UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ UTP Bianca Cavalcanti Annibelli SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ UTP Bianca Cavalcanti Annibelli SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL"

Transcrição

1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ UTP Bianca Cavalcanti Annibelli SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL Curitiba 2011

2 SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL

3 Bianca Cavalcanti Annibelli SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel. Orientador: Prof. Dr. Sérgio S. Staut Jr. Curitiba 2011

4 TERMO DE APROVAÇÃO Bianca Cavalcanti Annibelli SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Bacharel no Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, de de Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite Coordenador do Núcleo de Monografia Universidade Tuiuti do Paraná Orientador: Prof. Dr. Sérgio Said Staut Júnior Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito Supervisor: Prof. Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito Supervisor: Prof. Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito

5 Dedico este trabalho a minha mãe Viviane, meu pai Dante, meu tio Maurício e ao meu namorado Tiago, por estarem sempre presentes e me apoiarem nestes anos de faculdade.

6 Agradeço especialmente ao Prof. Dr. Sérgio Said Staut. Jr. por me orientar durante esta jornada acadêmica.

7 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo conceituar a Síndrome de Alienação Parental, bem como demonstrar sua incidência, principalmente nos casos em que ocorre disputa de guarda entre os genitores após a ruptura da sociedade conjugal ou dissolução da união estável. Procura-se analisar também as diferenças entre a Síndrome de Alienação Parental e a Alienação Parental, os elementos de identificação da instauração da SAP e suas conseqüências para a criança alienada, o genitor alienado e possíveis punições ao alienante. Fazse abordagem a respeito da nova Lei de Alienação Parental sob número , que passou a ter vigência em 26 de agosto de Conceitua a guarda compartilhada e esta é analisada como maneira para inibir a síndrome. Por fim, é verificado o entendimento jurisprudencial em diferentes Estados e o papel dos operadores do direito quando existe a possibilidade de ocorrência da SAP. Palavras-chave: entidade familiar; Síndrome de Alienação Parental; melhor interesse do menor

8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 07 2 ENTIDADE FAMILIAR E DISPUTAS DE GUARDA Conceito de família e entidade família Evolução da Família e Art. 226 da CF/ As disputas de guarda Doutrina da proteção integral e melhor interesse do menor nas disputas de guarda Síndrome de Alienação Parental nas disputas de guarda 16 3 SÍDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL Conceito Origem da Síndrome de Alienação Parental Diferença entre SAP e Alienação Parental Elementos de identificação da Síndrome de Alienação Parental Graus de extensão da Síndrome de Alienação Parental Falsas alegações de abuso e implantação de memórias Conseqüências da Síndrome de Alienação Parental Comentários à Lei n de 26 de Agosto de Punições ao alienante previstas em lei 39 4 GUARDA COMPARTILHADA COMO MEIO DE EVITAR A SAP E A POSIÇÃO DO JUDICIÁRIO Conceito de guarda compartilhada A guarda compartilhada como forma de evitar a SAP Jurisprudências O papel do judiciário em relação a SAP 56 5 CONCLUSÃO 59 REFERÊNCIAS 62 ANEXOS 66

9 7 1 INTRODUÇÃO Este trabalho tem por escopo a conceituação da Síndrome de Alienação Parental relacionando-a com a nova Lei nº de 26 de Agosto de 2010 que dispõe sobre a Alienação Parental, bem como verificação de seus efeitos e conseqüências. No primeiro capítulo pretende-se trazer a noção de entidade familiar e sua evolução histórica; em seguida para as eventuais rupturas no matrimonio ou união estável e quando destes resultam a prole, como não raras as vezes acabam em litígios para a discussão de quem deverá ficar com a guarda do menor, pensamento que antes era unânime no sentido de que sempre a criança ou adolescente deveria ficar com a mãe, mas como houveram mudanças na sociedade e estas trouxeram a mulher para o mercado de trabalho e o homem para o convívio domiciliar, atualmente é comum verificar situações em que o pai também deseja a obtenção da guarda de seus filhos. Em virtude dos sentimentos de traição, rejeição e até luto que a ruptura da relação causa em um ou ambos os genitores, a disputa de guarda pode vir a ser não apenas um litígio no qual são discutidos os melhores interesses do menor relevando as melhores condições de vida, educação, saúde e demais direitos e necessidades fundamentais. Devido à natureza humana, o procedimento e o próprio filho acabam se transformando em uma ferramenta para tentar afastar aquele que o feriu de um ente querido. É neste ponto que se verifica nesta dissertação, como a Síndrome de Alienação Parental pode ter início nas disputas de guarda. É evidente que esta é apenas uma das maneiras de como o distúrbio pode se apresentar. Há situações em que o menor pode ser alienado por terceiros ou por um de seus

10 8 genitores quando estes ainda mantém o vínculo conjugal ou a relação de união estável. Feitas estas considerações preliminares, no segundo capítulo inicia-se o estudo da Síndrome de Alienação Parental em si. As primeiras considerações a serem feitas são quanto à sua conceituação. Apresentam-se conceitos de diversos autores, incluindo do psiquiatra e psicanalista infantil Richard A. Gardner, que em verdade nomeou o distúrbio em razão de seus estudos quanto ao comportamento do menor quando da separação de seus pais. Em seguida são analisadas as possíveis origens da SAP e sua diferenciação com a Alienação Parental. Embora a primeira seja conseqüência desta, ambas não se confundem, tendo em vista que a Alienação Parental é o ato de difamação por si só, enquanto a Síndrome de Alienação Parental vai além da atitude, abrangendo também os aspectos psicológicos e emocionais que se instauram no menor alienado. Neste capítulo também são elencados os elementos de identificação da Síndrome de Alienação Parental, bem como seus graus de extensão identificáveis através do comportamento da criança e do adolescente. Analisase também a sinonímia com a implantação de falsas memórias, como menciona a jurista Maria Berenice Dias, e como esta pode acarretar nas falsas acusações de maus tratos e abusos sexuais, dentre outras falsas alegações freqüentes. Dando seguimento ao capítulo, são apresentadas as conseqüências que a SAP pode trazer ao menor alienado e ao genitor alienado. Ao final do segundo capítulo é apresentada a Lei de Alienação Parental, como esta a conceitua e as medidas cabíveis para coibir o comportamento do

11 9 alienante. O último tópico se refere às punições previstas, abrangendo as trazidas pela lei de 16 de Agosto de 2010, bem como medidas civis e penais a que podem ser submetido o alienante. No terceiro capítulo aborda-se rapidamente a guarda compartilhada, trazendo seu conceito legal e doutrinário, a sua aplicabilidade, a sua diferenciação com a guarda alternada, bem como as correntes que a criticam e a defendem. É abordada ainda a maneira como esta modalidade de guarda pode ser benéfica nos casos em que e possível a instauração da SAP. No quarto e último capítulo foram trazidas algumas jurisprudências de diferentes Estados como, por exemplo, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, entre outros, a fim de analisar quais as medidas os magistrados vêm adotando quando verificada a Síndrome de Alienação Parental. Por fim, faz-se um breve comentário a cerca do delicado papel que desempenham os operadores do direito e demais assistentes no processo, para melhor atender a criança e o adolescente, amenizando as sequelas da Síndrome de Alienação Parental.

12 10 2 ENTIDADE FAMILIAR E DISPUTAS DE GUARDA 2.1 CONCEITO DE FAMÍLIA E ENTIDADE FAMILIAR Antes de analisar a Síndrome de Alienação Parental deve-se primeiro entender a sua origem. Para tanto, cabe verificar a origem da família, sendo necessário conceituá-la. Diversos são os significados do vocábulo família. A palavra deriva do vocábulo latino famulus 1 que significa escravo. Na família patriarcal de Roma o pater famílias era exercido não somente com aqueles com que existiam laços de afinidade ou consaguinidade, mas também com os servos e escravos que viviam sob o mesmo teto. Na acepção jurídica, a palavra família, segundo a professora Maria Helena Diniz significa dizer em sentido amplo, que é aquela na qual os indivíduos estão ligados pelos vínculos de consangüinidade de afinidade 2, ou seja, os laços trazidos pelo matrimônio e os filhos advindos deste. Diferentemente deste pensamento, em seu livro Direito de Família, Orlando Gomes define a família da seguinte forma: É o grupo fechado de pessoas, composto dos genitores e filhos, e para limitados efeitos, outros parentes, unificados pela convivência e comunhão de afetos, em uma só e mesma economia, sob a mesma direção 3 Este conceito ilustra o entendimento da Constituição de 1988 que alarga o entendimento de família nos parágrafos 3º e 4º de seu artigo 226 que traz também a concepção de entidade familiar, não delimitando como família as formadas 1 LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito Civil Aplicado Volume 5. São Paulo: Revista dos Tribunais, página DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro: Direito de Família. 23 ed. São Paulo: Saraiva, página 9. 3 GOMES, Orlando. Direito de Família. 11 ed. Rio de Janeiro: Forense, página 33.

13 11 unicamente pelos laços de consangüinidade e afinidade, mas incluindo, por exemplo, as famílias sócioafetivas, bem como a situação dos companheiros no caso da união estável, demonstrando que cabe ao indivíduo constituir sua entidade familiar da forma que melhor entender. 2.2 EVOLUÇÃO DA FAMÍLIA E ARTIGO 226 DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 Conforme analisado no tópico anterior, em Roma a família era caracterizada pelo patriarcado. Além desta característica, o poder familiar se estendia à mulher, aos filhos da relação conjugal e também a todos os seus escravos e servidores, tendo este modelo permanecido por séculos. Na época medieval, sob influência do Cristianismo, a família passou a derivar do matrimônio, sendo essencial a comunhão espiritual dos nubentes. Contudo, na Idade Moderna conservou-se o casamento como a origem da família, mas se desvinculou o caráter religioso deste, sendo conservado apenas como instituição. Com base neste entendimento do fim do Século XIX, foi editado o Código Civil de 1916 adotando o conceito de seu redator Clovis Bevilaqua, que entendia como família aquela formada pelos cônjuges e sua prole. Contudo, embora o ordenamento jurídico admitisse esta como única forma de constituir família, é fato que sempre existiram outras entidades familiares, ainda que não reconhecidas. Diante da realidade das originadas pela união estável, das famílias sócioafetivas e das famílias monoparentais, por exemplo, tal conceito necessitou de amplitude para que não mais apenas as relações de matrimônio e sua prole recebessem proteção legal. Então a Constituição de 1988 em seu artigo 226, parágrafos 3º e 4º, trouxe a expressão entidade familiar, conforme se verifica a seguir:

14 12 Art A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 1º - (...) 2º - (...) 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. O conceito de entidade familiar visa abranger todos os tipos familiares e embora os parágrafos do artigo supracitado se refiram apenas à união estável e à família monoparental, recentemente com o julgado do STF em relação à união homoafetiva, é possível notar que o rol trazido no art. 226 é meramente exemplificativo, afinal busca-se traçar a família atualmente com base no amor e no afeto, cabendo ao indivíduo formar sua entidade familiar da forma que lhe convier, e por este motivo não é possível elencar todas as formas de família existentes. 2.3 AS DISPUTAS DE GUARDA Contudo, embora o indivíduo forme sua família da forma que lhe convier, pode acontecer que a união estável ou casamento termine, rompendo a conjugalidade, mas deixe como frutos de tais relações os filhos, vindo a ocasionar disputas de guarda da criança. Ocorre com freqüência confusão entre o rompimento da conjugalidade com o rompimento da parentalidade, o que não deveria acontecer. Por um lado a sociedade evoluiu chamando a mulher para trabalhar fora do lar e o homem a participar mais das atividades domésticas e dos cuidados com os filhos, sendo ultrapassado o entendimento de que a criança após o rompimento da relação

15 13 conjugal deva ficar exclusivamente com a mãe, cabendo ao pai também reivindicar o direito de guarda da prole. Por outro ângulo, esta evolução acaba por desembocar em situações de verdadeiras batalhas jurídicas, nas quais as crianças ou adolescentes se encontram no meio do caminho sendo alienados por um ou ambos os genitores para que prefira um e odeie ao outro. Esta procura pela desmoralização e implantação de fatos por vezes não ocorridos para as crianças, tem origem no sentimento de luto ocasionado pelo fim da relação, sendo mais comum de se verificar na mãe em relação ao pai, mas não se trata de sua forma exclusiva. É o sentimento de perda de um ou ambos os genitores em razão da separação que por vezes o influencia a querer tomar o(s) filhos(s) para si como maneira de alfinetar o ex-conjuge ou companheiro, deixando de verificar o que melhor atende os interesses do menor, esquecendo-se da condição especial do menor como pessoa em desenvolvimento. Neste sentido expos em seu artigo Síndrome de Alienação Patental, O que é Isso? a autora Maria Berenice Dias. Estas atitudes por fim desembocam nas palavras da Dra. Maria Berenice Dias, no artigo supra mencionado em um processo de destruição, de desmoralização, de descrédito do ex-conjuge. Vendo o filho como extensão de si, o alienante não suporta a idéia de deixar o menor alienado em companhia do genitor alienado, adquirindo comportamentos até agressivos. 2.4 DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL E MELHOR INTERESSE DO MENOR NAS DISPUTAS DE GUARDA

16 14 Diante de tal comportamento, por vezes se torna complicado identificar as falsas alegações, pois o filho alienado passa a utilizar as mesmas expressões do alienante, como se os fatos verdadeiros fossem. Com isto encontram-se obstáculos para identificar o que melhor atende o interesse do menor, bem como protegê-lo integralmente diante de sua característica especial de pessoa em desenvolvimento. Aqui se abre um parêntese para verificar a origem da doutrina da Proteção Integral e para estabelecer a noção de melhor interesse do menor. Contrária à Situação Irregular que visava atender os menores infratores unicamente, a Doutrina da Proteção Integral, como já citado anteriormente, prioriza a proteção à Criança e ao Adolescente, pois leva em consideração a sua característica de pessoa em desenvolvimento. Esta doutrina figurou pela primeira vez em 1948, com a Declaração Universal de Direitos Humanos da ONU, garantindo que direitos da população infanto-juvenil são universais, pois não excluem qualquer criança ou adolescente, bem como não podem ser aplicados de forma parcial, surgindo daí a nomenclatura de Proteção Integral. Mesmo com a Declaração Universal de Direitos Humanos, a Situação Irregular perdurou, sendo que somente em 1990 com o início da vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente, houve a ruptura com a situação do menor infrator e o começo do reconhecimento de atendimento especial ao menor. Neste sentido: Ao romper definitivamente com a Doutrina da Situação Irregular,até então admitida pelo Código de Menores (Lei 6.697, de ), e estabelecer como diretriz básica e única no atendimento de crianças e adolescentes a Doutrina da Proteção Integral, o legislador pátrio agiu deforma coerente com o texto constitucional de 1988 e documentos internacionais aprovados com amplo consenso da comunidade das nações 4 4 DA COSTA, Antônio Carlos Gomes. Os Regimes de Atendimento no Estatuto da Criança e do Adolescente Perspectivas e Desafios. Brasília: Secretaria Especial de Direitos Humanos, 2004, página 27.

17 15 Na Constituição de 1988 esta doutrina passou a se apresentar no artigo 227, que dispõe ser dever do Estado, da família e da sociedade conjuntamente, assegurar ao menor com prioridade, o direito à vida, à saúde, à educação, à convivência familiar e à alimentação dentre diversos outros direitos fundamentais da criança e do adolescente, bem como pô-los a salvo de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Já no Estatuto da Criança e do Adolescente a doutrina aparece explicitamente em seu artigo primeiro, nos seguintes termos: Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Ainda busca atender o Estatuto o melhor interesse do menor. Para estabelecer a noção do termo, interessante se faz o trazido pelo Dr. Eduardo de Oliveira Leite em sua obra Famílias Monoparentais. Tal noção do termo é de difícil acepção, mas pode-se verificá-la em dois níveis: como controle e como solução. Como controle é a maneira de vigiar como o genitor aplica a autoridade parental. Aqui o interesse presumido é dever de ambos os pais educar o menor, bem como o assistir e criar, no mesmo sentido do que dispõe a primeira parte do artigo 19 do ECA: Art. 19 Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família (...). Todavia, havendo o abuso, cabe a retirada ou maior controle do direito. Cabe, porém, nas disputas de guarda, a noção de interesse do menor como solução, levando em consideração o que sana as necessidades da criança, devendo o magistrado apreciar os fatos para sempre optar neste sentido.

18 16 O princípio do melhor interesse do menor, visa confrontá-lo com o direito de outra pessoa e resguardar o direito da criança. Com isto se observa que nas disputas de guarda, independentemente do que se apresenta nos autos, deve-se verificar em primeiríssimo lugar o que melhor atende aos filhos alvos da disputa. Neste diapasão, tem os envolvidos no processo, papel muito delicado para saber separar o falso do verdadeiro, a fim de atender a Doutrina da Proteção Integral e ao Princípio do Melhor interesse do menor. 2.5 SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL NAS DISPUTAS DE GUARDA Diante destas batalhas jurídicas para verificar a quem cabe a guarda do menor, é constante a presença da Síndrome de Alienação Parental em tais disputas. Como visto anteriormente, o sentimento de perda trazido pelo fim do matrimônio ou pelo fim da dissolução da sociedade conjugal acarreta na utilização da prole como instrumentos para ferir o genitor alienado. Na tentativa de tomar o(s) filho(s) somente para si como forma de atingir o outro genitor, isolando-o (s) do convívio com este, fere o alienante ao direito do menor ao afeto e convívio com o genitor alienado, quando este em verdade deveria em conformidade com o artigo 227 da Constituição federal, bem como demais previsões estabelecidas no Estatuto da Criança e do Adolescente, assegurar ao seu filho o direito ao convívio familiar e mantê-lo a salvo de qualquer negligência, discriminação ou violência, pois ao implantar no menor falsas memórias e o afastar de seu pai ou mãe está de fato cometendo violência psicológica com o menor. Neste momento cabe esclarecer, entretanto que a Síndrome de Alienação Parental é mais freqüente nos casos onde o vínculo matrimonial ou a união estável

19 17 já se rompeu, mas há situações em que mesmo com os pais casados ou em união estável é presente a alienação. Ainda a alienação parental é mais comumente verificada em relação a um genitor com o outro, mas existem casos em que demais parentes ou terceiros alienam o menor e seu (s) genitor(s). 3 SÍDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL 3.1 CONCEITO Primeiramente, cabe analisar um dos significados da palavra alienação. Segundo o dicionário de língua portuguesa, escrito por Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, alienação é o estado de uma pessoa, que sofre qualquer forma de perturbação mental que o incapacita para agir segundo as normas legais e convencionais de seu meio social. Diante desta explanação conclui-se que a alienação parental é incutir valores a alguém para que este esqueça o que verdadeiramente sente pelo seu genitor, acatando a idéia de outrem para que não mais demonstre seus sentimentos por aquele. Já a idéia de Síndrome de Alienação Parental foi definida pela primeira vez pelo psicanalista e psiquiatra infantil Richard Gardner, em sua obra Recent trends in divorce and cutody litigation, no ano de 1985 da seguinte forma: A Síndrome de Alienação Parental (SAP) é um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custódia de crianças. Sua manifestação preliminar é a campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela própria criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da combinação das instruções de um genitor (o que faz a lavagem cerebral, programação, doutrinação ) e contribuições da própria criança para caluniar o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou a negligência parentais verdadeiros estão presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e assim a explicação de

20 18 Síndrome de Alienação Parental para a hostilidade da criança não é aplicável. 5 O autor em obra subseqüente ressalta que o distúrbio não se trata somente da lavagem cerebral feita na criança, mas que para sua ocorrência é necessário que exista a animosidade da criança em relação ao genitor alienado. Também ressalta que a Síndrome é um abuso utilizado para conduzir ao enfraquecimento e até ao rompimento da ligação entre o genitor e a prole 6. No Brasil, o conceito de Alienação Parental foi legitimado com o artigo 2º da Lei de 2010 que a define nos seguintes termos: Art. 2º - Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um nos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie o genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. Nota-se que o legislador se preocupou em frisar que embora ocorra freqüentemente desta forma, não é apenas um dos genitores que aliena ao outro, mas qualquer pessoa que detenha a guarda da criança e do adolescente pode ser alienante. Com base no conceito de Gardner e na legislação vigente, o Dr. Douglas Phillips Freitas em seu livro Alienação Parental, Comentários à Lei de 2010, estabelece a Síndrome de Alienação Parental como um transtorno psicológico caracterizado por um conjunto sintomático pelo qual um genitor, denominado cônjuge alienador, modifica a consciência de seu filho por meio de 5 GARDNER, Richard Alan, Recent trends in divorce and custody litigation, Disponível em acesso em 21de Julho de GARDNER, Richard Alan. O DSM-IV tem equivalente para o diagnóstico de Síndrome de Alienação Parental (SAP)?, Disponível em acesso em 21 de Julho de 2011.

21 19 estratégias de atuação e malícia, com o objetivo de impedir, obstaculizar, ou destruir os vínculos com o outro genitor, denominado cônjuge alienado. 7 Para o autor, normalmente não existe motivo real para esta campanha, sendo a programação da criança para que odeie seu genitor sem qualquer justificativa real. Segundo Jorge Trindade, o distúrbio é a transformação da consciência de seus filhos, mediante diferentes formas e estratégias de atuação, com o intuito de impedir, obstaculizar ou destruir seus vínculos com o outro genitor 8. Ainda a Dra. Maria Berenice Dias, jurista especialista no assunto, além de conceituar a SAP no mesmo sentido dos autores supracitados, nomeia a síndrome também como Implantação de Falsas Memórias, pois o alienante faz campanha de descrédito do genitor alienado para a criança de forma que esta passa a aceitar como verdadeiro tudo o que lhe é alegado. Estas alegações podem se referir ao tratamento do genitor alienado com o menor, ao seu caráter e até falsas acusações de abuso sexual. O advogado Marcos Duarte, em seu artigo Morte Inventada por Mentes Perigosas, conceitua a SAP como patologia jurídica que se caracteriza pelo exercício abusivo do direito de guarda, sendo vítima o menor, mas que este passa a ser também o carrasco daquele que ama, percebendo como totalmente bom o pai, por vezes alienante e como totalmente mau o pai alienado. 9 A Síndrome de Alienação Parental, conforme se verifica nos conceitos citados, é um distúrbio proveniente da ação de um dos genitores ou de quem 7 FREITAS, Douglas Phillips. Alienação Parental. Comentários à Lei /2010. Rio de Janeiro: Forense, 2010, página TRINDADE, José, in DIAS, Maria Berenice. Incesto e Alienação Parental, realidades que a Justiça insiste em não ver. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, página DUARTE, Marcos. Alienação Parental: A morte inventada por mentes perigosas. Disponível em acesso em 21 de Julho de 2011.

22 20 detenha autoridade sobre a criança ou adolescente, sendo este o alienante, para que influencie ou programe o menor alienado para que se afaste ou venha a desprezar o genitor alienado, com o intuito do rompimento do laço afetivo entre ambos, causando graves seqüelas por vezes irreversíveis, não havendo motivo real para esta atitude do alienante, sendo que tal ato normalmente se fundamenta pela dissolução do vínculo matrimonial ou da união estável. 3.2 ORIGEM DA SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL A SAP sempre existiu na sociedade, entretanto somente na década de 80 é que ela passou a ter nome em virtude dos estudos realizados pelo psicanalista Richard Gardner, que se dedicou a analisar os efeitos que o divórcio litigioso causava às crianças e publicou tal estudo no já citado artigo Recent trends in divorce and cutody litigation. Após, diversos estudiosos se dedicaram às experiências nos tribunais de família com o intuito de verificar como e quais as conseqüências que a Síndrome de Alienação Parental causa. Diversas também foram as nomenclaturas, como por exemplo, Síndrome da Mãe Maliciosa ou Alegações Sexuais no Divórcio, mas em verdade todas tinham como característica marcante a desmoralização de um genitor, na maioria das vezes por parte do outro com o intuito claro de afastar a criança em razão do sentimento de perda causado pelo fim do relacionamento. Nas relações cotidianas, o distúrbio é freqüente, como visto anteriormente, nos casos em que há ruptura do vínculo conjugal e disputas de guarda da criança. A autora Denise Maria Perissini da Silva descreve a origem da SAP nas seguintes palavras: A SAP deriva de um sentimento neurótico de dificuldade de individuação, de ver o filho como um indivíduo diferente de si, e ocorrem mecanismos

23 21 para manter uma simbiose sufocante entre pai/mãe e filho, como a superproteção, dependência e opressão sobre a criança. 10 Trata da confusão feita entre a conjugalidade e a parentalidade, diante do fato que normalmente, como aponta Ribeiro em sua obra A Psicologia Jurídica nos juízos que tratam do Direito de Família no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, embora o divórcio ou o fim da união estável tenham ocorrido, os cônjuges ainda não se divorciaram emocionalmente. A partir daí surge o sentimento de luto causado pela perda e desilusão do término da relação e em conseqüência, para ferir o outro se utiliza a criança fruto da conjugalidade, esquecendo que a ela importa a prestação, por assim dizer, da parentalidade de ambos os genitores. Nas palavras de Maria Berenice Dias: Quando da ruptura da vida conjugal, se um dos cônjuges não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, o sentimento de rejeição ou a raiva pela traição, surge um enorme desejo de vingança. Desencadeia um processo de destruição, de desmoralização, de descrédito do exparceiro perante os filhos. Promove verdadeira "lavagem cerebral" para comprometer a imagem do outro genitor, narrando maliciosamente fatos que não ocorreram ou não aconteceram da forma descrita. 11 José Manuel Aguilar Cuenca menciona que o alienador geralmente tem perfil impulsivo e de insegurança em relação a sua autoestima, medo do abandono e esperança que o filho possa satisfazer suas necessidades. 12 Importante ressaltar que a ruptura da conjugalidade ou da união estável são as formas mais comuns de ocorrência da Síndrome, mas não as únicas. Há relatos de que o distúrbio ocorre em famílias nas quais os genitores ainda são casados ou 10 SILVA, Denise Maria Perissini. Guarda Compartilhada e Síndrome de Alienação Parental, O que é isso?. São Paulo: Autores Associados, 2009, página DIAS, Maria Berenice. Alienação parental: uma nova lei para um velho problema! Disponível em acesso em 21 de Julho de CUENCA, José Manuel Aguilar. Síndrome de alienação parental, Portugal: Almuzara, 2008, página 93

24 22 companheiros, ou ainda em que o alienante não é o pai ou mãe da criança, mas seus avós, tios ou qualquer pessoa que sequer detém a guarda do menor. Fato é que independentemente da origem, a Síndrome de Alienação Parental é problema freqüente nas relações familiares e de difícil identificação. Seus sintomas são de difícil identificação, pois não se sabe o que é verdade e o que não é em razão daquilo que é incutido na mente da criança. Nem esta por vezes consegue identificar a realidade, pois o alienante se utiliza de manipulações para evitar qualquer contato do menor com o genitor alienado. 3.3 DIFERENÇA ENTRE SAP E ALIENAÇÃO PARENTAL Conforme explanado em tópico anterior, a Síndrome de Alienação Parental é formada pela ação do alienante em denegrir, desmoralizar e implantar falsas memórias para que o filho repudie seu pai/mãe, conjuntamente com os efeitos emocionais causados no menor abrangendo também as contribuições deste para evitar o genitor alienado. Conforme Gardner menciona não se trata somente da lavagem cerebral ou da programação da criança, conforme se verifica: In this disorder we see not only programming ( brainwashing ) of the child by one parent to denigrate the other parent, but self-created contributions by the child in support of the alienating parent s campaign of denigration against the alienated parent. 13 Em contrapartida a alienação parental é somente o ato de denegrir a imagem do genitor, sem aprofundar nas questões psicológicas e emocionais do menor e sem existir qualquer contribuição sua para o afastamento com o alienado. Na mesma obra, Gardner define a Alienação Parental da seguinte forma: 13 GARDNER, RICHARD Alan Parental Syndrome Alienation vs. Parental Alienation: Witch Diagnosis Should Evaluators Use in Child-Custody Disputes? Disponível em acesso em 21 de Julho de 2011.

25 23 Parental Alienation (PA) refers to the wide variety of symptoms that may result from or be associated with a child s alienation from a parent. ( )These denunciations may serve as the foundation for a PAS if the parent is prepared to escalate the denigrations to the point of complete exclusion. These and many other parental behaviors can produce children s alienation, but none of them can justifiably be considered PAS. Ou seja, a Alienação Parental sendo somente a campanha em relação ao caráter do genitor alienado, é o princípio da Síndrome, na qual a alienação passa de ato para tentar programar o menor ao afastamento e rompimento do vínculo afetivo com o pai/mãe, para a própria vontade da criança ou adolescente de não convivência com seu genitor e animosidade com este, acarretando em graves seqüelas, tendo em vista os efeitos emocionais e psicológicos causados. Marcos Antonio Pinho, neste sentido, diz que: A Síndrome não se confunde com a Alienação Parental, pois que aquela geralmente decorre desta, ou seja, ao passo que a AP se liga ao afastamento do filho de um pai através de manobras da titular da guarda; a Síndrome, por seu turno, diz respeito às questões emocionais, aos danos e sequelas que a criança e o adolescente vêm a padecer. 14 Segundo a Dra. Alexandra Ullmann, os termos se diferenciam por se tratar de duas correntes distintas. Uma utiliza o termo Alienação Parental em razão da ausência de reconhecimento da medicina desta como síndrome e por não existir código internacional que a defina, enquanto a outra trata a situação como Síndrome de Alienação Parental por apresentar um conjunto de sintomas a indicar uma mesma patologia. 15 Para a autora Denise Maria Perissini da Silva, embora a SAP receba críticas de diversas áreas por não ter sido incluída no DSM-IV (APA Associação de 14 PINHO, Marco Antônio Garcia de. Alienação parental. Disponível em: < acesso em 23 de Julho de ULLMANN Alexandra. Alienação Parental, Disponível em: acesso em 23 de Julho de 2011.

