IMPORTÂNCIA RELATIVA À DESINFECÇÃO DE MOLDES NA FORMAÇÃO DE ALUNOS EM DIVERSAS ESCOLAS DE SAÚDE

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1 1 IMPORTÂNCIA RELATIVA À DESINFECÇÃO DE MOLDES NA FORMAÇÃO DE ALUNOS EM DIVERSAS ESCOLAS DE SAÚDE FABIANE MARIA FERREIRA 1, VERIDIANA RESENDE NOVAIS 2, SHEILA RODRIGUES DE SOUSA PORTA 3, PAULO CÉZAR SIMAMOTO JÚNIOR 3, PAULO SÉRGIO QUAGLIATTO 4, CARLOS JOSÉ SOARES 4, ALFREDO JÚLIO FERNANDES NETO 5 Resumo Este trabalho teve por objetivo avaliar ensino, prática clínica e laboratorial em cinco instituições, considerando conhecimento de alunos e professores sobre desinfecção de moldes. A coleta de dados foi realizada, por meio de questionários, participando, no total da pesquisa, 201 alunos e 27 professores. A primeira parte do questionário, contendo questões discursivas, revelou que 66,17% dos alunos e 81,48% dos professores entrevistados realizam desinfecção de moldes. Dentre estes, 48,15% afirmaram ter recebido treinamento sobre este tema e 59,26% responderam que o tema é enfatizado nas escolas em que lecionam. As soluções desinfetantes citadas como mais eficazes por eles foram Glutaraldeído 2%, Hipoclorito de Sódio 1% e Clorexidina. Observou-se que a maioria dos alunos apresentava dificuldades em responder às questões relativas à descrição da técnica de desinfecção, para diferentes materiais de moldagem. Constatou-se que as respostas de docentes e discentes quando comparadas não apresentavam padronização. No geral, professores de mesma instituição demonstraram pensamentos divergentes sobre questões similares. Em relação à segunda parte do questionário, mesmo apresentando alternativas, o índice de questões em branco foi alto. Conclui-se que, apesar de estarem conscientes quanto à necessidade de desinfecção, os alunos apresentam dificuldades para executar tal procedimento. Além disso, não foi observada padronização de idéias entre professores de mesma instituição, havendo assim a necessidade de elaboração de protocolo e torná-lo mais claro e acessível aos alunos. Palavras chave: Controle de infecção, Educação em Odontologia, Moldes dentários. 1. Acadêmica do Curso de Odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia. 2. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas.

2 2 3. Professor (a) Mestre Classe E do Curso Técnico em Prótese Dentária da Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal de Uberlândia. 4. Professor Doutor Adjunto da Área de Dentística e Materiais Odontológicos da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia. 5. Professor Doutor Titular da Área de Oclusão, Prótese Fixa e Materiais Odontológicos da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia. Avenida Pará, n 1720, Bloco 2B, sala 2B01, Campus Umuarama, Uberlândia/MG Brasil, CEP: alfredon@ufu.br. Abstract This study aims to evaluate clinical and laboratorial practicing and teaching in five institutions, considering the knowledge of the students and teachers about disinfection of the dental casts. The data collection was made through a questionnaire, participating altogether 201 students and 27 teachers. The first part of the questionnaire, containing open questions, revealed that 66, 17% from the students and 81,48% of the interviewed teachers do casts disinfection. Among these, 48,15% affirmed having received training about this specific theme and 59, 26% answered that the theme is emphasized in the schools they teach. The disinfectant solutions named as the most effective by them were: 2% Glutaraldhyde, 1% Sodium Hypochlorite and Clorexidine. It was observed that most of the students presented difficulties in responding the questions related to the description of the technique of disinfection, to different materials of dental cast. It was seen that the teachers and students' answers when compared did not present a standard. In general, teachers from the same institution showed different thoughts about similar questions. About the second part of the questionnaire, even presenting alternatives, the level of non-answered questions was high. It was concluded that, in spite of being aware of the need of disinfection, the students presented difficulties to execute the procedure. Besides, it was not observed standard ideas among teachers from the same institution, so there was the need of creating a protocol and makes it clearer and accessible to the students. Key-Words: Infection control; Dentistry education; Casts.

