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1 Issn ano 120 Nº 363 jul/ago/set 2012 a Independência precisa ser também tecnológica Revista do Clube Naval 363 1

2 Nesta edição: 2 4 editorial Realizações do Clube Naval no último trimestre. 6 EM PAUTA Notas sobre acontecimentos no CN. 10 atualidade o mar da china oriental e os contenciosos sinojaponeses CMG Fernando Malburg da Silveira. 16 defesa a defesa nacional na sociedade e na política Alte Esq Mário César Flores. 18 segurança nacional o planejamento estratégico governamental. síntese evolutiva CMG Gil Cordeiro Dias Ferreira. 22 direito internacional a lei do mar aos 30 anos C Alte Antonio Ruy de Almeida Silva. 24 palestra o dia em que o minas, pela primeira vez, operou à noite Palestra proferida no auditório do Clube Naval pelo CMG José Paulo Machado Chagas. 28 segunda guerra Stalingrado! Cap-Ten Carlos Roberto Continentino Ribeiro. 32 viagens uma jornada pela exuberante turquia Cap-Ten Rosa Nair Medeiros. 40 física o dilema da mecânica quântica CMG Paulo Roberto Gotaç. 46 conto sonata (Uno palo?!) C Alte Domingos Castello Branco. 49 navios da mb o brasinha dos mares Cap Corv Luciano Calixto de Almeida Junior. 50 nacionalismo a língua portuguesa como amálgama da nacionalidade Cap Frag Gilberto Rodrigues Machado. 54 marinhagens mar marinha, marinheiro, mérito CMG Paulo de Paula Mesiano. 56 reflexão a deusa audiência Claudio Fabiano de Barros Sendin. 58 personalidade todos só falam em maurity Luís Severiano Soares Rodrigues. 61 filantropia Há 14 anos juntos, com o recital beneficente em prol da casa ronald mcdonald Martha Maria Queiroz. 62 reminiscências a bênção do almirante álvaro alberto V Alte Othon Luiz Pinheiro da Silva. 64 homenagem vice-almirante jayme ptolomy da rocha, O pioneiro da engenharia química na mb CMG Paulo Afonso Barbosa da Silva. 70 esporte o ii torneio independência CMG Fernando Lessa Gomes. 72 exposições 43º salão de belas artes Antônio Pereira. 74 última página um momento de simpatia e fraternidade O Presidente de Cabo Verde agradece ao CN. Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval o mar da china oriental e os contenciosos sino-japoneses Pág 10 A antiga rivalidade entre China e Japão e o complexo jogo de interesses por Taiwan CMG Fernando Malburg da Silveira a lei do mar aos 30 anos Pág 22 A Convenção das Nações Unidas para o Direito do Mar é reconhecida hoje em dia por 161 países C Alte Antonio Ruy de Almeida Silva uma jornada pela exuberante turquia Pág 32 Exótica e bela, uma das regiões habitadas mais antigas do mundo Cap-Ten Rosa Nair Medeiros o dilema da mecânica quântica Pág 40 A revolução que representou a Quântica no desenvolvimento da Física e alguns aspectos de sua interpretação CMG Paulo Roberto Gotaç a defesa nacional na sociedade e na política Pág 16 O descompasso entre a economia, a política e o sistema militar são uma fissura nacional, incubadora de insegurança, na projeção do tempo Alte Esq Mário César Flores

3 No trimestre que ora se encerra, a principal comemoração ocorrida no Clube Naval foi o aniversário da Independência do Brasil. É uma data em que ficamos orgulhosos, não somente por comemorar a nossa liberdade como nação independente, mas, também, para repensar o significado dessa liberdade na área econômica e, mais recentemente, nas áreas cientifica e tecnológica. Nesse sentido, o CN realizou palestra sobre o desenvolvimento dos mísseis e a Revista do Clube Naval, nesta edição, nos leva ao assunto apor meio de vários artigos, como a Lei do Mar, a lembrança do Almirante Álvaro Alberto ou a interpretação da Física Quântica. Todos os artigos, cabe mais uma vez destacar, são escritos por nossos sócios, espelhando as suas visões da sociedade e da nossa Marinha, expondo suas limitações, mas também a sua disposição em escrever. Acrescente-se, ainda, uma variada e extensa sequência de fotografias acerca das atividades sócioculturais desenvolvidas na Sede Social, com destaque para o 43º Salão de Belas Artes, para o 14º Recital Beneficente de Canto e Piano e o 2º Torneio de Tiro Independência. A RCN agradece, portanto, a todos os sócios que contribuíram com sua arte e seus ofícios, para realização de mais uma edição. Nossa Capa Issn ano 120 nº 3632 jul/ago/set 2012 a IndependêncIa precisa ser também tecnológica Ailustração da capa desta edição foi criada e executada por Sendino, usando fotos de arquivo e um desenho do ilustrador Benício, que gentilmente o cedeu à Revista do Clube Naval. O mesmo desenho ilustra, na página ao lado, o Editorial. Clube Naval Av. Rio Branco, 180 5º andar Centro Rio de Janeiro RJ Brasil Tel.: (21) Presidente V Alte Ricardo Antonio da Veiga Cabral Diretor do Departamento Cultural V Alte José Eduardo Pimentel de Oliveira Editoria VAlte José Eduardo Pimentel de Oliveira CMG Adão Chagas de Rezende Jornalista Responsável Antônio de Oliveira Pereira (DRT-MT. Reg ) Direção de Arte e Diagramação AG Rio - Comunicação Corporativa ag-rio@agcom.com.br (21) Produção José Carlos Medeiros Adriana Guanaes Atendimento Comercial Tel.: (21) revista@clubenaval.org.br As informações e opiniões emitidas em entrevistas, matérias assinadas e cartas publicadas são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Não exprimem, necessariamente, informações, opiniões ou pontos de vista oficiais da Marinha do Brasil, nem do Clube Naval, a menos que explicitamente declarado. A transcrição ou reprodução de matérias aqui publicadas, em todo ou em parte, necessita da autorização prévia da Revista do Clube Naval. Os artigos enviados estão sujeitos a cortes e modificações em sua forma, obedecendo a critérios de nosso estilo editorial. Também estão sujeitos às correções gramaticais, feitas pelo revisor da revista. As fotos enviadas através de devem medir o mínimo de 15cm, em jpg ou tif, com 300dpi. 4 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval 363 5

4 eventos e comemorações na sede social Mobiliário do Império passa ao Patrimônio do Clube Naval O patrimônio mobiliário do Clube Naval foi acrescido de um belíssimo exemplar de um móvel Marquesa em jacarandá maciço, doação feita pelo Embaixador Guilherme Parreiras Horta, acompanhado do Embaixador Ozório Rosa, que assinou o termo de entrega em 30 de julho. O Presidente do Clube Naval, Almirante Ricardo Antonio da Veiga Cabral, recebeu a peça, originária do acervo pessoal do Barão de Ladário, último titular da pasta da Marinha no Império. A principal importância da doação é o seu conteúdo histórico. Foi utilizado durante o dia a dia da vida de José da Costa Azevedo, o Barão de Ladário. Nascido no Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1825, foi nomeado Guarda-Marinha em 1839, seguindo para a América do Norte, onde aperfeiçoou seus conhecimentos. Oficial de grandes merecimentos, alcançou até o posto de Chefe de Esquadra, em Serviu na Esquadra, em operações contra o Paraguai. Participou da comissão de limites com o Peru e a Guiana Francesa, foi senador pelo Amazonas e ministro da Marinha, em Possuía vários títulos honoríficos e a medalha da Campanha do Paraguai. