ADOÇÃO DE MEDIDAS DE PRECAUÇÃO POR ACADÊMICOS DE ODONTOLOGIA DA UNIOESTE
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1 ADOÇÃO DE MEDIDAS DE PRECAUÇÃO POR ACADÊMICOS DE ODONTOLOGIA DA UNIOESTE Neide Tiemi Murofuse 1 Débora Cristina Ignácio Alves 2 Aline de Oliveira Brotto 3 Gleicy Cristina Favero 4 INTRODUÇÃO: O presente estudo apresenta resultados parciais da pesquisa intitulada Identificação dos Riscos e Atividades Realizadas na Clínica Odontológica da UNIOESTE que tem como objetivos levantar a produção científica acerca dos riscos ocupacionais existentes e identificar os riscos envolvidos, as atividades realizadas e os equipamentos de proteção individual utilizados pelos sujeitos que atuam na Clínica Odontológica. Na Clínica são realizados diversos tipos de procedimentos por acadêmicos com supervisão dos professores do curso voltados às necessidades da população em geral. Na realização das atividades há necessidade da adoção de medidas de precaução para diminuir a possibilidade de contaminação para usuários, alunos e professores. Entretanto, o uso dessas medidas depende do nível de informação e conhecimento dos executores, já que a simples existência de regras de biossegurança não garante a sua aplicação prática. OBJETIVO: Identificar a adoção de medidas de precaução relacionada à proteção à saúde dos alunos e professores, com vistas a obter subsídios à análise do projeto mãe. METODOLOGIA: Pesquisa de campo realizada na Clínica Odontológica da UNIOESTE com a observação dos atendimentos realizados pelos discentes da 3ª a 5ª série do curso de graduação em Odontologia. Após triagem é definido o tipo de 1 Enfermeira, Doutora, Profª do Curso de Enfermagem da Unioeste Campus de Cascavel. Endereço: Rua 13 de maio, 1875 Cascavel Pr, neidetm@terra.com.br. 2 Enfermeira, Mestre, Profª do Curso de Enfermagem da Unioeste Campus de Cascavel 3 Acadêmica do Curso de Enfermagem da Unioeste Campus de Cascavel 4 Acadêmica do Curso de Odontologia da Unioeste Campus de Cascavel
2 atendimento ao usuário, de acordo com as necessidades, distribuídas em doze clínicas: Endodontia, Prótese, Periodontia, Estomatologia, Cirurgia, Dentística, Preventiva, Integrada Adulto e Infantil, Oclusão, Odontopediatria e Urgência. Na coleta dos dados foi utilizada ficha de observação contendo: data, hora, local, atividade realizada, lavagem das mãos, uso de equipamento de proteção individual EPI (luvas, máscara, jaleco e uniforme), utilização de barreiras nas superfícies e material utilizado. A observação foi realizada por duas acadêmicas, uma da enfermagem e outra da odontologia, após visita prévia ao local, aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa e consentimento dos professores supervisores. O período de coleta foi entre 18 de abril a 09 de maio de 2005, às segundas-feiras (13:30 às 16:30), terças e quartas-feiras (19:00 às 21:00). Na observação focalizou-se, preferencialmente, o executor dos procedimentos, contemplando em algumas situações o auxiliar. Os dados coletados foram sistematizados conforme freqüência e analisadas com base na literatura específica. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram realizadas vinte e oito observações no período. A maioria das atividades ocorreu na Clinica Integrada do Adulto (53,6%), seguida pela Clínica Integrada Infantil (35,7%) e Dentística (10,7%). Nas clínicas do adulto e infantil são realizados todos os tipos de procedimentos, desde os mais simples, como exame clínico, até os mais invasivos como cirurgias. Na Clínica Integrada Infantil a ênfase é na prevenção, sendo freqüente a profilaxia e aplicação de selantes. Na Dentística são feitas restaurações com amálgama e resina, profilaxia e polimento. Constatou-se que as restaurações (43%) foram as mais freqüentes, seguida pelos procedimentos cirúrgicos (21,4%), exames clínicos/diagnósticos (14,3%) e ortodontia (7,1%). As de menor freqüência foram: limpeza de dente, endodontia, tratamento de emergência e raspagem (3,57%). A maioria (57,1%) das atividades foi executada por dois alunos e na minoria (3,6%) houve intervenção do professor. Estas atividades apresentam riscos à saúde dos envolvidos por tratar-se de práticas que envolvem contato com secreções da cavidade oral como saliva, sangue, secreções orais e respiratórias e
