26 Simpósio Espírita Instituição Beneficente A Luz Divina. A Educação Espírita
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- Estela César Lombardi
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1 26 Simpósio Espírita Instituição Beneficente A Luz Divina A Educação Espírita Foi proposta para a tarde de 16/04/2012 a análise do tema A Educação Espírita A Educação é toda influência exercida por um espírito sobre outro, no sentido de despertar um processo de evolução. Este processo dura séculos e é realizado através das várias reencarnações. No livro A Gênese está escrito que Deus criou todos os seres simples e ignorantes, com potencialidades a serem desenvolvidas no tempo e no espaço. A educação visa aflorar todas as experiências úteis do indivíduo, e atenuar todas as tendências viciosas que trouxe do passado. Educar é transformar. Não existe limite de idade para se educar. Em toda nossa existência, através das trocas de experiências, estamos nos modificando e evoluindo. O Espiritismo traz uma nova compreensão do indivíduo. O ser não é uma página em branco, mas um universo já formado. Um ser reencarnado é alguém que possui em seu interior experiências agradáveis e desagradáveis. Alguém que amou e foi amado, sofreu e fez sofrer. Esta posição exige novos métodos de educação. A educação espírita fará com que o homem conheça suas potencialidades e a finalidade de sua existência na terra. Liberdade com responsabilidade é o princípio da educação espírita. Em O Livro dos Espíritos, Kardec nos ensina que o homem tem sua liberdade aumentada, à medida que se torna mais consciente e responsável.
2 A educação espírita despertará no homem a necessidade da disciplina interior, do respeito ao próximo e de seu auto domínio. Ensinará os homens a serem conscientes de seus direitos e dos direitos de seus irmãos. O educando espírita compreenderá que é livre para construir seu destino e caminhar mais rapidamente em direção a mundos melhores, ou então, gravitar por muitos séculos nos mundos de sofrimentos. Educado é o ser que se controla, que é fraterno, paciente, que ama o próximo como a si mesmo. É aquele que não fere, não lesa, não faz guerras, que é incapaz de odiar. Se sabemos que somos os autores do nosso destino, aceitaremos com mais resignação os problemas que nós mesmos criamos. A criança, o jovem, o adulto e o velho espíritas saberão que as condições difíceis com as quais se defrontam na Terra são as necessárias ao seu aprimoramento espiritual. A relação educativa pode se dar em qualquer relação humana. Não ocorre apenas entre o adulto e a criança. A relação pode até se inverter. Uma criança pode educar um adulto, na medida em que, sendo um espírito mais evoluído, produz uma influência benéfica sobre ele. Um amigo mais consciente pode educar outro amigo. Uma esposa pode educar um marido e vice versa. Todas as vezes em que um ser humano desperta no outro algum bem, se dá um ato de educação. Tenham os protagonistas consciência ou não, do ato educativo. A missão que os pais não podem perder de vista é de que a posição dos filhos não é de subalternidade ou de inferioridade evolutiva. Antes de tudo, são criaturas irmãs perante a Paternidade Divina, com experiências diversas, e com idéias próprias. Cabe aos pais a tarefa de ajudá-los a evoluir. A família revela-se não só como um reduto de educação para a criança, mas revela-se a escola onde todos, pais e filhos, esposos e esposas, irmãs e irmãos, são colocados juntos para aprenderem uns com os outros, os valores do perdão, da paciência e do amor. A educação espírita como bem frisou Kardec respeitará a personalidade do ser, procurando situá-lo na sociedade, onde cada um está no lugar certo, com as pessoas de que necessita para evoluir.