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Faleceu no Rio de Janeiro, em 24 de setembro de O Barão de Ladário foi a única vítima da Proclamação da República, baleado por um desconhecido, ao resistir à ordem de prisão, sobrevivendo porque um estudante, Carlos Vieira Ferreira, o socorreu. O lindo exemplar mobiliário, que ele indiretamente nos doou, marcará sua presença no Clube Naval. CIAW recebe a Diretoria do Clube Naval Cumprindo a tradição de apresentar aos Oficiais de Marinha o Clube Naval como a "Casa dos Homens do Mar", a sua Diretoria visitou o Centro de Instrução Almirante Wandenkolk (CIAW), no dia 12 de julho. Nessa visita o Presidente e seus Diretores tornaram claras as vantagens de ser sócio do Clube Naval. Comemoração da Semana da Pátria A Semana da Pátria foi comemorada com Sessão Solene, no dia 4 de setembro, às 16h, no Salão dos Conselheiros, com alocução do Capitão-de-Fragata (RM1) Gilberto Rodrigues Machado. O tema foi A Língua Portuguesa Como Amálgama da Nacionalidade. Membro do Círculo Literário do Clube Naval, o Comte Gilberto se refere ao correto emprego da língua portuguesa como forma de união patriótica, uma vez que o idioma nacional é um símbolo inquestionável da integridade nacional. O Presidente do Clube Naval, Vice-Almirante Ricardo Antonio da Veiga Cabral, deu início à Sessão Solene e agradeceu a presença de todos, sócios e convidados, que sempre prestigiam a Pátria através do comparecimento à Sessão Solene em Homenagem a Independência, que se realiza anualmente no Clube Naval. O Hino Nacional Brasileiro e o Hino da Independência foram entoados por todos os presentes, acompanhando o Coro do Clube Naval. Encerrando a solenidade, um coquetel no Salão Nobre, no terceiro andar da Sede Social. Missa Solene em Memória dos Mortos da Segunda Guerra Mundial A tradicional Missa Solene em Memória dos integrantes da Marinha do Brasil e da Marinha Mercante Brasileira que perderam suas vidas em operações no mar, na 2ª Guerra Mundial, organizada anualmente pelo Comando do Primeiro Distrito Naval, com apoio do Clube Naval, da Sociedade Amigos da Marinha e da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária, este ano foi celebrada no dia 4 de julho às 10 horas, na Igreja da Candelária, eventos e comemorações na sede social por Dom Luiz Henrique, Bispo Auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, acompanhado pelo Capelão Chefe da Marinha, CMG(CN) Emanuel Teixeira Pereira Silva e os demais Capelães navais da área do Rio de Janeiro. O coral do Clube Naval foi o responsável pelos cantos litúrgicos e o ponto mais emocionante, além do toque de silêncio foi a Amazing Grace, executada nas gaitas de fole, pelos gaiteiros da Banda Marcial do Corpo dos Fuzileiros Navais. Muitos ex-combatentes vieram prestigiar a memória de seus antigos companheiros. 6 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval 363 7

5 Lançamento de Livro Em 27 de setembro, às 18 horas, no Salão dos Conselheiros, 4º andar da sede Social, foi realizado o lançamento do livro Mulheres a Bordo 30 anos da Mulher Militar na Marinha, de autoria da Capitão-de-Mare-Guerra (Md-RM1) Sheila Aragão de Andrada e da Capitão-de-Fragata (T-RM1) Helena Maria Peres. Prestigiada por grande público civil e militar, a cerimônia contou com a presença do Comandante da Marinha, Almirante-de-Esquadra Julio Soares de Moura Neto, grande parte do Almirantado e do Presidente do Clube Naval, Vice- Almirante Ricardo Antonio da Veiga Cabral, acompanhado de vários diretores. eventos e comemorações na sede social PASSAGEM DE DIREÇÃO DA TURMA BEAUCLAIR No dia 18 de julho os integrantes da Turma Beauclair, acompanhados de suas esposas e do Presidente do Clube Naval, Vice-Almirante Ricardo Antonio Veiga Cabral, se reuniram para mais um almoço festivo, no Salão Vermelho, 3º andar da Sede Social. Na ocasião foi realizada a passagem da Direção da Turma, do Comandante Marcelo Lira para o Comandante Enio Moura do Vale. Curso de Afretamento Clube Naval e FEMAR O Curso de Afretamento, ministrado pelo Prof. Luilton Ferreira de Carvalho e realizado em parceria com a Fundação de Estudos do Mar (FEMAR), no Auditório do 5º andar da Sede Social do Clube Naval, teve seu encerramento em 25 de julho. O objetivo do convênio Clube Naval e FEMAR é o de contribuir para a preparação profissional e futura inserção do Oficial de Marinha no mercado de trabalho formal, após sua transferência para a reserva. eventos e comemorações na sede social Atualização e Pesquisa de Armamentos pela Indústria Brasileira Sobre o tema O Desenvolvimento pela Indústria Brasileira de um Míssil Anti-Navio, o Vice-Almirante (RM1) Carlos Afonso Pierantoni Gamboa, representante da Associação Brasileira de Material de Defesa e Segurança (ABIMDE), o Vice-Almirante (RM1) Ronaldo Fiuza de Castro e o Capitão-de-Mar-e- Guerra (RM1) Carlos Antônio Póvoa Rodrigues, representantes da Diretoria de Sistema de Armas da Marinha (DSAM), realizaram, em 23 de agosto, palestra no Salão dos Conselheiros, 4º andar da sede Social. O Almirante Pierantoni, primeiro palestrante, falou sobre a participação da ABIMDE no desenvolvimento de projetos de vários tipos de armamento, em especial do míssil anti-navio. O Almirante Fiuza e o Comandante Póvoa falaram sobre os projetos de atualização dos mísseis anti-navio ora em desenvolvimento pela marinha do Brasil. A palestra, tipo painel, proporcionou aos sócios e convidados presentes uma oportunidade única para conhecer as propostas e projetos em desenvolvimento na Marinha do Brasil e na Indústria Brasileira de Material de Defesa e Segurança e esclarecer todas as dúvidas. 8 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval 363 9

6 atualidade O Mar da China Oriental e os Contenciosos Sino-Japoneses Fernando Malburg da Silveira* Em artigo publicado em recente número desta revista, o autor discorreu sobre as posturas estratégicas da China e dos Estados Unidos no macrocenário asiático, onde a China desponta como líder regional e segunda potência mundial, posição outrora ocupada pelo Japão. Foi ali comentado que os EUA, cujo poder militar permanece como mediador de interesses na Ásia desde o fim da Guerra Fria, buscam enfaticamente reorientar para a Ásia seu eixo estratégico principal para o século XXI, não só pela emergência da China como potência regional e mundial (com tendência a se tornar o maior PIB do planeta em quatro décadas), como ainda pela previsível formação, naquelas paragens, da maior área mercadológica de livre-comércio do planeta, centrada no gigante chinês. No referido artigo, a ênfase foi voltada para a importância estratégica do Mar da China Meridional, que abriga o tráfego de um terço do comércio mundial e hospeda o formidável crescimento do Poder Naval chinês, abrangendo um cenário geopolítico de muitas disputas territoriais, como entre outras as que cercam as ilhas Spratly e Paracel, envolvendo interesses da China e de diversos países do Sudeste asiático; e procurou-se evidenciar a necessidade estratégica chinesa de assegurar o acesso e a navegação ao Oceano Índico e ao Pacífico Oeste, que abrigam as principais rotas marítimas do globo e representam as artérias de nutrição do desenvolvimento chinês, postura estratégica firmemente casada com as aspirações regionais e globais da China e que justificam seu crescente Poder Naval. Embora o foco principal