26 24 Psicólogos Americanos) nem no CID-10 (OMS Organização Mundial de Saúde), fato é que a Síndrome de Alienação Parental existe, podendo ser evidenciada em vários casos em que a criança ou adolescente rejeita seu genitor criando, distorcendo ou exagerando situações cotidianas para tentar justificar a necessidade de afastamento, até mesmo reproduzindo as falas de outras pessoas. 16 Embora não reconhecida, a síndrome abrange caracteres mais profundos que a Alienação Parental, esta restrita ao ato do alienante, enquanto aquela verifica também a participação da criança. Feitas as devidas considerações a respeito das diferenças entre ambas as terminologias, cabe passar ao estudo dos sintomas do distúrbio. 3.4 ELEMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO DA SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL A Síndrome de Alienação Parental embora seja distúrbio presente nos atuais casos de disputas de guarda, é de difícil identificação, em virtude de por vezes não haver certeza das alegações a respeito de seu genitor, entretanto quanto antes for detectada, maiores as chances de reduzir os prejuízos causados e retornar ao estado anterior. Todavia, não há forma de reconhecer a Síndrome sem que exista informação prévia sobre esta. Importante frisar que o perfil do alienante normalmente se caracteriza por dependência, baixa autoestima, sedução, manipulação, dominância, imposição, dentre outros que relaciona José Trindade, na obra Incesto e Alienação Parental, 16 SILVA, Denise Maria Perissini. Guarda Compartilhada e Síndrome de Alienação Parental, O que é isso?. São Paulo: Autores Associados, 2009.

27 25 Realidades que a justiça insiste em não ver, coordenada pela Dra. Maria Berenice Dias. Árdua também é a tarefa de tentar elencar as possíveis formas da SAP, tendo em vista se faz impossível abranger todas elas. Todavia, com base nas maneiras mais comuns de identificação da síndrome apresentadas pela doutrina, segue relação de alguns dos comportamentos tanto do alienante como do menor alienado. Quanto ao alienante, para promover a SAP, este busca de todas as maneiras o afastamento do genitor alienado com o filho. Alguns exemplos de formas de alienar o pai/mãe estão presentes no parágrafo único do artigo 2º da Lei de 2010, conforme se verifica: Art. 2 o (...) Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; II - dificultar o exercício da autoridade parental; III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós. Como já salientado anteriormente, estas são apenas algumas das formas de promover a Alienação, conforme bem explicita o legislador no Parágrafo Único.

28 26 Maria Pisano Motta elenca diversas condutas do alienante, dentre as quais se destacam as seguintes: a) Recusar-se a passar as chamadas telefônicas aos filhos; b) organizar atividades com o filho para que o outro genitor não exerça o seu direito de visita; c) apresentar o novo cônjuge ao filho como novo pai ou nova mãe; d) interceptar cartas e pacotes enviados aos filhos; e) desvalorizar e insultar o genitor na presença dos filhos; f) recusar a dar informações ao outro genitor acerca do desenvolvimento social do filho; g) impedir o direito de visita do genitor; h) esquecer de avisar compromissos importantes como consultas médicas; i) envolver pessoas próximas na lavagem cerebral dos filhos; j) tomar decisões importantes a respeito dos filhos sem consultar o outro genitor, k) sair de férias sem os filhos e deixá-los com outras pessoas que não o outro genitor, ainda que esteja disponível e queira cuidar do filho; ameaçar o filho para que não se comunique com o outro genitor 17. Em relação ao menor, é possível identificar a Síndrome de Alienação Parental em razão da mudança de comportamento em relação ao genitor alienado. Além do afastamento e de as visitas se tornarem de rara ocorrência, quando acontecem existe a animosidade da criança ou adolescente em relação a este genitor. Gardner em seu trabalho de 1998, The Parentation Alienation Syndrome, descreve que para que exista a síndrome deve existir a participação do menor alienado, que cita Maria Perissini que ocorre em cinco passos. O primeiro passo é a utilização de linguagem inadequada para se referir ao seu genitor, juntamente com 17 MOTTA, Maria A. Pisato, In APASE Associação de pais Separados. Síndrome de Alienação Parental e a Tirania do Guardião, aspectos psicológicos, sociais e jurídicos. Porto Alegre: Equilíbrio, 2008.

29 27 forte oposição para com o alienado, utilizando argumentos do alienante e razões fúteis para a animosidade. No segundo passo, o menor começa a denegrir o pai ou mãe alienado, dizendo que pensa desta forma independentemente de qualquer alienante. É neste estagio que a síndrome realmente toma forma e gera conseqüentemente o passo seguinte, que é a proteção do alienante por parte da criança ou adolescente, dando início a simbiose entre ambos. No quarto grau da participação do menor, este aceita a implantação de falsas memórias. Acata como verdadeiros fatos que sequer ocorreram, não percebendo a contradição e lacunas dos relatos. Por fim a animosidade não mais se restringe ao alienado, mas atinge também família e amigos por parte deste genitor, sendo que o menor passa a evitar também estas pessoas, bem como as maltratar e desrespeitar. 3.5 GRAUS DE EXTENSÃO DA SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL Embora se trate de um processo contínuo, o psiquiatra e psicanalista Richard Gardner classificou a Síndrome de Alienação Parental em três graus de extensão: leve, médio e severo. No grau leve o menor alienado começa a ter contato com a campanha para denegrir a imagem do genitor, mas ainda há afeto por parte da criança. Denise Maria Perissini, em obra anteriormente citada, menciona Em grau leve, a criança começa a receber as mensagens e manobras do alienador para prejudicar a imagem do outro genitor, mas ela ainda gosta do pai, quer ter contato com ele, vai com ele nas visitas SILVA, Denise Maria Perissini. Guarda Compartilhada e Síndrome de Alienação Parental, O que é isso?. São Paulo: Autores Associados, 2009, página 76.

30 28 Este estágio é por vezes mantido em virtude do esforço do pai/mãe alienado em manter contato com a criança para que o vínculo não se rompa e a afetividade perdure. O grau médio é a transição entre o leve e o severo, e é neste estágio em que os casos são verificados com mais frequência, pois a agressividade do menor em relação ao genitor é mais visível, e a criança ou adolescente passa a sentir sentimentos contraditórios em relação a este. Nesta esteira, Maria Perissini se refere à ambigüidade de sentimentos, pois o menor ama seu genitor alienado, mas para não desagradar o ente alienante, sente que deve se afastar, existindo conflitos interiores e dificuldade na identificação do que sente e do que lhe foi incutido. 19 Todavia no grau médio da presença da SAP ainda é possível a reversão com poucas ou sem seqüelas. Por fim, no grau mais grave da Síndrome de Alienação Parental, todas as características desta estão presentes e de forma bem evoluída e o retorno ao status quo ante é, se não impossível, bem dificultado. Nesta fase não mais existe a contradição de sentimentos, pois o menor odeia o genitor alienado, uma vez que esta completamente envolvida no vínculo de dependência exclusiva, que impede a autonomia e a independência do alienador 20. É a chamada simbiose entre menor alienado e alienante. Neste estágio a aceitação da criança ou adolescente alienado por parte do que lhe diz o alienador é tão forte, que falsas memórias são implantadas com mais 19 SILVA, Denise Maria Perissini. Guarda Compartilhada e Síndrome de Alienação Parental, O que é isso?. São Paulo: Autores Associados, 2009, página Idem

31 29 facilidade, incluindo as falsas agressões físicas, verbais e até falsos abusos sexuais. Em decorrência deste grau avançado, o menor desenvolve baixa tolerância às decepções, pois age a partir do exemplo que teve de que aquilo que o frustra deve ser excluído. Mais uma vez, Perissini bem esclarece a situação: Não sofre pela separação de familiares, amigos, namorado (a), não se importa com o sofrimento alheio, porque não consegue conservar vínculos, e nem sequer acredita que vínculos possam ser conservados. Não existe, nem para o alienador, nem para a criança envolvida na SAP, nenhuma alternativa de reflexão acerca das dificuldades de relacionamento, formas de dirimir-se as questões controversas, busca de alternativas para aquilo que estiver incomodando, de melhores formas de comunicação com o outro, simplesmente porque, para ele o outro não existe, e nem sequer a relação com o outro existe. 21 Tecidos estes comentários, importante se faz aprofundar acerca da implantação de falsas memórias em si e da gravidade das falsas alegações de abuso. 3.6 FALSAS ALEGAÇÕES DE ABUSO E IMPLANTAÇÃO MEMÓRIAS A Síndrome de Alienação Parental inicia com a campanha de difamação em relação ao caráter do genitor alienado, mas conforme já mencionado há situações em que o alienante incute no menor falsas idéias de abuso por parte deste pai ou mãe alienado, podendo se tratar tanto de abuso sexual, como uma falsa alegação de maus tratos. Deste tipo de comportamento advém a sinonímia da SAP com o termo Implantação de Falsas Memórias. O alienante induz o menor a alegar o que lhe foi dito, acontecendo casos em que o menor até mesmo acredita que o abuso aconteceu de fato, em razão de as crianças serem altamente sugestionáveis. 21 Idem

32 30 Maria Berenice Dias, em seu artigo Falsas Memórias, descreve como a implantação de memórias tem inicio: O filho é convencido da existência de um fato e levado a repetir o que lhe é afirmado como tendo realmente acontecido. Nem sempre consegue discernir que está sendo manipulado e acaba acreditando naquilo que lhe foi dito de forma insistente e repetida. Com o tempo, nem o genitor distingue mais a diferença entre verdade e mentira. A sua verdade passa a ser verdade para o filho, que vive com falsas personagens de uma falsa existência, implantando-se, assim, falsas memórias. 22 A implantação destas falsas alegações pode dizer respeito a qualquer tipo de abuso, desde maus tratos, violência ou abuso sexual do menor, entretanto, pela extrema gravidade, o tema mais abordado na doutrina é a falsa alegação de abuso sexual, em virtude das conseqüências que traz tanto ao menor quanto ao falso acusado. Para Andrea Calçada, as conseqüências deixadas pelo falso relato de abuso sexual para o menor se assimilam àquelas que acontecem numa situação real deste abuso. Ao mesmo tempo em que a criança tenta se desfazer destas falsas acusações, negá-la significa trair o genitor acusador, com o qual tem, na maioria das vezes, uma relação de dependência. Todo este emaranhado de sentimentos, pode causar uma lesão interna na criança-objeto, trazendo repercussões sérias na sua capacidade de se relacionar afetivamente no decorrer de seu desenvolvimento global. Vale ressaltar aí as relações de confiança, tão importantes para um desenvolvimento saudável. 23 No mesmo artigo mencionado a autora menciona em relação ao adulto alienado que a falsa acusação do abuso sexual gera sentimento de raiva, impotência e insegurança dentre outros. 22 DIAS, Maria Berenice. Falsas Memórias. Disponível em acesso em 25 de Julho de CALÇADA, Andrea. Falsas acusações de Abuso Sexual o outro lado da história. Disponível em acesso em 25 de Julho de 2011.

33 31 Fato é que o abuso sexual interfamiliar existe, mas também é fato que a SAP ocorre com freqüência, e desta derivam as falsas acusações. Cabe aos operadores vinculados saberem distinguir o que é real e o que é falso no cotidiano. Pensando nisto o legislador incluiu na Lei a perícia multidisciplinar, não sendo mais os psicólogos, psiquiatras e demais estudiosos de outras áreas meros assistentes no processo, mas se sujeitando a regras processuais e ficando estabelecidos parâmetros que melhores distinguem o que verdadeiramente aconteceu das irrealidades. Conforme bem colocou Monica Guanzelli existem diferenças que podem balizar o que é real e o que é falso abuso. A autora cita as discrepâncias analisadas pela Associación de Padres Alejados de sus Hijos, de Buenos Aires 24. Cabe citar algumas diferenças relevantes: no abuso real o menor lembra exatamente o que ocorreu, enquanto na falsa alegação a criança não viveu o fato e necessita de auxilio para recordar; as informações prestadas têm credibilidade e em contrapartida nas falsas acusações as informações carecem de detalhes importantes; a criança demonstra conhecimentos sexuais avançados para idade sendo que nos casos em que a SAP ocorre este conhecimento não é presente; normalmente há indicadores físicos quando as alegações são verdadeiras; comumente as denúncias de abuso são anteriores ao rompimento da relação entre os genitores, enquanto as falsas acusações normalmente são posteriores; ainda ocorre freqüentemente nas situações verídicas de existir abuso tanto ao menor quanto ao outro genitor, e nas falsas alegações apenas o menor é supostamente abusado. 24 Pubicada por José Manoel Aguilar em

34 32 Estes são alguns dos indícios relacionados, entretanto a lista é extensa. Aqueles que verificam estes casos no dia a dia devem se atentar aos demais sinais de falsas alegações e se necessário encaminhar para perícia multidisciplinar para melhor análise da dinâmica familiar com possibilidade de que a alienação seja verificada o quanto antes para reduzir os impactos tanto ao menor quanto ao falso acusado. 3.7 CONSEQÜÊNCIAS DA SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL Inegável é o fato de que Síndrome de Alienação Parental deixa graves seqüelas tanto no genitor alienado quanto no menor. No pai ou mãe, além do grande sentimento de culpa e impotência há também o afastamento e em conseqüência até mesmo o desinteresse em manter o vínculo afetivo com a criança em razão de fatores adversos. É evidente que os efeitos mais relevantes que a síndrome acarreta são em relação à criança ou adolescente, pois está em fase de desenvolvimento e o afastamento com um ou ambos os seus genitores interfere diretamente na sua formação. Os efeitos psicológicos da síndrome podem se estender pelo resto da vida do menor alienado, em razão do abuso moral cometido em relação a este, bem como da distorção das figuras paternas e maternas, podendo gerar uma percepção ruim sobre toda e qualquer relação amorosa que o alienado possa ter a vir. O Dr. Ludwig Lowenstein em seu artigo Problems suffered by Children due to the effects of Parental Alienation Syndrome, relaciona os efeitos da síndrome da seguinte forma: In severe cases of PAS children are placed in seriously unhappy situation and will frequently develop panic reactions when they are asked to visit the

35 33 alienated parent. This in turn can lead to repercussions in their attitude school and their capacity ton concentrate on their education. In some cases there can be psychotic delusions in the children due too the pressure on the child to passively submit to alienating parent. 25 O mesmo autor, em outro texto cita que Baker (2005) em sua obra The longterm effects of parental alienation on adult children: A qualitative research study. American Journal of Family Therapy, menciona pelo menos sete áreas que podem resultar da decorrência da SAP, quais sejam a baixa autoestima, depressão, abuso de álcool e drogas, falta de confiança, alienação de sua própria prole, divórcio e demais respostas de natureza negativa. 26 Contudo, além do efeito patológico que a síndrome causa ao menor alienado, após a percepção de sua manipulação pelo alienante e que em verdade cometeu injustiças com o alienado, os papéis tendem a se inverter odiando agora o que antes era amado e então detentor da verdade e razão em vice-vesa. Dr. Lovenstein, em artigo supramencionado também define esta mudança de comportamento: Perhaps the most interesting scenario that occurs is when the child realises what the alienating or programming parent has been doing and eventually turns against that parent. They often seek the target parent feeling a great sense of guilt in having been a party, albeit an unwilling party, to the humiliation and harm done to the target parent who has done nothing wrong to them to deserve such treatment. 27 Além do ódio gerado pela criança em relação ao alienante há fortes conflitos de sentimentos do menor em virtude do sentimento de culpa e 25 LOWENSTEIN, Ludwig Fred. Problems Suffered by Children due to the effects of Parental Alienation Syndrome, Disponível em prosufbychiduetotheeffofparalisyn.htm, acesso em 25 de Julho de LOWENSTEIN, Ludwig Fred. Part III - Long Term Reaction As A Result of Parental Alienation, Disponível em lonterreaasaresofparali.htm, acesso em 25 de Julho de LOWENSTEIN, Ludwig Fred. Problems Suffered by Children due to the effects of Parental Alienation Syndrome, Disponível em prosufbychiduetotheeffofparalisyn.htm, acesso em 25 de Julho de 2011.

36 34 remorso causado pelas mentiras, manipulações e falsas acusações de abuso. A criança em um momento se vê afastada de um dos genitores em conseqüência da alienação parental passando com o tempo a odiá-lo, e posteriormente quando da descoberta de que este genitor em verdade não cometeu tais atos, se afasta do genitor alienante podendo inclusive a vir se manifestar judicialmente para morar com o antes alienado. Contudo, para a Dra. Maria Perissini, a situação mais grave ocorre quando a criança ou adolescente não mais pode retomar o vínculo com seu genitor, seja por não conseguir localizá-lo por falecimento, por ter nova família com novos interesses ou por simplesmente ter desistido do seu direito de visitação. Para a autora o filho consumido pelo remorso e pelo arrependimento, pode se entregar às drogas, alcoolismo, depressão, inadaptação social, culminando até em suicídio! COMENTÁRIOS À LEI N DE 26 DE AGOSTO DE 2010 Diante da presença constante da Síndrome de Alienação Parental na sociedade e dos recentes avanços legislativos no que tange a guarda do menor, foi necessária a legitimação do tema. Segundo o Dr. Elísio Luiz Peres, na obra Incesto e Alienação Parental, coordenada pela Dra. Maria Berenice Dias, a estrutura desta lei visa, além de afastar a interpretação de que a Síndrome não exista, trazer segurança aos juristas e demais operadores do Direito para eventual caracterização do fenômeno SIlVA, Denise Maria Perissini, Op. Cit., página DIAS, Maria Berenice, Op. Cit., página 65

37 35 Em 2008 o deputado Regis de Oliveira apresentou o Projeto de Lei 4053/2008 que conceituava a alienação parental como interferência de um dos genitores na formação psicológica do menor para que repudie o genitor alienado, bem como atos que causem prejuízos ao estabelecimento ou à manutenção do vínculo com este. Nota-se que tal artigo do anteprojeto limitava a alienação parental como àquela promovida por um genitor apenas à criança, deixando de lado a situação do adolescente. No parágrafo único do referido artigo do Projeto de Lei estavam estabelecidas possíveis formas de alienação parental, entretanto da mesma maneira que se encontrava no caput, limitando sujeitos ativos e passivos. Tais considerações deram origem ao artigo 2º da lei de 26 de agosto de 2010, que alargou tanto o conceito como as hipóteses e a relação de sujeitos passivos e ativos do distúrbio, não se restringindo apenas ao genitor como possível alienador, mas também avós, tios, padrinhos e demais pessoas que tenham autoridade parental ou afetiva em relação ao menor, com intenção de denegrir a imagem de um de seus genitores, bem como não se absteve da Alienação Parental ocorrida em adolescente e não apenas em crianças. 30 Cabe salientar que o rol trazido no caput do artigo 2º da Lei é exemplificativo, em virtude do grande número de possibilidades diversas de ocorrer a SAP. O parágrafo único do artigo supracitado traz algumas formas de Alienação Parental, como por exemplo, a desqualificação do genitor alienado, a criação de obstáculos para o exercício de autoridade parental, dificultar o contato com o menor ou omitir informações de qualquer origem a respeito da criança e do adolescente, 30 FREITAS, Douglas Phillips. Alienação Parental. Comentários à Lei /2010. Rio de Janeiro: Forense, 2010, página 29.

38 36 dentre outras formas. Também se verifica que sua redação final, além de explicitar que não se trata de rol taxativo enquadra demais pessoas com autoridade ou afeto em relação ao menor como alienadores em potencial, bem como não apenas crianças, mas adolescentes como possíveis vítimas da alienação. O artigo terceiro do diploma legal já mencionado, além de caracterizar o abuso moral quando da ocorrência da alienação, ao dizer que a alienação parental fere direitos fundamentais da criança e do adolescente e a convivência familiar saudável, reforça o estabelecido do artigo 227 da Constituição Federal e o artigo 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente. Ainda segundo o Dr. Douglas Phillips Freitas em obra já citada, o dispositivo legal justifica a propositura de ação por danos morais e demais medidas de cunho ressarcitório ou inibitório em face do alienante. A Lei prevê prioridade na tramitação processual, medidas cautelares e garantia de convivência mínima com a finalidade de prevenir ou minorar os efeitos da alienação parental, garantindo direitos do menor e defesa do genitor alienado. Estabelece ainda a possibilidade a ação ordinária autônoma para que os fatos sejam apurados e exista a verificação da ocorrência da Síndrome, o que não é novidade visto a possibilidade de todas as formas de produção de provas admitidas em direito. A grande novidade está na utilização correta da terminologia perícia para a atuação dos profissionais interdisciplinares nas lides familistas, que atuavam como assistentes, pareceristas, sem que fosses sujeitados às regras de periciam como preceitua a lei processual vigente 31 Esta perícia pretende subsidiar a decisão do juiz analisando eventuais atos de alienação ou de demais questões da dinâmica familiar, bem como quando necessário indicar a melhor forma de intervenção. A legitimidade do pedido para 31 Idem Ibdem, página 33

39 37 perícia multidisciplinar cabe ao juiz de ofício, ao Ministério Público, ou as partes em casos de litígio. O artigo 6º da Lei de Alienação Parental em seus incisos traz algumas das possibilidades de medidas que visam minorar e dizimar os efeitos da alienação, nos seguintes termos: Art. 6 o Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; III - estipular multa ao alienador; IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão; VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; VII - declarar a suspensão da autoridade parental. Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar. Trata-se mais uma vez de rol exemplificativo, podendo o magistrado se achar necessário aplicar demais medidas com o intuito de por fim ou diminuir os efeitos da alienação. Por força do inciso II, artigo 1584 do Código Cívil, bem como do parágrafo 2º do referido artigo, ambos incluídos pela Lei de 2008 que dispõe a respeito da guarda compartilhada, não havendo concordância entre pai e mãe, será decretada pelo juiz a guarda compartilhada, entretanto quando esta for inviável,

40 38 dispõe o artigo 7º da lei de alienação parental que a preferência da atribuição da guarda será dada ao genitor que facilite o convívio do menor com outro. Por fim, em seu último artigo 8º a lei dispõe a respeito da competência nas ações de direito de convivência familiar, afirmando que a alteração de domicílio do menor não tem relevância para a sua determinação. Tal artigo não tem correspondente no projeto de lei 4053 de 2008, pois foi inserido pela Comissão de Seguridade Social e Família, excetuando a situação em que houver pronunciamento judicial ou consenso dos genitores a respeito. O projeto de lei 4053 de 2008 ainda previa mais um artigo. O artigo 9º disporia a respeito da possibilidade de mediação para a solução de litígios que versassem sobre a Alienação Parental antes ou no curso do processo, entretanto o Presidente da República ao tempo de promulgação da Lei o vetou mediante os seguintes termos: O direito da criança e do adolescente à convivência familiar é indisponível, nos termos do art. 227 da Constituição Federal, não cabendo sua apreciação por mecanismos extrajudiciais de solução de conflitos. Ademais, o dispositivo contraria a Lei n o 8.069, de 13 de julho de 1990, que prevê a aplicação do princípio da intervenção mínima, segundo o qual eventual medida para a proteção da criança e do adolescente deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja indispensável. Já o artigo 10º, também vetado, foi redigido pela Comissão de Seguridade Social e Família e pretendia incluir no Estatuto da Criança e do Adolescente a criminalização do relato falso que afaste o menor do convívio de um de seus genitores. O veto do Ex-Presidente Luiz Inácio da Silva ocorreu em razão de o ECA já conter suficientes mecanismos inibidores aos efeitos da Alienação Parental, não sendo necessária sanção de natureza penal, tendo em vista que os efeitos desta punição podem trazer prejuízos à criança ou adolescente.

41 39 alienante. Estudada a lei, passa-se a analisar as possíveis punições cabíveis ao 3.9 PUNIÇÕES AO ALIENANTE PREVISTAS EM LEI Feitas as devidas considerações para conceituar a Síndrome de Alienação Parental, demonstrar seus sintomas, conseqüências e demais características, cabe agora demonstrar as formas de punição previstas em lei para o alienante. Primeiramente cumpre salientar que com o advento da Lei de agosto de 2010, entraram em vigor algumas formas punitivas para minorar ou mitigar os efeitos da Alienação Parental. No caput do artigo sexto é estabelecido que verificada a alienação ou conduta que dificulte o contato entre genitor e prole, o juiz pode tomar medidas cumulativamente, sem prejuízo da responsabilidade civil ou criminal. Trata-se de um rol exemplificativo, não ficando o magistrado atrelado às medidas elencadas nos incisos do referido artigo, caso verifique outra maneira eficaz de dar fim a alienação. O inciso I do artigo sexto diz que verificada a alienação deverá o juiz declarar sua ocorrência e advertir o alienante. Conforme o caput acima mencionado, a advertência não obsta que o juiz determine demais medidas caso julgue necessário. Verificada a alienação parental, com o intuito de que os efeitos sejam reduzidos para que exista a possibilidade de reversão, pode o juiz determinar a ampliação do regime de convivência familiar do menor como o genitor alienado, ou seja, ainda que a guarda não possa ser compartilhada há de se ampliar o direito de visita para que o menor não estigmatize este genitor por conta da desmoralização praticada pelo alienante, permanecendo maior tempo com aquele Idem Ibdem, página 36

42 40 O inciso III refere-se a estipulação de multa, que se trata se astreinte ou multa processual, que tem por escopo a coerção do alienante através da diminuição de seu patrimônio: Neste sentido, Eveline de Castro Correia menciona: Com origem no direito comparado Francês as "astreintes" ou multa processual, são um meio de constrangimento indireto e um modelo de coerção e deve-se beneficiar dela o autor da demanda. É através deste mecanismo que o descumpridor da ordem judicial se intimidará porque terá o seu patrimônio afetado. 33 Importante salientar que a aplicação da multa deve levar em consideração a capacidade econômica do alienante, mas que o valor não pode ser irrisório a ponto que este não sinta o efeito coercitivo da sanção. Pode também o magistrado estabelecer acompanhamento psicológico e/ou psicossocial, sendo que este dispositivo facilita a obtenção por meios judiciais do tratamento do menor, entretanto tal acompanhamento não se restringe apenas à criança ou adolescente, mas sim a família como conjunto. No inciso V do artigo 6º da Lei de Alienação Parental abre-se a oportunidade ao magistrado para alteração da guarda para conjunta ou até mesmo para sua inversão. Esta possibilidade se dá em razão de a guarda do menor acarretar em diversos direitos e deveres, como por exemplo, os elencados nos artigos 1.583, e todos do Código Civil de 2002, como também na primeira parte do art. 229 da Constituição Federal, in verbis: Art Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. 33 CORREIA, Eveline de Castro. Análise dos Meios Punitivos da Nova Lei de Alienação Parental. Disponível em acesso em 25 de Julho de 2011.

43 41 Ainda, a Lei de Alienação Parental busca incentivar a guarda compartilhada como forma de aproximação sem o sentimento de posse de um dos genitores sobre a criança. Este assunto será mais aprofundado em capítulo subseqüente. Possível também é a determinação da fixação cautelar do domicílio da criança ou do adolescente, tendo em vista a freqüência da mudança de endereço dos menores alienados. Por fim, nos casos de extrema gravidade pode ainda o magistrado punir o alienante declarando a suspensão de sua autoridade parental, devendo ser a ultima ratio, pois da mesma forma que o afastamento do alienado traz prejuízos ao menor, a criança também sente a ausência do genitor alienante, sendo deveras prejudicial para a manutenção da convivência familiar a tomada desta medida. O caput do artigo 6º ainda prevê que estas medidas podem ser tomadas sem prejuízo de eventuais responsabilizações civis e penais. Evidente que o alienante comete ato ilícito conceituado nos artigos 186 e 187 do Código Civil através da Síndrome de Alienação Parental, tanto em relação ao menor como em relação ao genitor alienado, ensejando a reparação por dano moral do artigo 927 do referido diploma legal ensejado pelo abuso afetivo. Neste sentido: essencialmente justo, de buscar-se indenização compensatória de danos que os pais possam causar a seus filhos por força de uma conduta imprópria, especialmente quando a eles são negados a

44 42 convivência, o amparo afetivo, moral e psíquico, bem como a referencia materna ou paterna concretas, o que acarreta a violação de direitos próprios da personalidade humana. 34 Já no âmbito penal, pode o alienado acusar o alienante por ter incorrido em difamação e calúnia. A difamação é o ato de denegrir a imagem de alguém manchando a sua reputação, conforme disposto no artigo 139 do Código Penal. Quanto à calúnia, poderá o alienante ser acusado quando houver falsa imputação de abuso sexual ou maus tratos, por exemplo, em razão de o ato de caluniar consistir em imputar falso crime a outrem. Esta conduta e pena referente estão dispostas no artigo 139 do codex supramencionado. Por fim, penalmente pode incorrer o alienante na imputação de falso crime. É a situação do alienante que acusa o alienado judicialmente por falso abuso sexual ou maus tratos dentre outras condutas. É o que se retira do artigo 340 do Código Penal. Art Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Diante destas considerações, retira-se que o alienante pode ser punido através do disposto na recente lei de Alienação Parental, bem como responsabilizado no âmbito civil, podendo prestar tanto ao menor como ao genitor alienado pagamento de danos morais e ainda ser sancionado penalmente mediante sua má conduta. 34 HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novais. Os contornos jurídicos da responsabilidade afetiva na relação entre pais e filhos além da obrigação legal de caráter material. Disponível em acesso em 25 de Julho de 2011.