3 3 Introdução O ensino apresenta-se como atividade voltada para formação de conhecimento que auxilie o aluno descobrir o mundo em que vivemos, incorporando experiências de vida e o saber acumulado pela história humana, ajudando a resolver problemas atuais que a vida apresenta. Entretanto, ele não deve ser estático e limitar-se a mostrar apenas o que já foi descoberto, devendo ser dinâmico na medida em que novos questionamentos são feitos (Severino, 2001). Os profissionais devem ser capazes de aprender continuamente, tanto na sua formação quanto na sua prática. Desta forma, devem aprender a aprender e ter responsabilidade e compromisso com a educação e treinamento/estágios das futuras gerações de profissionais, não apenas transmitindo conhecimentos, mas proporcionando condições para que haja benefício mútuo entre os futuros profissionais e os profissionais de serviços (Diretrizes curriculares, 2002). A pesquisa que visa aprimoramento do processo de ensino/aprendizagem por meio da avaliação do mesmo é importante no sentido de direcionar atividades docentes, tornando-se imprescindível à elaboração de projetos, que visem integração de discentes e docentes estimulando a busca por novos conhecimentos e colocando em prática a responsabilidade da universidade, que tem autonomia didática, administrativa e financeira, a integralização da pesquisa, ensino e extensão (Severino, 2001). Nesta perspectiva, o processo de ensino/aprendizagem não tem como finalidade a transmissão de conteúdos prontos, mas a formação de sujeitos capazes de construir, de forma autônoma, seus sistemas e valores e, a partir deles, atuarem criticamente na realidade que os cerca (Moreira, 2002). Toda e qualquer instituição de ensino tem em seu currículo básico assuntos que merecem especial discussão, em particular nas Faculdades e Cursos de Educação Profissional e Tecnológica voltados para área da Saúde, um assunto considerado primordial é Biossegurança. Os números atuais de prevalência da AIDS, assim como outras doenças infecciosas, como Hepatite, Herpes e Tuberculose, levam segmentos da sociedade mundial, em especial profissionais da área odontológica, a preocupar-se com a importância de prevenir infecção cruzada (Kaplan, Goldstein, Boylan, 1994; Johnson et al. 1998; Kearns, Burke, Cheung, 2001; Elkarim et al., 2004). Cirurgiões dentistas, auxiliares e técnicos de laboratórios estão rotineiramente expostos à patógenos, por meio da exposição à materiais que tenham

4 4 previamente entrado em contato com a cavidade oral (Garcia et al., 1995; Zanet et al., 2003; Abdelaziz, Hassan, Hodges, 2004). Em virtude disso, uso de barreiras mecânicas como luvas, gorros, máscaras, óculos, jalecos, entre outras, bem como desinfecção de superfícies e esterilização de instrumentais, são procedimentos básicos dentro das normas de biossegurança com caráter obrigatório na prática odontológica atual (ADA, 1996; Ministério da Saúde, 2000; Montenegro & Manetta, 2003). Os moldes odontológicos são transmissores em potencial das doenças infecto-contagiosas, visto que entram em contato com saliva e/ou sangue dos pacientes e podem transferir microrganismos para modelos de gesso (Leung & Schonfeld, 1983; Merchant, Herrera, Dwan, 1987; Osório et al., 1998; Santos & Jorge, 2001; Silva & Salvador, 2004). Este risco é exacerbado pela possibilidade de grande parte destes microrganismos sobreviverem por um período considerável de tempo, mesmo quando fora dos fluidos bucais (Nascimento et al., 1999). Desta forma, todo molde deve, obrigatoriamente, ser submetidos à desinfecção antes de ser enviado a laboratórios de prótese ou no momento em que chegam nestes, evitando propagação de contaminação cruzada (Santos Júnior, Bastos, Rubo, 2001; Souza et al., 2004). No entanto, apesar de ser um procedimento simples, a descontaminação dos moldes deve ser criteriosamente realizada. A seleção do agente desinfetante é de fundamental importância, pois deve possuir amplo espectro de ação sem, contudo, alterar as propriedades físicoquímicas dos materiais de moldagem (Tullner, Commette, Moon, 1988; Taylor, Wright, Maryan, 2002; Abdullah, 2006). Outros fatores, tão importantes quanto este, são os cuidados com armazenamento, concentração e tempo de desinfecção inerente à cada material de moldagem (Santos & Jorge, 2001). Muitas pesquisas são realizadas no sentido de avaliar possíveis alterações dimensionais provocadas pela desinfecção de moldes, mas muitas delas comprovam que se nenhuma etapa for negligenciada, o procedimento não acarretará alterações clínicas que inviabilizem sua realização (Herrera & Merchant, 1986; Pavariana et al., 1998; Alves- Rezende & Lorenzato, 1999; Lepe et al. 2002; Porta et al., 2006). A conscientização dos profissionais envolvidos no ciclo de contaminação cruzada, quanto a estas e muitas outras informações, deve fazer parte dos currículos escolares de Graduação e Cursos Técnicos visando formação de pessoal comprometido com proteção da equipe