estivesse nas águas do sul da China, foi feita menção às diversas demandas por mar territorial e patrimonial em todo aquele cenário, inclusive mais para nordeste, citando-se como exemplo as ilhas Senkaku, que os chineses denominam Diaoyu, no Mar da China Oriental. Efetivamente, não tardaram a ser fartamente noticiados pela mídia acontecimentos China e Japão, rivais asiáticos de longa data que revelam que o Mar da China, seja em sua parte meridional ou na oriental, tende a concentrar grande quantidade de ingredientes potencialmente geradores de conflitos, cuja solução, se falharem os esforços diplomáticos, pode assumir forma belicista. Tendo o governo japonês revelado, em setembro, a possível aquisição das ilhas Senkaku a particulares nipônicos, desencadeou-se imediatamente na China continental uma furiosa reação popular, resultando na depredação de empresas e estabelecimentos japoneses lá situados e em protestos populares de grande vulto. Em sintonia com os incidentes, a tensão diplomática entre Japão e China mostrou aquecimento preocupante, e várias demonstrações de presença naval tiveram lugar nas imediações das ilhas disputadas. O panorama mais ao sul, no Mar da China Meridional, diz respeito principalmente às disputas entre a China e países do Sudeste asiático, cujos interesses estão bem representados pela Association of South East Asian Nations (Asean), que congrega dez desses países. Ali estão em discussão dois aspectos de alta relevância para os interesses chineses: a extensão reivindicada de seu mar territorial (delimitado pela Nine Dotted Line, contestada por todos os vizinhos, e que abarca as ilhas Spratly e Paracel, em disputa); e o acesso e proteção aos estreitos de Málaca, Sunda, Makassar e Lombok, vitais para a economia chinesa. Esse foi o cenário analisado no artigo anterior, e que pode a qualquer momento gerar incidentes graves. O cenário mais a leste, por sua vez, no Mar da China Oriental, fronteira com o Mar das Filipinas e com o Pacífico Oeste, tem mais a ver com as dissidências entre China e Japão, rivais asiáticos de longa data. Entre esses dois cenários, e influenciando marcantemente ambos, 10 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval

7 está a ilha de Taiwan, de cuja posse os chineses não abrem mão, mas cuja situação política e legal é bastante complexa. Acrescente-se o ingrediente da presença militar e dos interesses norte-americanos na Ásia-Pacífico e fica formado um complicado caldeirão de interesses, potencialmente capaz de entrar em ebulição caso a diplomacia não consiga baixar as temperaturas. Questões sensíveis sombreiam todo esse cenário, marcado por rivalidades sino-japonesas que já deram lugar a duas guerras e permanecem bastante vivas. A sociedade chinesa, fortemente estimulada pelo nacionalismo, não esquece nem perdoa tal como os coreanos as atrocidades cometidas pelos japoneses no passado, em suas duas intervenções militares no continente; o governo chinês não olha com bons olhos a aliança de defesa entre Estados Unidos e Japão, firmada no pós-segunda Guerra Mundial e revigorada em época mais recente; da mesma forma, não recebe bem a posição japonesa e a norte-americana com relação à questão de Taiwan; não comunga da mesma visão japonesa sobre a reunificação da península coreana; não prestigia a ambição japonesa de ganhar assento permanente do Conselho de Segurança da ONU; e a isso se somam as disputas territoriais sobre as ilhas Diaoyu (Senkaku, para os nipônicos) e as reservas de óleo e gás próximas. O Japão, por seu turno, sempre disputou com a China a liderança da Ásia, mas a estagnação econômica que persiste desde os anos 90, as limitações de crescimento de seu Poder Militar decorrentes da Constituição imposta aos japoneses como ônus da derrota na Segunda Guerra Mundial e o extraordinário crescimento da China o colocaram em segundo lugar no panorama asiático (e terceiro no mundo), frustrando ambições estratégicas nutridas pelo Império do Sol Nascente desde o final do século XIX. Esses contenciosos têm sido, no presente, objeto de debates pacíficos, mas é visível o descontentamento japonês diante dos fatos que o deslocaram da primazia asiática e da posição de segunda potência econômica do planeta. A isso se soma o desconforto japonês com o desbalanceamento cada vez maior de poderes Beijing regionais, caracterizado pelo desenvolvimento econômico e militar da China e por sua presença com poder de veto por ser uma potência nuclear no CS da ONU, enquanto o Japão permanece severamente limitado militarmente e economicamente estagnado. Alguns dos aspectos envolvidos serão abordados adiante, sem pretensão de exaurir tão extensa lista de contenciosos e posturas geopolíticas. As guerras sino-japonesas Uma revisão dos conflitos bélicos que, no passado, causaram danos indeléveis às relações sino-japonesas decerto facilitará a compreensão atual dessas relações. A primeira guerra sino-japonesa teve lugar no final do século XIX ( ) e teve como motivo o controle da península coreana, ambicionada por ambos os contendores. Enfraquecidas pelas Guerras do Ópio contra os britânicos e pelos embates com a França, as forças chinesas foram derrotadas pelo exército japonês, Shangai mais moderno e bem equipado. O Japão, então emergente, neutralizou a influência chinesa sobre a Coreia e, pelo Tratado de Shimonoseki (1895), tornou-a independente. A China, além de perder seu controle sobre a península, pagou pesadas indenizações de guerra e foi forçada a ceder para o Japão as ilhas de Taiwan e Pescadores, bem como a península de Liaodong, mas a imediata intervenção diplomática da Rússia, França e Alemanha levaram o Japão a restituir esta última, logo após. A segunda guerra entre China e Japão estendeuse de 1937 a 1945, e na verdade teve seu término ditado pela derrota japonesa perante os EUA no Pacífico, na Segunda Guerra Mundial. O motivo foi a ambição japonesa sobre as áreas continentais da Manchúria, em busca das matérias-primas essenciais ao então vigoroso crescimento industrial do Império Nipônico. Até o início dos anos 40, foi nítida a superioridade japonesa, cujo exército tomou vastas áreas e importantes cidades chinesas, como Beijing, Tianjin, Shangai e Nanjing. Aí residem as maiores sequelas históricas para as relações entre os dois países, em razão da ferocidade com que os japoneses trataram a população civil em Nanjing, do aprisionamento de mulheres (chinesas e coreanas) para servir sexualmente às tropas japonesas, do uso de guerra bacteriológica e do tratamento atroz dado aos prisioneiros de guerra. A guerra enfraqueceu o governo nacionalista chinês, o que veio mais tarde a servir, em 1949, aos comunistas que tomaram o poder, derrotando as tropas de Chiang Kai-shek, que se retraíram para Taiwan, criando a República da China (ROC) e dando nascimento à questão (que até hoje é problemática) da soberania dessa ilha, que passou a hospedar o governo nacionalista derrotado no continente. O ataque japonês a Pearl Harbour, porém, mudou os rumos da segunda guerra sino-japonesa, que passou a fazer parte do contexto da Segunda Guerra Mundial, com a entrada dos Estados Unidos na contenda asiática e a declaração formal de guerra da China (que disso tirou