45 43 4 GUARDA COMPARTILHADA COMO MEIO DE EVITAR A SAP E A POSIÇÃO DO JUDICIÁRIO 4.1 CONCEITO DE GUARDA COMPARTILHADA Antes de verificar como é possível a guarda compartilhada evitar a instauração da síndrome de alienação parental é importante abrir um pequeno parêntese para conceituá-la. Ressalte-se que aqui visamos utilizar este tipo de guarda antes mesmo da instauração. Primeiramente é imprescindível a conceituação da guarda por si só. Cabe apontar a origem etimológica da palavra guarda para Plácido e Silva, em seu Vocabulário Jurídico apud Telma Fraga, pg. 31: GUARDA. Derivado do antigo alemão warten (guarda, espera), de que proveio também o inglês warde (guarda), de que se formou o francês garde, pela substituição do w em g, é empregado em sentido genérico para exprimir proteção, observação, vigilância ou administração. 35 A guarda dos filhos é um dos atributos do poder familiar. Para Marcial Barreto Casabona, pode-se definir a guarda como conjunto de direitos e obrigações que se estabelece entre um menor e seu guardião, visando seu desenvolvimento pessoal e integração social. 36 Tais direitos e deveres não se limitam às prestações materiais ou à posse do menor. Significa assegurar a criação do infante em todos os sentidos, dando alicerces para a constituição do cidadão que o menor virá a ser. Quando os genitores são casados ou companheiros, exercem a guarda conjuntamente, decidindo em comunhão a respeito de todas as questões pertinentes aos filhos. Com a ruptura do matrimônio, união estável ou qualquer 35 PLÁCIDO E SILVA apud FRAGA. Thelma, A Guarda e o Direito à Visitação. Niterói: Impetus, 2005, página CASABONA, Marcial Barreto, Guarda Compartilhada. São Paulo: Quartier Latin, 2006,página 103

46 44 relacionamento que deu origem a prole, abre-se a discussão para análise de quem deverá obter a guarda. Todavia, menciona o Dr. Eduardo de Oliveira Leite, nos termos a seguir sobre a não ruptura da autoridade parental quando do término da relação entre os genitores: Duvida não há, de que os pais, os dois genitores permanecem titulares da autoridade parental em relação a seus filho e independente do rumo que tomar seu casamento. A ruptura do casal, não tem o condão de provocar a ruptura dos laços jurídicos e afetivos da filiação, que persistem imutáveis, independentemente dos acontecimentos. 37 Sendo os genitores, após a ruptura do relacionamento, capazes de visualizar o melhor interesse do menor, podem optar por primeiro existindo consenso se a forma que a guarda será exercida. Inexistindo consenso, cabe ao juiz estabelecer a forma da guarda, e quando for unilateral a quem esta compete. É neste sentido que dispõe o artigo 1584 do Código Civil. Refere-se o artigo supracitado à guarda compartilhada. Tal instituto, disposto nos artigos 1583 e 1584 do Código Civil, foi incluído pela Lei de 2008, sendo instituto recente e é conceituado pela parte final do parágrafo 1º do artigo 1.583, in verbis: Art A guarda será unilateral ou compartilhada. 1 o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art , 5 o ) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. Nesta modalidade incube aos genitores tomar decisões em conjunto a respeito de questões relevantes para o menor. 37 LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito Civil Aplicado, vol.5. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, página 167.

47 45 termos: Waldyr Grisard Filho define a guarda compartilhada nos seguintes É uma modalidade de guarda na qual ambos os genitores têm a responsabilidade legal sobre os filhos menores e compartilham, ao mesmo tempo e na mesma intensidade, todas as decisões importantes relativas a eles, embora vivam em lares separados. 38 Para Denise M. Perissini, a guarda compartilhada inibe que qualquer dos genitores se exima de suas responsabilidades e que um deles não possa exercer sua autoridade parental, garantindo a permanência da convivência entre pais e filhos. Este instituto pode ser estabelecido pelo juiz não havendo concordância entre os genitores, mas sua aplicação pode ser dificultada, em razão de que para a decisão conjunta dos interesses da prole deve existir diálogo entre os genitores. Faz-se necessário ter em mente o melhor interesse do menor, caso contrário a modalidade de guarda perde sua finalidade, que é manter a criança ou adolescente em convívio com ambos os pais e em ambiente harmônico. Pretende-se com esta modalidade promover maior convívio do menor com pai e mãe, não havendo mais lugar para o mero direito de visita com hora e local marcado ou para alternância de fins de semana. Os pais devem estabelecer a rotina do menor conforme sua idade, necessidades e atividades, visando a manutenção do afeto com ambos, promovendo a convivência familiar estabelecida tanto no artigo 229 da Constituição da República, quanto no artigo 19 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 38 GRISARD FILHO, Waldyr. A Guarda Compartilhada no Novo Código Civil. Disponível em acesso em 26 de julho de 2011

48 46 A residência do menor normalmente é fixa, e neste ponto cabe a diferenciação da guarda compartilhada com a guarda alternada. A guarda alternada para Denise M. Perissini é: Modalidade que possibilita aos pais passar a maior parte do tempo possível com seus filhos. Caracteriza-se pelo exercício da guarda alternadamente, segundo um período de tempo predeterminado (...) ou mesmo uma repartição organizada dia a dia. 39 Ainda esclarece a autora que neste período de tempo em que a criança está com um dos genitores, este exerce sua guarda exclusivamente. O instituto da guarda alternada recebe severas críticas. Bonfim (2005) aponta como prejudiciais a inconstância de moradia, a possibilidade de dificuldade em definição de valores morais, éticos, religiosos entre outros, bem como a possibilidade de causar danos à saúde e higidez psíquica do menor, trazendo confusão de referenciais relevantes no inicio de sua formação. 40 Na guarda compartilhada esta alternância temporal de moradia do menor não é requisito, podendo ocorrer desde que acertado pelos genitores se verificado que é o melhor para a criança ou adolescente. Nesta modalidade fala-se frequentemente de guarda física e guarda jurídica. Esta se refere ao convívio com a prole com aquele genitor que efetivamente mora com menor. O que constantemente é compartilhada neste instituto é a guarda jurídica, que se refere às decisões relevantes quanto à criação dos filhos. Há duas correntes a respeito da guarda compartilhada, sendo que uma a critica enquanto outra a defende. Basicamente as críticas em relação a esta modalidade de guarda consistem na necessidade de possibilidade de diálogo entre os genitores e ausência de animosidade entre ambos, o que dificilmente 39 PERISSINI, Denise Maria, Op. Cit., página BONFIM, Paulo Andreatto, Guarda compartilhada X guarda alternada. Disponível em acesso em 26 de julho de 2011.

49 47 ocorre em razão do sentimento de perda e de luto após o rompimento da sociedade conjugal ou união estável. Neste sentido: Não há como conceber a guarda compartilhada em ambiente de hostilidade e de intolerância, como sói acontecer nos casos de dissenso intransponível entre os pais no que tange às questões afetas ao filho. Mesmo porque, neste caso, a guarda compartilhada não seria solução fundada no melhor e superior interesse do filho, senão que seria determinada no melhor interesse e conveniência dos próprios pais. Proposta egoísta, sem a menor consideração às necessidades e bem-estar do filho. Verdadeira solução salomônica: dividir o filho entre si, um pouco para cada um, para que ninguém perca, ninguém ganhe. 41 Contudo, havendo diálogo e real prevalência do melhor interesse do menor, a guarda compartilhada recebe grande destaque. A modalidade visa a abertura do convívio entre ambos os genitores, e a opinião de ambos nos assuntos referentes à escola, educação, saúde e demais interesses. que envolvam o menor. Grisard Filho apud Douglas Phillips Freitas, pg. 86/87, ressalta os pontos positivos da guarda compartilhada: Este modelo, priorizando o melhor interesse dos filhos e a igualdade dos gêneros no exercício da parentalidade, é uma resposta mais eficaz à continuidade das relações da criança com seus dois pais na família dissociada, semelhantemente a uma família intacta. É o chamamento dos pais que vivem separados para exercerem conjuntamente a autoridade parental, como faziam na constância da união conjugal, ou de fato. 42 Com o aumento do convívio do menor com ambos os genitores, a guarda compartilhada acaba por inibir a Síndrome de Alienação Parental, pois os filhos acabam não se deixando influenciar pelo que um dos genitores fala ou pela implantação de falsas verdades, afinal conhece e sabe como seu pai ou 41 COMEL, Denise Damo. Guarda Compartilhada não é a decisão salomônica, Disponível em acesso em 26 de julho de GRISARD FILHO, Waldyr apud FREITAS, Douglas Phillips, Op. Cit., página 86/87.

50 48 mãe realmente é e o trata. Este assunto será abordado com mais profundidade em tópico seguinte. 4.2 A GUARDA COMPARTILHADA COMO FORMA DE EVITAR A SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL Em razão do fato de ambos os genitores terem em relação ao filho direito a convivência e não a mera visitação para manutenção dos vínculos de afeto verifica-se na guarda compartilhada um meio para evitar que a SAP venha sequer a acontecer. A Lei de Agosto de 2010, em seu artigo 7º estabelece que a guarda unilateral será atribuída ao genitor que viabilize a convivência com o outro quando não possível a guarda compartilhada. Da leitura do referido artigo é possível verificar duas situações. A primeira é que não se menciona direito de visita, pois o pai em relação a sua prole tem direito a convivência com este e não a mera visitação com data e hora marcada. A convivência diferentemente da visitação, não pode nem deve ser impedida com intuito de promover a Alienação Parental. A segunda é a preferência pela guarda compartilhada, sendo que a guarda unilateral somente será atribuída quando aquela não puder ser mantida em razão da falta de diálogo e maturidade dos genitores. Não poderia ser de outra forma, pois a Constituição Federal estabelece a igualdade parental bem como prima pelo direito da criança ao convívio familiar. Neste sentido também são as disposições do ECA. Waldyr Grisard Filho menciona: A redistribuição dos papeis na comunidade familiar, como exigência da evolução dos costumes nas sociedades modernas, decretou a

51 49 improbidade da guarda exclusiva, impondo reconsideração dos parâmetros vigentes, que não reservam espaço à atual igualdade parental. 43 Cumpre salientar que em razão da abertura do convívio do menor com ambos os genitores fica prejudicada a instauração da Síndrome de Alienação Parental. É este o pensamento que se extrai da leitura do seguinte termo da obra de Douglas Phillips Freitas: Com a convivência em vez de visita, certamente será evitada a mazela da síndrome de alienação parental, principalmente na guarda unilateral, pois o genitor não guardião, em vez de ser limitado há certos dias, horários ou situações, possuirá livre acesso ou, no mínimo, maior contato com a prole. A própria mudança da nomenclatura produz um substrato moral de maior legitimação que era aquele de visitante. O não guardião passa a ser convivente com o filho. 44 No mesmo sentido, Carla Alonso Barreiro coloca em seu artigo Guarda Compartilhada: um caminho para inibir a alienação parental : Filho precisa de pai e mãe para estruturar a sua personalidade dignamente e a guarda compartilhada é o mecanismo mais eficaz para inibir a alienação parental no seio de um núcleo familiar, quando da ocorrência da ruptura conjugal, com má elaboração da nova situação por parte de um dos cônjuges / conviventes. Desta forma, a possibilidade de convívio com o filho para os pais separados, deixará de ser arma de vingança, pois ambos terão igualdade de contato e vivência, com a aplicação da guarda compartilhada, fato que impedirá que o acesso ao filho seja moeda de troca ou de desforra. 45 Da leitura destes trechos, extrai-se que a guarda compartilhada, pela amplitude de convivência que gera com o genitor alienado, é a melhor solução tanto para evitar que a SAP ocorra bem como quando esta já está instaurada. 43 GRISARD FILHO, Waldyr. Guarda Compartilhada: um novo modelo de responsabilidade parental. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, página FREITAS, Douglas Phillips, Op. Cit., página BARREIRO, Carlo Alonso. Guarda Compartilhada: Um Caminho para Inibir a Alienação Parental. Disponível em acesso em 26 de julho de 2011

52 50 Quando a Síndrome é presente, a guarda compartilhada inibe a SAP de suas maneiras, sendo a primeira pela convivência do menor com o genitor alienado, podendo formular novamente sua opinião a respeito do caráter deste sem interferência do alienante, e a segunda em virtude de a guarda compartilhada dizer respeito também à divisão de responsabilidades e da possibilidade do acompanhamento do genitor da relação do alienante com o menor. Contudo, cabe ressaltar que há situações em que a guarda compartilhada não é suficiente para reverter a SAP e que nestes casos são necessárias medidas extremas como, por exemplo, a inversão da guarda ou suspensão da autoridade parental. Deve o magistrado ter a sensibilidade para a sua aplicação, pois o afastamento da prole tanto em relação à mãe quanto ao pai é prejudicial, pois o menor necessita do afeto e do convívio de ambos. Atribuindo a criação da criança ou do adolescente para ambos os genitores, a responsabilidade também é distribuída, não cabendo apenas a mãe o convívio, e ao pai a prestação pecuniária, por exemplo, criando-se verdadeiramente laços de afeto, dificultando a manipulação da criança por parte de um dos genitores ou de terceiros para difamar e até acusar falsamente seu pai ou mãe. 4.3 JURISPRUDÊNCIAS Após a conceituação da Síndrome de Alienação Parental, verificação de seus sintomas e conseqüências, maneiras para sua inibição através da guarda compartilhada dentre outros pontos importantes, é necessário é analisar como ela ocorre na prática e como os magistrados tem decidido nestas situações.

53 51 Verifica-se que são situações em que a Síndrome de Alienação parental estava fortemente presente, e que por este motivo e que as medidas adotadas relevaram o grau de instauração. Em autos de Separação Judicial ajuizada no Foro Regional de Campina Grande do Sul da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, a juíza de primeira instância entendeu pela reversão da guarda, pois verificou a presença de Alienação Parental. A autora interpôs Agravo de Instrumento, sob nº , do qual se extrai a seguinte ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL LITIGIOSA DECISÃO QUE REVERTEU A GUARDA DOS FILHOS MENORES PARA O GENITOR COMPORTAMENTO INADEQUADO DA GENITORA EM PREJUÍZO DOS MENORES IMPEDIMENTO AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE VISITAÇÃO PATERNA INTENÇÃO DA MÃE E DE SEUS FAMILIARES DE IMPEDIR A CRIAÇÃO DE VÍNCULO AFETIVO DOS FILHOS COM O PAI INOBSERVÂNCIA DOS DEVERES INERENTES À GUARDA PELA GENITORA REITERADO DESCUMPRIMENTO DE ORDENS JUDICIAIS PARA PERMISSÃO DAS VISITAS PATERNAS OPOSIÇÃO DE OBSTÁCULOS À ATUAÇÃO DO CONSELHO TUTELAR E ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO DOS MENORES ALIENAÇÃO PARENTAL CONFIGURADA INEFICÁCIA DAS MEDIDAS APLICADAS PELO JUÍZO NECESSIDADE DE ALTERAÇÃO DA GUARDA PRESERVAÇÃO DOS INTERESSES DOS MENORES DECISÃO MANTIDA RECURSO DESPROVIDO. Neste caso foi relator o Exmo. Des. Clayton Camargo e embora se tenha optado pela reversão total da guarda, a alienante já havia sido advertida e demais medidas foram tomadas para tentar inibir suas atitudes. No mesmo sentido foi o acórdão de Agravo de Instrumento sob nº , interposto em Ação de Execução de Sentença ajuizada no Foro Central da Comarca da região metropolitana de Curitiba e distribuída para a 4ª Vara de família: CÍVEL. FAMÍLIA. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE SENTENÇA. REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS. DECISÃO A QUO, INAUDITA ALTERA PARTE, QUE REVERTEU A GUARDA PROVISÓRIA DO

54 52 INFANTE A GENITORA. PRONUNCIAMENTO QUE PRESCINDIU DE FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA A AUTORIZAR A MODIFICAÇÃO DA GUARDA. DISPUTA ENTRE GENITORES. PRETENSÃO PATERNA DE REAVER A GUARDA PROVISÓRIA DO FILHO COM O ESCOPO DE ASSEGURAR-LHE O DIREITO DE CONVIVÊNCIA FAMILIAR (CF, ART. 227 E CC, Art , INCISOS I e II). RESISTÊNCIA MATERNA. ALIENAÇÃO PARENTAL. INFLUÊNCIA E MANIPULAÇÃO PSICOLÓGICA DA MÃE. IMPLANTAÇÃO NO PSIQUISMO DA CRIANÇA DE SENTIMENTOS NEGATIVOS DE AVERSÃO E REJEIÇÃO EM RELAÇÃO A FIGURA PATERNA. INSEGURANÇA E SOFRIMENTO EMOCIONAL IMPOSTOS AO INFANTE COM RISCOS AO DESENVOLVIMENTO AFETIVO-EMOCIONAL DA CRIANÇA. OBSERVÂNCIA DAS DIRETRIZES DOS ARTIGOS 28, 1º E 161, 2º, DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. OITIVA DA CRIANÇA. MANIFESTAÇÃO DE VONTADE NÃO-ISENTA E LIVRE. MANUTENÇÃO DA GUARDA EXCLUSIVA PROVISÓRIA AO PAI. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA - ART. 3º DA CONVENÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA, ART , CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL E PRINCÍPIO DA DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL - ARTS. 1º E 6º DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. DIREITO DE VISITA ASSEGURADO À MÃE. DECISÃO REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. No Estado de São Paulo, verifica-se que as decisões têm tomado o mesmo rumo quando da verificação da Síndrome de Alienação Parental: Guarda. Fixação em favor do pai. Regulamentação das visitas maternas. Advertências quanto à possível instalação da Síndrome da Alienação Parental. Sentença mantida. Recurso improvido, com observação. Esta decisão se refere à Apelação sob nº /1, distribuída a 8ª Câmara de Direito Privado, e interposta em Ação de Regulamentação de Guarda, ajuizada na Comarca de Rio Claro. O Exmo. desembargador relator, Caetano Lagrasta, no conteúdo do voto informa que há ódio por parte da genitora em relação ao genitor, mas que este demonstra verdadeiro cuidado quando a prole está sob sua guarda. Por este motivo reverte a guarda, restando à possível alienante o direito de visita, acompanhado por assistente social nos primeiros três meses.

55 53 Destas decisões verifica-se que comumente a guarda tem sido revertida visando retomar o convívio do menor com o alienado. Também é possível verificar que as reversões apenas ocorrem após a advertência da alienante de sua conduta. Possível verificar este entendimento também em decisões do TJ do Rio de Janeiro, conforme se extrai do enunciado abaixo: APELAÇÃO CÍVEL. CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO DE GUARDA. ALEGAÇÃO DE PRÁTICA DE ALIENAÇÃO PARENTAL POR PARTE DO GENITOR. ESTUDOS SOCIAL E PSICOLÓGICO INDICANDO A EXISTÊNCIA DE SEQÜESTRO PSICOLÓGICO PELO PAI SOBRE OS FILHOS MENORES, ATRAVÉS DO ATAQUE E AFASTAMENTIO DA IMAGEM MATERNA. ELEMENTOS DE CONVICÇÃO DOS AUTOS QUE INDICIAM A CONFUSÂO EMOCIONAL PAULATINA DA MADRASTA COM A FIGURA DA GENITORA PERANTE OS MENORES. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. DEFERIMENTO DA GUARDA À GENITORA COM VISITAÇÃO REGULAMENTADA PARA O PAI. MANUTENÇÃO DO JULGADO. IMPROVIMENTO AO APELO. Tal enunciado se refere à ação que tramita em segredo de justiça e se refere ao recurso de Apelação sob nº , do qual foi relator o exmo. Des. Mario Robert Mannheimer da décima sexta câmara cível. Interessante neste caso a figura do genitor como alienante e da genitora como alienada. Frequentemente é o inverso que ocorre, mas em verdade a SAP, como anteriormente citado pode ter como figuras de alienadores pais, mães, outros parentes e até terceiros que tenha relação afetiva com o menor. Já em Apelação Cível sob nº /001(1), interposta em ação de regulamentação de Visitas ajuizada na comarca de Uberaba, Minas Gerais, a Exma. Desembargadora Relatora Sandra Fonseca optou por manter a guarda com a genitora, mas alargar o direito de visitas do pai: EMENTA: AÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS - PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA - AVERSÃO

56 54 DO MENOR À FIGURA DO PAI - INDÍCIOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL - NECESSIDADE DE CONVIVÊNCIA COM A FIGURA PATERNA - ASSEGURADO O DIREITO DE VISITAS, INICIALMENTE ACOMPANHADAS POR PSICÓLOGOS - REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA. Neste caso a Síndrome de Alienação Parental foi instaurada e o menor possui aversão a figura paterna. Por este motivo a desembargadora não preferiu pela reversão da guarda, mas ampliação do direito de visitas. Justifica a magistrada esta posição nos seguintes termos: Não há como se impor ao menor o afeto e amor pelo pai, mas é necessário o estabelecimento da convivência, mesmo que de forma esporádica, para que a distância entre ambos diminua e atenue essa aversão de forma gradativa. No Rio Grande do Sul, em Agravo de instrumento sob nº , interposto em Ação Cautelar com Pedido Liminar de Revogação do Direito de Visitas, ajuizada na comarca de Caxias do Sul, verifica-se decisão provendo o recurso do agravante, genitor alienado, para que as visitas sejam mantidas. Ocorre que neste caso havia falsas alegações de maus tratos, entretanto a SAP não estava instaurada pois os menores mantinham vínculo afetivo com seu genitor: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CAUTELAR COM PEDIDO LIMINAR DE CANCELAMENTO/ REVOGAÇÃO DO DIREITO DE VISITAS. LAUDO PASICOLÓGICO INDICANDO A MANUTENÇÃO DE VISITAS. Não sendo constatado, através laudos de avaliação social e psicológica, indicativos seguros de que o genitor seja o autor dos abusos praticados contra os filhos duas crianças de 06 e 04 anos de idade, assim como os elementos técnicos apurados demonstram a existência de vínculos fortalecidos entre pai e filhos, evidenciado ainda o desencadeamento de alienação parental por parte da genitora, tais circunstâncias ensejam a manutenção das visitas paternas deferidas na origem, enquanto se desenvolve a instrução processual, com a qual se aguarda elementos seguros para decisão da ação. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO.

57 55 Interessante é a decisão proferida pelo TJ de Goiás, de Agravo de Instrumento sob número /180, interposto em Ação de Regulamentação de Visitas, ajuizada na Comarca de Goiânia, sem o desembargador relator o Exmo. Dr. Wilson de Oliveira: AGRAVO DE INSTRUMENTO. REGULAMENTACAO DE VISITAS. SUSPEITAS DE ABUSO SEXUAL PRATICADAS PELO PAI CONTRA A FILHA. ALIENACAO PARENTAL. NECESSIDADE DE PERICIA PSICOSSOCIAL. CERCEAMENTO DE DEFESA CONFIGURADO. DIANTE DAS CIRCUNSTANCIAS DO CASO CONCRETO, ESPECIFICAMENTE PELA PRATICA DE ABUSO SEXUAL IMPUTADA AO PAI DA CRIANCA E, POR OUTRO LADO, PELA EXISTENCIA DE INDICIOS DE ALIENACAO PARENTAL POR PARTE DA MAE, REVELA-SE IMPRESCINDIVEL A REALIZACAO DE PERICIA PSICOSSOCIAL PARA ELUCIDAR A QUESTAO, ANTES DA DECISAO FINAL SOBRE A REGULAMENTACAO DAS VISITAS, SOB PENA DE CONFIGURAR-SE O CERCEAMENTO DE DEFESA. Neste acórdão, mediante a incerteza tanto da presença da Síndrome de Alienação Parental, como da possibilidade de abuso por parte do genitor, optou o magistrado por realização de perícia multidisciplinar, conforme dispõe a Lei da Alienação Parental, para melhor apuração dos fatos. É possível observar que as medidas para inibir ou mitigar a Síndrome de Alienação Parental variam de acordo com seu grau de instauração, podendo variar da apuração mediante a perícia multidisciplinar tanto do possível abuso como da possibilidade de instauração do distúrbio, passando pela regulamentação de visitas até a reversão total da guarda. Todavia, poucos são os casos em que a guarda compartilhada é utilizada, pois esta possui um mecanismo de prevenção da Síndrome, sendo que quando esta já existe, não é possível impor ao menor o afeto com o genitor alienado, e a convivência e o afeto entre ambos deve ser restabelecido de forma calma e paciente para que não acarrete mais seqüelas ao menor.

58 O PAPEL DO JUDICIÁRIO EM RELAÇÃO A SAP Diante destas considerações, cabe analisar o papel do poder judiciário quando da verificação da ocorrência da Síndrome de Alienação Parental. Devido ao grau de dificuldade para apurar se a síndrome está sendo instaurada, verificando o magistrado ou demais operadores do direito envolvidos no processo, bem como assistentes sociais e psicólogos, a possibilidade de a acusação de abuso, do novo pedido de regulamentação de visitas, ou até a cessação do direito de visitas sem motivo serem infundadas, cabe o pedido de perícia multidisciplinar. Parental: Esta possibilidade está elencada no artigo 5º da Lei de Alienação Art. 5 o Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou biopsicossocial. Para Douglas Phillips Freitas, em virtude da estrutura atual do Poder judiciário, por vezes os verdadeiros anseios e sentimentos das partes perdem o significado, pois o magistrado se vê tolhido da realidade fática. 46 Desta idéia se extrai que os auxiliares influem diretamente no convencimento do magistrado, pois estão mais próximos das partes. Ainda, o referido autor menciona a importância da perícia: Os peritos multidisciplinares, no momento da averiguação dos fatos, trazem ao processo uma amostra documentada da realidade 46 FREITAS, Douglas Phillips, Op. Cit., página 71.

59 57 mediante seus conhecimentos técnicos especializados, pois eles participaram in locu daquilo que o magistrado não pode vislumbrar. 47 Concluída a perícia, cabe ao juiz, com base no laudo pericial e demais provas produzidas no processo e verificando a presença da SAP tomar as medidas cabíveis, preservando sempre o melhor interesse do menor. Contudo, em razão de a lei da guarda compartilhada ser recente e de a guarda unilateral ser freqüente em virtude dos parâmetros culturais do pais, esta é raramente aplicada, mas deve ser vista como nova saída quando da ocorrência do distúrbio. Neste sentido: Quem dera a Lei da Guarda Compartilhada fosse aplicada com tanto rigor, (...). Certamente, reduziria os conflitos nas relações entre pais separados e seus filhos. 48 A Síndrome de Alienação Parental é assunto em voga em virtude de sua Lei recentemente promulgada, entretanto sua ocorrência é anterior e não rara. Mesmo que inconscientemente pode vir a acontecer de influenciar um menor contra um de seus genitores. Por este motivo os operadores de direito devem, além de no caso concreto verificar a SAP e punir conforme a situações, divulgar informações a respeito da síndrome e as punições cabíveis aos alienantes. Desta maneira pode-se coibir a eventual campanha de difamação, além de levar aos possíveis genitores alienados formas de procurar auxílio. 47 Idem Ibdem página SILVA, Denise Maria Perissini, Op. Cit., página 88.

60 58 Ainda, deve-se sempre primar pelo melhor interesse do menor, bem como observar a doutrina da proteção integral, pois mesmo que o alienante esteja ferindo o direito daquele de convivência familiar, principalmente se o alienador for um dos genitores, retirar o convívio da criança ou do adolescente para com este também é ferir este direito. Daí o delicado papel dos atuantes de litígios envolvendo a Síndrome de Alienação Parental para tentar inibir a conduta do alienante, sem ferir o que melhor atende ao infante.