5 5 odontológica e dos pacientes. Diante disso, é de grande relevância avaliar o conhecimento de professores e alunos, futuros profissionais de saúde, frente à situações que constituem risco iminente de contaminação (Palma et al., 2007). Portanto, gera-se a hipótese de que o conteúdo em relação à descontaminação de moldes odontológicos é transmitido aos alunos de forma clara e efetiva. Assim, este trabalho teve por objetivo avaliar o ensino em cinco instituições públicas e privadas, considerando conhecimento de alunos e professores quanto à necessidade e métodos de desinfecção de moldes odontológicos. Material e Método O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Uberlândia (064/06), e todos os alunos e professores que concordaram em participar da pesquisa assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Para formulação de questionários com embasamento científico, foi realizado levantamento bibliográfico no PUBMED, LILACS-BIREME em trabalhos de 1986 a 2006, buscando conhecer os agentes desinfetantes mais indicados para cada material de moldagem (Quadro 1). Assim, para desenvolvimento desta pesquisa foram elaborados questionários contendo duas partes: a primeira com perguntas que exigiam respostas discursivas (Figura 1), para avaliar se os entrevistados realmente sabiam as respostas ou ficavam sugestionados pelas alternativas, presentes na segunda parte, que continha as mesmas questões, porém, de múltipla escolha (Figura 2). O critério de seleção das instituições de ensino participantes não foi aleatório, havendo preocupação em selecionar instituições de ensino superior e educação profissional com status diferenciados. Assim participaram do estudo escolas federais, estaduais e uma particular para avaliar semelhanças e diferenças de ensino em cada uma delas (Quadro 2). Os coordenadores destas instituições foram previamente comunicados por meio de ofício para que autorização fosse obtida e o trabalho de campo para coleta dos dados realizada. Foi convencionado pelos autores que os entrevistados deveriam cursar ao menos o 6º período do curso de graduação em Odontologia, já que, de modo geral, os alunos iniciam atividades práticas de atendimento à pacientes no 5º ou 6º períodos.

6 6 Quadro 1. Revisão de literatura para elaboração de questionários e coleta de informações. Quadro 2. Instituições participantes. Instituição de ensino, Faculdade / Escola /Curso Universidade Federal de Uberlândia/ Faculdade de Odontologia Universidade Federal de Uberlândia/ Escola Técnica de Saúde/ Curso Técnico em Prótese Dentária Universidade Estadual de Campinas/ Faculdade de Odontologia de Piracicaba Universidade Estadual de Campinas/ Faculdade de Odontologia de Piracicaba/ Curso Técnico em Prótese Dentária Universidade de Uberaba/ Faculdade de Odontologia Sigla FOUFU CTPD/ESTES/UFU FOP/ UNICAMP CTPD/ FOP/ UNICAMP FO/UNIUBE

