admitido, exceto em situações de emergência. II. COMENTÁRIOS Todos os itens (exceto o item a) podem ser respondidos através das Resoluções CFM nº 997/1980, nº 1124/83, nº1342/91 E Nº1481/97, também tem base no Código ética Médica em Princípios Fundamentais VII, VIII, XVI e XIX; Direito Médicos II, III, IV; Responsabilidade Profissional artigos e 20 e relação entre médicos e auditoria os artigos 52 e 97. (Veja os Anexos)
4 A prestação de assistência médica nas instituições públicas e privadas é de responsabilidade de Diretor Técnico e do Diretor Clínico, os quais no âmbito de suas respectivas atribuições responderão perante o Conselho Regional de Medicina pelo descumprimento dos princípios éticos ou por deixar de assegura condições técnicas de atendimento, sem prejuízo da apuração penal ou civil. Ao Diretor Clínico compete dirigir e coordenar o Corpo Clínico da instituição, supervisionar a execução das atividades de assistência médica da instituição, zelar pelo fiel cumprimento do Regimento Interno do Corpo Clínico da instituição. O Diretor Técnico, principal responsável pelo funcionamento dos estabelecimentos de Saúde compete assegurar condições dignas de trabalho e os meios imprescindíveis ao exercício da boa prática médica, visando o melhor desempenho do corpo clínico, bem como zelar pelo fiel cumprimento das disposições legais e regulamentares em vigor. Em caso de afastamento ou substituição do Diretor Técnico ou do Diretor Clínico, aquele que deixa o cargo ou que o substitua tem o dever de comunicar tal fato imediatamente ao Conselho Regional de Medicina, a substituição do Diretor afastado deverá ocorrer de imediato. A autonomia é essencial para a prática médica, a conduta clinica ou cirúrgica é ato médico pelo qual este responde ética e legalmente. Portanto, não é cabível, que um diretor
5 ou instituição, venha a impor ao médico a prescrição de qualquer medicação ou modalidade de tratamento. O CEM não admite qualquer restrição ou imposição na conduta médica, mesmo disposições estatutárias ou regimentais não podem restringir os meios diagnósticos ou terapêuticos a serem postos em prática.
6 6 154 ANEXOS LEGISLAÇÃO: RESOLUÇÃO CFM Nº 997/80: Art. 8º - No caso de afastamento do Médico Diretor Técnico do estabelecimento de saúde, deverá o cargo ser imediatamente ocupado pelo seu substituto, também médico legalmente habilitado, e essa substituição comunicada, dentro de vinte e quatro (24) horas ao Conselho Regional de Medicina, sob pena de procedimento disciplinar, envolvendo o médico que se afasta e aquele que substitui, caso haja omissão daquela providência. RESOLUÇÃO CFM nº 1.124/83: Art. 1º - O Regimento Interno dos Estabelecimentos de Saúde deverá estruturar o Corpo Clínico, especificando as atribuições do Diretor Clínico, dos Chefes de Clínicas e da Comissão de Ética, bem como a forma de admissão e de exclusão de seus membros. RESOLUÇÃO CFM nº 1.342/1991: Art. 3º - São atribuições do Diretor Clínico: a) Diretor e coordenar o Corpo Clínico da instituição. b) Supervisionar a execução das atividades de assistência médica da instituição. c) Zelar pelo fiel cumprimento do Regimento Interno do Corpo Clínico da instituição. Art. 6º - Em caso de afastamento ou substituição do Diretor Técnico ou do Diretor Clínico, aquele que deixa o
7 cargo tem o dever de imediatamente comunicar tal fato, por escrito, ao Conselho Regional de Medicina. Parágrafo único - A substituição do Diretor afastado deverá ocorrer de imediato, obrigando-se o Diretor que assume o cargo a fazer a devida notificação ao Conselho Regional de Medicina. RESOLUÇÃO CFM nº 1.481/97 estabelece "DIRETRIZES GERAIS PARA OS REGIMENTOS INTERNOS DE CORPO CLÍNICO DAS ENTIDADES PRESTADORAS DE ASSISTÊNCIA MÉDICA NO BRASIL" Considera que "nesses Regimentos devem estar claramente expressos os deveres e direitos dos médicos e dos dirigentes das instituições prestadoras de assistência médica,visando garantir o exercício ético da Medicina". Definição: O Corpo Clínico é o conjunto de médicos de uma instituição com a incumbência de prestar assistência aos pacientes que a procuram, gozando de autonomia profissional, técnica, científica, política e cultural. COMPETÊNCIAS: O Regimento Interno deverá discriminar as competências do Corpo Clínico, garantindo aos seus integrantes, de acordo com sua categoria: freqüentar a Instituição assistindo seus pacientes, valendo-se dos recursos técnicos disponíveis; colaborar com a administração da instituição, respeitando o Código de Ética Médica, os regulamentos e as normas existentes. DIREITOS E DEVERES: O Regimento Interno deverá prever os direitos dos seus integrantes, respeitando como fundamentais: a autonomia profissional;