61 59 5 CONCLUSÃO Diante destas considerações é possível verificar a evolução histórica da família, iniciando desde o direito romano, em que família era considerada como aquela formada por todos que viviam sobre o mesmo teto, incluindo escravos, por exemplo, que estavam sob o pátrio poder, passando pela família medieval formada com a instituição do casamento que tinha predominante relevância religiosa, conceito este que mudou durante a Idade Moderna na qual o casamento perde o vínculo religioso e passa a ser visto como contrato, e culminando no conceito de entidade familiar, trazido ao ordenamento jurídico pátrio pelo artigo 226 da Constituição Federal, levando em consideração a liberdade de cada indivíduo de se relacionar com quem e da forma que melhor entender, se referindo as entidades familiares monoparentais, homoafetivas, reconstituídas dentre outras. Em seguida analisou-se como a entidade familiar pode se transformar com o fim de uma relação conjugal ou união estável e como esta pode acarretar em litígios que versam sobre disputa de guarda dos menores e que nesta situação a doutrina da proteção integral e o melhor interesse do menor deve sempre ser prioridade. Conforme visto, o sentimento de perda derivado dos rompimentos de uniões estáveis e casamentos pode acarretar na Síndrome de Alienação Parental, caracterizada pela campanha de desmoralização de um ou ambos os genitores que findam no afastamento do menor em relação ao alienado, por vontade própria do menor, ou seja, a Síndrome gera na criança ou adolescente rejeição em relação ao seu pai ou mãe. Verificou-se ainda que a SAP não se confunde com a Alienação Parental. A segunda é o mero ato do alienante de difamar o genitor alienado enquanto a

62 60 primeira aborda além da própria alienação, também os aspectos psicológicos e reflexos gerados no menor. Na síndrome o infante possui o afastamento espontâneo em relação ao genitor alienado, ainda que de forma sutil. Analisaram-se também as primeiras manifestações da Síndrome de Alienação Parental para que seja possível identificá-la, bem como quais seus graus de extensão e suas conseqüências, tanto para o menor como para o genitor alienado. Deve-se ter cautela ao tratar da SAP, pois normalmente há falsas alegações de abuso sexual ou maus tratos, e aos que tem contato diário com a síndrome é necessária sensibilidade para saber diferenciar a falsa alegação da verdadeira. Conforme abordado, aqui tem papel essencial a equipe multidisciplinar no decorrer do processo, para averiguar a veracidade dos fatos, não utilizando da SAP como uma maneira de proteger os que abusam e agridem aos menores. Após foram tecidos comentários a cerca da Lei de Agosto de 2010, que trata da Alienação Parental, considerando como esta é conceituada, o papel da equipe multidisciplinar e quais as conseqüências jurídicas que tal atitude pode trazer ao alienante. A referida lei trata acertadamente a respeito das possíveis sanções ao alienante, que devem ser utilizadas de acordo com o grau de instauração da síndrome. Abordou-se em seguida o conceito de guarda, demonstrando que esta trata do dever de cuidado em relação ao menor e não na sua posse, idéia esta gerada pela banalização do instituto. Ainda verificou-se a guarda compartilhada como meio de prevenir a ocorrência da alienação parental, pois gera a convivência do menor com ambos os seus genitores, sendo menos influenciado em relação ao caráter de algum deles, pois é capaz de ter suas próprias opiniões, diminuindo a ocorrência de manipulação. Ainda evita a alienação parental porque além da convivência, os

63 61 genitores possuem também a possibilidade de supervisionar a relação de seus filhos com os outros, podendo intervir quando necessário. Por fim, foram demonstradas algumas jurisprudências de diferentes regiões, visando trazer quais as medidas normalmente adotadas pelos magistrados. Em grande parte se verificou que a Síndrome de Alienação Parental não estava em grau inicial, sendo preciso a adoção de medidas como inversão da guarda para cessar a síndrome. Cabe a todos os familiares bem como magistrados, advogados, agentes do Ministério Público, bem como psicólogos e assistentes, atentar para evitar ou mitigar possíveis sequelas ao genitor alienado e principalmente ao menor, buscando averiguar quaisquer indícios de falsas acusações de abusos sexuais e maus tratos. Devem ser aplicadas as punições cabíveis ao alienante, visto que seu comportamento é extremamente prejudicial ao menor e ao genitor alienado, uma vez que afasta os laços de afeto e o convívio entre ambos, infringindo direito fundamental do menor de convivência familiar, estabelecido pela Constituição da República e pelo ECA. Deve também ser observada a guarda compartilhada primeiramente como maneira de evitar a Síndrome de Alienação Parental, visto que permite ao menor, ainda que seus pais não mais tenham vínculo conjugal o convívio com ambos e quando esta é existente, como maneira de minorar seus efeitos, mas havendo necessidade o afastamento do menor com o genitor, se este for o alienante, deve ser considerado, levando em consideração sempre a condição especial do menor de cidadão em desenvolvimento bem como o que melhor atende às suas necessidades.

64 62 REFERÊNCIAS: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, promulgada em 05 de outubro de 1988;. Lei n de 06 de agosto de Lei que dispõe sobre Alienação Parental;. Lei n de 13 de julho de Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei n de 10 de janeiro de Código Civil. Decreto - Lei n de 07 de setembro de Código Penal ALMEIDA JR., Jesualdo. Comentários à Lei de Alienação Parental, Lei de 26 de Agosto de Disponível em: acesso em: 23 de Julho de APASE. Síndrome de Alienação Parental e a Tirania do Guardião, Aspectos Psicológicos, Sociais e Jurídicos. Porto Alegre: Equilíbrio, BARREIRO, Carlo Alonso. Guarda Compartilhada: Um Caminho para Inibir a Alienação Parental. Disponível em acesso em 26 de julho de BITTAR, Carlos Alberto, O Direito de Família e a Constituição de São Paulo: Saraiva, BONFIM, Paulo Andreatto. Guarda compartilhada X guarda alternada. Disponível em acesso em 26 de julho de CALÇADA, Andrea. Falsas acusações de Abuso Sexual o outro lado da história. Disponível em acesso em 25 de Julho de CALDERAN, Thanabi Bellenzier; DILL, Michele Amaral. O papel dos pais no desenvolvimento dos filhos e a responsabilidade civil por abandono. Disponível em acesso em 25 de Julho de CASABONA, Marcial Barreto. Guarda Compartilhada. São Paulo: Quartier Latin, 2006.

65 63 CARBONERA, Silvana Maria. Guarda de Filhos na Família Constitucionalizada. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, COMEL, Denise Damo. Guarda Compartilhada não é a decisão salomônica. Disponível em acesso em 26 de julho de CORREIA, Eveline de Castro. Análise dos Meios Punitivos da Nova Lei de Alienação Parental. Disponível em acesso em 25 de Julho de COSTA, Ana Surany Martins. Quero te amar, mas não devo: A Síndrome de Alienação Parental como elemento fomentador das famílias compostas por crianças órfãs de pais vivos. Disponível em acesso em 23 de Julho de CUENCA, José Manuel Aguilar. Síndrome de alienação parental. Portugal: Almuzara, DA COSTA, Antonio Carlos Gomes. Os Regimes de Atendimento no Estatuto da Criança e do Adolescente Perspectivas e Desafios. Brasília: Secretaria Especial de Direitos Humanos, DIAS, Maria Berenice. Alienação parental: uma nova lei para um velho problema! Disponível em acesso em 21/07/2011. DIAS, Maria Berenice; PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito de Família e Novo Código Civil. 3. ed. Belo horizonte: Del Rey, DIAS, Maria Berenice. Falsas Memórias. Disponível em acesso em 25 de Julho de DIAS, Maria Berenice. Incesto e Alienação Parental, Realidades que a Justiça Insiste em não ver. São Paulo: Revista dos Tribunais, DIAS, Maria Berenice. Síndrome da alienação parental, o que é isso? Disponível em: acesso em 21 de Julho de DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, Direito de Família. 23. ed. São Paulo: Saraiva, DUARTE, Marcos. Alienação Parental: A morte inventada por mentes perigosas. Disponível em acesso em 21/07/2011.

66 64 DUARTE, Marcos. Alienação Parental, Comentários Iniciais à Lei /2010. Disponível em acesso em 23 de Julho de FERREIRA, Aurelio Buarque de Holanda. Dicionário de Língua Portuguesa, 5. ed. Curitiba: Positivo, FRAGA, Telma. A Guarda e o Direito à Visitação Sob o Prisma do Afeto. Niterói: Impetus, FREITAS, Douglas Phillips. Alienação Parental, Comentários à Lei /2010. Rio de Janeiro: Forense, GARDNER, Richard Alan. Differentiating Between Parental Alienation Syndrome And Bona-Fide Abuse Neglect. Disponível em Acesso em 21 de Julho de GARDNER, Richard Alan. O DSM-IV tem equivalente para o diagnóstico de Síndrome de Alienação Parental (SAP)? Disponível em Gardner, acesso em 21 de Julho de GARDNER, Richard Alan. Parental Alienation Syndrome VS. Parental Alienation: Witch Diagnosis Should Evaluators Use in Child-Custody Disputes? Disponível em acesso em 21 de Julho de GARDNER, Richard Alan. Recent trends in divorce and custody litigation. Disponível em acesso em 21 de Julho de GOMES, Orlando, Direito de Família. 11 ed. Rio de Janeiro: Forense, GRISARD FILHO, Waldyr. A Guarda Compartilhada no Novo Código Civil. Disponível em acesso em 26 de julho de GRISARD FILHO, Waldyr. Guarda Compartilhada: um novo modelo de responsabilidade parental. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novais. Os contornos jurídicos da responsabilidade afetiva na relação entre pais e filhos além da obrigação legal de caráter material. Disponível em acesso em 25 de Julho de LEITE, Eduardo de Oliveira. Famílias Monoparentais. 2 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, LEITE, Eduardo de Oliveira. Direito Civil Aplicado, vol. 5. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.

67 65 LOWENSTEIN, Ludwig Fred. Problems Suffered by Children due to the effects of Parental Alienation Syndrome. Disponível em acesso em 25 de Julho de 2011 LOWENSTEIN, Ludwig Fred. Part III - Long Term Reaction As A Result of Parental Alienation. Disponível em acesso em 25 de Julho de NADU, Amílcar. Lei 12318/2010. Lei da Alienação Parental. Comentários e Quadros Comparativos Entre o Texto Primitivo do PL, os Substitutivos e a Redação Final da Lei /10. Disponível em /lei alienacao-parental.html&url_id=334104, acesso em 23 de Julho de PEREIRA, Tânia da Silva. O princípio do melhor interesse da criança: da teoria à prática. Disponível em acesso em 20 de Julho de PINHO, Marco Antônio Garcia. Alienação parental. Disponível em acesso em 23 de Julho de RIBEIRO, Marilia Lobão. A Psicologia Jurídica nos juízos que tratam do Direito de Família no Tribunal de Justiça do Distrito Federal. In: BRITO, Leila Maria Torraca. (org.). Temas de Psicologia Jurídica. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, SILVA, Denise Maria Perissini. Guarda Compartilhada e Síndrome de Alienação Parental, O que é isso? São Paulo: Autores Associados, ULLMANN Alexandra. Alienação Parental. Disponível em acesso em 23 de Julho de 2011.

68 ANEXOS 66

69 AGRAVO DE INSTRUMENTO N , FORO REGIONAL DE CAMPINA GRANDE DO SUL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA VARA ÚNICA. AGRAVANTE: J. F. D. A. T. AGRAVADO: P. S. T. RELATOR: DES. CLAYTON CAMARGO. AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL LITIGIOSA DECISÃO QUE REVERTEU A GUARDA DOS FILHOS MENORES PARA O GENITOR COMPORTAMENTO INADEQUADO DA GENITORA EM PREJUÍZO DOS MENORES IMPEDIMENTO AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE VISITAÇÃO PATERNA INTENÇÃO DA MÃE E DE SEUS FAMILIARES DE IMPEDIR A CRIAÇÃO DE VÍNCULO AFETIVO DOS FILHOS COM O PAI INOBSERVÂNCIA DOS DEVERES INERENTES À GUARDA PELA GENITORA REITERADO DESCUMPRIMENTO DE ORDENS JUDICIAIS PARA PERMISSÃO DAS VISITAS PATERNAS OPOSIÇÃO DE OBSTÁCULOS À ATUAÇÃO DO CONSELHO TUTELAR E ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO DOS MENORES ALIENAÇÃO PARENTAL CONFIGURADA INEFICÁCIA DAS MEDIDAS APLICADAS PELO JUÍZO NECESSIDADE DE ALTERAÇÃO DA GUARDA PRESERVAÇÃO DOS INTERESSES DOS MENORES DECISÃO MANTIDA RECURSO DESPROVIDO- VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº , do Foro Regional de Campina Grande do Sul da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba Vara Única, em que é Agravante J. F. D. A. T. e Agravado P. S. T. 1. Trata-se de Agravo de Instrumento com pedido liminar interposto por J. F. D. A. T. contra a respeitável decisão (fls. 40/42 E 43 TJ) proferida pela meritíssima Juíza da Vara Única do Foro Regional de Campina Grande do Sul da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba que, nos autos de Ação de Separação Judicial Litigiosa sob nº 965/2007 movida em face de P. S. T., ora Agravado, reverteu a guarda dos menores A. e D., com busca e apreensão, e entrega para o genitor. Inconformada, a Agravante sustenta que menores vivem em companhia da genitora desde o nascimento e que a reversão da guarda determinada pelo Juízo de primeiro grau pode causar prejuízo irreparável aos menores, os quais serão bruscamente afastados de toda a família e amigos. Alega que não houve ocultação dos menores em detrimento da visitação paterna, nem qualquer tipo de manipulação para criar distanciamento entre os menores e o genitor. Afirma que não existe alienação parental com o objetivo de impedir o convívio e a aproximação do genitor com os menores e que ao afastamento do Agravado em relação aos filhos decorre de suas próprias atitudes, não havendo qualquer óbice criado pela genitora para impedir o contato do pai com os menores. Aduz, por fim, que não há provas de que o Agravado tem condições para manter a guarda dos filhos. Pugna pelo provimento do recurso, a fim de que seja reformada a decisão recorrida e mantida a guarda dos menores A. e D. com a genitora, ora Agravante. O recurso foi recebido por despacho proferido por este Desembargador Relator que concedeu o efeito suspensivo pleiteado, mantendo a guarda dos menores A. e D. com a Agravante (fls. 78/79 TJ). O Juízo de primeiro grau prestou as informações solicitadas (fls. 85/88 TJ), mantendo a decisão agravada.

70 O Agravado apresentou contra-razões ao recurso (fls. 105/137 TJ), pugnando pela manutenção da decisão recorrida. A douta Procuradoria de Justiça emitiu parecer opinando pelo desprovimento do recurso (fls. 294/302 TJ). É o Relatório. 2. O recurso merece conhecimento. Foi tempestivamente interposto, além de conter os demais pressupostos de admissibilidade, estando dispensado o preparo nos termos da Lei nº 1060/50. A presente insurgência recursal se refere à decisão proferida pela meritíssima Juíza da Vara Única do Foro Regional de Campina Grande do Sul da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba que, nos autos de Ação de Separação Judicial Litigiosa sob nº 965/2007 movida por J. F. D. A. T., ora Agravante, em face de P. S. T., ora Agravado, reverteu a guarda dos menores A. e D. para o genitor. O Juízo de primeiro grau determinou a reversão da guarda dos menores A. e D. para o genitor, ora Agravado, em razão de óbices criados pela genitora, ora Agravante, na atuação do Conselho Tutelar e acompanhamento psicológico das crianças e por julgar caracterizada a existência de alienação parental em relação ao convívio dos menores com o pai. Cumpre salientar, de início, que deve ser abstraída qualquer situação conflituosa existente entre os genitores, impondo-se sempre priorizar o bem estar dos filhos menores. Na presente hipótese, embora tenha sido, inicialmente, concedido efeito suspensivo ao presente recurso para manter a guarda dos menores com a genitora, ora Agravante, melhor analisando os documentos encartados aos autos e a situação que envolve as partes, é possível aferir que a decisão proferida pelo Juízo de primeiro grau no sentido de reverter a guarda dos menores para o genitor está correta, tendo em vista o intuito da Agravante de impedir o contato dos filhos com o pai, o que não se pode admitir. Em que pesem as alegações expostas nas razões recursais, os elementos dos autos revelam a intenção da mãe de impedir a criação de vínculo afetivo entre os filhos menores e o pai, criando obstáculos para a convivência entre ambos, sendo tal fato devidamente demonstrado pelas provas produzidas e por informações prestadas pelos membros do Conselho Tutelar e psicólogos que acompanham o caso. A Lei nº /2010, que dispõe sobre a alienação parental, estabelece que: "Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: I realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no

71 exercício da paternidade ou maternidade; II dificultar o exercício da autoridade parental; III dificultar contato da criança ou adolescente com genitor; IV dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; V omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; VI apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; VII mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós." No caso dos autos, está evidente a intenção da mãe, ora Agravante, de colocar os filhos menores contra o pai, ora Agravado, no intuito de evitar a criação de vínculo afetivo entre eles, impedindo o exercício do direito de visitas pelo genitor e incutindo na memória dos menores a proibição de laços afetivos com o pai. Os relatórios elaborados pelos membros do Conselho Tutelar que vem acompanhando a situação que envolve as partes demonstram que a Agravante persiste no intento de impedir a convivência dos filhos com o pai e de colocar os menores contra o Agravado, opondo obstáculos à atuação da equipe técnica e ao acompanhamento psicológico dos menores, inclusive, desrespeitando os profissionais que atuaram no caso (fls. 187/188, 218/219, 224/225). Com efeito, conforme destacado na decisão recorrida e nas informações prestadas pelo Juízo de primeiro grau, foram diversas as tentativas de permitir o direito de visitas do pai aos filhos, todas frustradas por atitudes da genitora e de seus familiares, no sentido de impedir o contato paterno-filial, infringindo deliberadamente os deveres inerentes à guarda dos menores e a regulamentação judicial das visitas paternas. Observa-se, aliás, que a Agravante vem opondo obstáculos ao direito paterno de visitas desde meados de 2008 e ignorando as advertências do Juízo, tendo sido, inclusive, intimada (fl. 214 TJ) a não criar embaraços ao direito de visitas do pai, sob pena de alteração da guarda dos menores. No entanto, restaram ineficazes todas as medidas judiciais determinadas, persistindo a Agravante com suas condutas impeditivas ao convívio ou contato dos filhos com o pai. Sendo assim, resta caracterizada a ocorrência de alienação parental por parte da Agravante, tendo em vista a prática reiterada das condutas previstas na Lei nº /2010, visando insistentemente impedir a criação de vínculo afetivo dos filhos com o pai e manipulando os menores no intuito de afastá-los definitivamente da convivência paterna. Contudo, as manobras da genitora jamais poderão interferir no relacionamento dos filhos com o pai e a resistência oposta pela Agravante à aproximação dos filhos do genitor deve ser veementemente reprovada, sob pena de rejeição definitiva da referência paterna pelos menores e da impossibilidade de convívio com o genitor, em evidente prejuízo ao desenvolvimento da personalidade e à formação moral dos menores. A propósito, vale mencionar o entendimento manifestado pelo douto Procurador de Justiça em parecer emitido nos autos: "O impedimento pela agravante do convívio com o genitor ultrapassou o desrespeito do direito de visitas do pai. Já muito consiste em uma violência moral em face dos filhos, com evidente finalidade de extinguir os vínculos afetivos paternos, criando transtornos psicológicos inestimáveis.

72 A conduta de alienação parental tem conseqüências mais graves do que a ausência do pai, levando à compreensão distorcida de um péssima figura patena, que acaba repercutindo em prejuízo do desenvolvimento da personalidade dos infantes, principalmente no que tange ao pequeno DAVI, que não convive com o pai desde os 2 anos. (...) Diante do exposto, mostra-se indispensável a determinação de uma medida que efetivamente impeça a continuidade de tais abusos morais, sendo ineficaz qualquer outra que não seja a alteração da guarda. Ressalto que não se trata somente do direito de visita. Agora, não obstante se mostre drástica, a alteração da guarda em favor do pai se faz imprescindível, para que possibilite a retomada do vínculo afetivo paterno, prejudicado dolosamente pela agravante, garantindo a recuperação de um desenvolvimento saudável da personalidade dos menores em relação ao parâmetro paterno." (fls. 298 e 301 TJ) Diante disso, não resta outra opção senão a alteração da guarda dos menores em favor do pai, já que a mãe, mesmo após diversas advertências do Juízo, permanece na tentativa de impedir a convivência dos filhos com o pai, apresentando comportamento inadequado e interferindo de forma negativa no desenvolvimento dos filhos, o que somente vem em prejuízo dos menores. Além disso, não consta nos autos qualquer elemento que desabone a figura do pai, nem se vislumbra situação de risco ou motivo grave capaz de demonstrar que a guarda em favor do pai seja prejudicial aos interesses dos menores. Ao contrário, os elementos dos autos indicam que o Agravado detém todas as condições necessárias para exercer de forma adequada a guarda dos filhos, ao passo que as atitudes da Agravante influenciam negativamente o desenvolvimento psicológico dos menores. Assim, considerando a reiterada prática de condutas contrárias aos deveres inerentes à guarda e o descumprimento das determinações judiciais por parte da Agravante, está correto o posicionamento adotado pelo Juízo de primeiro grau, que reverteu a guarda dos filhos para o pai, ora Agravado, tendo em vista as "inúmeras as tentativas do juízo de assegurar o direito do requerido de visitar seus filhos, sempre encontrando óbice na atitude intransigente da autora e de seus familiares, em manifesto prejuízo dos menores" (fl. 243 TJ). Destarte, ante o comportamento inadequado apresentado pela Agravante que poderá acarretar confusão e prejuízo psíquico aos menores, restando suficientemente demonstrada a ocorrência de alienação parental, deve ser mantida a decisão recorrida, impondo-se negar provimento ao recurso. 3. Ex positis: ACORDAM os Desembargadores da 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Agravo de Instrumento. Presidiu o julgamento o senhor Desembargador RAFAEL AUGUSTO CASSETARI, com voto, e dele participou o senhor Desembargador COSTA BARROS. Curitiba, 10 de novembro de Des. CLAYTON CAMARGO Relator

73 AGRAVO DE INSTRUMENTO N.º , DE CURITIBA - 4ª VARA DE FAMÍLIA. AGRAVANTE: R. G.. AGRAVADA : C. H. P. RELATOR: DES. FERNANDO WOLFF BODZIAK CÍVEL. FAMÍLIA. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE SENTENÇA. REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS. DECISÃO A QUO, INAUDITA ALTERA PARTE, QUE REVERTEU A GUARDA PROVISÓRIA DO INFANTE A GENITORA. PRONUNCIAMENTO QUE PRESCINDIU DE FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA A AUTORIZAR A MODIFICAÇÃO DA GUARDA. DISPUTA ENTRE GENITORES. PRETENSÃO PATERNA DE REAVER A GUARDA PROVISÓRIA DO FILHO COM O ESCOPO DE ASSEGURAR-LHE O DIREITO DE CONVIVÊNCIA FAMILIAR (CF, ART. 227 E CC, Art , INCISOS I e II). RESISTÊNCIA MATERNA. ALIENAÇÃO PARENTAL. INFLUÊNCIA E MANIPULAÇÃO PSICOLÓGICA DA MÃE. IMPLANTAÇÃO NO PSIQUISMO DA CRIANÇA DE SENTIMENTOS NEGATIVOS DE AVERSÃO E REJEIÇÃO EM RELAÇÃO A FIGURA PATERNA. INSEGURANÇA E SOFRIMENTO EMOCIONAL IMPOSTOS AO INFANTE COM RISCOS AO DESENVOLVIMENTO AFETIVO- EMOCIONAL DA CRIANÇA. OBSERVÂNCIA DAS DIRETRIZES DOS ARTIGOS 28, 1º E 161, 2º, DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. OITIVA DA CRIANÇA. MANIFESTAÇÃO DE VONTADE NÃO-ISENTA E LIVRE. MANUTENÇÃO DA GUARDA EXCLUSIVA PROVISÓRIA AO PAI. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA - ART. 3º DA CONVENÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA, ART , CAPUT, DO CÓDIGO CIVIL E PRINCÍPIO DA DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL - ARTS. 1º E 6º DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. DIREITO DE VISITA ASSEGURADO À MÃE. DECISÃO REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº , de Curitiba - 4ª Vara de Família, em que é agravante R. G. e agravada C. H. P.. 1. Trata-se de agravo de instrumento interposto por R. G., em face de decisão proferida nos autos deação de execução de sentença sob nº. 2025/2003 (execução de sentença dos autos 2152/1999), que diante das razões apresentadas pela genitora e analisando a documentação trazida aos autos, determinou a reversão provisória da guarda do infante, inaudita altera parte, em favor da agravada/genitora, por entender necessário a intervenção judicial a fim de preservar o bem-estar da criança, que precisa de paz e tranqüilidade em sua rotina, a qual deve ser proporcionada por ambos os pais, aquele que detém a guarda, e aquele que exerce direito de visitas, nos seus respectivos momentos. Afirmou, ainda, que a tranqüilidade necessária é aquela traduzida em atitudes que priorizem os interesses do filho, lhe proporcionando um lar aconchegante e um ambiente favorável ao seu desenvolvimento. Outrossim, determinou a manifestação do genitor sobre a petição da genitora e os documentos, bem como a realização de estudo psicossocial (entrevista) junto às partes e ao infante, com entrega delaudo em 10 (dez) dias para sua liberação após tal cumprimento. Além de abrir vista às partes para manifestação, após o recebimento das respostas aos ofícios de fls. 1057/1058, pelo prazo sucessivo de10 (dez) dias. Alega o agravante, em síntese, que não houve observância pelo juízo singular ao contraditório; infringência à coisa julgada e ao princípio da fundamentação das

74 decisões judiciais; nulidade da decisão agravada, pois proferida com base em declarações totalmente inverídicas, reverteu a guarda da criança para a genitora, deixando de observar os princípios constitucionais e processuais aplicáveis ao caso, ignorando todas as provas produzidas nos autos e as atitudes da agravada. Por tais razões, requer a reforma da decisão agravada, com a concessão de efeito suspensivo ou a antecipação da tutela recursal, e o provimento do recurso, no sentido de afastar os efeitos do ato ilegal proferido pelo juízo a quo, mantendo-se a guarda do infante ao agravante, eis que se mostra a pessoa mais adequada e equilibrada para cuidá-lo. Efeito suspensivo concedido às fls. 1235/1237. Pela decisão de fls. 1323/1327, o pedido de reconsideração formulado pela agravada restou indeferido. A agravada apresentou contra-razões às fls /1510. A douta Procuradoria-Geral de Justiça, em parecer da lavra do Dr. Paulo Roberto Lima dos Santos (fls. 1338/1357), manifestou-se pelo conhecimento e provimento do agravo de instrumento. Vieram os autos a este Tribunal. É o relatório. VOTO. 2. Tratam os autos de ação de execução de sentença interposta por R. G. em face de C. H. P.. De início, cumpre assinalar que a questão da tempestividade da apresentação das contra-razões recursais restou regularmente analisada por ocasião da decisão de fls. 1514/1515. Quanto ao recurso, o agravante se insurge contra decisão interlocutória que deferiu o pedido dereversão da guarda provisória do infante para sua genitora, ora agravada. A matéria, em sua essência, consiste na possibilidade de o genitor reaver a guarda provisória do filho, envolvendo situação excepcional em que a guarda da criança foi conferida ao pai, ora agravante, como forma de propiciar o direito de convivência paterno-filial, em face da resistência materna em proporcionar o convívio do infante com seu genitor. No caso em exame, constata-se que os ora litigantes são genitores da criança Á. H. P. G., nascida em 10/07/1998, fruto da união estável estabelecida entre as partes. Com a ruptura da união estável no ano de 1999, o agravante/pai, desde o nascimento de seu filho, encontrou dificuldades para exercer o direito de visitas, porque a criança inicialmente permaneceu sob a guarda provisória materna, tendo adotado a genitora postura voltada a não concordar com qualquer contato entre pai e filho, criando toda a sorte de obstáculos para a visitação paterna. Dessa forma e diante desse contexto, o agravante ingressou com ação de regulamentação de visitas, com o objetivo de assegurar o

75 direito de convivência familiar com o filho, que embora regulamentado, não pode ser colocado em prática em face de toda gama de empecilhos criados pela agravada/genitora. Em vista disso, o agravante formulou pedido de alteração da guarda em sede de execução do acordo que regulamentou as visitas do infante, sob o argumento de que a agravada simplesmente não vinha cumprindo com o acordado, e a magistrada singular, Dra. Sibele Lustosa, determinou a inversão da guarda, em caráter provisório, em favor do pai, ora agravante (fls. 373/379). Por conseguinte, a análise do caso vertente deve ocorrer fundamentalmente sob o prisma do direito deconvivência paterno-filial ante a resistência materna em propiciar o convívio do infante com seu genitor. Em casos tais, impende frisar, que as alterações de guarda devem ser evitadas tanto quanto possível, na medida em que, de regra, são prejudiciais à criança, que tem modificada a sua rotina de vida e os seus referenciais, gerando-lhe transtornos de ordem emocional. Logo, a despeito do poder geral de cautela do juiz da causa, que pode autorizar as providências inaudita altera parte, a decisão singular, que reverteu a guarda provisória de Á. à genitora, prescindiude fundamentação adequada, na medida em que deixou de abordar de maneira precisa as razões deseu convencimento, não apontando eventual situação de risco pessoal ou social do infante sob a guarda paterna a autorizar a modificação da guarda. Vale dizer, a digna magistrada não levou em conta que a alteração de guarda, medida séria e deconseqüências por vezes irreversíveis, reclama a máxima cautela, somente se justificando quando provada de forma clara a ocorrência de situação de risco atual ou iminente ao infante, notadamente, perante a gravidade do caso vertente, que exige que qualquer alteração na realidade fática seja feita após a garantia a ambas as partes do exercício do contraditório e da ampla defesa. Ou seja, somente, se justificando quando provada de forma clara a ocorrência de conduta incompatível do exercício da guarda pelo pai em relação ao filho, o que não se afigura no presente caso. À medida que, se apreende dos autos que a relação dos genitores é marcada por um elevado grau debeligerância e animosidade entre as partes, porque a agravada/genitora revela em suas atitudes, inclusive mediante a interposição de incidentes e vários recursos, ao longo dos anos, nítida oposição a qualquer tipo de contato da criança com a figura paterna. Nesse aspecto ainda, a decisão que determinou a inversão da guarda provisória ao pai, de igual forma, reforça o entendimento de oposição da agravada/genitora acerca de qualquer contato da criança com o pai, consoante excertos a seguir transcritos: "a animosidade entre as partes é tamanha que impossibilita qualquer tentativa de acordo. É, ainda, evidente o prejuízo causado ao infante, Á., que já conta com quase sete anos de idade e está perdendo o vínculo paterno. (...) Está patente nos autos que a executada cria toda a sorte de dificuldades para evitar o convívio entre pai e filho. (...) Cumpre salientar que, aventada à ré a possibilidade de o pai buscar a criança na escola às sextas-feiras quinzenais, ela mostrou-se irredutível porque não quer que o