proveito imediato) contra o Japão, a Alemanha e a Itália (ou seja, contra o Eixo combatido pelos Aliados). A ajuda militar aliada à China não tardou, viabilizando a contraofensiva chinesa, que perdurou até a capitulação japonesa, seguida de rendição em setembro de Pela Declaração do Cairo, em 1943, reunindo os líderes norte-americanos e britânicos com a presença de Chiang Kai-shek, foram traçadas as premissas para a rendição japonesa no Pacífico, que viriam a ser confirmadas em Potsdam em Entre elas estabelecia-se com clareza que o Japão devolveria à China todos os territórios por ele ocupados, o que incluía a Manchúria, Taiwan e as ilhas Pescadores, ao mesmo tempo em que se definia que a Coreia seria independente. A rejeição inicial, pelo Império do Sol Nascente, do ultimato aliado levou à decisão do presidente Truman, dos EUA, de lançar as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, colocando definitivamente de joelhos o Japão. A guerra chegou ao fim, mas o panorama geopolítico resultante, como se vê, permaneceu complexo, com contenciosos (como o da soberania de Taiwan e o da posse de ilhas no Mar da China, examinados a seguir) não resolvidos por consenso, mas sim pela força das armas. A questão de Taiwan Taiwan tem importante significado nas relações sino-japonesas, e claramente se situa na interseção das maiores questões geopolíticas que envolvem China, Japão e os Estados Unidos. Taiwan é vista pelos estrategistas japoneses como portal de acesso para um possível avanço da cada vez mais poderosa Marinha chinesa a partir do Mar da China Meridional, razão pela qual era peça crítica para a concepção japonesa de perímetros de defesa. O Japão gostaria de tê-la como um ponto estratégico de vigilância contra a penetração em suas águas. Essa preocupação nipônica repercutindo, na realidade, uma ameaça chinesa, sob o prisma nipônico se reflete no US-Japan Joint Security Agreement, para desconforto dos chineses. De fato, é inegável que Taiwan representa parte importante do guarda-chuva protetor de segurança que os norte-americanos na condição hegemônica de vencedores da Segunda Guerra Mundial no Pacífico e em decorrência do colapso soviético estabeleceram para proteger seus interesses junto aos seus aliados principais no Pacífico: Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Filipinas e Austrália, escudo que o Japão prestigia e que a China considera hostil aos seus interesses regionais e globais. O desconforto chinês com sua província rebelde é aumentado pela constatação de que ainda persistem sentimentos separatistas na ilha, que a direita japonesa discretamente prestigia (até mesmo com amparo em alguma afinidade histórica e cultural, decorrente do período de 1895 até a derrota na Segunda Guerra Mundial em que o Japão administrou a ilha). O governo chinês critica com firmeza a desnacionalização da cultura chinesa na ilha, em decorrência das influências norte-americanas e japonesas, o que parece levar a um desinteresse taiwanês em defender a soberania chinesa sobre as ilhas Diaoyu (ou Senkaku, segundo os japoneses), situadas a nordeste de Taiwan, no Mar da China Oriental. O separatismo latente levou o Parlamento chinês que não acolhe a existência da República da China (ROC), genericamente tratada como Taiwan, como país independente a aprovar, em 2005, a Anti Secession Law, lei que contempla inclusive o uso de meios não pacíficos e de quaisquer medidas que O governo se façam necessárias para reintegrar a ilha ao domínio chinês não vê do governo da República Popular da China (RPC), caso com bons olhos a seja proclamada a independência. A RPC inflexível aliança de defesa entre Estados quanto ao princípio de existir uma só China não Unidos e Japão deixa dúvidas de que qualquer apoio a um movimento separatista por parte dos EUA e/ou do Japão será considerado um ato de guerra. A RPC mantém do outro lado do Estreito de Taiwan consideráveis forças navais, aéreas e de fuzileiros navais prontas para intervir na ilha, que é militarmente inexpressiva frente ao poderio continental chinês. Para sua eventual defesa, Taiwan depende totalmente do Poder Naval americano, cuja Sétima Esquadra está sempre presente nas imediações e, inclusive, nos portos taiwaneses. A RPC, como não poderia deixar de ser, considera a proteção norte-americana a Taiwan (com apoio japonês e com suporte no tratado nipoamericano de defesa) descabida e interferente nos assuntos internos da China, mas a vem tolerando como um fato geopolítico com o qual há que conviver. A tendência chinesa, com base na Declaração do Cairo e na de Potsdam (pelas quais o Japão derrotado foi forçado a devolver Taiwan e ilhas próximas à China), é de conduzir a questão pela via diplomática, mas na hipótese de um incidente político ou militar não contornável, não é inimaginável que o Mar da China presencie uma confrontação de poderes aeronavais entre Estados Unidos e China. Sob essa hipótese, longínqua, mas não impossível, o crescente poderio militar naval da China continental é causa de preocupação para os Estados Unidos, o Japão, Taiwan e demais países da região alinhados com os norte-americanos. Afinal, esse contexto geopolítico revela Tianjin 12 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval

8 Taiwan democracias aliadas compromissadas entre si, caso dos EUA, Japão, Coreia do Sul, Taiwan e outros aliados na região, ao passo que a RPC, cujo regime é comunista e autoritário, não pode ser chamado de aliado, embora seja um grande parceiro comercial. As disputas por territórios e recursos no Mar da China Oriental As disputas territoriais no Mar da China Oriental afetam não apenas as relações sino-japonesas, mas também repercutem em outras disputas regionais, como as do Mar da China Meridional, envolvendo as ilhas Spratly e Paracel e as reivindicações chinesas sobre o Mar Territorial (a controversa nine dotted line); e, por sua localização estratégica, influenciam a forma pela qual a China lida com a questão de Taiwan. As ilhas Diaoyu/Senkaku, adjacentes a Taiwan a nordeste, têm imediações ricas em petróleo e gás e se encontram no centro das atuais tensões no Mar da China Oriental. Sendo o Japão altamente dependente da importação desses recursos, como também é a China costeira, a disputa tem um viés econômico, agregado ao qual existe uma questão de soberania. A China dá ênfase aos direitos decorrentes das Declarações do Cairo e de Potsdam, que determinaram a devolução à China, pelo Japão, de Taiwan e ilhas próximas. Não há consenso, porém, a respeito da delimitação das plataformas continentais e das Zonas Econômicas Exclusivas dos dois países, em cujas áreas de dissenso encontram-se essas ilhas. O contencioso já foi levado à Conferência da ONU sobre os Direitos do Mar (Unclos), sendo que o Japão defende uma linha divisória equidistante da costa chinesa no Mar da China Oriental, ao passo que a reivindicação chinesa se baseia na extensão de sua plataforma continental, cujos limites externos adentram as pretensões japonesas. Embora os EUA não manifestem posição sobre Diaoyu/Senkaku, é fato que as ilhas, num contexto passado, foram acomodadas no Taiwan Taiwan é vista pelos estrategistas japoneses como portal de acesso para um possível