3 A evolução do espírito, como sabemos, é um processo longo e penoso e provavelmente jamais termine. Não temos a noção da idade do nosso espírito. Não sabemos quantos milhões de anos já gastamos para chegar ao estágio evolutivo que alcançamos hoje. Não sabemos quantos milênios mais gastaremos para alcançar o nível de perfeição espiritual de Jesus, o espírito mais puro que veio a esse mundo. Uma existência na terra é uma breve etapa do processo evolutivo do espírito. Viemos para adquirir algumas das virtudes que nos faltam, mas não nos será possível, no curto espaço de tempo de uma existência, desenvolver todas as potencialidades divinas. Quando um educador tem um amor elevado e possui grande ascendência moral sobre o educando, sua influência positiva se estende por várias encarnações. Certamente já tivemos em outras vidas pais, mães, mestres, cuja fecundação benéfica só está frutificando hoje, mesmo que não nos lembremos deles constantemente. Nossos anjos da guarda, aliás, nada mais são do que parentes e amigos mais evoluídos que nós, que conosco já conviveram em outras vidas e, portanto, já exerceram uma função educativa para conosco e continuam a exercê-la no mundo espiritual. A função de um guia é eminentemente educativa e a sua semeadura vale por séculos afora. Em todos os casos, a semeadura educativa terá algum resultado, seja a curto ou longo prazo. O amor doado jamais será perdido. O exemplo deixado sempre exerce uma influência cedo ou tarde sobre aquele que o observou. Não foi assim com Jesus? O Pedagogo da Humanidade lançou suas sementes de educação há dois mil anos. Alguns começaram a desenvolvê-las naquela época mesmo. Mas a maioria só agora começa a compreendê-las e muitos ainda nem sequer as aceitaram no solo da alma. A essência do Espiritismo é a educação. A Doutrina Espírita em seu tríplice aspecto científico, filosófico e religioso pretende promover a evolução do homem, que é um processo pedagógico. Não foi uma casualidade Allan Kardec ter sido educador e ter recebido influência de Pestalozzi (Johann Heinrich Pestalozzi, ), pedagogo suíco cujas teorias criaram as bases do ensino primário moderno, um dos maiores educadores de todos os tempos.
4 O desenvolvimento do espírito é visto como um curso escolar, com seus anos letivos. A terra é tratada como uma escola em que as almas se matriculam e se re-matriculam através das reencarnações para o seu aperfeiçoamento. Educar espiritualmente não é necessariamente educar para o Espiritismo. Kardec sempre enfatizou que os espíritas não deveriam fazer proselitismo e muito menos violentar consciências. No relacionamento com pessoas não espíritas saberá exercer sua tarefa, sem impor suas convicções. Quem é espírita de fato pratica a caridade da educação em todas as dimensões possíveis, faz isso existencialmente, no seu meio familiar, profissional, social, espiritual. Há pessoas que entendem a prática da Doutrina Espírita apenas no exíguo espaço do centro espírita. Quando estão no mundo, na profissão, na família, numa festa, nas relações sociais, agem como se não fossem espíritas. Mas o compromisso educativo existencial do adepto do Espiritismo é ser justamente, em qualquer lugar e a qualquer hora, um elemento de influências positivas, um pólo de transformação do ambiente. Sem prepotência, sem austeridade excessiva, sem pretensão à verdade absoluta, sem autoritarismo, como quem passa e serve, o espírita deve fazer brilhar seu empenho em ser melhor, sua fidelidade aos princípios éticos, fundamentais, sua sede intelectual, partilhando sua chama interior. O espírita de fato é alguém engajado na própria evolução coletiva. O destino espiritual do próximo não lhe será jamais indiferente. Não tomará uma postura salvacionista, nem pretenderá salvar o mundo sozinho. Mas levará até o sacrifício o compromisso de exemplificar o bem, arrastando com isso outros seres ao contágio da virtude. Consolar, amparar, servir, verbos tão conjugados em mensagens e orientações espirituais, são as atitudes fundamentais de quem ensina, com a sinceridade dos sentimentos e a força do exemplo centelhas para desencadear um processo de educação. AUTO-EDUCAÇÃO Para que haja educação no verdadeiro sentido do termo, impõem-se antes de tudo, duas premissas básicas: Amor e Auto-educação. Amar para educar e auto educar-se para amar.