76 pai vá à escola; não permitia, aliás, que o pai sequer tivesse conhecimento de onde o filho estudava. (...) Essa privação ao filho do convívio paterno é imposta pela mãe, a qual - em atitudes de egoísmo exacerbado - não percebe o malefício que está fazendo à criança - um garoto de quase sete anos deidade. A ausência da figura do pai certamente trará ao filho problemas de ordem psicológica, agravados pelo fato de que a ele é incutida, pela ré e seus familiares (vide relatório social de f. 202 e segts), a idéia de que não é amado pelo pai, ou seja, de que este o rejeita. (...) Não convence o argumento da executada, no sentido de que "a criança não quer ir com o pai". Ora isso é comum acontecer quando o menor fica tempo demasiado com um dos genitores e cresce com a idéiade que não é querido por um deles ou - o que é ainda mais aparente no caso sob exame - que se ficar com o pai irá magoar a mãe. (...) O comportamento inadequado da requerida já foi declinado em despachos de juízes que me antecederam (vide f. 143 e 173)." (fls. 372/379) Nessa esfera, da mesma forma, é a passagem do parecer da Procuradoria Geral de Justiça, que corrobora essa conclusão, inserta à fl. 1341: "A mãe, ora agravada, Sra. C., não aceita de forma alguma que o filho tenha qualquer contato com o pai e, pior que isso, não permite que o filho desenvolva qualquer afeição pelo pai." E, ainda, é o que se apreende do teor da decisão proferida pela Juíza de Direito Substituta, Dra. Joslaine Gurmini Nogueira, às fls. 277: "Por fim, em caso de frustração da retirada da criança da casa materna, quer por não encontrar-se no local, que por outro motivo a ser criado, o que muito vem sendo apresentado nos autos, fixo como multa a cada descumprimento o quantum de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), devendo neste caso, ser efetivado o direito de visitas através do mandado de busca e apreensão, o qual deverá ficar sob os cuidados do oficial de justiça." (fl. 276 TJ) Dessa forma, do contexto probatório dos autos, verifica-se da conduta da genitora, que cria toda a adversidade de situações visando dificultar ao máximo ou impedir o contato do pai com Á., indícios do que a moderna doutrina denomina de "síndrome de alienação parental" ou "implantação de falsas memórias", o que, conforme o estudo do psiquiatra americano Richard Gardner, constitui-se da utilização da prole como instrumento da agressividade direcionada ao parceiro mediante a manipulação sistemática dos sentimentos do filho, de forma a destruir sua relação com o outro genitor. A criança ou o adolescente é conduzido a rejeitar o genitor que a ama e que ele também ama, o que gera contradição de sentimentos e a destruição do vínculo entre eles. O filho acaba passando por uma crise de lealdade, pois a lealdade para com um dos pais implica em deslealdade com o outro, tudo isso aliado ao sentimento de receio de abandono. Nessa linha de entendimento é também, o ensinamento de DENISE MARIA PERISSINI DA SILVA, psicóloga clínica e jurídica referente ao tema da Síndrome da Alienação Parental:

77 "Nos processos judiciais de separação/divórcio envolvendo questões de guarda de filhos é comum que o genitor não-guardião (geralmente o pai) se queixe de que o genitor guardião (mãe) dificulta ou impede as visitas dele aos filhos, sob as mais variadas alegações. A partir daí, o comportamento do (s) filho (s), se altera, passando do amor, saudade, carinho e companheirismo para a aversão total sem que tenha havido algum acontecimento real que motivasse tal mudança. Quando isso acontece, instaura-se um fenômeno cujo nome é novo, mas a situação é mais comum do que se possa pensar: a Síndrome dealienação Parental (SAP). (...) A síndrome age sobre suas frentes; por um lado, demonstra a psicopatologia gravíssima do genitor alienador, que utiliza-se de todos os meios, até mesmo ilícitos e inescrupulosos, para atingir seu intento; por outro lado, o ciclo se fecha quando essa influência emocional começa fazer com que a criança modifique seu comportamento, sentimentos e opiniões acerca do outro pai (alienado). Nesse processo, ocorrem graus de ambivalência de sentimentos; a criança sente que precisa afastar-se do pai porque a mãe tem opiniões ruins a respeito dele, mas também se sente culpada por isso. Aos poucos, porém, essa ambivalência vai diminuindo, e a própria criança contribui para o afastamento. Ela também é responsável por estabelecer os diferentes graus de intensidade da SAP, necessitando, portanto, dediferentes recursos de intervenção profissional para deter sua ação e reverter seus efeitos. (...) A SAP se torna um sério entrave às vinculações parentais justamente porque condiciona a criança/adolescente a formar ações, sentimentos e comportamentos contra o (a) outro (a) genitor (a) diferentes dos que havia antes - tudo por influência de quem tenha interesse direto na destruição do vínculo parental. Para isso, não há critérios éticos e morais para induzir a criança a relatar episódios deagressão física/sexual que não ocorreram, confundindo-a na noção de realidade/fantasia, forçando-a encenar sentimentos e simular reações. (...) Em curto prazo, para sobreviver, a criança aprende a manipular, tornando-se prematuramente esperta para decifrar o ambiente emocional, falar apenas uma parte da verdade e, por fim, enredar-se em mentiras, discursos e comportamentos, repetitivos, exprimindo emoções falsas. A médio e longo prazo, os efeitos podem ser: depressão crônica, incapacidade de se adaptar aos ambientes sociais, transtornos de identidade e de imagem, desespero, tendência ao isolamento, comportamento hostil, falta de organização, consumo de álcool e/ou drogas e, algumas vezes, tentativas de suicídio ou outros transtornos psiquiátricos. Podem ocorrer também sentimentos incontroláveis de culpa quando a pessoa já for adulta e constatar que foi cúmplice inconsciente de uma grande injustiça ao genitor alienado" (fl.19) 1 Nessa esfera, cabe transcrever também, a passagem do parecer da Procuradoria Geral de Justiça, que corrobora essa conclusão: "Desde sempre suas atitudes prejudicaram a formação e o desenvolvimento do menor, mas esse fato nunca a demoveu de suas intenções. Quer extirpar a figura do pai da vida do filho de qualquer maneira, nem que isto cause a Á. um mal maior. (fl. 1347) (...) Conforme noticiado nos autos, a guarda do menor está com o pai justamente porque a mãe não ficará satisfeita enquanto não estiver separado pai e filho definitivamente." (fl. 1355) E, ainda, é o que retrata, nitidamente, o trecho do estudo psicosocial elaborado pela equipe interprofissional do juízo a quo, nas pessoas da assistente social Z. F. e B. S.

78 M., à fl. 202: "O que preocupou a Equipe Técnica é o fato de a genitora insistir em dizer que o pai não gosta da criança, verbalizando seu pensamento tanto para os operadores do direito, quanto para a Equipe Técnica e para o próprio filho. Questionamos se a genitora realmente acredita que ele desgosta do filho ou faça isto para separá-los, porque essa percepção está sendo construída no inconsciente de Á.. (...) Nesta referida visita a genitora foi novamente orientada para que verbalizasse ao filho que o pai amava, porém o que se percebeu foi uma total dificuldade neste agir, isto em frente à agente ministerial, quem dirá fora do ambiente forense. Sendo, portanto a nossa preocupação como se encontra a auto-estima desta criança devido ao comportamento excessivamente agressivo no momento do encontro deste com o pai." Aliás, não obstante inúmeras atitudes inadequadas e absurdas por parte da agravada, nessa senda é oportuno lembrar, uma de suas ações que exprime, nitidamente, o desejo nocivo em apagar a figura paterna da vida de seu filho, quando chegou ao extremo de apresentar ao Colégio S. T. M. J., aonde Á. estudou, certidão de nascimento falsa do infante, em cujo documento não consta o nome do genitor, nem dos avôs paternos, como se verifica do teor do despacho do juízo de primeiro grau, abaixo citado: "I - A certidão do Sr. Oficial de Justiça (f. 273) demonstra a dificuldade até mesmo para intimar a executada, havendo indícios inclusive de que não reside mais no local indicado (cf. informação do porteiro do edifício à f. 219v.) (...) Não fora isso, o menor está matriculado no Colégio somente com o sobrenome materno, tendo sido entregue pela mãe certidão de nascimento falsa (cf. cópias dos documentos fornecidos pela Diretora ao Oficial de Justiça - f. 274/275). Ë desconhecida a razão pela qual foi omitido o nome do pai. Assim, e considerando a possibilidade de caracterização de ilícito (até mesmo porque aquela certidão foi recentemente utilizada pela ré), remetam-se, com urgência, cópia daqueles documentos (ficha deinscrição na escola e certidão de nascimento, em que consta como declarante a mãe, sem qualquer menção acerca do nome do pai e avós paternos) ao representante do Ministério Público, para os devidos fins. (...) II - Comunique-se imediatamente a Diretoria do Colégio S. T. do Menino Jesus acerca da paternidade do aluno - o qual se chama Á. H. P. G. - e da decisão que alterou a guarda, conferindo-a ao pai, sendo que somente a ele deverá ser entregue a criança." (fl. 412) Em vista disso, conforme verificado da análise dos presentes autos, a genitora de Á. o influencia e o manipula emocionalmente implantando em seu psiquismo sentimentos negativos de aversão e rejeição em relação à figura paterna com vistas a desfazer o vínculo parental paterno. Para tanto, a agravada adotou postura totalmente reprovável no curso da demanda, não se podendo interpretar sua conduta ao longo dos últimos anos como uma atitude de efetiva preocupação com o bem-estar do filho, pois não se importa com os efeitos negativos que pudessem ser ocasionados ao desenvolvimento afetivo-emocional da criança, em decorrência das várias tentativas de corte da figura paterna da vida da criança. A título exemplificativo, afora as situações aqui já expostas, que retratam o comportamento impróprio da agravada/genitora, cabe citar ainda, algumas atitudes da genitora/agravada que demonstram, claramente, suas ações atípicas, ou seja, que

79 direta ou indiretamente, infringem normas e leis sociais com o propósito de manipular seu filho: "Em dia e hora determinado (19 de maio 2005, às 10:00 horas), a Sra. C. compareceu a este Fórum, acompanhada do filho Á. e um determinado senhor. Em seguida compareceu a sua procuradora, Dra. M. e o referido senhor permaneceu próximo de ambas. Questionamos a Sra. C. quem seria, esta argumentou-nos não conhecê-lo. Em seguida o referido senhor sentou-se na sala de espera. (...) A Dra. M. solicitou que conversássemos em particular, quando adentramos na sala, informou-nos a mesma que o referido senhor era um profissional contratado pela Sra. C. para filmar os procedimentosde entrega do filho, justificando-nos que a decisão de sua cliente não era do seu conhecimento e que desaprovava. (...) Ao questionarmos o que ocorria junto ao profissional, este de imediato negou que tivesse filmando, contudo, no momento que optamos por informar a este Juízo, o mesmo se identificou como um cineasta contratado pela Sra. C.. A procuradora tentou dissuadir sua cliente da intenção, como se mostrou infrutífera, sugerimos que peticionasse a filmagem junto aos autos. A Dra. M. verbalizou que não faria o pedido por concordar com o que ocorria. (...) Cumprindo as determinações de Vossa Excelência o segurança M. solicitou que o profissional se afastasse da sala, o qual terminou optando por retirar-se do Fórum." (Trecho do laudo técnico elaborado pela equipe interprofissional do juízo de primeiro grau - fls.417/418) "Posteriormente dirigimo-nos a escola de Á., "S. T.. Fomos recebidas pela Orientadora Educacional, Sra. S. L. M. e Coordenadora Pedagógica J. B. B.. Relataram que após a reversão da guarda, a Sra. C. tem causado sérias dificuldades junto à escola e nas rotinas escolares do filho. Relataram que esta telefona constantemente durante o período escolar solicitando que a direção envie recados para Á. na hora do recreio, para que faça uso do telefone público, ou ainda, denunciando situações de risco que, imagina, possam ter ocorrido à criança, na companhia do genitor. Informaram que todas as preocupações maternas foram verificadas sem constatação de veracidade. (...) Relataram também situações preocupantes por estar a genitora instruindo o filho pelo telefone público, como o fato ocorrido com a chegada do representante do Conselho Tutelar que se dirigiu à escola devido a denúncia da genitora de que o menino havia sido agredido pelo pai e estava machucado. Disseram que o referido conselheiro constatou que nada havia nas denúncias da mãe e se retirou. Contudo, no momento que a genitora se encontrou com Á., na hora do recreio terminou cobrando sua postura por não ter verbalizado ao Conselheiro que queria voltar para a mãe, na forma como haviam combinado. (...) Avaliaram que a Sra. C. prejudica o filho na forma como tem interferido nas rotinas escolares, pois para elas o recreio é um momento precioso para construção de novos amigos, aprendizado decomportamentos e descontração. Muitas vezes Á. perdeu o recreio por estar ao telefone com a mãe, este telefone público é disponibilizado aos alunos, dentro da escola, apenas como um apoio a mais decomunicação com os pais. A Sra. C. apesar de receber por diversas vezes orientação sobre a inadequação de sua postura não tem acolhido as solicitações. (parte do laudo técnico do juízo deprimeiro grau - fls. 488/489) "No ano de 2006, Á. encontrou muitas dificuldades em sua adaptação ao espaço do Integral. O ambiente mais amplo, com exigências maiores, tanto relacionais quanto

80 pedagógicas exigiram dele um amadureciemnto para o qual ainda não estava preparado. As questões familiares de disputa pela sua guarda, deixaram marcas muito fortes em seu desenvolvimento, principalmente, devido às constantes visitas de sua mãe à Escola de Natação "B. H.". Nesses momentos, a Sra. C. aproximava-se do Á., trazendo-o para seu colo e fazendo promessas de uma vida melhor quando ele fosse morar com ela, inclusive mostrando-lhe brinquedos que estariam esperando por ele, na casa dela, quando tudo fosse "resolvido", quadro presenciado várias vezes por nossos educadores. (...) Nas últimas semanas, a mãe esteve também nas dependências do Colégio, mesmo não tendo autorização judicial nem do Colégio para visitar seu filho nas nossas dependências. No último dia que aqui esteve (dia 11/06 p.p), ao reconhecer um colega do Àlvaro, pediu-lhe que o chamasse. Quando Á. ficou sabendo, disse ao professor que o estava acompanhando que iria ao banheiro e foi encontrar-se com a mãe. O Serviço de Assistência ao Aluno logo interviu (sic) e solicitou que a Sra.; C. deixasse o Colégio. (...) Houve vários episódios. O que mais nos impressionou foi aquele no qual a mãe chegou a pular um muro da escola para entrar escondida no Colégio, sendo localizada em seguida (grifo nosso). (...) Preocupa-nos, especialmente, a questão da construção de valores morais envolvidas na situação, incluindo nas posturas da mãe o testemunho de transgressão às determinações do Poder Judiciário e a indução à omissão da verdade por parte da criança. (Declaração do representante do Colégio M. S. M. - Prof. A. J. S. - fl. 972). Diante disto, ad argumentandum tantum, restaria indagar, como é possível, que a atitude da genitora demonstre real preocupação com o filho e intenção em preservar seu interesse acima de tudo? Tudo leva a crer que não! Pois, nenhuma mãe que realmente prima pelo melhor ao seu filho vai tentar excluir o direito fundamental de convivência da criança com o pai biológico, colocando em risco a saúdeemocional da criança. Assim, denota-se que a agravada não se importa com os efeitos negativos que possam ser ocasionados ao desenvolvimento afetivo-emocional de seu filho, em decorrência das várias tentativas de corte da figura paterna da vida da criança. Destarte, infere-se de todo o contexto descrito acima, o comportamento inadequado da genitora de Á., que se caracteriza por um quadro de imaturidade emocional e conduta egoística perante a prevalênciade seus desejos pessoais às necessidades afetivo-emocionais de seu filho; sem importar-se com o sofrimento e insegurança emocional imposto a criança, que não tem culpa pelo conflito e discórdia existente entre seus pais. Evidencia-se, a partir destes aspectos, a sua falta de avaliação e noção das consequências de seus atos acerca das necessidades emocionais do infante e suas relações com seu desenvolvimento psíquico. Logo, indaga-se ainda, - e o real desejo da criança? Envolvido neste jogo parental materno. À medida que, é inserido em um conflito de afeto e lealdade com a mãe; já que não sabe negar e responder, com imparcialidade, a pressão e influência psicológica materna, em posição de assujeitamento materno. Assim, Á. sofre emocionalmente, sendo o maior prejudicado em todo este contexto familiar, cuja preocupação com o seu bem-estar fica relegado a segundo plano, porquanto, de certa forma, é o sintoma de outra pessoa, ou seja, de sua genitora. É fundamental, na espécie, que se busque solução adequada ao interesse de Á., ou

81 seja, o direito a convivência paterno-filial, prevalecendo, assim, o melhor interesse da criança, cuja ausência da figura paterna, implicará indubitavelmente em marcas indeléveis na personalidade dele, porquanto as carências afetivas primárias, quando não compensadas mais adiante, determinam desajustamentos degravidade variável, cuja gravidade dependerá da resistência psíquica da criança. Pois, o pai tem um papel fundamental no bom desenvolvimento de uma criança. Sua relação com o filho é constitutiva, posto que transmite a ele afeto, valores, normas e modelos. Assim, o pai é o elemento da tríade familiar que oferece à criança auxílio para a gradual diminuição da simbiose com a mãe e para o crescente contato com mundo. Nessa esteira, é o contido nos laudos psicossociais do juízo monocrático, elaborados pela assistente social Z. F. e a psicóloga B. S. M., que alertam quanto à necessidade da gradual diminuição da simbiosede Á. com a figura materna, como se vê abaixo, literalmente: "O apego à mãe só trará complicadores se este vínculo exclui a figura paterna e tem caráter simbiótico. Os meninos necessitam aprender a distanciar-se de sua mãe para construir a independência e autonomia." (fl. 340) "Relata também ter sido desagradável a presença da Sra. C. e avó materna no cinema, numa sexta-feira, uma vez que o horário era reservado apenas aos alunos, pois é uma atividade extra-classe que não permite a presença dos pais. A intenção é desenvolver a interação do grupo, fortalecer o senso crítico e aumentar o repertório de individualização da criança. Para a educadora são estas as maiores necessidades de Á., por perceber uma simbiose preocupante da mãe que insiste em infantilizar o filho e desqualificar a interação deste com o pai ou de qualquer pessoa que se aproxime. ( grifo nosso - sic. - conforme o relato da professora de Á. da Escola S. T. M. J. - Sra. S.) "Observamos que Á. ainda mantém com sua mãe uma aliança distorcida em relação a sua capacidade deamar o pai. Questionamos com ele sobre a assertividade em reconhecer que o pai não lhe faz mal, que procura seu progresso e bem estar, Preocupou-nos o fato de o infante manter o mesmo discurso agressivo quando se projeta na mãe, Á. sabe que está bem com o pai, mas tem medo de "trair" a mãe.". (fl. 614) "Nos preocupou a memória de Á. em relação à aliança materna, mesmo vivendo em harmonia com o pai não se sente confortável em verbalizar que o ama e que não se sente em risco. Apenas sinalizou sua satisfação quando relatou sobre suas rotinas, pela sua aparência e estado psicoemocional." (fl. 615) Nessa linha de entendimento é o ensinamento de ISABEL ADRADOS, psicóloga e coordenadora do Serviço de Psicologia Aplicada do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro referente ao tema da ausência paterna: "Em nossa experiência, a influência do pai na família é sempre importante. Anne Freud acha que, a partir dos 2 anos, o sentimento da criança em relação ao pai constitui ingrediente necessário às forças complexas que contribuem para a formação de seu caráter e de sua personalidade. (...) Por volta dos sete anos, ambos os pais são igualmente necessários, mantendo-se

82 assim até a adolescência, quando o jovem vai substituindo suas relações infantis com os pais por outros objetos amorosos, com isso completando mais um ciclo de seu desenvolvimento evolutivo. (...) Assim como a mãe representa na família o amor, o pai é para a criança o protótipo da autoridade. As crianças sentem-se mais protegidas, seguras, e, portanto, mais felizes, quando submetidas a uma autoridade, baseada, logicamente na justiça." (fl. 51) Nesse sentido, inclusive, é a percepção da magistrada singular, Dra. Joslaine Gurmini Nogueira, em passagem de seu pronunciamento: "Considerando as argumentações apresentadas com a inicial, bem como o relato apresentado pelo Ministério Público, entendo como sendo injustificável a conduta da genitora em afastar seu filho do contato com o genitor, principalmente na fase em que se encontra. (...) Certo é que segundo os doutrinadores do desenvolvimento infantil, temos o chamado "Complexo deédipo", onde a criança homem, por volta dos sete anos deve permanecer com a presença efetiva da figura masculina, para aprenderem a ser homens e futuros pais, quando isto não ocorre há um efetivo prejuízo no desenvolvimento da criança. (...) A construção do psiquismo humano é formado pela figura materna e paterna e nesta ótica a função paterna é de impor limites e instituir o simbólico, sendo que filhos não respeitados em processo deseparação e em contato direto com a figura materna encontram dificuldades em estabelecer a autonomia e a independência afetiva e emocional. (...) Neste raciocínio não há que se discutir que a criança deve ser respeitada e pais conscientes afastam a causa da ruptura da vida conjugal em prol da efetiva necessidade psicológica dos filhos." (fls. 275/276) Logo, toda criança precisa de pai e de mãe, queira a genitora ou não, apesar de o caminhar da agravada demonstrar que se ficasse com a guarda exclusiva de seu filho, este estaria fadado a permanecer como "filho sem pai" e perderia por completo - situação hoje de fácil constatação - a ligação afetiva e o necessário convívio com o pai, suportando danos irreparáveis. Porque, o direito à convivência familiar está adstrito ao respeito à dignidade da criança, enquanto pessoa, com direitos. Aliás, o artigo 227 da Constituição Federal expressa essa concepção, ao estabelecer que é dever da família assegurar-lhe: "com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária", além de colocá-la "a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão". Não é um direito oponível apenas ao Estado, à sociedade ou a estranhos, mas a cada membro da própria família. Nessa acepção, também, a previsão contida nos incisos I e II do Art do Código Civil, acerca do dever dos pais com relação aos filhos menores, de "dirigir-lhes a criação e educação", bem como "tê-los em sua companhia e guarda". Deve ser questionado, assim, na discussão acerca da guarda de filhos, o que efetivamente representa o "melhor interesse" deles, já que titulares de direitos

83 juridicamente protegidos. E, in casu, nada havendode significativo em desabono do pai/agravante, outro caminho não há senão ser respeitado o direito à convivência paterna da criança, com o resgate e manutenção dos laços de afetividade e carinho, como resultado de atendimentos às necessidades físicas, psicológicas e materiais do infante. Yussef Said Cahali, traduzindo o sentido prevalecente da jurisprudência hodierna, assinala que, havendo luta entre os pais pela posse e guarda dos filhos menores, defere a lei ao Magistrado arbítrio para que faça prevalecer o superior interesse da prole. 2 Nesse sentido, é a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ao analisar antigo aresto relativo a Recurso Extraordinário n RJ, da lavra do saudoso Ministro ELOY DA ROCHA: "Recurso extraordinário - Desquite e manutenção de relações com o filho do casal - O juiz, ao dirimir divergência entre pai e mãe, não se deve restringir a regular as visitas, estabelecendo limitados horários em dia determinado da semana, o que representa medida mínima. "Preocupação do juiz, nesta ordenação, será propiciar a manutenção das relações dos pais com os filhos. É preciso fixar regras que não permitam que se desfaça a relação afetiva entre pai e filho, entre mãe e filho. - Em relação à guarda dos filhos, em qualquer momento, o juiz pode ser chamado a revisar a decisão, atento ao sistema legal. - O que prepondera é o interesse dos filhos, e não a pretensão do pai ou da mãe. - Recurso extraordinário conhecido e provido. ( in, RTJ 44/43) Desta feita, é a aplicação do princípio do "melhor interesse da criança", consagrado pelo art. 3º da Convenção Internacional dos Direitos da Criança e corroborado pela Lei 8.069/1990, que define a garantia de proteção integral com absoluta prioridade, em face de a criança e o adolescente ser consideradas "pessoas em condição peculiar de desenvolvimento" e por isso destinatárias de proteção integral por parte da família, da sociedade e do Estado, em regime de absoluta primazia (ECA, arts. 1º e 6º). Porque, o interesse primordial a ser protegido é o do infante e como, efetivamente, verifica-se, nesse momento processual, a modificação da guarda, é medida que não atende aos superiores interesses deá., porquanto poderá lhe trazer prejuízos emocionais e psíquicos irreparáveis para a formação de seu futuro desenvolvimento. Consequentemente, diante de todo o exposto, infere-se que as alegações da agravada e a documentação juntada, na essência consistem em nova tentativa de reverter a guarda do infante para si, cujas razões, na verdade, revelam-se infundadas e inconsistentes diante de um exame mais profundo, como abaixo se constata. Assim, vejamos: A assertiva de que o agravante não alimenta o filho é refutada pelo laudo médico de fls /1.009, que concluiu pela excelente saúde do infante aliado a declaração do Colégio S. M., onde o menor estuda que atesta que Á. se alimenta muito bem, porquanto realiza as principais refeições junto a instituição escolar, no qual estuda em período integral (fl. 677). Demais disso, abstrai-se do laudo técnico do juízo singular, à fl. 587, que: "Observamos (...) na geladeira alimentos e frutas condizentes com a idade do infante." (fl. 587) e, ainda, apreende-se das notas fiscais anexas aos autos, que a dispensa do agravante é abastecida de gêneros alimentícios. (fls. 73/78).