avanço da cada vez mais poderosa Marinha Chinesa acordo de defesa nipo-americano. Assim, na hipótese de uma ação militar chinesa, os norte-americanos terão que tomar alguma atitude em conjunto com o Japão, fato que, na atualidade, causa perceptível desconforto à diplomacia do Departamento de Estado americano. As manifestações populares antinipônicas havidas em setembro passado em várias cidades chinesas, tendo como alvo empresas, consulados e cidadãos japoneses, tiveram como motivação a discutida posse das ilhas, mas a ira chinesa reside, como já comentado, em recordações indeléveis dos conflitos passados. É questão sensível, pois há alegações japonesas da presença de um submarino nuclear chinês nas águas reivindicadas, em época recente, e também do aumento da presença irregular de navios chineses em sua ZEE. Um incidente naval decerto levaria a escalar as tensões. Implicações no longo prazo Olhando para as décadas vindouras deste século XXI, que mais parece ser o século da Ásia, é visível que a região do Pacífico asiático e de seus mares regionais sofrerá fortes influências das escolhas políticas dos Estados Unidos, da China e do Japão, que, não por acaso, são, presentemente, as três maiores economias do mundo. É também bastante evidente que o Poder Militar chinês, e muito especialmente seu Poder Naval, vem se transformando num forte poder combatente que influencia sua política externa, viabilizando um papel mais assertivo da China no contexto regional. Não interessa à China um acirramento de tensões capazes de gerar belicismo, pois prefere continuar a crescer num ambiente de paz, mas a China já deu mostras suficientes de que não será submissa nem negligenciará com o Poder Militar capaz dar respaldo à sua política externa. Sob o prisma chinês, o acordo de defesa mútua e cooperação entre Japão e Estados Unidos, ainda vigente e apoiado em uma forte presença militar americana no Japão (inclusive fuzileiros navais em Okinawa), representa uma ameaça aos seus interesses, embora desenhado com o alegado propósito de assegurar a paz, a segurança e a prosperidade econômica na região da Ásia- Pacífico. O Japão, já deslocado do segundo lugar no ranking econômico pela China, vê esse crescimento militar chinês com preocupação, agravada pela situação gerada pelo programa nuclear da Coreia do Norte na península coreana (o que pode aquecer tensões no Mar Amarelo) e também pelo fortalecimento militar da Coreia do Sul, com a qual também tem antagonismos (ilhas Takeshima e outros). Com as mudanças internas de poder político partidário ocorridas em 2009, o Japão (até com estímulo americano) vem procurando revitalizar e expandir as missões de suas forças de autodefesa, cuidando, porém, de não desrespeitar as limitações constitucionais ou de reinterpretá-las conforme sua melhor conveniência, em face daquele cenário. Se, todavia, o Japão revelar, com a tolerância norte-americana, um ímpeto excessivo na sua reformulação militar, decerto encontrará oposição chinesa, que enxerga essa tolerância como um instrumento da política externa americana para contrabalançar o crescimento chinês. Interessa aos Estados Unidos, ainda potência líder no planeta, a preservação do equilíbrio regional, no qual China e Japão são os atores mais poderosos. Interessa também, declaradamente, aos norte-americanos, reorientar seu eixo estratégico principal para a Ásia-Pacífico, preparando-se para desempenhar papel proeminente junto ao que se vislumbra como a futura área de livre-comércio mais gigantesca do mundo. Sendo esse o cenário, os EUA não negligenciarão com a forte presença de seu Poder Naval na região, o que sempre nutrirá tensões com a China, diante da possibilidade de seu emprego caso deteriorem os contenciosos aqui comentados. Sem dúvida bastante complexo é o cenário geopolítico banhado pelo Mar da China. Acrescente-se a ele as previsões de alguns Taiwan analistas econômicos que vislumbram, num horizonte de cerca de quatro décadas, a superação do PIB norte-americano pelo PIB chinês, trazendo a China à condição de maior potência mundial. Juntamente com o crescimento de Poder Militar que há de acompanhar essa evolução chinesa, é previsível que o mundo ocidental tenha que se acostumar a conviver com a liderança de uma potência oriental, que então deverá ser capaz de ditar as regras na próspera região da Ásia-Pacífico. Referências: *Capitão-de-Mar-e-Guerra (Ref.) 1. Silveira, F. Malburg. Revendo as estratégias da China e EUA na Ásia. Revista do Clube Naval, n. 362, McDevit, Michael. Sino-Japanese rivalry: implications for US Policy. Center for Naval Analyses (CAN), January, Cheow, Eric Teo Chu. Taiwan s role in the Sino-Japanese rivalry. The Jamestown Foundation USA, China Brief, v. 5, n. 7, Feb First Sino-Japanese War. Disponível em: <en. wikipedia.org/wiki/first_sino-japanese_war>. 5. Second Sino-Japanese War. Disponível em: <en.wikipedia.org/wiki/second_sino-japanese_war>. 6. Baker, Rodger. Understanding the China-Japan island conflict. Stratfor, Geopolitical Week, September 25, Mapa: Mar da China Oriental localização e denominações das ilhas em disputa (Fonte: Wikipedia). 14 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval

9 defesa A defesa nacional na sociedade e na politica MÁRIO CÉSAR FLORES* A questão existencial das Forças Armadas - o que, para o que, por que e com quais prioridades - vem exigindo revisão no mundo do pós-guerra Fria. Que papéis são hoje presumíveis para elas nos diversos cenários nacionais e internacionais, qual a organização, quais as configurações e dimensões que lhes são adequadas? No equacionamento desse quadro de dúvidas influi o como a sociedade e o mundo político veem a defesa nacional - tema referenciado ao Brasil no artigo A Defesa no sentimento nacional, em O Estado de S. Paulo de 2/8/2011, cuja continuidade do descaso sugere ser conveniente nele insistir. O descompasso entre o país político/ econômico e seu sistema militar tem sido irrelevante para a sociedade e a política brasileiras - uma fissura nacional incubadora de insegurança, na projeção do tempo. (Artigo publicado no O Estado de S.Paulo) Há 140 anos (guerra com o Paraguai) sem ameaças externas percebidas como graves, é compreensível o desinteresse da sociedade pela defesa, compartilhado pelo mundo político e setores da intelligentsia (universidade, mídia etc.) que cultivam um curioso paradoxo: vociferam soberania, numa época de revisão restritiva desse conceito, mas são insensíveis às injunções estratégicas na soberania nacional e no status do país na ordem internacional! A razão de ser básica das Forças Armadas é menoscabada, e tendemos a pensá-las principalmente no desempenho de suas atribuições subsidiárias (segurança da navegação aérea e marítima, atuação em crises de defesa civil etc.), como milícia em apoio à polícia no controle do paroxismo de desordem e violência vigente no país e na vigilância policial das fronteiras, áreas de atuação permanente ou eventual importantes, mas não substitutas da defesa nacional como justificativa do sistema militar. Demonstração clara desse clima : a defesa nacional não tem merecido dedicação atenta no Congresso Nacional. O desapreço se explica: no Brasil político muito pautado