8 Os deveres dos integrantes do Corpo Clínico também deverão ser claramente expressos e mencionados como: participar de atos médicos em sua especialidade ou auxiliar colegas, quando necessário. Para a prática, em outra área diferente da que foi admitido deve o médico interessado cumprir as formalidades previstas para o ingresso no Corpo Clínico. cumprir as normas técnicas e administrativas da Instituição; deverá também o médico restringir sua prática à(s) área(s) para a(s) qual(is) foi admitido, exceto em situações de emergência. Código de Ética Médica: Princípios Fundamentais: VII O médico exercerá sua profissão com autônomia, não sendo obrigado a prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso de urgência ou emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente. VIII - O médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum pretexto, renunciar à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou imposições que possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho. XVI - Nenhuma disposição estatutária ou regimental de hospital ou de instituição, pública ou privada, limitará a escolha, pelo médico, dos meios cientificamente reconhecidos a serem praticados para o estabelecimento do
9 diagnóstico e da execução do tratamento, salvo quando em benefício do paciente. XIX - O médico se responsabilizará, em caráter pessoal e nunca presumido, pelos seus atos profissionais, resultantes de relação particular de confiança e executados com diligência, competência e prudência. Direitos do Médico: II - Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas cientificamente reconhecidas e respeitada à legislação vigente. III Apontar falhas em normas, contratos e práticas internas das instituições em que trabalhe quando as julgar indignas do exercício da profissão ou prejudiciais a si mesmo, ao paciente ou a terceiros, devendo dirigir-se, nesses casos, aos órgãos competentes e, obrigatoriamente, à Comissão de Ética e ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição. IV Recusar-se a exercer sua profissão em instituição pública ou privada onde as condições de trabalho não sejam dignas ou possam prejudicar a própria saúde ou a do paciente, bem como a dos demais profissionais. Nesse caso, comunicará imediatamente sua decisão à comissão de ética e ao Conselho Regional de Medicina. V - Suspender suas atividades, individualmente ou coletivamente, quando a instituição pública ou privada para a qual trabalhe não oferecer condições adequadas para o exercício profissional ou não o remunerar digna e justamente, ressalvadas as situações de urgência e emergência, devendo comunicar imediatamente sua decisão ao Conselho Regional de Medicina.
10 Responsabilidade Profissional é vedado ao médico Art. 18. Desobedecer aos acórdãos e às resoluções dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina ou desrespeitálos. Art. 19. Deixar de assegurar, quando investido em cargo ou função de direção, os direitos dos médicos e as demais condições adequadas para o desempenho ético-profissional da Medicina. Art. 20. Permitir que interesses pecuniários, políticos, religiosos ou de quaisquer outras ordens, do seu empregador ou superior hierárquico ou do financiador público ou privado da assistência à saúde interfiram na escolha dos melhores meios de prevenção, diagnóstico ou tratamento disponíveis e cientificamente reconhecidos no interesse da saúde do paciente ou da sociedade. Relação entre médicos - é vedado ao médico: Art. 52. Desrespeitar a prescrição ou o tratamento de paciente, determinados por outro médico, mesmo quando em função de chefia ou de auditoria, salvo em situação de indiscutível benefício para o paciente, devendo comunicar imediatamente o fato ao médico responsável. Art. 97. Autorizar, vetar, bem como modificar, quando na função de diretor, auditor ou de perito, procedimentos propedêuticos ou terapêuticos instituídos, salvo, no último caso, em situações de urgência, emergência ou iminente perigo de morte do paciente, comunicando, por escrito, o fato ao médico assistente.
Ref: Consulta Pública à Minuta da Resolução Normativa da ANS, a ser publicada em 2010.
São Paulo, 30 de outubro de 2009. À Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS At. Ilmo. Dr. Diretor-Presidente Dr. Fausto Pereira dos Santos Ref: Consulta Pública à Minuta da Resolução Normativa da ANS,
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