5 Ninguém pode aperfeiçoar-se se não cultiva em si mesmo a obra da evolução. Ser espírita, pois, na acepção plena da palavra é engajar-se num processo de auto-educação. Como o Espiritismo não é uma doutrina individualista, no sentido de descomprometer o ser humano dos deveres para com o próximo, ao contrário, elege na caridade seu princípio máximo, quem está em processo de melhorar a si mesmo tem o dever moral de exercer uma tarefa pedagógica com todas as criaturas que o cercam. A caridade máxima, portanto, que o espírita deve procurar realizar como ideal de vida, não é só o assistencialismo social, respeitável e necessário, mas sim a caridade da educação. A ação educativa requer empenho na auto-educação. É muito mais fácil prescrevermos ditatorialmente normas de conduta para aqueles que estão sob a nossa responsabilidade, do que lutarmos continuamente para vencermos a nós mesmos e podermos mostrar um exemplo digno de ser seguido. Educar não é entregar um ensino acabado, transmitir uma mensagem fechada, mas acima de tudo desencadear processos de evolução, centelhas de entusiasmo, dividir um estado de espírito, que é o estado do espírito em atividade, em constante busca de novos amanhãs. O espírito que se educa, modifica-se a cada momento, porque está sempre acrescentando experiência e conhecimento, conjugando esforço e atividade. Irradiar otimismo, disposição, energia e serenidade, todas aquelas virtudes que vimos como constitutivas do verdadeiro educador, deve ser uma conseqüência natural da compreensão do mundo. Quem sabe que a vida é eterna, que toda tragédia é passageira, que tudo caminha para a perfeição, que todos estão sob a proteção de uma providência misericordiosa e justa, será necessariamente uma pessoa alegre e tranqüila, no controle de si mesma, podendo com isso servir de edificação e apoio aos irmãos do caminho. Sede perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito disse Jesus. E se Ele, Mestre dos mestres através do seu amor pedagógico, tem sabido movimentar o elã evolutivo da Humanidade na busca do Pai, então, nós, pequenos
6 educadores de nós mesmos e do próximo precisamos pelo menos acender uma centelha. Johann Heinrich Pestalozzi ( ) Nasceu em Zurique, na Suíça. Foi auto didata e tornou-se filósofo, escritor e educador. Via na educação a solução de todos os problemas sociais e humanos. Pertalozzi afirmou que Cristo é o modelo e exemplo a ser seguido e para se atingir a moralidade, a crença na Paternidade Divina é essencial. Disse ainda que a descrença é fonte de destruição de todos os laços da sociedade, é a negação da fraternidade humana, e consequentemente dos deveres que brotam entre os homens, quando esses se consideram filhos de um mesmo Pai. Eurípedes Barsanulfo ( ) A primeira escola espírita do mundo de que se tem notícia, chamada Colégio Allan Kardec, surgiu em Sacramento- Minas Gerais, no ano de Seu fundador foi Eurípedes Barsanulfo, verdadeiro apóstolo do Espiritismo brasileiro, que dedicou a vida a serviço do próximo. Autodidata, sem diploma superior, Eurípedes possuía as duas qualidades indispensáveis a quem ensina: uma ampla cultura e uma bondade sem limites. Num ambiente e num tempo em que simplesmente ser espírita já era uma audácia, uma loucura considerada diabólica, Eurípedes exercia abertamente a Doutrina Espírita e aplicava uma pedagogia nova e espírita no Colégio Allan Kardec. O colégio embora inserido no contexto em que surgiu, ultrapassou de muito os moldes rígidos da época. A grande novidade adotada por Eurípedes e que hoje em dia é claramente recomendada por qualquer pedagogo foi a instituição de classes mistas. Isso evidentemente provocou muita polêmica. Eurípedes, porém, não arredou pé. Arejada era a mente do emérito educador que se mantinha acima de preconceitos e posturas comuns ao seu meio. Eurípedes inaugurou a época do entendimento e do diálogo. As aulas obedeciam à tese de se chegar à teoria pela observação e pela prática. Exemplos: Botânica, Zoologia, Astronomia e estudo com os alunos de O Livro dos Espíritos e O Evangelho Segundo o Espiritismo, relacionando com a idéia da evolução da religiosidade através das civilizações. O fato de Eurípedes se sobrepor à sua época, só nos demonstra o quanto de experiências anteriores ele já possuía em cabedais de cultura e evolução espiritual e nos deixa uma grande lição: a de que nos cabe como espíritas, andar passo a passo com o progresso e não nos mantermos estagnados em estruturas já superadas.
7 O espírita deve rasgar novas estradas de evolução, revelando coragem e pioneirismo. Allan Kardec foi um espírito progressista. Alzira Conceição Rodrigues da Silva Bibliografia: A Educação Segundo o Espiritismo, de Dora Incontri. A Educação da Nova Era, de Dora Incontri. Educação Espírita, de Heloisa Pires. 26º Simpósio Espírita A Luz Divina de 02 a 28/04/2012
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