pela eleição/reeleição, para que a atenção política vá além das próximas eleições condição intrínseca às grandes questões da defesa, é preciso que o interesse da sociedade e o apelo eleitoral decorrente se estendam mais adiante do curto prazo, e isso não acontece com a defesa. Além de não render votos, a defesa nacional não é propícia ao atendimento de nossa cultura política patrimonial-clientelista e do comissionamento viciado. Esse cenário se reflete no trato do Orçamento: no mundo que conta, nosso orçamento militar é pequeno em porcentual do PIB. Tal participação é compreensível diante das demandas sociais e econômicas e da ausência de problemas de defesa entendidos como críticos. Mas é errado que os efeitos da constrição no preparo militar coerente com o país sejam sumariamente ignorados, embora na democracia o Congresso seja ator relevante na defesa nacional e na inserção da dimensão estratégica do país no cenário internacional. O tema é complicado, mais ainda em época, como a atual, em que a tecnologia, complexa e naturalmente cara, não permite improvisação sob pressão da necessidade imediata, como ocorria no século XIX, quando nossa política era apoiada em capacidade militar improvisada, viável com a tecnologia de então (na II Guerra Mundial a atuação brasileira ainda foi improvisada, com apoio tutelar norte-americano). A Estratégia Nacional de Defesa (END), aprovada em dezembro de 2008, foi (é) um passo positivo, mas qual tem sido sua repercussão (apoio, contribuições, restrições?) na sociedade, na mídia e na política? Praticamente nula. Foi avaliada e avalizada pelo Congresso (atuação que lhe propiciaria amparo político) e analisada por instituições de estudo supostamente dedicadas ao tema? Se o foi, não houve interesse e repercussão na mídia e na sociedade. A emersão da defesa nacional do descaso é condição (ao menos uma das condições) para que o Brasil se faça presente, com a estatura que lhe cabe, na arquitetura do século XXI. Há que identificar e hierarquizar nossas vulnerabilidades e preocupações, formular concepções estratégicas com a definição de prioridades realistas e a configuração e organização das Forças que lhes correspondam - um processo exigente de visão política e competência estratégica à altura da difusa realidade atual e do Brasil nela. Sem ufanismo ilusório e tampouco sem sujeição à ideia de que a segurança é garantida pelo jurisdicismo e pacifismo utópicos, a presença brasileira no mundo requer atenção para o fato de que vivemos num mundo imperfeito, sujeito ao realismo do poder e aos conflitos inerentes ao planeta economica, ambientalmente e com acesso aos recursos naturais praticamente integrado, mas politicamente fragmentado. Em paralelo com a construção de um país socialmente feliz e economicamente forte, é preciso construir uma afirmação político-estratégica apoiada em capacidade militar comedida, mas convincente e credível; coerente com o Brasil no contexto regional; dissuasória, por sinalizar risco e alto custo para qualquer agressor, hoje improvável, mas não impossível no correr do tempo; além de útil à cooperação em missões internacionais legitimadas por organização adequada. E isso não é fácil, na ausência de interesse político e societário. Insere-se nessa equação o assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, ilógico sem razoável capacidade militar que o respalde. Vale repetir aqui fato citado no artigo anterior: há cerca de 15 anos, no intervalo em seminário sobre o Ministério da Defesa, no qual emergira inoportunamente o tema salarial, ouviu-se esta frase: Os militares ganham mal, mas por que lhes pagar mais, se não precisamos deles?. É necessário que esse final psicótico seja revertido. Se a defesa nacional continuar em plano de irrelevância autista, correremos o risco de comprometer decisivamente a lógica existencial das Forças Armadas: seu papel na garantia da vida nacional protegida e na inserção correta do Brasil na ordem regional e global. *Almirante-de-Esquadra (Ref.) 16 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval

10 segurança nacional O planejamento estratégico governamental Síntese evolutiva(1) Gil Cordeiro Dias Ferreira* Origens As iniciativas de se criar no Brasil um organismo de alto nível, dedicado, em linhas gerais, a assessorar o governo em questões nacionais de grande relevância, vale dizer, questões estratégicas, datam do governo Washington Luís ( ). Com efeito, pelo Decreto n o , de 29 de novembro de 1927, aquele presidente criou o Conselho de Defesa Nacional, 2 que, todavia, só viria a ser organizado sete anos depois, no Governo Provisório de Getúlio Vargas ( ), pelo Decreto n o , de 15 de fevereiro de Era chefiado pelo presidente da República e composto por vários ministros, o chefe do Estado-Maior do Exército, o chefe do Estado-Maior da Armada e, em tempo de guerra, por generais e almirantes de determinados comandos. Tinha, como órgão complementar, a Secretaria-Geral da Defesa Nacional e setores da defesa nacional em cada ministério do governo. O papel desse Conselho foi reafirmado pela Constituição de 1934, 3 em seu art. 159, no qual, todavia, foi renomeado para Conselho Superior de Segurança Nacional (CSSN) nomenclatura que, analogamente, foi absorvida por sua Secretaria-Geral (SG-CSSN). TÍTULO VI Da Segurança Nacional Art Todas as questões relativas à segurança nacional serão estudadas e coordenadas pelo Conselho Superior de Segurança Nacional e pelos órgãos especiais criados para atender às necessidades da mobilização. 1º - O Conselho Superior de Segurança Nacional será presidido pelo Presidente da República e dele farão parte os Ministros de Estado, o Chefe do Estado-Maior do Exército e o Chefe do Estado-Maior da Armada. 2º - A organização, o funcionamento e a competência do Conselho Superior serão regulados em lei. A Carta de 1937, que não era organizada em Títulos, retirou a expressão Superior, rebatizando o órgão apenas como Conselho de Segurança Nacional (CSN), o que, naturalmente, se refletiu na denominação de sua Secretaria Geral (SG CSN). DA SEGURANÇA NACIONAL Art Todas as questões relativas à segurança nacional serão estudadas pelo Conselho de Segurança Nacional e pelos órgãos especiais criados para atender à emergência da mobilização. O Conselho de Segurança Nacional será presidido pelo Presidente da República e constituído pelos Ministros de Estado e pelos Chefes de Estado-Maior do Exército e da Marinha. Novas regulamentações viriam com o afamado Decreto-lei n o 200, de 1967, que reestruturou toda a administração pública federal, e o Decreto-lei n o 900, de 29 de setembro de 1969, que alterou algumas disposições do primeiro. Assim, o Conselho de Segurança Nacional se tornou o conselho de mais alto nível de assessoramento ao Presidente da República, na formulação e execução da política de segurança nacional. Em setembro de 1980, um decreto presidencial estabeleceu seu regimento interno. Essa estrutura funcionou até a promulgação da Constituição Federal de 1988, que extinguiu o Conselho e sua Secretaria-Geral, como se verá mais adiante. A questão das fronteiras Do exposto no parágrafo anterior, conclui-se que a organização interna e as atribuições do CSN e da SG-CSN variaram