84 De outra feita, não procede, igualmente, a afirmação de que o infante permanece no período de férias escolares no consultório do pai, exposto a toda sorte de contaminações e dormindo em macas destinadas aos pacientes, pois se constata da documentação amealhada aos autos (fls. 42/43, 58/61 e 124/132), que Á. sempre permanece aos cuidados de uma pessoa responsável enquanto permanece no lar. Além de permanecer algumas vezes no ambiente de trabalho do genitor, no qual se entretém com equipamentos eletrônicos e de computação ali existentes (TV e computador). Nessa questão, cabe assinalar parte do parecer da Procuradoria Geral de Justiça, que analisou a importância do contato da criança com o ambiente de trabalho paterno: "Levar um filho ao seu local de trabalho não pode ser considerado um comportamento reprovável. A maioria dos especialistas em educação infantil assevera que o contato das crianças com o ambiente detrabalho dos pais enche a criança de orgulho, além de criar nela inclinação para o trabalho por considerá-la parte normal da vida." (fls. 1344/1345) Afora, isto, a agravada não provou que o local de trabalho do pai, profissional de saúde, é insalubre. No que se refere a declaração da ex-empregada do agravante, noticiando maus-tratos por parte da figura paterna, de igual forma, não pode nesse instante processual traduzir-se em declaração isenta, em condições de imparcialidade para subsidiar o presente caso, porquanto unilateral, sem o estabelecimento do contraditório entre as partes. Ademais, nesse particular, frise-se que a aludida funcionária exerceu seu trabalho pelo período de apenas 6 (seis) meses, sendo que durante esse lapso temporal, o lar do genitor foi acompanhado pela equipe interprofissional da Vara de Família que não constatou nada de impróprio a desabonar a sua residência para o acolhimento da criança, mas ao contrário, concluiu: "Constatamos que a residência denota organização e higienização adequadas em todo interior da casa" (fl. 1014). Quanto a afirmação da agravada no sentido de o pai não vestir adequadamente a criança, com base nas fotografias juntadas de fl. 79, tais fotos de per si não podem confirmar tal situação. Pois, o aludido fato pode ser o que não aparenta, além de representar em uma criança de 9 (nove) anos de idade, uma situação comum, típica em crianças sadias, nessa faixa etária. Aliás, nesse aspecto ainda, ressalte-se que a circunstância de Á. comparecer às festas de aniversário de seus colegas de escola, vestindo o uniforme escolar, é comum em festas de aniversários comemoradas após o término das aulas. Não se vislumbrando nenhuma conduta depreciativa no vestuário da criança. Por outro lado, a alegação da existência de processo no Juizado Especial Criminal em face do fato de o agravante ter sido denunciado por crime de lesão corporal leve e ameaça, não constitui causa suficiente a justificar a não permanência da guarda do infante ao recorrente. Pois a instauração da ação penal não é causa impeditiva do exercício da guarda, sobretudo quando o crime que motivou a denúncia não se insere no rol daqueles que têm como efeito da condenação a incapacidade para o exercício do poder familiar, previstos no artigo 92, inciso II, do Código Penal, o que poderia aconselhar a modificação da guarda. E, como observou de forma lúcida a Procuradoria Geral de Justiça em seu parecer à fl. 1346:

85 "A agravada tenta desqualificar o agravante atribuindo-lhe personalidade violenta, briguenta e destemperada. Para tanto, trouxe ao processo termo circunstanciado do Juizado Especial Criminal (fls ), que se refere a uma discussão que o agravante teve com a síndica de seu condomínio. (...) Conforme demonstram os documentos de fls. 92/113, no Juizado Especial Criminal houve composição entre as partes e os problemas que tinha com o Condomínio estão sendo resolvidos na esfera cível. Analisando esta questão com o cuidado que ela merecê, tenho que não constitui motivo suficiente para concluir que a criança esteja em situação de risco. O menor sequer estava presente à discussão que o agravante teve com a síndica de seu condomínio". De outra parte, a existência de bilhetes do infante dirigidos à mãe e laudo da psicóloga designada pelo juízo, retratando o desejo da criança em retornar ao convívio materno, são circunstâncias que devem ser analisadas com reserva diante do cenário fáticoprobatário, notadamente em vista dos fortes indicativos da presença de um quadro de alienação parental, conforme já exposto, envolvendo a relação maternofilial. Nessa seara, a manifestação de vontade da criança/adolescente, muito embora o Código Civil não trate especificamente da matéria, afirmando tão-somente que nos casos de separação judicial ou divórcio, à falta de acordo entre as partes quanto à guarda dos filhos, será ela atribuída a quem revelar melhores condições para exercêla (caput do art ), o Estatuto da Criança e do Adolescente, de acordo com o disposto no 1º do art. 28 e 2º do art. 161, perfilhando a Doutrina da Proteção Integral, aponta claramente para a necessidade de se ouvir a criança/adolescente, devendo sua opinião ser devidamente considerada, desde que possível e razoável, em casos de modificação de guarda, ou nas hipóteses de colocação em família substituta. No entanto, a manifestação de vontade de Á., não obstante as diretrizes dos artigos 28, 1º e 161, 2º, da lei estatutária quanto a preferência em permanecer sob guarda materna, não é livre e isenta, mas influenciada emocionalmente pela vontade da mãe aliado ao fato de a criança ainda, não possuir discernimento e maturidade suficientes para saber o que efetivamente deseja. Devendo aqui, levar em conta: "a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento" e o princípio da proteção integral à criança e ao adolescente (arts. 1º e 6º da Lei 8.069/90). Por sua vez, o laudo técnico psicológico, elaborado pela Dra. Ruth Pauls, embora subscrito por profissional, indicada pelo Juízo da causa, na verdade, se apresenta sem análise concreta e global detoda a trajetória do caso. Limita-se mais ao descritivo e a análise de desenhos do infante, faltando, neste caso, a realização de um diagnóstico mais aprofundado da personalidade e conduta dos pais do infante ao longo do caso e a influência do comportamento deles no desenvolvimento da criança (fls. 1018/1021). Demais disso, o laudo técnico não vincula a apreciação e valoração do magistrado, consoante o teor do art. 131, do Código de Processo Civil. Por conseguinte, constata-se que a tranqüilidade necessária, citada na r. decisão recorrida é aquela traduzida em atitudes que priorizem os interesses do infante, o que até este momento processual a agravada/genitora não demonstrou. E, sob a guarda provisória de seu genitor, gradualmente, estava conseguindo restabelecer a funcionalidade adequada de seu sistema parental e a conseqüente salvaguarda de seu desenvolvimento psicoemocional, consoante o teor da passagem do estudo psicossocial do juízo singular:

86 "Observamos que Á. tem reconstruído com seu pai a relação de confiança que se encontrava comprometida por causa do afastamento, mostrou ser com o pai a mesma criança cordata na relação com outras pessoas. Sabemos que as relações simbióticas só podem ser revistas se a chegada do "Outro" for permeada pela confiança e admiração. No caso do infante em tela podemos contar ainda com sua memória afetiva e do tempo que foi feliz com seu pai. Muitas vezes o processo pode parecer doloroso aos olhos externos, contudo, restabelecer para Á. a funcionalidade adequada do sistemaparental é o que existe de mais precioso para salvaguardar seu desenvolvimento psicoemocional". (fl. 489) Ademais, como a Procuradoria Geral de Justiça discorreu em parte de seu parecer, a permanência do infante com o pai terá assegurado o convívio com ambos os genitores: "O agravante demonstrou generosidade com a gravada, permitindo que ela visitasse o menino durante as aulas de natação, mesmo sem ordem judicial que o obrigasse a tanto. Isto permite perceber que durante todos estes anos de litígio o agravante amadureceu sua compreensão de que o menor também necessita da mãe, apesar do comportamento inadequado desta. Infelizmente, parece que a mãe não amadurecerá da mesma maneira tão cedo, o que nos leva a concluir que sob a guarda do pai o menor terá assegurado o convívio com ambos os genitores, ao passo que, sob a guarda da mãe será novamente alienado da figura paterna." (fl. 19) Assim, ante a resistência materna em propiciar a convivência do infante com seu genitor, sem noção das conseqüências negativas no desenvolvimento físico, emocional, moral e cognitivo de seu filho, impõem-se, por ora, a manutenção da guarda provisória do infante Á. com seu genitor, pois se verifica, nitidamente, que o melhor interesse da criança não está sendo atendido no momento pela agravada, ou seja, o direito de convivência paterno-filial da criança. Ressalte-se, ainda, que a definição da guarda, em caráter provisório, de Á. ao pai/agravante, não implica em fortalecimento da posição do agravante no litígio, mas, ao contrário, tem por escopo amenizar os ânimos das partes e abrandar o sofrimento da criança. E que, com a solução encontrada pelo Tribunal, não fique a mensagem (concepção) de vitória ou derrota para nenhuma das partes, considerando, sobretudo, que em litígios na área de família não há vencidos ou vencedores, mas sim a existência de danos de maior ou menor extensão, dependendo da capacidade de superação e discernimento dos envolvidos. Por derradeiro, não é demasia mencionar que a guarda sempre é deferida a título precário, isto é, passível de revisão ou revogação a qualquer tempo, desde que alteradas as condições que serviram dejustificativa para o seu deferimento (ECA, art. 35). Assim, cumpre ao juiz da causa proceder ao rigoroso acompanhamento do caso, juntamente com a equipe técnica da vara de origem, mediante a realizaçãode estudos periódicos, a fim de que sejam adotadas as providências cabíveis na hipótese de o cenário fático justificar, concretamente, qualquer ajuste na situação jurídica da criança. Todavia, como medidade sistematização e para evitar tumulto processual nos autos de execução de sentença, eventual pedido de modificação de guarda deverá ser deduzido pela parte interessada em sede própria, assegurado o contraditório e a ampla defesa. Nessa medida, a obra "Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado", fazendo remissão a julgado desta Corte, assim dispõe:

87 "Conforme assinala a 3ª Câmara Cível do TJPR, invocando a lição de J. V. Castelo Branco Rocha (O Pátrio Poder, 2ª ed., p. 153), tratando-se de sentença relativa à guarda de menores, temos de convir em que a revisibilidade é da sua própria natureza, quando o juiz dispõe sobre a guarda de um menor, a prestação jurisdicional atende a certas exigências do momento; a decisão foi prolatada em uma situação especial e persiste enquanto prevalece tal situação; se mudam as condições, que constituíram a razãode decidir, está visto que o julgado se mostra revisável, porque a relação de direito se esvaiu, com a mudança das circunstâncias ( , Revista da Associação dos Magistrados do Paraná 47/128)." 3 3. Diante do exposto, proponho voto no sentido de conhecer e dar provimento ao recurso, ao efeito demodificar a decisão agravada para restabelecer a guarda provisória da criança Á. em favor do agravante, assegurando-se à agravada o direito de visita, na forma do art do Código Civil, cuja regulamentação ficará a cargo do juiz da causa. ACORDAM os Desembargadores integrantes da Décima Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por maioria de votos, em conhecer e dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator, ficando vencido o Des. Augusto Lopes Côrtes (com declaração de voto). Curitiba, 13 de agosto de Fernando Wolff Bodziak Desembargador Relator Augusto Lopes Côrtes Voto vencido 1 REVISTA CIÊNCIA & VIDA PSIQUE. A PSICOLOGIA A SERVIÇO DO DIREITO FAMILIAR. Editora Escala. Ano I n º 5. 2 Divórcio e Separação, 2ª ed. p Cury, Munir. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado, 7ª ed., São Paulo: Malheiros Editores, 2005, p. 150.

88 6ª CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS RECURSO DE APELAÇÃO Nº /001(1) DES. RELATOR (A): SANDRA FONSECA DATA DO JULGAMENTO: 23/03/2010 DATA DA PUBLICAÇÃO: 25/06/2010 EMENTA: AÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS - PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA - AVERSÃO DO MENOR À FIGURA DO PAI - INDÍCIOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL - NECESSIDADE DE CONVIVÊNCIA COM A FIGURA PATERNA - ASSEGURADO O DIREITO DE VISITAS, INICIALMENTE ACOMPANHADAS POR PSICÓLOGOS - REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA. - O direito de vistas decorre do poder familiar, sendo a sua determinação essencial para assegurar o desenvolvimento psicológico, físico e emocional do filho. - É certo que ao estabelecer o modo e a forma como ocorrerá as visitas, deve-se levar em conta o princípio constitucional do Melhor Interesse da Criança, que decorre do princípio da dignidade humana, centro do nosso ordenamento jurídico atual. - Nos casos de alienação parental, não há como se impor ao menor o afeto e amor pelo pai, mas é necessário o estabelecimento da convivência, mesmo que de forma esporádica, para que a distância entre ambos diminua e atenue a aversão à figura paterna de forma gradativa. - Não é ideal que as visitas feitas pelo pai sejam monitoradas por uma psicóloga, contudo, nos casos de alienação parental que o filho demonstra um medo incontrolável do pai, torna-se prudente, pelo menos no começo, esse acompanhamento. - Assim que se verificar que o menor consegue ficar sozinho com o pai, impõem-se a suspensão do acompanhamento do psicólogo, para que a visitação passe a ser um ato natural e prazeroso. APELAÇÃO CÍVEL N /001 - COMARCA DE UBERABA - APELANTE(S): J.C.F.N. - APELADO(A)(S): M.C.P. - RELATORA: EXMª. SRª. DESª. SANDRA FONSECA ACÓRDÃO (SEGREDO DE JUSTIÇA) Vistos etc., acorda, em Turma, a 6ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, sob a Presidência do Desembargador ERNANE FIDÉLIS, incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM DAR PROVIMENTO PARCIAL. Belo Horizonte, 23 de março de DESª. SANDRA FONSECA - Relatora NOTAS TAQUIGRÁFICAS A SRª. DESª. SANDRA FONSECA: VOTO Cuida-se de apelação interposta por J. da C.F.N., com vistas à reforma da sentença proferida na ação de modificação de cláusula de visitas movida por este em face de M.C. de P., que julgou parcialmente procedente o pedido para manter o acordo relativo às visitas, nos moldes em que foi entabulado entre as partes, estabelecendo que as

89 visitas do pai sejam acompanhadas por outro psicólogo, indicado pelas partes. Em virtude da sucumbência mínima da parte ré, condenou o autor no pagamento das custas e honorários advocatícios arbitrados em R$ 800,00, suspendendo a exigibilidade face a justiça gratuita. Nas razões recursais de f. 249/251, o apelante afirma que não há possibilidade de consenso entre as partes, pois a mãe do menor faz tudo para afastá-lo da convivência paterna. Destaca que pretende visitar o filho, sem qualquer acompanhamento, nos finais de semana e nas férias escolares, de forma alternada. Salienta a necessidade de contato entre ele e o filho para que o relacionamento melhore, ainda que seja acompanhada por psicólogo. Ao final, requer a reforma da sentença para que seja indicada a modalidade de acompanhamento das visitas, indicando profissional que irá acompanhá-las. Apesar de devidamente intimada, a ré não apresentou contrarrazões. Parecer da Procuradoria Geral de Justiça às f. 260/265, pelo parcial provimento do recurso, estabelecendo-se as visitas entre pai e filho acompanhado de um psicólogo. Conheço do recurso, pois presentes os pressupostos de admissibilidade. Em virtude da ausência de preliminares, passo ao exame do mérito. A controvérsia dos autos cinge-se na regulamentação das visitas paternas do filho dos litigantes, que se encontra sobre a guarda da mãe. O direito de vistas decorre do poder familiar, sendo a determinação essencial para o filho que, de repente, se vê privado da convivência diária de um de seus genitores. Assim, para assegurar um desenvolvimento psicológico e emocional equilibrado, deve ser garantido a visitação como meio de coibir ou atenuar essa ausência sentida pela criança. É certo que ao estabelecer o modo e a forma como ocorrerão as visitas, deve-se levar em conta o princípio constitucional do Melhor Interesse da Criança, que decorre do princípio da dignidade humana, centro do nosso ordenamento jurídico atual. Destarte, o ordenamento jurídico deve proteger e preservar as crianças e adolescentes, tendo em vista a situação de fragilidade em que se encontram, frente ao seu desenvolvimento social, emocional e psíquico. Nesse sentido, estabeleceu legislador constituinte de 1988: Art É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar a criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

90 Em consonância, o art. 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente, prevê que a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes, sem prejuízo da proteção integral, assegurando-lhes "todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e igualdade". Dito isso, tem-se que, a regulamentação de visitas é importante e necessária, desde que se ponha a salvo o interesse da criança, não se aceitando uma conotação de sanção, devendo o interesse do menor de sobrepor ao dos pais. No caso em tela, a pretensão do autor se mostra legítima, uma vez que não é certo privar o menor da convivência paterna. Contudo, pelos estudos sociais realizados, verificam-se uma espécie de aversão do menor à figura do pai, causando, inclusive, regressos no desenvolvimento psicológico, emocional e social do menor. Várias foram as tentativas e em nenhuma delas o menor cedeu a negação à convivência com o pai, o que demonstra a peculiaridade do caso. Não há como se impor ao menor o afeto e amor pelo pai, mas é necessário o estabelecimento da convivência, mesmo que de forma esporádica, para que a distância entre ambos diminua e atenue essa aversão de forma gradativa. Para que essa reaproximação seja natural e suave é imperioso a colaboração e conscientização de ambos os genitores, pois o grande prejudicado nesse entrave judicial é o próprio filho. No caso dos autos, tudo indica que se trata da síndrome da alienação parental, na qual a mãe da criança o treina para romper os laços afetivos com o pai, criando fortes sentimentos de ansiedade e temor. Na verdade, das provas carreadas aos autos, não se infere nenhum ato grave do autor, tal como a agressão, que tenha ocasionado essa repugnância do filho, o que corrobora com a tese de alienação parental. Nesse sentido foi o estudo psicossocial constante às f. 166/167, ao descrever um agendamento de entrevista, na qual a genitora compareceu sem o filho, alegando que o mesmo estava com problema de saúde: (...) Esta sua atitude manipuladora já demonstrou relação de patológica no exercício da maternagem, caracterizando "alienação parental", ou seja, busca o afastamento total do menor na relação com a figura patena, contribuindo para o "adoecer" infantil, quando estabelece uma relação materno-filial em exclusividade. O menor só reage sintomaticamente às referidas manipulações, tal como declarado circunstancialmente quando manifesta dores abdominais, na véspera do contato com o genitor ou mesmo quando a Sra. Magda impede o contato do filho com o genitor, em entrevista psicossocial. Sobre a alienação parental, explica, com propriedade, Maria Berenice Dias: O detentor da guarda, ao destruir a relação do filho com o outro, assume o controle total. Tornam-se unos, inseparáveis. O pai passa a ser considerado um invasor, um intruso a ser afastado a qualquer preço. Este conjunto de manobras confere prazer ao alienador em sua trajetória de promover a destruição do antigo parceiro.

91 Neste jogo de manipulações, todas as armas são utilizadas, inclusive a assertiva de ter sido o filho vítima de abuso sexual. A narrativa de um episódio durante o período de visitas que possa configurar indícios de tentativa de aproximação incestuosa é o que basta. Extrai-se deste fato, verdadeiro ou não, denúncia de incesto. O filho é convencido da existência de um fato e levado a repetir o que lhe é afirmado como tendo realmente acontecido. Nem sempre a criança consegue discernir que está sendo manipulada e acaba acreditando naquilo que lhes foi dito de forma insistente e repetida. Com o tempo, nem a mãe consegue distinguir a diferença entre verdade e mentira. A sua verdade passa a ser verdade para o filho, que vive com falsas personagens de uma falsa existência, implantando-se, assim, falsas memórias. Esta notícia, comunicada a um pediatra ou a um advogado, desencadeia a pior situação com que pode um profissional defrontar-se. Aflitiva a situação de quem é informado sobre tal fato. De um lado, há o dever de tomar imediatamente uma atitude e, de outro, o receio de que, se a denúncia não for verdadeira, traumática será a situação em que a criança estará envolvida, pois ficará privada do convívio com o genitor que eventualmente não lhe causou qualquer mal e com quem mantém excelente convívio.(in Síndrome da alienação parental, o que é isso?, artigo publicado no site do IBDEFAM- A figura paterna é essencial para o desenvolvimento do menor, devendo a genitora incentivá-la e desmistificá-la, pois a aceitação da criança é proporcional à imagem do pai desenhada pela mãe. Dessa forma, no caso dos autos, deve-se buscar o restabelecimento do amor incondicional entre o filho e o pai, pois para o desenvolvimento do menor, é essencial que ele se sinta protegido e assistido por ambos os genitores. Além disso, a mãe deve se conscientizar da gravidade que este afastamento e o desenho manipulador da figura do pai acarretam para a vida da criança, mormente em face da proteção constitucional da convivência familiar. Lado outro, o pai também deve ter em mente a seriedade do acompanhamento psicológico e da continuidade das visitas, pois, como se verifica no caso em tela, em diversas oportunidades os estudos sociais não foram concluídos em virtude de sua ausência injustificada. Dessa forma, entendo prudente seguir as orientações constantes nos laudos sociais, que opinam taxativamente pela concessão das visitas paternas, desde que acompanhadas por um profissional da área psicológica. Nesse sentido, foi o parecer do ilustre Procurador de Justiça: No caso em tal, o melhor para acriança é aproximar-se do pai com a presença de um psicólogo a fim de diminuir a rejeição do menor com o pai, melhorando-se as relações familiares tão importantes na consolidação dos direitos de personalidade do infante.(fl. 263) Com relação à dificuldade alegada pelo apelante de nomear um psicólogo em comum acordo com a apelada, os profissionais do CRIA afirmam nos autos que não possuem corpo clínico para disponibilizar um profissional para acompanhamento exclusivo do caso.

92 Assim, entendo que para tal múnus deve ser nomeada a psicóloga judicial, que é quem se mostra mais habilitada para o acompanhamento do caso, conforme se observa ao longo de todo o processado. Na verdade, não é possível determinar por quanto tempo será necessário o acompanhamento da psicóloga nas visitas, mas é prudente que a profissional, assim que verificar que o menor já consegue ficar sozinho com o pai, suspender o acompanhamento, para que a visitação seja um ato natural e prazeroso. Pelo exposto, e por tudo mais que dos autos consta, DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, para alterar a sentença, tão-somente com relação à indicação do psicólogo, determinando que as visitas sejam acompanhadas por profissional forense. Custas pelas partes, suspensas a exigibilidade na forma da Lei 1.060/50. Votaram de acordo com o(a) Relator(a) os Desembargador(es): ERNANE FIDÉLIS e MAURÍCIO BARROS. SÉTIMA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO REIO GRANDE DO SUL. AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Magistrados integrantes da Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento ao agravo de instrumento. Custas na forma da lei.

93 Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES (PRESIDENTE) E DR. ROBERTO CARVALHO FRAGA. Porto Alegre, 25 de maio de DES. ANDRÉ LUIZ PLANELLA VILLARINHO, Relator. RELATÓRIO DES. ANDRÉ LUIZ PLANELLA VILLARINHO (RELATOR) Trata-se de agravo de instrumento interposto por Daniela B. à decisão que indeferiu pedido de suspensão das visitas paternas anteriormente restabelecidas (fls ). Nas razões recursais, a agravante sustenta que a decisão recorrida vai de encontro aos interesses do filhos menores (05 e 03 anos de idade), afastando a proteção que aos mesmos deve ser garantida pelo Estado. Faz menção a possível abuso sexual pelo genitor, no ano de 2009, a partir do qual foram suspensas as visitas paternas, que posteriormente foram retomadas, desde que supervisionadas, sendo, em agosto de 2010, restabelecidas, desde que acompanhadas pela avó paterna. Refere que, em janeiro de 2011 sobreveio nova notícia de abuso no final de semana em que as crianças haviam permanecido na companhia do pai e, em razão disso, pretende seja reformada a decisão a quo, de forma a novamente suspender as visitas paternas. Alternativamente, acaso mantidas as visitas, requer que as mesma se realizem na presença de um Conselheiro Tutelar. Recebido o agravo de instrumento, foi indeferido o pedido de efeito suspensivo (fls ). Infirmadas as partes, o agravado apresentou contrarrazões pela manutenção da decisão recorrida (fls ). Com vista ao Ministério Público, a eminente Procuradora de Justiça Drª. Juanita Rodrigues Termignoni manifestou-se pelo parcial provimento do agravo de instrumento, de forma a que as visitas se realizem mediante o acompanhamento do Conselho Tutelar (fls ). É o relatório. VOTOS DES. ANDRÉ LUIZ PLANELLA VILLARINHO (RELATOR) Cuida-se de agravo de instrumento interposto por Daniela B. à decisão que indeferiu pedido de suspensão das visitas paternas anteriormente restabelecidas (fls ). Inicialmente, reproduzo a sequência dos fatos envolvendo o caso em exame, nos moldes em que procedido quando do recebimento do presente recurso. A agravante, em , ingressou com ação cautelar, mediante a qual buscou cancelar as visitas paternas exercidas pelo agravado, noticiando a ocorrência de abusos aos filhos do casal e a uma sobrinha (fls. 21 e seguintes). Em relação aos alegados abusos à sobrinha, a autora, ora recorrente, informou que ocorreram em agosto/2009 (fl. 22). sendo que o ajuizamento da ação cautelar se deu em fevereiro/2010 (fl. 21).

94 Deferida a liminar, ao efeito de suspender a visitação (fl. 37), e determinada a realização de avaliação social e psicológica, sobreveio laudo (fls ), envolvendo o contexto familiar, sobrevindo informação de que João [...] referiu que gosta muito do seu pai e que sente saudades dele [...]. Observou-se, ainda, que das avaliações ficou evidente a existência de conflitos entre os genitores e o demandado e a família da autora. Quanto a esta, restou evidenciado que [...] tem relacionamentos conturbados, confusos, instáveis, observando-se que a avó materna exerce o controle. Realizada sessão conjunta com as crianças, foi observado que João e Gabriel mostraram-se extremamente agitados, bem como que a genitora, ora agravante, e a avó materna [...] não conseguem um adequado manejo com a situação, percebendose um interesse centrado em mostrar um padrão de funcionamento a esta técnica, que não parece estar veiculado à realidade fora deste Setor. (fl. 63). Em decorrência, [...] por terem as crianças um relacionamento adequado com o pai e sentirem saudades dele, o que sinaliza que é pessoa importante para o mundo afetivos delas [...] foi sugerido a retomada das visitas paternas, desde que supervisionadas, o que foi deferido pelo Juízo a quo (fl. 43), isso em Noticiados pela agravante novos abusos pelo pai aos filhos, em outubro de 2010 (fls ), foi determinada nova avaliação psicológica, desta feita por psicóloga do Ministério Público, cujo laudo, datado de dezembro/2010, foi acostado às fls , que sugeriu [...] o aumento paulatino das visitas paternas, primeiramente, para finais de semana alternados, com pernoite, de sábado a domingo, e, posteriormente, estendendo-se de sexta-feira a domingo, bem como, com o passar de alguns poucos meses, a inserção de um dia na semana com pernoite. Ainda, sobreveio sugestão pela profissional que subscreveu o laudo para que a agravante fosse encaminhada à psicoterapia, e que a mesma seja orientada a suspender o processo de alienação parental a seus filhos. (fl. 71). Ao contínuo, sobreveio a notícia de fato novo (fls. 74 e seguintes), consistentes em novos abusos que teriam ocorrido em janeiro do corrente ano. Os laudos de exame de corpo de delito acostados às fls atestam que as crianças João Henrique, de 05 anos, e Gabriel, de 03 anos, apresentavam vestígios de ato libidinoso, isso em Conforme constou na decisão que examinou o pedido de efeito suspensivo, a gravidade dos fatos noticiados nos autos por certo está a produzir, nas crianças, danos de difícil reparação, seja porque os abusos noticiados possam efetivamente ter ocorrido, seja porque alguém as induziu a pensar que ocorreram, ou, ainda, que terceira pessoa os teria praticado, imputando-os ao agravado. Observa-se do minucioso laudo elaborado pela Psicóloga do Ministério Público, que entrevistou as partes, as crianças e os avós paternos e maternos, que restou constatada a ocorrência da Síndrome de Alienação Parental, conforme se extrai das conclusos que ora se reproduz em parte. Verbis: [...] de acordo com o estudo, não há indícios significativos no sentido da positividade dos abusos sexuais à criança João Henrique [...] na forma narrada, não tendo, da mesma forma, sinalização de que seu irmão, Gabriel [...], tenha sofrido este tipo de vitimização por parte de seu genitor. Vê-se, conforme o relato, que os fatos trazidos pela genitora carecem de coerência, se analisados à luz do histórico do caso e das demais falas, o que não tem ocorrido nos diversos locais e pelos profissionais que a mesma busca, visto que realiza uma clivagem de informações, obnubilando a adequada avaliação da situação. Assim o fez no episódio em que João consultou no Plantão da criança, referindo aos profissionais que a atenderam ter sido tal

95 acontecimento no mesmo dia em que o menino esteve em visita com o pai, o que se mostrou inverídico quando confrontada com as datas neste Setor de psicologia, constatando-se que o menino foi levado para o referido atendimento na noite posteriormente ao alegado dia de visitação, bem como foi verificado que ele sequer mencionou qualquer atitude inadequada por parte do genitor, tendo esta verbalização sido exclusiva de Daniela, impossibilitando o apropriado diagnóstico do menino, que não foi submetido a exames, o que considera-se, inclusive, preocupante, já que poderia estar passando por problemas reais em sua saúde física. Daniela baseia-se em que havia um episódio anterior que sinalizava a vitimização de seu filho, juntamente com a prima, conforme o relato desta. Mais uma vez atestam-se discordâncias nos relatos de Daniela, de Deise e de Maria em como ocorreu tal revelação, bem como se depreende que, se tal fato fosse verídico, ela teria promovido medidas imediatas para o impedimento das visitas, o que não o fez, alegando que aguardou os encaminhamentos por parte do Conselho Tutelar, que, segundo coloca, negligenciou o caso. Ora, Daniela apenas procurou um advogado, a fim de suspender os contatos, e, posteriormente, a situação de risco, aproximadamente seis meses após o relato de Jenifer, possivelmente porque, conforme coloca Deise, aguardava que Cléber retomasse a relação, como havia efetivado nas separações anteriores, ou como um reflexo da falta de pagamento das pensão alimentícia, lembrando que, de acordo com sua genitora, ela o ameaçou no sentido de promover a suspensão das visitas caso não regularizasse o acerto dos alimentos. Vê-se que João nunca revelou históricas de abuso sexual por parte de seu pai a Daniela, de acordo com o que ela própria assegura, e relatou fatos, possivelmente criados, para a psicóloga do APOIAR, visto que sua mãe garantiu que, dessa forma, contando os segredos do papai ele não precisaria mais participar do processo, o qual não lhe agradava. Resta evidente um processo de alienação parental instalado por Daniela, motivada por sua mágoa em relação à separação, até porque, segundo seus princípios, Cléber é o único possível esposo em sua vida. [...] A Síndrome de Alienação Parental age sobre duas frentes: por um lado demonstra a psicopatologia gravíssima do genitor alienador, que utiliza-se de todos os meios, até mesmo ilícitos e inescrupulosos, para atingir seu intento; por outro lado, o ciclo se fecha quando essa influência emocional começa a fazer com que a criança modifique seu comportamento, sentimentos e opiniões acerca do outro pai (alienado). Tal síndrome, manifestada por Daniela, tem a convivência e o incentivo de seus familiares, em especial, de sua genitora, a qual claramente utiliza de uma fantasia exacerbada, motivando sérias dúvidas a respeito dos demais fatos alegados. Vê-se, pois, que Daniela encontra-se altamente desestabilizada, com necessidades egóicas que a fragilizam, como a necessidade de segurança, de cuidados e de proteção e sua extrema angústia, mostrando um alto nível de dependência, o que a torna vulnerável a distorções do real por influência externa, bem como impede que possa manter uma vida social e familiar com maior autonomia e mais salutar.