7 7 Os questionários foram aplicados, separadamente, a alunos do sexto ao oitavo período de Graduação em três instituições: Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (FOUFU), Faculdade de Odontologia da Universidade de Uberaba (UNIUBE) e Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (FOP- UNICAMP), e ainda aos alunos de segundo ano do Curso Técnico em Prótese Dentária da Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal de Uberlândia (ESTES-UFU) e FOP-UNICAMP. Além dos questionários destinados aos discentes, foram desenvolvidos questionários voltados também para docentes das referidas escolas, buscando conhecer se receberam treinamento específico quanto ao assunto, quais os agentes que consideram mais eficazes para desinfecção e se eles transmitem este conteúdo aos seus alunos. Em virtude do número reduzido de professores e a participação de dois deles neste trabalho, não foi possível a aplicação de questionários aos docentes da ESTES- UFU. Todos os questionários foram aplicados por um mesmo pesquisador, que se manteve presente durante o preenchimento, para evitar variações nas condutas de catalogação dos dados. Os alunos, sempre que possível, foram abordados coletivamente, já para professores a forma de abordagem foi individual. Ambos receberam orientação quanto ao intuito da pesquisa, e necessidade de veracidade das respostas. Os dados coletados foram analisados por meio de estatística descritiva e apresentados em tabelas de freqüência. Resultados: Participaram no total da pesquisa, 201 discentes e 27 docentes, e as informações obtidas nos questionários estão apresentadas nas Tabelas 1 à 3 e Figuras 3 à 5. A primeira parte do questionário, contendo questões discursivas revelou que a maioria dos alunos apresentava dificuldades em responder às questões relativas à descrição da técnica de desinfecção para diferentes materiais de moldagem odontológicos, em relação às variáveis solução, tempo e armazenagem. Estas questões, de modo geral, apresentaram ampla variedade de respostas e não demonstraram homogeneidade de técnicas nem mesmo entre alunos de mesma instituição. Constatou-se também, que respostas de docentes e discentes quando comparadas, não apresentavam padronização. As soluções desinfetantes citadas pela maioria dos professores como mais eficazes foram Glutaraldeído 2%, Hipoclorito de Sódio 1% e Clorexidina.

8 8 Figura 1. Questionário Parte I: questões discursivas para avaliar o conhecimento em relação às técnicas e soluções utilizadas na desinfecção de moldes odontológicos por discentes e docentes dos cursos de Graduação em Odontologia e Cursos Técnicos em Prótese Dentária.

9 9 Figura 2. Questionário Parte II: questões de múltipla escolha para avaliar docentes e discentes quanto ao ensino relativo à desinfecção de moldes.

10 10 Tabela 1. Distribuição de alunos e professores de acordo com a instituição à que pertencem. * Devido ao número reduzido de docentes nesta instituição, além da participação de dois deles na pesquisa, não foi possível a distribuição de questionários. Figura 3. Distribuição de discentes e docentes quanto à realização de desinfecção de moldes (SD = Sem dados).

11 11 Figura 4. Distribuição dos docentes quanto à instituição em que lecionam e recebimento de treinamento específico para desinfecção de moldes. Figura 5. Avaliação do conhecimento dos docentes quanto ao tema desinfecção de moldes, se este é trabalhado ou não nas respectivas instituições de ensino.

12 12 Quanto à segunda parte do questionário, 27 docentes (Tabela 2) e 191 discentes (Tabela 3) responderam às questões de múltipla escolha. Observou-se maior facilidade dos alunos em responder a estas questões, com evidente redução no número de respostas em branco. No entanto, os discentes se mantiveram ainda bem divididos quanto à solução mais indicada para cada material de moldagem, e de acordo com revisão bibliográfica sobre o assunto, o índice de erro, indicando álcool 70% e clorexidina como melhores soluções foi alto. Comparando respostas de docentes e discentes, constata-se melhor coerência de idéias quando comparadas às questões abertas. Contudo, nem mesmo professores de mesma instituição apresentaram idéias bem estabelecidas quanto ao assunto. Tabela 2. Informações dos dados obtidos nos questionários parte II distribuídos aos docentes. Tabela 3. Informações dos dados obtidos nos questionários parte II distribuídos aos discentes.