sensivelmente, de 1927 a Um ponto interessante a ressaltar é que esses órgãos só passaram a figurar em Cartas Magnas a partir de 1934, mas a questão das fronteiras é bem mais antiga. Trazida à baila por D. Pedro II em 1850, 4 tem figurado em todas as Constituições, desde a promulgada em 1891, assim como em alguns diplomas infraconstitucionais, quanto à concessão de terras e a autorização para o estabelecimento de atividades econômicas. A Constituição Federal de 1891, art. 64, manteve sob o domínio da União a faixa de 66 km, restituindo aos estados as demais terras devolutas; já a Carta de 1934, em seu Art. 166, decretou o alargamento da faixa para 100 km, passando a denominar-se de segurança, sendo que, de 0 a 66 km, o domínio permanecia com a União, e, de 66 a 100 km, com os estados. A Constituição de 1937, no art. 165, ampliou novamente a largura da faixa, agora para 150 km, dimensão mantida até hoje. Em 18/3/1939, o Decreto-lei n o 1.164, regulamentando o art. 165 da Carta de 1937, criou a Comissão Especial da Faixa de Fronteira (CEFF) Em 1940, ela teve suas atribuições ampliadas, 5 deixando de ser mera revisora de concessões de terras e passando a proceder a estudos diversos sobre o desenvolvimento da FF. Pouco depois, foi elevada à condição de órgão complementar do Conselho de Segurança Nacional. 6 Com o passar do tempo, seu trabalho se tornou ainda mais relevante, tendo passado a gerenciar Programas de Auxílio Financeiro aos Municípios da FF. 7 Em 1970, pelo Decreto-lei n o 1.094, a passou a subordinar-se diretamente à SG-CSN, à qual se sucederam a SADEN/PR e a SAE/PR, como se verá mais adiante. A Constituição de 1946 remeteu o dimensionamento da Faixa à lei ordinária, o que ocorreu inicialmente com a Lei n o 2.597, de 12 de setembro de 1955, substituída, 24 anos depois, pela Lei n o 6.634, de 2 de maio de 1979, regulamentada pelo Decreto n o , de 26 de agosto de Todavia, diversos dispositivos dessa lei se chocam com a Constituição promulgada em 1988, como, por exemplo, o assentimento prévio do CSN para certas alienações e explorações econômicas, o que não é mais necessário. Por essa razão, a Lei vem sendo bastante alterada por medidas provisórias, até que novo diploma a revogue e substitua. Cabe, por fim, recordar que as atribuições da CEFF genericamente, vivificação da Faixa de Fronteira jamais se sobrepuseram às do Ministério das Relações Exteriores (MRE), nem com estas interferiram aqui, trata-se de demarcar limites, celebrar tratados, adensar marcos e assim por diante. Também não guardavam relação com as tarefas específicas do Departamento de Polícia Federal, do Ministério da Justiça (DPF/MJ) e da Secretaria da Receita Federal, do Ministério da Fazenda (SRF/MF) naquela região. Organização do Conselho de Segurança Nacional (CSN) e de sua Secretaria-Geral (SG-CSN) O CSN só existia quando convocado. Pela Carta de 1967, era composto pelo presidente e o vice-presidente da República e todos os ministros de Estado. Já a SG-CSN, que em 1988 contava com 18 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval

11 cerca de 340 servidores civis e militares, era um órgão de existência permanente, dedicado ao estudo de temas que merecessem a atenção dos mais altos escalões governamentais e fossem multidisciplinares, isto é, envolvessem múltiplas instâncias dos três poderes. Seu titular era o ministro-chefe do Gabinete Militar da Presidência da República e sua última organização consistia em seis subchefias: 1 a Subchefia: Assuntos Políticos (por exemplo, energia nuclear, tanto que a Comissão Nacional de Energia Nuclear CNEN era vinculada ao CSN); 2 a Subchefia: Assuntos Econômicos (como a questão dos garimpos); 3 a Subchefia: Assuntos Psicossociais (problemas indígenas, Programa Calha Norte); 4 a Subchefia: Assuntos Militares (como Mobilização Nacional e a produção/exportação de Material de Emprego Militar); 5 a Subchefia: Assuntos Territoriais nada mais era do que a antiga CEFF, com seus Programas de Apoio aos Municípios da Faixa de Fronteira, e, até a Constituição de 1988, responsável pelo assentimento prévio para exploração econômica nos chamados Municípios de Interesse da Segurança Nacional (MISN), ou seja, os localizados na Faixa de Fronteira, as estâncias hidrominerais e outros assim qualificados pelos governos militares, em face de certas peculiaridades, como, por exemplo, Volta Redonda, RJ; e 6 a Subchefia Assuntos Estratégicos: era a responsável pela elaboração do Conceito Estratégico Nacional (CEN), da Avaliação Estratégica Nacional (AEN) e de alguns Planos Nacionais (de Informações, de Mobilização etc.), documentos dos quais decorriam os correspondentes conceitos, avaliações e planos setoriais de responsabilidade de cada ministério. A SG-CSN dispunha ainda de uma Subchefia Administrativa, que cuidava de assuntos de pessoal, material, finanças, serviços gerais, comunicações e outros apoios. A Secretaria de Assessoramento da Defesa Nacional (Saden/PR) A Constituição de 1988 extinguiu o CSN e criou em seu lugar o Conselho de Defesa Nacional (CDN), que só veio a ser regulamentado alguns anos depois. Com isso, foi extinta automaticamente a SG-CSN. Todavia, o presidente José Sarney a manteve, com o nome de Secretaria de Assessoramento da Defesa Nacional (Saden/PR), a mesma estrutura organizacional e o mesmo titular: o Ministro-Chefe do Gabinete Militar. Entretanto, a Saden/PR não era uma Secretaria-Geral do novel CDN, pelo que não tinha o mesmo poder da SG-CSN, constituindo apenas uma espécie de Estado-Maior do presidente da República. A Saden teve vida curta de 5/10/1988 (promulgação da atual CF) até 15/3/1990, data de posse do presidente Fernando Collor, que a extinguiu, substituindo-a pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE/PR). A Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE/PR) A SAE/PR foi inicialmente organizada da seguinte maneira: Departamento de Estudos e Programas (DEP) que aproveitou cerca de 1/5 da antiga Saden; era estruturado em divisões, como a de Programas Especiais (antiga CEFF) e a de Ordenamento do Território, entre outras; Departamento de Inteligência o que restou do Serviço Nacional de Informações (SNI), extinto na mesma ocasião; Departamento de Macroestratégias órgão novo, de atribuições pouco claras, que durou pouco; Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Recursos Humanos (CEFARH) o que restou da antiga Escola Nacional de Informações (EsNI), extinta juntamente com o SNI; e A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), como órgão vinculado. Por volta de 1991, com a regulamentação do CDN, a SAE/PR passou a ser, efetivamente, sua Secretaria-Geral, e essa estrutura inicial foi alterada os departamentos passaram a se chamar subchefias. Entretanto, nova reorganização sobreviria em O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Em 1999, no governo de Fernando Henrique Cardoso, a SAE/ PR e o Gabinete Militar da Presidência da República foram extintos. Criou-se o Gabinete de Segurança Institucional, e as antigas atribuições da SAE/PR, atualmente, encontram-se distribuídas por ele, em alguns de seus órgãos subordinados, como a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a Secretaria de Acompanhamento