96 Nesse contexto, não só ela, mas as crianças tornam-se prejudicadas, já que imersas nessa simbiose familiar, sem espaço para poderem desenvolver seu pensamento autônomo, e, dessa forma, tornando-se vulneráveis à indução. [...] João e Gabriel, mas em especial o primeiro, mostram-se altamente agitados para sua fase de desenvolvimento, e, pelo que se observou em sessão neste Setor, eles perdem-se na indistinção promovida pela genitora e pela avó, ambas falando, cuidando e orientando ao mesmo tempo, mas elas mesmas desconectadas em meio à agitação dos meninos, a qual tenta manifestar justamente que eles necessitam que as relações e funções sejam seguras e estabelecidas, visto que, do contrário, correm o risco de permanecer nesse movimento de constante perturbação. [...] Salienta-se a importância da dilatação do período de visitas paternas, a fim de que João e Gabriel possam distanciar-se um tanto da realidade da família materna, inadequadamente aglomerada, e vivenciar um padrão diferenciado de funcionamento familiar, justamente conforme reclamado pelos avós, quais seja, que os meninos possam vivenciar valores e princípios diversos de seu núcleo, os quais conforme esta avaliação, não mostraram-se perniciosos. Observa-se, assim, que a profissional que subscreveu o laudo, além de não considerar prejudicial ao desenvolvimento das crianças a manutenção das visitas paternas, sugeriu que fossem ampliadas, pois, além de estreitarem os laços entre pais e filhos, proporcionariam a João e Gabriel experiências diferenciadas daquelas vividas no contexto em que inseridos. O caso retratado nos autos, por certo, reclama cautela, em especial porque, conforme destacado na decisão que indeferiu o pedido de efeito suspensivo, ainda se desconhece quem está realmente causando danos nas crianças, com fortes evidências de que instaurado processo de alienação parental pela agravante. Todavia, diante da conclusão do laudo de avaliação psicológica e levando-se em conta que a decisão que indeferiu o pedido de efeito suspensivo foi proferida em fevereiro passado sem que se tivesse notícias de novo abuso, ou de qualquer ato que viesse em prejuízo das crianças, é de serem mantidas as visitas na forma como vêm ocorrendo, enquanto se desenvolve e finaliza a instrução processual, com a qual se espera o desate das alegações e dúvidas havidas nos autos. Tal conclusão, por certo, não impede que, no curso do processo, sobrevindo fato novo, possa advir nova regulamentação de visitas, restringindo-as, ampliando-as, ou mesmo, suspendendo-as até final julgamento do feito. Isto posto, nego provimento ao agravo de instrumento. DR. ROBERTO CARVALHO FRAGA - De acordo com o Relator. DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES (PRESIDENTE) - De acordo com o Relator. DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES - Presidente - Agravo de Instrumento nº , Comarca de Caxias do Sul: "NEGARAM PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. UNÂNIME." Julgadora de 1º Grau: MARIA OLIVIER

97 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ALPV Nº /CÍVEL TRIBUNAL DE JUSTIÇA RS AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CAUTELAR COM PEDIDO LIMINAR DE CANCELAMENTO/ REVOGAÇÃO DO DIREITO DE VISITAS. LAUDO PASICOLÓGICO INDICANDO A MANUTENÇÃO DE VISITAS. Não sendo constatado, através laudos de avaliação social e psicológica, indicativos seguros de que o genitor seja o autor dos abusos praticados contra os filhos duas crianças de 06 e 04 anos de idade, assim como os elementos técnicos apurados demonstram a existência de vínculos fortalecidos entre pai e filhos, evidenciado ainda o desencadeamento de alienação parental por parte da genitora, tais circunstâncias ensejam a manutenção das visitas paternas deferidas na origem, enquanto se desenvolve a instrução processual, com a qual se aguarda elementos seguros para decisão da ação. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. AGRAVO DE INSTRUMENTO SÉTIMA CÂMARA CÍVEL Nº COMARCA DE CAXIAS DO SUL D.B... C.L... AGRAVANTE AGRAVADO A CÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. Acordam os Magistrados integrantes da Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento ao agravo de instrumento. Custas na forma da lei. 1

98 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ALPV Nº /CÍVEL TRIBUNAL DE JUSTIÇA RS Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES (PRESIDENTE) E DR. ROBERTO CARVALHO FRAGA. Porto Alegre, 25 de maio de DES. ANDRÉ LUIZ PLANELLA VILLARINHO, Relator. R E L ATÓRIO DES. ANDRÉ LUIZ PLANELLA VILLARINHO (RELATOR) Trata-se de agravo de instrumento interposto por Daniela B. à decisão que indeferiu pedido de suspensão das visitas paternas anteriormente restabelecidas (fls ). Nas razões recursais, a agravante sustenta que a decisão recorrida vai de encontro aos interesses do filhos menores (05 e 03 anos de idade), afastando a proteção que aos mesmos deve ser garantida pelo Estado. Faz menção a possível abuso sexual pelo genitor, no ano de 2009, a partir do qual foram suspensas as visitas paternas, que posteriormente foram retomadas, desde que supervisionadas, sendo, em agosto de 2010, restabelecidas, desde que acompanhadas pela avó paterna. Refere que, em janeiro de 2011 sobreveio nova notícia de abuso no final de semana em que as crianças haviam permanecido na companhia do pai e, em razão disso, pretende seja reformada a decisão a quo, de forma a novamente suspender as visitas paternas. Alternativamente, acaso mantidas as visitas, requer que as mesma se realizem na presença de um Conselheiro Tutelar. 2

99 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ALPV Nº /CÍVEL TRIBUNAL DE JUSTIÇA RS Recebido o agravo de instrumento, foi indeferido o pedido de efeito suspensivo (fls ). Infirmadas as partes, o agravado apresentou contrarrazões pela manutenção da decisão recorrida (fls ). Com vista ao Ministério Público, a eminente Procuradora de Justiça Drª. Juanita Rodrigues Termignoni manifestou-se pelo parcial provimento do agravo de instrumento, de forma a que as visitas se realizem mediante o acompanhamento do Conselho Tutelar (fls ). É o relatório. V O TOS DES. ANDRÉ LUIZ PLANELLA VILLARINHO (RELATOR) Cuida-se de agravo de instrumento interposto por Daniela B. à decisão que indeferiu pedido de suspensão das visitas paternas anteriormente restabelecidas (fls ). Inicialmente, reproduzo a sequência dos fatos envolvendo o caso em exame, nos moldes em que procedido quando do recebimento do presente recurso. A agravante, em , ingressou com ação cautelar, mediante a qual buscou cancelar as visitas paternas exercidas pelo agravado, noticiando a ocorrência de abusos aos filhos do casal e a uma sobrinha (fls. 21 e seguintes). Em relação aos alegados abusos à sobrinha, a autora, ora recorrente, informou que ocorreram em agosto/2009 (fl. 22). sendo que o ajuizamento da ação cautelar se deu em fevereiro/2010 (fl. 21). 3

100 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ALPV Nº /CÍVEL TRIBUNAL DE JUSTIÇA RS Deferida a liminar, ao efeito de suspender a visitação (fl. 37), e determinada a realização de avaliação social e psicológica, sobreveio laudo (fls ), envolvendo o contexto familiar, sobrevindo informação de que João [...] referiu que gosta muito do seu pai e que sente saudades dele [...]. Observou-se, ainda, que das avaliações ficou evidente a existência de conflitos entre os genitores e o demandado e a família da autora. Quanto a esta, restou evidenciado que [...] tem relacionamentos conturbados, confusos, instáveis, observando-se que a avó materna exerce o controle. Realizada sessão conjunta com as crianças, foi observado que João e Gabriel mostraram-se extremamente agitados, bem como que a genitora, ora agravante, e a avó materna [...] não conseguem um adequado manejo com a situação, percebendo-se um interesse centrado em mostrar um padrão de funcionamento a esta técnica, que não parece estar veiculado à realidade fora deste Setor. (fl. 63). Em decorrência, [...] por terem as crianças um relacionamento adequado com o pai e sentirem saudades dele, o que sinaliza que é pessoa importante para o mundo afetivos delas [...] foi sugerido a retomada das visitas paternas, desde que supervisionadas, o que foi deferido pelo Juízo a quo (fl. 43), isso em Noticiados pela agravante novos abusos pelo pai aos filhos, em outubro de 2010 (fls ), foi determinada nova avaliação psicológica, desta feita por psicóloga do Ministério Público, cujo laudo, datado de dezembro/2010, foi acostado às fls , que sugeriu [...] o aumento paulatino das visitas paternas, primeiramente, para finais de semana alternados, com pernoite, de sábado a domingo, e, posteriormente, estendendo-se de sextafeira a domingo, bem como, com o passar de alguns poucos meses, a inserção de um dia na semana com pernoite. 4

101 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ALPV Nº /CÍVEL TRIBUNAL DE JUSTIÇA RS Ainda, sobreveio sugestão pela profissional que subscreveu o laudo para que a agravante fosse encaminhada à psicoterapia, e que a mesma seja orientada a suspender o processo de alienação parental a seus filhos. (fl. 71). Ao contínuo, sobreveio a notícia de fato novo (fls. 74 e seguintes), consistentes em novos abusos que teriam ocorrido em janeiro do corrente ano. Os laudos de exame de corpo de delito acostados às fls atestam que as crianças João Henrique, de 05 anos, e Gabriel, de 03 anos, apresentavam vestígios de ato libidinoso, isso em Conforme constou na decisão que examinou o pedido de efeito suspensivo, a gravidade dos fatos noticiados nos autos por certo está a produzir, nas crianças, danos de difícil reparação, seja porque os abusos noticiados possam efetivamente ter ocorrido, seja porque alguém as induziu a pensar que ocorreram, ou, ainda, que terceira pessoa os teria praticado, imputando-os ao agravado. Observa-se do minucioso laudo elaborado pela Psicóloga do Ministério Público, que entrevistou as partes, as crianças e os avós paternos e maternos, que restou constatada a ocorrência da Síndrome de Alienação Parental, conforme se extrai das conclusos que ora se reproduz em parte. Verbis: [...] de acordo com o estudo, não há indícios significativos no sentido da positividade dos abusos sexuais à criança João Henrique [...] na forma narrada, não tendo, da mesma forma, sinalização de que seu irmão, Gabriel [...], tenha sofrido este tipo de vitimização por parte de seu genitor. Vê-se, conforme o relato, que os fatos trazidos pela genitora carecem de coerência, se analisados à luz do histórico do caso e das demais falas, o que não tem ocorrido nos diversos locais e pelos profissionais que a mesma busca, visto que realiza uma clivagem de informações, obnubilando a adequada avaliação da situação. Assim o fez no episódio em que João consultou no Plantão da criança, referindo aos profissionais que a atenderam ter sido tal acontecimento no mesmo dia em que o menino esteve em 5

102 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ALPV Nº /CÍVEL TRIBUNAL DE JUSTIÇA RS visita com o pai, o que se mostrou inverídico quando confrontada com as datas neste Setor de psicologia, constatando-se que o menino foi levado para o referido atendimento na noite posteriormente ao alegado dia de visitação, bem como foi verificado que ele sequer mencionou qualquer atitude inadequada por parte do genitor, tendo esta verbalização sido exclusiva de Daniela, impossibilitando o apropriado diagnóstico do menino, que não foi submetido a exames, o que considera-se, inclusive, preocupante, já que poderia estar passando por problemas reais em sua saúde física. Daniela baseia-se em que havia um episódio anterior que sinalizava a vitimização de seu filho, juntamente com a prima, conforme o relato desta. Mais uma vez atestam-se discordâncias nos relatos de Daniela, de Deise e de Maria em como ocorreu tal revelação, bem como se depreende que, se tal fato fosse verídico, ela teria promovido medidas imediatas para o impedimento das visitas, o que não o fez, alegando que aguardou os encaminhamentos por parte do Conselho Tutelar, que, segundo coloca, negligenciou o caso. Ora, Daniela apenas procurou um advogado, a fim de suspender os contatos, e, posteriormente, a situação de risco, aproximadamente seis meses após o relato de Jenifer, possivelmente porque, conforme coloca Deise, aguardava que Cléber retomasse a relação, como havia efetivado nas separações anteriores, ou como um reflexo da falta de pagamento das pensão alimentícia, lembrando que, de acordo com sua genitora, ela o ameaçou no sentido de promover a suspensão das visitas caso não regularizasse o acerto dos alimentos. Vê-se que João nunca revelou históricas de abuso sexual por parte de seu pai a Daniela, de acordo com o que ela própria assegura, e relatou fatos, possivelmente criados, para a psicóloga do APOIAR, visto que sua mãe garantiu que, dessa forma, contando os segredos do papai ele não precisaria mais participar do processo, o qual não lhe agradava. Resta evidente um processo de alienação parental instalado por Daniela, motivada por sua mágoa em relação à separação, até porque, segundo seus princípios, Cléber é o único possível esposo em sua vida. [...] A Síndrome de Alienação Parental age sobre duas frentes: por um lado demonstra a psicopatologia gravíssima do genitor alienador, que utiliza-se de todos os meios, até mesmo ilícitos e inescrupulosos, para atingir seu intento; por outro lado, o ciclo se fecha quando essa influência emocional começa a fazer com que a criança modifique seu comportamento, sentimentos e opiniões acerca do outro pai (alienado). 6

103 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ALPV Nº /CÍVEL TRIBUNAL DE JUSTIÇA RS Tal síndrome, manifestada por Daniela, tem a convivência e o incentivo de seus familiares, em especial, de sua genitora, a qual claramente utiliza de uma fantasia exacerbada, motivando sérias dúvidas a respeito dos demais fatos alegados. Vê-se, pois, que Daniela encontra-se altamente desestabilizada, com necessidades egóicas que a fragilizam, como a necessidade de segurança, de cuidados e de proteção e sua extrema angústia, mostrando um alto nível de dependência, o que a torna vulnerável a distorções do real por influência externa, bem como impede que possa manter uma vida social e familiar com maior autonomia e mais salutar. Nesse contexto, não só ela, mas as crianças tornamse prejudicadas, já que imersas nessa simbiose familiar, sem espaço para poderem desenvolver seu pensamento autônomo, e, dessa forma, tornando-se vulneráveis à indução. [...] João e Gabriel, mas em especial o primeiro, mostram-se altamente agitados para sua fase de desenvolvimento, e, pelo que se observou em sessão neste Setor, eles perdem-se na indistinção promovida pela genitora e pela avó, ambas falando, cuidando e orientando ao mesmo tempo, mas elas mesmas desconectadas em meio à agitação dos meninos, a qual tenta manifestar justamente que eles necessitam que as relações e funções sejam seguras e estabelecidas, visto que, do contrário, correm o risco de permanecer nesse movimento de constante perturbação. [...] Salienta-se a importância da dilatação do período de visitas paternas, a fim de que João e Gabriel possam distanciar-se um tanto da realidade da família materna, inadequadamente aglomerada, e vivenciar um padrão diferenciado de funcionamento familiar, justamente conforme reclamado pelos avós, quais seja, que os meninos possam vivenciar valores e princípios diversos de seu núcleo, os quais conforme esta avaliação, não mostraram-se perniciosos. Observa-se, assim, que a profissional que subscreveu o laudo, além de não considerar prejudicial ao desenvolvimento das crianças a manutenção das visitas paternas, sugeriu que fossem ampliadas, pois, além de estreitarem os laços entre pais e filhos, proporcionariam a João e Gabriel experiências diferenciadas daquelas vividas no contexto em que inseridos. O caso retratado nos autos, por certo, reclama cautela, em especial porque, conforme destacado na decisão que indeferiu o pedido de 7

104 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ALPV Nº /CÍVEL TRIBUNAL DE JUSTIÇA RS efeito suspensivo, ainda se desconhece quem está realmente causando danos nas crianças, com fortes evidências de que instaurado processo de alienação parental pela agravante. Todavia, diante da conclusão do laudo de avaliação psicológica e levando-se em conta que a decisão que indeferiu o pedido de efeito suspensivo foi proferida em fevereiro passado sem que se tivesse notícias de novo abuso, ou de qualquer ato que viesse em prejuízo das crianças, é de serem mantidas as visitas na forma como vêm ocorrendo, enquanto se desenvolve e finaliza a instrução processual, com a qual se espera o desate das alegações e dúvidas havidas nos autos. Tal conclusão, por certo, não impede que, no curso do processo, sobrevindo fato novo, possa advir nova regulamentação de visitas, restringindo-as, ampliando-as, ou mesmo, suspendendo-as até final julgamento do feito. Isto posto, nego provimento ao agravo de instrumento. DR. ROBERTO CARVALHO FRAGA - De acordo com o Relator. DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES (PRESIDENTE) - De acordo com o Relator. DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES - Presidente - Agravo de Instrumento nº , Comarca de Caxias do Sul: "NEGARAM PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. UNÂNIME." Julgadora de 1º Grau: MARIA OLIVIER 8

MATERIAL DE LEITURA OBRIGATÓRIA AULA 17

MATERIAL DE LEITURA OBRIGATÓRIA AULA 17 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES. Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu Shikicima 1-) Procedimento da Guarda Compartilhada: Aplicação do rito especial até a audiência de conciliação

Leia mais

GEORGIOS ALEXANDRIDIS

GEORGIOS ALEXANDRIDIS GEORGIOS ALEXANDRIDIS Mestre e Doutorando em Direito das Relações Sociais pela PUC/SP; Especialista em Direito das Relações de Consumo pela PUC/SP; Professor Universitário (graduação e pós-graduação) e

Leia mais

LEI DE 26 DE AGOSTO DE 2010

LEI DE 26 DE AGOSTO DE 2010 LEI 12.318 DE 26 DE AGOSTO DE 2010 LEI Nº 12.318 DE 26 DE AGOSTO DE 2010. DISPÕE SOBRE A ALIENAÇÃO PARENTAL E ALTERA O ART. 236 DA LEI NO 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber

Leia mais

VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE QUANDO DA OCORRÊNCIA DA ALIENAÇÃO PARENTAL NECESSIDADE DE UMA VIDA SAUDÁVEL PARA OS INFANTOS

VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE QUANDO DA OCORRÊNCIA DA ALIENAÇÃO PARENTAL NECESSIDADE DE UMA VIDA SAUDÁVEL PARA OS INFANTOS VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE QUANDO DA OCORRÊNCIA DA ALIENAÇÃO PARENTAL NECESSIDADE DE UMA VIDA SAUDÁVEL PARA OS INFANTOS Kelly Vannessa 1 kelly@dbsassociados.com.br Antônio

Leia mais

SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL X A NECESSIDADE DE GARANTIA DO DIREITO FUNDAMENTAL A UMA VIDA SAUDÁVEL DA CRIANÇA

SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL X A NECESSIDADE DE GARANTIA DO DIREITO FUNDAMENTAL A UMA VIDA SAUDÁVEL DA CRIANÇA SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL X A NECESSIDADE DE GARANTIA DO DIREITO FUNDAMENTAL A UMA VIDA SAUDÁVEL DA CRIANÇA Kelly Vannessa 1 kelly@dbsassociados.com.br Antônio Leonardo Amorim 2 Amorimdireito.sete@hotmail.cm

Leia mais

24/04/2018 O DIREITO DE FAMÍLIA NO SISTEMA BRASILEIRO E SUAS REPERCUSSÕES LEGAIS UNIÃO ESTÁVEL CASAMENTO NO BRASIL

24/04/2018 O DIREITO DE FAMÍLIA NO SISTEMA BRASILEIRO E SUAS REPERCUSSÕES LEGAIS UNIÃO ESTÁVEL CASAMENTO NO BRASIL O DIREITO DE FAMÍLIA NO SISTEMA BRASILEIRO E SUAS REPERCUSSÕES LEGAIS GIOVANI FERRI PATRICIA BALENSIEFER CASAMENTO NO BRASIL BRASIL IMPÉRIO: CASAMENTO CATÓLICO - regulado pela Igreja Católica, religião

Leia mais

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador PAULO PAIM I RELATÓRIO

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador PAULO PAIM I RELATÓRIO PARECER Nº, DE 2010 Da COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS E LEGISLAÇÃO PARTICIPATIVA, sobre o Projeto de Lei da Câmara nº 20, de 2010 (PL nº 4.053, de 2008), do Deputado Régis de Oliveira, que dispõe sobre a

Leia mais

ALIENAÇÃO PARENTAL. parental;

ALIENAÇÃO PARENTAL. parental; 1 ALIENAÇÃO PARENTAL PROJETO DE LEI Nº 4.053, DE 2008, DA CÂMARA DOS DEPUTADOS DISPÕE SOBRE A ALIENAÇÃO PARENTAL Autor: Deputado Régis de Oliveira SUBSTITUTIVO DA COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA

Leia mais

ALIENAÇÃO PARENTAL. 1 Introdução: 2 Alienação Parental: 28/09/2014. Psicanálise (1987 Richard A Gardner) Direito (Br Lei n. 12.

ALIENAÇÃO PARENTAL. 1 Introdução: 2 Alienação Parental: 28/09/2014. Psicanálise (1987 Richard A Gardner) Direito (Br Lei n. 12. ALIENAÇÃO PARENTAL Prof.a Dra Cíntia Rosa Pereira de Lima 1 Introdução: Psicanálise (1987 Richard A Gardner) Direito (Br Lei n. 12.318/2010) programação do filho pelo pai-guardião, utilizando por vezes,

Leia mais

Elsa de Mattos Psicóloga e Professora de Psicologia da UFBA 4º Seminário da Associação Brasileira de Mulheres da Carreira Jurídica ESA Agosto 2016

Elsa de Mattos Psicóloga e Professora de Psicologia da UFBA 4º Seminário da Associação Brasileira de Mulheres da Carreira Jurídica ESA Agosto 2016 ALIENAÇÃO PARENTAL Novas perspectivas de abordagem e intervenção Elsa de Mattos Psicóloga e Professora de Psicologia da UFBA 4º Seminário da Associação Brasileira de Mulheres da Carreira Jurídica ESA Agosto

Leia mais

FACULDADE MULTIVIX CARIACICA CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO A GUARDA COMPARTILHADA COMO SOLUÇÃO PARA A ALIENAÇÃO PARENTAL

FACULDADE MULTIVIX CARIACICA CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO A GUARDA COMPARTILHADA COMO SOLUÇÃO PARA A ALIENAÇÃO PARENTAL FACULDADE MULTIVI CARIACICA CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO A GUARDA COMPARTILHADA COMO SOLUÇÃO PARA A ALIENAÇÃO PARENTAL CARIACICA/ES 2018 Antonio Marcos Cunha Júnior A GUARDA COMPARTILHADA COMO SOLUÇÃO

Leia mais

Alienação parental abordagem critica sobre a alienação parental - o que é, causas, consequências e prevenção

Alienação parental abordagem critica sobre a alienação parental - o que é, causas, consequências e prevenção VI CONGRESSO NACIONAL DE ALIENAÇÃO PARENTAL VI CONGRESSO INTERNACIONAL DE ALIENAÇÃO PARENTAL Belo Horizonte, 17 e 18 de agosto de 2017 Alienação parental abordagem critica sobre a alienação parental -

Leia mais

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 19/11/2018. Alienação parental.

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 19/11/2018. Alienação parental. Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 19/11/2018 Alienação parental. Alienação parental é quando o pai ou a mãe utiliza meios para afastar o filho do

Leia mais

A Síndrome da Alienação Parental no Ordenamento Jurídico Brasileiro

A Síndrome da Alienação Parental no Ordenamento Jurídico Brasileiro A Síndrome da Alienação Parental no Ordenamento Jurídico Brasileiro Autor: Cláudia Mara Rodrigues Camelo Área do Direito: Direito Civil Titulação: Bacharel em Direito Filiação institucional: Pontifícia

Leia mais

Alienação Pa rental?

Alienação Pa rental? Você pratica Alienação Pa rental? Seu filho só tem um pai e uma mãe. Agir com inteligência e maturidade é fazê-lo acreditar que ele tem o melhor pai e a melhor mãe do mundo! Quando ele estiver pronto,

Leia mais

O Direito é envolvente e acalora corações que se voltam a ele. Impossível ser indiferente às questões postas pela ordenação.

O Direito é envolvente e acalora corações que se voltam a ele. Impossível ser indiferente às questões postas pela ordenação. O Direito é envolvente e acalora corações que se voltam a ele. Impossível ser indiferente às questões postas pela ordenação. Nem sempre (o direito) evolui na velocidade dos acontecimentos e aí, exatamente

Leia mais

Mostra de Iniciação Científica EFEITOS NA SUBJETIVIDADE DAS CRIANÇAS DE PAIS SEPARADOS EM RELAÇÃO À ALIENAÇÃO PARENTAL

Mostra de Iniciação Científica EFEITOS NA SUBJETIVIDADE DAS CRIANÇAS DE PAIS SEPARADOS EM RELAÇÃO À ALIENAÇÃO PARENTAL Mostra de Iniciação Científica EFEITOS NA SUBJETIVIDADE DAS CRIANÇAS DE PAIS SEPARADOS EM RELAÇÃO À ALIENAÇÃO PARENTAL Vanderlei Camini 1 Magda Medianeira de Mello 2 Resumo: Este artigo trata dos principais

Leia mais

LEI Nº , DE 26 DE AGOSTO DE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

LEI Nº , DE 26 DE AGOSTO DE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: LEI Nº 12.318, DE 26 DE AGOSTO DE 2010. Mensagem de veto (**) Ao final do texto Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei n o 8.069, de 13 de julho de 1990. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Leia mais

A Alienação Parental foi positivada em 2010 por meio da Lei prevendo:

A Alienação Parental foi positivada em 2010 por meio da Lei prevendo: 1. ALIENAÇÃO PARENTAL (Lei n. 12.318/2010) Uns chamam de síndrome de alienação parental ; outros, de implantação de falsas memórias. (...)Este tema começa a despertar a atenção, pois é prática que vem

Leia mais

ALIENAÇÃO PARENTAL SOB O OLHAR DO ADVOGADO CRIMINAL MURILLO ANDRADE ADVOGADO CRIMINAL

ALIENAÇÃO PARENTAL SOB O OLHAR DO ADVOGADO CRIMINAL MURILLO ANDRADE ADVOGADO CRIMINAL ALIENAÇÃO PARENTAL SOB O OLHAR DO ADVOGADO CRIMINAL MURILLO ANDRADE ADVOGADO CRIMINAL AMOR E ÓDIO A GÊNESES DAS DISPUTAS NAS VARAS DE FAMÍLIA E CRIMINAL AMOR: forte afeição por outra pessoa, nascida de

Leia mais

DISPUTA DE GUARDA E ALIENAÇÃO PARENTAL. PALAVRAS-CHAVE: Alienação parental, Disputa de guarda, Família, Criança e adolescente, Violência psicológica.

DISPUTA DE GUARDA E ALIENAÇÃO PARENTAL. PALAVRAS-CHAVE: Alienação parental, Disputa de guarda, Família, Criança e adolescente, Violência psicológica. 40 DISPUTA DE GUARDA E ALIENAÇÃO PARENTAL RESUMO LOULY, Filipe Marques. 1 SANTOS, Gisele Castanheira dos. 2 LIMA, Denise. 3 O presente trabalho tem como objetivo compreender a alienação parental no contexto

Leia mais

A possibilidade de admissão de prova ilícita nos casos de alienação parental, considerando o Princípio da Dignidade Humana e o da Proporcionalidade

A possibilidade de admissão de prova ilícita nos casos de alienação parental, considerando o Princípio da Dignidade Humana e o da Proporcionalidade A possibilidade de admissão de prova ilícita nos casos de alienação parental, considerando o Princípio da Dignidade Humana e o da Proporcionalidade Cimara Santos da Silva RESUMO: O presente projeto tem

Leia mais

A Psicodinâmica da Alienação Parental

A Psicodinâmica da Alienação Parental A Psicodinâmica da Alienação Parental Por Andreia Calçada CRP05/18785 Psicóloga Clínica e Jurídica www.clinicaexpansao.com.br andreiacalcada@intermidia.net Sob a ótica da criança, do alienador e do alienado

Leia mais

PSICOLOGIA JURÍDICA: RELAÇÃO COM O DIREITO DE FAMÍLIA

PSICOLOGIA JURÍDICA: RELAÇÃO COM O DIREITO DE FAMÍLIA PSICOLOGIA JURÍDICA: RELAÇÃO COM O DIREITO DE FAMÍLIA Prof. Thiago Gomes 1. CONTEXTUALIZAÇÃO O QUE É A FAMÍLIA? E O CASAMENTO? Poema: PROMESSAS MATRIMONIAIS (Martha Medeiros) Promete se deixar conhecer?

Leia mais

PARÂMETROS DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DECORRENTES DO ABANDONO AFETIVO

PARÂMETROS DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DECORRENTES DO ABANDONO AFETIVO PARÂMETROS DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DECORRENTES DO ABANDONO AFETIVO GT III Efetividade do Sistema de Proteção às Crianças e aos Adolescentes na América Latina. Tamires Cristina Feijó de Freitas

Leia mais

Mediação Familiar na Alienação Parental

Mediação Familiar na Alienação Parental Mediação Familiar na Alienação Parental Mediação e suas vantagens Mediação é meio de solução de conflitos que, através de técnicas e métodos de comunicação eficaz, confere a oportunidade de ouvir as partes

Leia mais

MEDIAÇÃO E GUARDA COMPARTILHADA CONQUISTAS PARA A FAMíLIA

MEDIAÇÃO E GUARDA COMPARTILHADA CONQUISTAS PARA A FAMíLIA Denise Maria Perissini da Silva MEDIAÇÃO E GUARDA COMPARTILHADA CONQUISTAS PARA A FAMíLIA Prefácio de JULlETA ARSÊNIO 2 8 Edição Revista e Atualizada com as Leis 13.058/14 (Guarda Compartilhada), 13.140/15

Leia mais

GUARDA COMPARTILHADA GERALDO, M. L.