13 13 Discussão A hipótese deste trabalho foi rejeitada, já que os resultados deste estudo demonstraram falta de padronização entre idéias de discentes e docentes no que diz respeito ao assunto desinfecção de moldes, pois apesar de grande parte das respostas apontarem para importância de tal procedimento, existe uma dicotomia entre a necessidade e o ato propriamente dito, já que poucos souberam descrever a técnica que afirmaram praticar. Diante da necessidade de formar profissionais conscientes, éticos, autônomos, críticos e transformadores, o curso de Graduação em Odontologia deve ter seu projeto pedagógico construído coletivamente, centrado no aluno como sujeito da aprendizagem e apoiado no professor como facilitador do processo de ensino-aprendizagem (Diretrizes curriculares, 2002). Os resultados revelam que a maioria dos discentes (66,17%) e docentes (81,48%) das instituições pesquisadas realizam descontaminação dos moldes (Figura 3). No entanto, ainda existe número considerável destes que não executam tal procedimento, o que se torna fator de preocupação diante da possibilidade de contrair diversas doenças por meio da manipulação de material contaminado (Garcia et al.,1995; Zanet et al., 2003; Abdelaziz, Hassan, Hodges, 2004). Se os alunos não compreendem a real importância de prevenir infecção cruzada no momento de sua formação, provavelmente não irão adotar medidas de controle quando estiverem inseridos no mercado de trabalho, sendo que neste trabalho foi avaliado apenas um fator critico. Cotrim et al. (2001), identificaram por meio de questionários que apenas 6% dos dentistas e 5% dos protéticos entrevistados em três municípios do Vale do Paraíba-SP, realizavam desinfecção de moldes. Segundo Neves et al. (2001), 90% de 60 técnicos em prótese dentária de Belo Horizonte não descontaminavam moldes e modelos, e a principal justificativa para isto é que julgam o risco de contaminação praticamente inexistente. Tais dados demonstram que este procedimento ainda não é prática corriqueira nos consultórios e laboratórios de prótese dentária, havendo então, necessidade de implementar noções de Biossegurança, não só nos cursos de Graduação, mas também nos currículos dos Cursos de Educação Profissional e Tecnológica, visando melhorar qualidade de vida e diminuir o risco de futuros

14 14 problemas oriundos de moldes e modelos contaminados. As informações contidas na Figura 4 demonstram o número de docentes que receberam treinamento específico quanto ao tema desinfecção de moldes. Observase que este é inferior àqueles que não receberam, em três das instituições pesquisadas. A relevância destes dados leva a reflexão da importância de projetos institucionais, com enfoque preventivo de infecções cruzadas, como cartilhas, campanhas e datas anuais de conscientização. Os mesmos dados sujerem, que o conhecimento não obtido pelos professores, também não poderá ser transmitido aos alunos, ou será transmitido de forma equivocada. Assim, como condutas fundamentais para o ensino, os docentes devem receber boa formação e ter conhecimento consolidado sobre normas de controle de infecção para que possam propagar, por meio de palavras e atitudes, princípios corretos de Biossegurança (Garbin et al., 2006). Quanto à avaliação do conhecimento dos docentes a respeito deste tema específico, se é trabalhado ou não nas respectivas instituições de ensino (Figura 5), houve divergência importante entre as respostas dos mesmos, demonstrando dificuldade de comunicação. No entanto, diante da importância dos professores como educadores na formação do profissional, é necessário que estejam em melhor sintonia, principalmente dentro de mesma instituição de ensino, visto que são eles os atores que direcionam o aluno a apropriarse do conhecimento construído, dão significado, geram diferenças, problematizam, motivam, provocam e dão ao indivíduo condições de desenvolver pensamento e discurso próprio (Masetto et al., 2004). A segunda parte do questionário (Tabela 2) revelou que, o número de questões deixadas em branco pelos docentes foi mais expressivo quando estas se relacionavam aos moldes de pasta zinco-enólica, godiva e aos roletes de cera. Este alto índice de dúvida não foi observado nas demais questões, onde houve maior homogeneidade entre as respostas, bem como a maior utilização das soluções de Hipoclorito de Sódio 1% e Glutaraldeído 2%, indo de encontro às informações coletadas na literatura, que sugere tais soluções como mais indicadas para desinfecção de moldes. Analisando as respostas obtidas pelos alunos (Tabela 3), nota-se maior facilidade ao responderem às questões de múltipla escolha, ficando possivelmente induzidos pelas alternativas apresentadas. Isto justifica a utilização de duas formas de