3 aerossóis. São condições que possibilitam a transmissão de infecções, tanto de usuário para usuário, como de profissionais para usuário ou vice versa. Dentre as medidas de prevenção e controle das infecções a lavagem das mãos com água e sabão é um dos procedimentos mais simples e eficazes que visa à remoção da maioria dos microorganismos da flora transitória, células descamativas, pêlos, suor, sujidades e oleosidades (ARMOND, 2001). Embora seja simples a lavagem das mãos, antes e após, foi executada em apenas 29,4% dos procedimentos observados no presente estudo. Esta técnica foi observada na maioria das atividades (60,7%), sendo que destes, em 47% houve a prévia lavagem das mãos e posterior ao procedimento em 23,5%, o que evidencia o descuido com a segurança tanto dos próprios executores quanto dos usuários. É um resultado preocupante, pois as mãos não estão sendo lavadas com a freqüência preconizada pelas normas do Ministério da Saúde que a prescrevem sempre [...] antes e após realização de trabalhos hospitalares; manipulação e preparo de materiais ou equipamentos; calçar e retirar luvas [...] o manuseio de cada paciente, e [...] entre as diversas atividades realizadas com o mesmo paciente (BRASIL, 1988, p.16-7). Outra forma de garantir a segurança dos envolvidos no atendimento é o uso de EPI que inclui itens usados para proteger de substâncias perigosas por absorção, inalação ou contato específico. Máscaras faciais, óculos protetores, luvas, roupas (jalecos, aventais e calçados), campos e barreiras protetoras estão entre os EPIs recomendados (BOLICK et al., 2000). Dentre os EPIs o jaleco foi utilizado em todas as atividades observadas, sendo de tecido, com mangas longas, em 92,8% das situações e bata cirúrgica em 7,2% deles. A maioria dos acadêmicos (96,4%) utilizava luvas, máscaras descartáveis e gorros durante suas atividades, porém este resultado está em desacordo com o estabelecido no manual de normas e rotinas da clinica que prevê a obrigatoriedade em todos os procedimentos (MARTINEZ et al, 2004). A minoria dos executores utilizava óculos de proteção (35,7%) sendo que destes 3,6% usavam óculos de grau, o que não evitaria os respingos laterais ou borrifo por cima das lentes dependendo do tipo das armações e da sua adaptação à face. Maior proteção seria alcançada com o uso de óculos protetores
4 sobre os óculos com lentes corretivas. Portanto evidenciou-se que, a grande maioria (64,3%) estava com suas mucosas dos olhos expostas às lesões, respingos ou esguichos causados por sangue ou materiais potencialmente contaminados. Embora a maioria utilizasse luvas (96,4%) houve parcela significativa que a dispensaram (3,6%). Constatou-se que o tipo de luva mais utilizada foi de procedimento (82,1%) seguido pela cirúrgica (14,3%). O uso de luvas cirúrgicas foi menor que a freqüência de procedimentos cirúrgicos realizados (21,4%), indicando a inadequação do tipo de luva, uma vez que as luvas de procedimentos são limpas, porém não estéreis. Em relação ao uniforme observou-se que todos usavam roupas brancas (100%), estando a maioria (92,8%) com calçado branco fechado e com meias e a minoria com calçado aberto (3,6%). Além do calçado aberto, o uso de adornos (35,7%), de blusas curtas (57,1%) e decotadas (7,14%) contraria as normas internas que prevê a retirada de jóias, bijuterias e relógios a todos os que lá atuam, bem como veda [...] o uso de roupas que deixem expostas partes do corpo à infecção, como bermudas e blusas curtas (MARTINEZ et al, 2004, p. 4-5). Para a proteção dos equipamentos foram utilizados de maneira associada ou isolada materiais como plástico, PVC e tecido. O uso de barreiras nas superfícies foi verificado na maioria dos itens como alça do refletor (78,5%) e mangueira (60,7%). A proteção das canetas odontológicas (42,8%) e dos encostos da cabeça e braço (21,4%) ainda precisa ser mais praticada. A ausência de proteção das superfícies dos equipamentos odontológicos representa risco de transmissão de infecção cruzada, pela possibilidade de transferência dos agentes patogênicos da cavidade oral do usuário para as superfícies dos equipamentos por meio do contato direto, dedos, instrumentos e respingos de sangue ou saliva (SILVA; JORGE, 2002). CONCLUSÃO: Os resultados da investigação evidenciaram que as medidas como a lavagem das mãos, uso de EPIs e barreiras protetoras não estão sendo efetivadas como preconizado. Ainda que a maioria (96,4%) utilizasse EPIs, constatou-se que foi pobre a aderência em relação à lavagem das mãos antes do procedimento (47%) e após (23,5%), uso de óculos de proteção (35,7%) e proteção da caneta odontológica (42,8%). Constataram-se a necessidade do
5 desenvolvimento de novas estratégias para incentivar adoção de medidas de segurança para minimizar os riscos potenciais existentes nas atividades realizada no local tanto para acadêmicos, professores e servidores quanto para os usuários. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARMOND, G. A. Técnica de lavação das mãos. In: MARTINS, M. A. (org.). Manual de infecção hospitalar: epidemiologia, prevenção, controle. 2. ed. Rio de Janeiro: Medsi, BOLICK, D. et al. Segurança e controle de infecção. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, BRASIL Ministério da Saúde. Lavar as mãos: informações para profissionais da saúde. Brasília, MARTINEZ, A.C.M.; SANTOS, R.A.; NASSAR, P.O.; UEDA, J.K.(org.). Normas e rotinas da clínica odontológica da UNIOESTE. Cascavel, 2004 mimeografado. SILVA, C. R. G.; JORGE, A. O. C. Avaliação de desinfetantes de superfície utilizados em Odontologia. Pesqui Odontol Bras, São Paulo, v.16, n. 2, p , abr./jun
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