GUARDA COMPARTILHADA GERALDO, M. L. GUARDA COMPARTILHADA GERALDO, M. L. GERALDO, Maria Luisa Guarda Compartilhada. Trabalho de Curso de Graduação em Direito da Faculdade de Apucarana. Apucarana-Pr. 2012. RESUMO Esse trabalho estuda a guarda

Leia mais

A ALIENAÇÃO PARENTAL E SUAS PUNIBILIDADES

A ALIENAÇÃO PARENTAL E SUAS PUNIBILIDADES A ALIENAÇÃO PARENTAL E SUAS PUNIBILIDADES Luana Coelho Gomes e Sousa Fabio Vargas RESUMO Regularizada pela lei 12.318/2010 ressalta os meios processuais para reconhece la como também mostra meios e sanções

Leia mais

ALIENAÇÃO PARENTAL 1. Bianca Strücker 2, Fabiana Marion Spengler 3.

ALIENAÇÃO PARENTAL 1. Bianca Strücker 2, Fabiana Marion Spengler 3. ALIENAÇÃO PARENTAL 1 Bianca Strücker 2, Fabiana Marion Spengler 3. 1 Monografia de conclusão do curso de graduação em Direito (UNIJUI) 2 Graduanda do curso de Direito (UNIJUI). E-mail: biancastrucker@hotmail.com.

Leia mais

STJ EDUARDO DE OLIVEIRA LEITE. Alienação. Parental. Do mito à realidade THOMSON REUTERS REVISTA DOS TRIBUNAIS'"

STJ EDUARDO DE OLIVEIRA LEITE. Alienação. Parental. Do mito à realidade THOMSON REUTERS REVISTA DOS TRIBUNAIS' EDUARDO DE OLIVEIRA LEITE Alienação Parental Do mito à realidade THOMSON REUTERS REVISTA DOS TRIBUNAIS'" ALIENAÇÃO PARENTAL Do mito à realidade EI)l'AR[)() IJI OIIVfIR/\ LflTE ImP~~V;~' INCLUI VERSÃO ELETRONICA

Leia mais

A IMPORTÂNCIA DOS AVÓS NAS AÇÕES DE GUARDA: UMA ANÁLISE EM CASOS CONCRETOS FRENTE À ATUAÇÃO DO NEDDIJ

A IMPORTÂNCIA DOS AVÓS NAS AÇÕES DE GUARDA: UMA ANÁLISE EM CASOS CONCRETOS FRENTE À ATUAÇÃO DO NEDDIJ 14. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido - ISSN 2238-9113 1 ISSN 2238-9113 ÁREA TEMÁTICA: ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( X) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( ) SAÚDE ( ) TRABALHO

Leia mais

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Direitos Fundamentais Poder Familiar e Direito à Convivência Familiar e Comunitária Parte 1 Profª. Liz Rodrigues - Art. 19, ECA: É direito da criança e do adolescente

Leia mais

ALIENAÇÃO PARENTAL: órfãos de pais vivos RESUMO

ALIENAÇÃO PARENTAL: órfãos de pais vivos RESUMO ALIENAÇÃO PARENTAL: órfãos de pais vivos Fernanda Fayer de Oliveira Fernandes 1 Letícia D. Ferreira Sell 2 RESUMO O presente trabalho analisa a Síndrome da Alienação Parental e a importância de sua tipificação

Leia mais

ALIENAÇÃO PARENTAL I Diálogos sobre Direito de Família e Sucessões: aspectos materiais e processuais Brasília 23/05/2018

ALIENAÇÃO PARENTAL I Diálogos sobre Direito de Família e Sucessões: aspectos materiais e processuais Brasília 23/05/2018 Ana Cristina Brandão Ilustração do Dicionário de Direito de Família. P. 711 ALIENAÇÃO PARENTAL I Diálogos sobre Direito de Família e Sucessões: aspectos materiais e processuais Brasília 23/05/2018 RODRIGO

Leia mais

GUARDA COMPARTILHADA. Comissão de Direito. de Família e Sucessões

GUARDA COMPARTILHADA. Comissão de Direito. de Família e Sucessões Comissão de Direito de Família e Sucessões 01 O QUE SIGNIFICA GUARDA? A guarda compartilhada consiste em uma das modalidades de guarda dos filhos após a separação do casal. Nela, as decisões, rotineiras

Leia mais

Universidade Salgado de Oliveira. Alienação Parental. Alice Ferreira Cavalcante de Araújo 1. Marlizete Alves Oliveira 2. Matheus Araújo Amorim 3

Universidade Salgado de Oliveira. Alienação Parental. Alice Ferreira Cavalcante de Araújo 1. Marlizete Alves Oliveira 2. Matheus Araújo Amorim 3 Universidade Salgado de Oliveira Alienação Parental Alice Ferreira Cavalcante de Araújo 1 Marlizete Alves Oliveira 2 Matheus Araújo Amorim 3 Michel de Melo Possídio 4 RESUMO O presente artigo faz um exame

Leia mais

A APLICAÇÃO DA GUARDA MENOS DANOSA AOS FILHOS MENORES E A FORMA QUE A LEGISLAÇÃO ABORDA

A APLICAÇÃO DA GUARDA MENOS DANOSA AOS FILHOS MENORES E A FORMA QUE A LEGISLAÇÃO ABORDA 1 4 a 16 de Agosto de 2017 A APLICAÇÃO DA GUARDA MENOS DANOSA AOS FILHOS MENORES E A FORMA QUE A LEGISLAÇÃO ABORDA MAYARA DE OLIVEIRA MELO 1 JOSE DIAMANTINO JUNIOR SOUSA Resumo: O presente trabalho visa

Leia mais

ALIENAÇÃO PARENTAL BRUNA CAROLINA PINOTTI DECLARAÇÃO DECLARO QUE O ARTIGO CIENTÍFICO ESTÁ APTO PARA DEFESA EM BANCA PUBLICA EXAMINADORA.

ALIENAÇÃO PARENTAL BRUNA CAROLINA PINOTTI DECLARAÇÃO DECLARO QUE O ARTIGO CIENTÍFICO ESTÁ APTO PARA DEFESA EM BANCA PUBLICA EXAMINADORA. UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS - CEJURPS CURSO DE DIREITO ALIENAÇÃO PARENTAL BRUNA CAROLINA PINOTTI DECLARAÇÃO DECLARO QUE O ARTIGO CIENTÍFICO ESTÁ APTO PARA

Leia mais

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ LUCIANA BENEVIDES DE SCHUELER SUBTRAÇÃO INTERNACIONAL DE CRIANÇAS E OS ATOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ LUCIANA BENEVIDES DE SCHUELER SUBTRAÇÃO INTERNACIONAL DE CRIANÇAS E OS ATOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ LUCIANA BENEVIDES DE SCHUELER SUBTRAÇÃO INTERNACIONAL DE CRIANÇAS E OS ATOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL Rio de Janeiro 2016 LUCIANA BENEVIDES DE SCHUELER SUBTRAÇÃO INTERNACIONAL DE

Leia mais

Alienação Parental no Brasil: Criminalizar ou Conscientizar?

Alienação Parental no Brasil: Criminalizar ou Conscientizar? Alienação Parental no Brasil: Criminalizar ou Conscientizar? Maria Berenice Dias 1 Patrícia Corrêa Sanches 2 O termo alienação parental foi definido no Brasil pela Lei 12.318, de 26 de agosto de 2010 3,

Leia mais

Acção de (in)formação sobre Parentalidade Positiva, Alienação Parental e Igualdade Parental 16 de Março, Montijo

Acção de (in)formação sobre Parentalidade Positiva, Alienação Parental e Igualdade Parental 16 de Março, Montijo Acção de (in)formação sobre Parentalidade Positiva, Alienação Parental e Igualdade Parental 16 de Março, Montijo PARENTALIDADE PARENTALIDADE Não nascemos pais e mães, tornamo-nos pais e mães... A parentalidade

Leia mais

Órfãos de pais vivos: uma revisão bibliográfica sobre a alienação parental

Órfãos de pais vivos: uma revisão bibliográfica sobre a alienação parental Órfãos de pais vivos: uma revisão bibliográfica sobre a alienação parental Bruna Carvalho Zanatta (Universidade Estadual do Centro-Oeste), Juliana Gorski (Universidade Estadual do Centro-Oeste), Luana

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Adoção e a espera do amor Maria Berenice Dias * Como citar este artigo: DIAS, Maria Berenice. Adoção e a espera do amor. Disponível em: http://www.blogdolfg.com.br.20 outubro. 2007.

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Entre o ventre e o coração Maria Berenice Dias * Como citar este artigo: DIAS, Maria Berenice. Entre o ventre e o coração. Disponível em: http://www.blogdolfg.com.br.30 agosto. 2007.

Leia mais

A SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL

A SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL 7 A SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL Elson Flávio Saraiva Silva 1 Matrícula n.º 11227 RESUMO A Síndrome de Alienação Parental é um assunto da atualidade, e menciona os ataques mentais contra a criança e

Leia mais

PROPOSTA TEXTUAL: A NOVA CONFIGURAÇÃO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS

PROPOSTA TEXTUAL: A NOVA CONFIGURAÇÃO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS PROPOSTA TEXTUAL: A NOVA CONFIGURAÇÃO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS Nova configuração da família brasileira 1- Definição: Etmologia: famulus(escravo doméstico): escravos legalizados das tribos ladinas, onde

Leia mais

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE Grave violação dos direitos fundamentais de toda criança e adolescente, no entanto muito comum. Cerca de 10% das crianças e adolescentes que chegam

Leia mais

PRINCIPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA NA GUARDA COMPARTILHADA Autores: Gagstetter, G.

PRINCIPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA NA GUARDA COMPARTILHADA Autores: Gagstetter, G. PRINCIPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA NA GUARDA COMPARTILHADA Autores: Gagstetter, G. Resumo: Em caso de separação, a regra até pouco tempo atrás prevalecia a guarda unilateral em que um dos pais obtinha

Leia mais

XXII EXAME DE ORDEM ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROF.ª MAÍRA ZAPATER

XXII EXAME DE ORDEM ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROF.ª MAÍRA ZAPATER XXII EXAME DE ORDEM ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PROF.ª MAÍRA ZAPATER Noções introdutórias A doutrina da proteção integral Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

Leia mais

Alienação Parental. VI Congresso Nacional & IV Congresso Internacional Alienação Parental ABCF

Alienação Parental. VI Congresso Nacional & IV Congresso Internacional Alienação Parental ABCF VI Congresso Nacional & IV Congresso Internacional Alienação Parental ABCF Angela Gimenez Juíza da 1ª. Vara Especializada em Direito das Famílias e Sucessões de Cuiabá Presidente do IBDFAM Seção Mato Grosso

Leia mais

ALIENAÇÃO PARENTAL RESUMO. Cyndel Rocha Pereira Sarah Corrêa Emygdio

ALIENAÇÃO PARENTAL RESUMO. Cyndel Rocha Pereira Sarah Corrêa Emygdio ALIENAÇÃO PARENTAL Cyndel Rocha Pereira Sarah Corrêa Emygdio RESUMO O presente artigo possui por eixo primordial direcionar, desenvolver e efetuar a discussão sobre as causas motivadoras como também as

Leia mais

ROTEIRO DIREITO CIVIL DIREITO DE FAMÍLIA PARA ANALISTA DO BACEN NOÇÕES GERAIS

ROTEIRO DIREITO CIVIL DIREITO DE FAMÍLIA PARA ANALISTA DO BACEN NOÇÕES GERAIS ROTEIRO DIREITO CIVIL DIREITO DE FAMÍLIA PARA ANALISTA DO BACEN NOÇÕES GERAIS 1) Espécies de Entidade familiar a. Família matrimonial (casamento). b. Família informal (união estável). c. Família monoparental

Leia mais

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 19/09/2018. Parentesco.

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 19/09/2018. Parentesco. Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 19/09/2018. Parentesco. Espécies de parentesco. Sogro / Sogra Genro / Nora 3- Afinidade Enteado / Enteada Madrasta

Leia mais

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE DIREITO SÃO PAULO/ JUNHO 2015

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE DIREITO SÃO PAULO/ JUNHO 2015 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE DIREITO SÃO PAULO/ JUNHO 2015 Antes de ser um fato jurídico, a adoção é um fato social, praticado desde o início da humanidade; Provimento de herdeiro x permanência

Leia mais

Sumário. Proposta da Coleção Leis Especiais para Concursos Apresentação da Segunda Edição Apresentação... 19

Sumário. Proposta da Coleção Leis Especiais para Concursos Apresentação da Segunda Edição Apresentação... 19 Sumário Proposta da Coleção Leis Especiais para Concursos... 15 Apresentação da Segunda Edição... 17 Apresentação... 19 Abreviaturas Utilizadas... 21 Capítulo I Lei de Alimentos... 23 Lei nº 5.478, de

Leia mais

ALIENAÇÃO PARENTAL: UM PONTO DE VISTA JURÍDICO

ALIENAÇÃO PARENTAL: UM PONTO DE VISTA JURÍDICO ALIENAÇÃO PARENTAL: UM PONTO DE VISTA JURÍDICO Paloma LEONEL 1 Francisco José Dias GOMES 2 RESUMO: Este artigo busca apresentar uma discussão sobre a alienação parental, a fim de trazer maior conhecimento

Leia mais

ADOLESCENTE INFRATOR-UM OLHAR PARA COMPORTAMENTOS NA INFÂNCIA

ADOLESCENTE INFRATOR-UM OLHAR PARA COMPORTAMENTOS NA INFÂNCIA ADOLESCENTE INFRATOR-UM OLHAR PARA COMPORTAMENTOS NA INFÂNCIA Eliana Arara da Costa 1 Neila Rodrigues Oliveira 2 Elisângela Maura Catarino 3 Resumo Este trabalho apresenta a problemática de menores infratores

Leia mais

A família. contemporânea. à luz do DIREITO

A família. contemporânea. à luz do DIREITO A família contemporânea à luz do DIREITO A FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA À LUZ DO DIREITO A Família é a primeira forma de relação vivenciada pelo indivíduo, é o seu primeiro contato com o mundo, no qual ele vai

Leia mais

1.0 DO CONCEITO DE ALIENAÇÃO PARENTAL

1.0 DO CONCEITO DE ALIENAÇÃO PARENTAL INTRODUÇÃO O presente trabalho surgiu com o intuito de abordar a alienação parental nas relações fraternais. No entanto, após estudar e pesquisar o tema com mais afinco, percebi que tanto a doutrina quanto

Leia mais

O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E A FAMÍLIA: alienação parental e as relações familiares no ordenamento brasileiro

O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E A FAMÍLIA: alienação parental e as relações familiares no ordenamento brasileiro O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E A FAMÍLIA: alienação parental e as relações familiares no ordenamento brasileiro Mariana Silva Figueiredo mariana.figueiredo13@hotmail.com Centro de Ensino Superior Dom

Leia mais

OLIVENÇA (AL) NÍVEL SUPERIOR CADERNO DE QUESTÕES OBJETIVAS

OLIVENÇA (AL) NÍVEL SUPERIOR CADERNO DE QUESTÕES OBJETIVAS CONCURSO PÚBLICO OLIVENÇA (AL) NÍVEL SUPERIOR CADERNO DE QUESTÕES OBJETIVAS ATENÇÃO! Verifique se as informações descritas neste Caderno de Questões Objetivas coincidem com o registrado no topo de cada

Leia mais

Instituições de Direito Profª Mestre Ideli Raimundo Di Tizio p 31

Instituições de Direito Profª Mestre Ideli Raimundo Di Tizio p 31 Instituições de Direito Profª Mestre Ideli Raimundo Di Tizio p 31 DIREITO DE FAMÍLIA Conceito é o conjunto de normas jurídicas que disciplina a entidade familiar, ou seja, a comunidade formada por qualquer

Leia mais

Direito Constitucional

Direito Constitucional Direito Constitucional Da Família, da Criança, do Adolescente e do Idoso Professor: André Vieira www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Constitucional CAPÍTULO VII Da Família, da Criança, do Adolescente,

Leia mais

Núcleo de Pesquisa e Extensão do Curso de Direito NUPEDIR VII MOSTRA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (MIC) 25 de novembro de 2014

Núcleo de Pesquisa e Extensão do Curso de Direito NUPEDIR VII MOSTRA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (MIC) 25 de novembro de 2014 A ALIENAÇÃO PARENTAL EM FACE DA FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA: UMA ABORDAGEM A PARTIR DAS NOVAS ENTIDADES FAMILIARES Anna Luisa Bugs 1 Júlia Bagatini 2 SUMÁRIO: 1 INTRODUÇÃO. 2 FAMÍLIA: UMA MUDANÇA PARADIGMÁTICA;

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br As Espécies De Famílias E Ampliação Do Conceito De Entidade Familiar Com A Constituição Federal De 1988 E O Código Civil De 2002. Mariana Brasil Nogueira * A disciplina legal da

Leia mais

Palavras-chave: Prática Profissional, Varas de Família, Alienação Parental

Palavras-chave: Prática Profissional, Varas de Família, Alienação Parental TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ / COMARCA DE PONTA GROSSA VARAS DE FAMÍLIA SETOR DE SERVIÇO SOCIAL: A PRÁTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL E O ENFRENTAMENTO DA ALIENAÇÃO PARENTAL MARINHO, Liliane Cristiane

Leia mais

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PRICILA GONÇALVES DOS SANTOS A ALIENAÇÃO PARENTAL E OS SEUS EFEITOS JURÍDICOS E PSICOLÓGICOS

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PRICILA GONÇALVES DOS SANTOS A ALIENAÇÃO PARENTAL E OS SEUS EFEITOS JURÍDICOS E PSICOLÓGICOS UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PRICILA GONÇALVES DOS SANTOS A ALIENAÇÃO PARENTAL E OS SEUS EFEITOS JURÍDICOS E PSICOLÓGICOS CURITIBA 2016 PRICILA GONÇALVES DOS SANTOS A ALIENAÇÃO PARENTAL E OS SEUS EFEITOS

Leia mais

Reza 1. Gabriel Francisco de MOURA 2 Renata ALCALDE 3 Universidade Santa Cecília, Santos, SP

Reza 1. Gabriel Francisco de MOURA 2 Renata ALCALDE 3 Universidade Santa Cecília, Santos, SP Reza 1 Gabriel Francisco de MOURA 2 Renata ALCALDE 3 Universidade Santa Cecília, Santos, SP RESUMO Diante de inúmeros casos de abusos infantis no Brasil, a pedofilia é sem dúvida um assunto delicado e

Leia mais

A ALIENAÇÃO PARENTAL

A ALIENAÇÃO PARENTAL A ALIENAÇÃO PARENTAL Cláudia Mara de Almeida Rabelo Viegas 1 César Leandro de Almeida Rabelo 2 RESUMO: Este artigo tem a finalidade de discutir o instituto da alienação parental. Sabe-se que é uma novidade

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Breves comentários acerca do projeto de Lei 2285/2007 que prevê a instituição do estatuto das famílias Thyago Salustio Melo Forster * Como citar este artigo: FORSTER, Thyago Salustio

Leia mais

MEDIAÇÃO NOS CASOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL

MEDIAÇÃO NOS CASOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL 1 MEDIAÇÃO NOS CASOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL Acadêmico: Lucas Vinícius Augusto Pinto Orientadora: Prof a. Mestre Fabíola Cristina Carrero RESUMO O objetivo geral deste estudo é verificar quais as possibilidades

Leia mais

Programa de Guarda subsidiada para e reinserção de Crianças nas suas Famílias Extensas (biológicas e afetivas)

Programa de Guarda subsidiada para e reinserção de Crianças nas suas Famílias Extensas (biológicas e afetivas) Programa de Guarda subsidiada para e reinserção de Crianças nas suas Famílias Extensas (biológicas e afetivas) Fortalecer famílias extensas para acolhida, cuidados, proteção e desenvolvimento de crianças

Leia mais

Um grave atentado, diz Janot sobre pacto de... Número de processos se multiplicou 80 vezes em 27 anos, diz...

Um grave atentado, diz Janot sobre pacto de... Número de processos se multiplicou 80 vezes em 27 anos, diz... 1 de 6 20/06/2016 14:57 DIREITO DE FAMÍLIA Tese se baseia em artigo do Código Civil que trata da fidelidade recíproca. Apesar de tendência indicar que a Justiça não irá mais entrar na questão da traição

Leia mais

A CONFIGURAÇAO DA ALIENAÇAO PARENTAL. Verônica Scarpellini Duarte Leite.1. Rogério Mendes Fernandes.2 RESUMO

A CONFIGURAÇAO DA ALIENAÇAO PARENTAL. Verônica Scarpellini Duarte Leite.1. Rogério Mendes Fernandes.2 RESUMO 1 A CONFIGURAÇAO DA ALIENAÇAO PARENTAL Verônica Scarpellini Duarte Leite.1. Rogério Mendes Fernandes.2 RESUMO O tema do presente trabalho foi contemplado devido à seriedade e atualidade do assunto alienação

Leia mais

Prevenção e Enfrentamento ao Abuso Sexual para Adolescentes. Elaborado por Viviane Vaz

Prevenção e Enfrentamento ao Abuso Sexual para Adolescentes. Elaborado por Viviane Vaz Prevenção e Enfrentamento ao Abuso Sexual para Adolescentes Elaborado por Viviane Vaz Meninas são as maiores vítimas 44% meninas, 39% meninos Faixa etária de maior risco Balanço disque 100 entre 04 e 11

Leia mais

1 Introdução: 1 Introdução: FAMÍLIA, ENTIDADES FAMILIARES E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA 17/08/2014

1 Introdução: 1 Introdução: FAMÍLIA, ENTIDADES FAMILIARES E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA 17/08/2014 FAMÍLIA, ENTIDADES FAMILIARES E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA Prof.a Dra Cíntia Rosa Pereira de Lima 1 Introdução: Funções da família: religiosa, econômica, social e procracional. Hoje:

Leia mais

XXI Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza 19 à 23 de Outubro de 2015

XXI Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza 19 à 23 de Outubro de 2015 XXI Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza 19 à 23 de Outubro de 2015 Alienação parental e o princípio da dignidade da pessoa humana 1. Universidade de Fortaleza Curso de Direito catarinavalle@hotmail.com

Leia mais

MATERIAL DE LEITURA OBRIGATÓRIA AULA 05

MATERIAL DE LEITURA OBRIGATÓRIA AULA 05 PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES. Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu Shikicima 1-) Famílias contemporâneas Conti.: Duração razoável do processo deve ser levada em consideração, trata-se

Leia mais

Conceito de família. João Benício Aguiar. João Benício Aguiar

Conceito de família. João Benício Aguiar. João Benício Aguiar Conceito de família O que é família? Arranjos familiares: Família tradicional: pai, mãe e um ou mais filhos. Monoparental: composta por apenas um dos progenitores: pai ou mãe. Os motivos que possibilitam

Leia mais

Pós-graduado em Direito Administrativo, Direito Constitucional, Direito Penal, Direito Civil e em Educação à Distância;

Pós-graduado em Direito Administrativo, Direito Constitucional, Direito Penal, Direito Civil e em Educação à Distância; Sou o Professor EDUARDO GALANTE; Mestre em Direito Internacional. Mestrando em Direito Público; Pós-graduado em Direito Administrativo, Direito Constitucional, Direito Penal, Direito Civil e em Educação

Leia mais

APLICABILIDADE DA GUARDA COMPARTILHADA NA DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO OU DA UNIÃO ESTÁVEL NO DIREITO PÁTRIO

APLICABILIDADE DA GUARDA COMPARTILHADA NA DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO OU DA UNIÃO ESTÁVEL NO DIREITO PÁTRIO UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS, POLÍTICAS E SOCIAIS - CEJURPS CURSO DE DIREITO APLICABILIDADE DA GUARDA COMPARTILHADA NA DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO OU DA UNIÃO ESTÁVEL

Leia mais

LEI N /1990 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

LEI N /1990 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Noções iniciais A primeira previsão normativa, no sentido de se proporcionar uma proteção especial às crianças e adolescentes, foi encontrada na Convenção de Genebra,

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br BuscaLegis.ccj.ufsc.Br O Surgimento Da Família Eudemonista Juliana Smarandescu O surgimento da família eudemonista...a pessoa como valor, isto é, a personalidade, constitui parte que caracteriza o ordenamento

Leia mais

Joana Salazar Gomes O SUPERIOR INTERESSE DA CRIANÇA E AS NOVAS FORMAS DE GUARDA

Joana Salazar Gomes O SUPERIOR INTERESSE DA CRIANÇA E AS NOVAS FORMAS DE GUARDA Joana Salazar Gomes O SUPERIOR INTERESSE DA CRIANÇA E AS NOVAS FORMAS DE GUARDA UNIVERSIDADE CATÓLICA EDITORA Lisboa 2017 Prefácio Joana Salazar Gomes procede, neste trabalho, O Superior Interesse da Criança

Leia mais

TÍTULO: A GUARDA COMPARTILHADA EM CONTRAPARTIDA COM A ALIENAÇÃO PARENTAL NO CENÁRIO BRASILEIRO DO PERÍODO DE 2010 A 2015

TÍTULO: A GUARDA COMPARTILHADA EM CONTRAPARTIDA COM A ALIENAÇÃO PARENTAL NO CENÁRIO BRASILEIRO DO PERÍODO DE 2010 A 2015 16 TÍTULO: A GUARDA COMPARTILHADA EM CONTRAPARTIDA COM A ALIENAÇÃO PARENTAL NO CENÁRIO BRASILEIRO DO PERÍODO DE 2010 A 2015 CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: DIREITO INSTITUIÇÃO:

Leia mais

Improbidade Administrativa

Improbidade Administrativa Direito Administrativo Improbidade Administrativa Noção de probidade Agir com probidade é o que se espera do agente público. Probidade é um conceito ligado à honestidade, honradez, retidão de conduta,

Leia mais

O PLURALISMO FAMILIAR E A LIBERDADE DE CONSTITUIÇÃO DE UMA COMUNHÃO DA VIDA FAMILIAR

O PLURALISMO FAMILIAR E A LIBERDADE DE CONSTITUIÇÃO DE UMA COMUNHÃO DA VIDA FAMILIAR O PLURALISMO FAMILIAR E A LIBERDADE DE CONSTITUIÇÃO DE UMA COMUNHÃO DA VIDA FAMILIAR 104 Ana Paula de Araujo Carina Ana de Oliveira Elieser Leal Germano Tatiane Alves Salles dos Santos. INTRODUÇÃO O presente

Leia mais

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 542, DE 2018

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 542, DE 2018 SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 542, DE 2018 Dispõe sobre a custódia compartilhada dos animais de estimação nos casos de dissolução do casamento ou da união estável. AUTORIA: Senadora Rose de

Leia mais

Problemática da equiparação do Casamento com a União Estável para fins sucessórios

Problemática da equiparação do Casamento com a União Estável para fins sucessórios Problemática da equiparação do Casamento com a União Estável para fins sucessórios Por André Muszkat e Maria Letícia Amorim* Casamento e união estável são dois institutos jurídicos distintos, apesar de

Leia mais

FEDERATION INTERNATIONALE DES FEMMES DES CARRIERES JURIDIQUES

FEDERATION INTERNATIONALE DES FEMMES DES CARRIERES JURIDIQUES Luísa e João 1 - A conduta do João constitui um crime; 2 - Crime de Violência Baseada no Género segundo a Lei Cabo-verdiana; 3 - Já foi contemplado como Crime de Maus tratos, no âmbito do Código Penal

Leia mais

BULLYING VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

BULLYING VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES BULLYING VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Alessandra Gouvêa 1 Resumo: O presente artigo discute o tema bullying, contra crianças e adolescentes, no ambiente escolar, os sujeitos envolvidos, as

Leia mais

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 14/11/2018. Guarda dos filhos menores.

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 14/11/2018. Guarda dos filhos menores. Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Tipos de guarda. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 14/11/2018 Guarda dos filhos menores. Compartilhada regulada pela lei n.º 13.058/2014, sistema

Leia mais

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 24/10/2018. Audiência do Direito de Família.

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 24/10/2018. Audiência do Direito de Família. Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 24/10/2018. Audiência do Direito de Família. Ação de reconhecimento e dissolução de união estável; Ação de divórcio;

Leia mais

DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) Paulo Sérgio Lauretto titular da DEPCA Campo Grande/MS

DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) Paulo Sérgio Lauretto titular da DEPCA Campo Grande/MS DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) Paulo Sérgio Lauretto titular da DEPCA Campo Grande/MS Objetivo Fazer um resgate histórico do funcionamento da DEPCA como era e como

Leia mais

TRABALHO INFANTIL E TRABALHO DO MENOR

TRABALHO INFANTIL E TRABALHO DO MENOR TRABALHO INFANTIL E TRABALHO DO MENOR www.trilhante.com.br ÍNDICE 1. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.4 Criança, Adolescente e Menor...4 Vulnerabilidade... 5 2. TRABALHO DO MENOR

Leia mais

GUARDA COMPARTILHADA: UMA RELAÇÃO EQUILIBRADA PARA A SAÚDE PSICOLÓGICA E SOCIAL DOS FILHOS

GUARDA COMPARTILHADA: UMA RELAÇÃO EQUILIBRADA PARA A SAÚDE PSICOLÓGICA E SOCIAL DOS FILHOS GUARDA COMPARTILHADA: UMA RELAÇÃO EQUILIBRADA PARA A SAÚDE PSICOLÓGICA E SOCIAL DOS FILHOS Laura Maria Costa Corrêa 1 ; Natália Tiemi Hanaoka Prado 2 ; Rômulo Almeida Carneiro 3 RESUMO: Este trabalho tem

Leia mais