15 15 questionários neste trabalho, tornando possível avaliação do real conhecimento destes alunos com relação ao tema pesquisado. Ainda em relação às questões de múltipla escolha, as respostas dadas pelos discentes geram grande preocupação, visto que apresentaram notável heterogeneidade de idéias, índice de questões em branco ainda considerável, embora tenha sido menor que as observadas na primeira parte do questionário, e alta freqüência de alunos indicando Álcool 70% para descontaminação de todos os materiais de moldagem avaliados. Isto contradiz os dados extraídos da literatura (Quadro 1), não sendo observado nenhum trabalho revisado com esta solução, como alternativa de desinfecção. No contexto atual de precaução universal há necessidade de considerar moldes e modelos como risco iminente de contaminação. Conscientizar e estabelecer barreiras que controlem disseminação de infecção é papel das Instituições de ensino superior e Escolas de Educação Profissional. Para tanto, é necessário repensar o processo de ensinoaprendizagem, tanto sob o aspecto dos conteúdos programáticos ( o que ensinar) como dos processos de ensino ( como ensinar) (Aquilante e Tomita, 2005). Assim, a reestruturação do currículo odontológico é necessária para formação de profissional que volte sua práxis às necessidades requeridas pelo quadro epidemiológico, em meio à historicidade do processo saúde-doençacuidado (Diretrizes curriculares, 2002). Medidas simples podem ser adotas para a prevenção e maior disseminação de esclarecimentos sobre os risco e práticas seguras quanto aos moldes odontológicos. Contudo, o maior desafio se apresenta no ato de consolidar idéias e conhecimentos de maneira integrada e articulada. Conclusão Dentro das limitações deste estudo e baseados na metodologia empregada e análise dos dados, pôde-se concluir que: 1. Existe divergência importante em relação ao pensamento de professores e alunos quanto ao tema desinfecção de moldes, não havendo conexão entre ensino transmitido e ensino adquirido; 2. Não há padronização de conteúdos e pensamentos a respeito do assunto pesquisado, entre as instituições e dentro das mesmas. 3. Existe a necessidade de padronização e interação de setores

16 16 didáticos e clínicos dentro das instituições de ensino. Agradecimentos moldes de poliéter por gesso tipo IV. Rev Odontol Univ Sao Paulo, v.13, n.4, p , Out./Dez, Os autores agradecem aos diretores, coordenadores e respectivas instituições de ensino (FOUFU, UNIUBE, FOP- UNICAMP, ESTES-UFU) pela colaboração e disponibilidade. E ainda ao CNPq (Projeto: D-021/2006) pelo apoio financeiro necessário à realização desta pesquisa. 4. AMERICAN DENTAL ASSOCIATION. Infection control recommendations for the dental office and the dental laboratry. Council on Scientific Affairs and Council on Dental Practice. J Am Dent Assoc, v.127, n.5, p , May, Referências bibliográficas 1. ABDELAZIZ, K.M.; HASSAN, A.M.; HODGES, J.S.- Reproducibility of Sterilized Rubber Impressions. Braz Dent J, v.15, n.3, p , ABDULLAH, M.A.- Surface detail, compressive strength, and dimensional accuracy of gypsum casts after repested immersion in hypoclorite solution. J Prosthet Dent, v.95, n.6, p , Jun, ALVES-RESENDE, M.C.R.; LORENZATO, F.- Efeito da desinfecção por aerossóis sobre a capacidade de umedecimento de 5. AQUILANTE, A.G.; TOMITA, N.E.- O estudante de Odontologia e a educação. Rev ABENO, v.5, n.1, p.6-11, BRASIL. Ministério da saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Coordenação Nacional de DST e Aids. Controle de infecções e a prática odontológica em tempos de Aids: manual de condutas. Brasília: Ministério da Saúde, COTRIM, L.E.F.; SANTOS, E.M.; JORGE, A.O.C.- Procedimentos de biossegurança realizados por cirurgiões-dentistas e laboratórios durante a confecção de próteses dentárias. Rev Odontol UNESP, v.30, n.2, p , 2001.

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