e Estudos Institucionais (Saei). Os assuntos alusivos à Faixa de Fronteira estão hoje divididos entre a Saei (assentimento prévio) e o Ministério da Integração Nacional (programas de desenvolvimento social). Governos do Partido dos Trabalhadores (PT) ( ) o Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE/PR) e a nova SAE Ao longo de seus dois mandatos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou recriar um órgão de assuntos estratégicos. Inicialmente foi o NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos), liderado por Luís Gushiken, e trabalhando em paralelo com o CGEE Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, organização voltada para pesquisas de alto nível, criada pelo embaixador Ronaldo Sardenberg, quando ministro da Ciência e Tecnologia, cabendo ressaltar que, antes de exercer esse cargo, Sardenberg fora, precisamente, um dos titulares da antiga SAE/PR, extinta por FHC. Luís Gushiken foi substituído por Roberto Mangabeira Unger, que rebatizou o órgão como SAE, 8 com status de ministério e organizado, atualmente, em três subsecretarias a de Ações Estratégicas, a de Desenvolvimento Sustentável e a do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, além de um gabinete e algumas assessorias. Compete-lhe assessorar, direta e imediatamente, o(a) Presidente da República, no planejamento nacional e na formulação de políticas públicas de longo prazo voltadas ao desenvolvimento nacional. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é entidade vinculada à SAE/PR, cujas atividades de pesquisa subsidiam a formulação e a reformulação de políticas públicas e programas de desenvolvimento do país. Roberto Mangabeira Unger deixou o cargo no final de junho de Em seu lugar, assumiu interinamente Daniel Barcelos Vargas, antigo servidor do órgão. A 20 de outubro de 2009, Vargas foi substituído pelo embaixador Samuel Pinheiro Guimarães Neto como ministro-chefe da SAE. Ao final de 2010, a presidente eleita Dilma Rousseff convidou o ex-governador do RJ Wellington Moreira Franco para assumir a SAE a partir de 1/1/2011. Uma visita ao site do órgão ( permite que se apreciem suas ações e programas atualmente em curso, como, entre outros os voltados para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, a avaliação de políticas públicas, a preservação de florestas, o desenvolvimento inclusivo dos estados, a integração social e espacial nas grandes cidades, a gestão territorial, a juventude, a nova classe média, o observatório da população negra e a proteção à primeira infância. Destaca-se também, nas áreas de Ciência, Tecnologia e Defesa, o Prêmio anual Marechal-do-ar Casimiro Montenegro Filho, destinado a teses de cursos de doutorado e artigos científicos, com o objetivo de estimular a produção de estudos e pesquisas voltados para o desenvolvimento científico e tecnológico estratégico, bem como o fortalecimento da Indústria Nacional de Defesa e dos setores aeroespacial, cibernético e nuclear. Conclusão Neste artigo, procuramos historiar a evolução, no Brasil, das iniciativas de sucessivos governos federais, a partir de 1927, no sentido de institucionalizar um órgão de planejamento estratégico governamental do mais alto nível, que, entre outros temas relevantes, tivesse a seu cargo também a gestão de assuntos relacionados à Faixa de Fronteira, particularmente sua vivificação. Do exposto, podemos observar que o país já dispôs de boas estruturas organizacionais incumbidas desses encargos, suportadas por legislação consistente; atualmente, entretanto, além da obsolescência da Lei n o 6.634/79, que dispõe sobre a FF, constata-se uma dispersão de responsabilidades por diferentes órgãos da Administração Direta Federal e Estaduais, sem incluir a SAE/PR que, a seu turno, não parece ter sido ainda dotada de grande expressividade no âmbito governamental. E uma vez que, como ressaltamos na Introdução, a imensa importância estratégica e as grandes vulnerabilidades atuais da Faixa da Fronteira têm sido objeto de preocupações da presidente Dilma Rousseff, somos de opinião que urge sancionar nova lei, atualizada, sobre essa região, bem como atribuir a responsabilidade pela gestão das atividades ali conduzidas a um só órgão preferencialmente uma Subsecretaria da SAE/ PR, recriando-se, de certa forma, a mística da antiga CEFF, que tantos serviços relevantes prestou ao Brasil. Notas 1 Este trabalho constitui, lato sensu, uma revisão e ampliação do artigo A Faixa de Fronteira, do mesmo autor, redigido em 1989 e publicado: na Revista do Clube Naval, v. 99, n. 281, dez. 1989; na Revista do Clube Militar, v. 64, n. 290, set./out. 1989; e na Defesa Nacional, v. 78, n. 746, nov./dez O texto reflete a experiência adquirida pelo autor quando serviu, sucessivamente, na Saden/PR (1989) e na SAE/PR (1990) Todas as transcrições de trechos de Constituições Federais anteriores à de 1988 foram retiradas do site gov.br/legislacao/legislacao-historica/constituicoes-anteriores-1. 4 Lei n o 601, de 18/9/1850, regulamentada pelo Decreto n o 318/1854 do Imperador D. Pedro II (...) uma Zona de 10 léguas (66 km) nos limites do Império com os países estrangeiros. 5 Decreto-lei n o 1.968, de 17 de janeiro de Decreto-lei n o 9.775, de 6 de setembro de Lei n o 2.597, de 12 de setembro de A SAE/PR foi recriada pela Lei n o , de 23 de julho de 2008, e teve sua Estrutura Regimental aprovada pelo Decreto n o 6.517, de 28 de julho de *Capitão-de-Mar-e-Guerra (FN Ref) 20 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval

12 direito internacional ALEI DO MAR AOS 30 ANOS Antonio Ruy de Almeida Silva* A Convenção das Nações Unidas para o Direito do Mar (CNUDM), uma das mais importantes conquistas do Direito Internacional do século XX, completa, no dia 10 de dezembro de 2012, 30 anos desde que foi finalizada para assinatura dos países. Também conhecida como a Lei do Mar, seu grande mérito foi estabelecer um regime legal internacional para os oceanos, abrangendo uma imensa gama de questões, tais como os critérios para a determinação das fronteiras marítimas dos Estados; a proteção e a preservação do meio ambiente marinho; as normas para a investigação científica nos oceanos; o desenvolvimento e a transferência de tecnologia marinha; e as normas e os tribunais destinados a solucionar, por meios pacíficos, as controvérsias relacionadas com a interpretação ou aplicação da Convenção. Para se ter uma ideia da importância desse documento, apenas com a criação do conceito de Zona Econômica Exclusiva (ZEE) 32% de todas as áreas marítimas do mundo passaram para o controle econômico dos respectivos Estados costeiros. A Lei do Mar foi aprovada nas Nações Unidas por 130 países. Outros 17 se abstiveram, entre esses, a União Soviética, a Alemanha, a Itália, a Holanda, a Espanha e o Reino Unido. Os Estados Unidos da América, a Turquia, Israel e a Venezuela foram os únicos a votarem contra. Os países desenvolvidos se posicionaram desfavoravelmente, principalmente, em relação à Parte XI da Convenção, que trata do aproveitamento dos recursos minerais existentes no leito do mar e no seu subsolo nas áreas fora da jurisdição dos Estados costeiros. Embora aceitassem a ideia de que o leito e o subsolo situados no alto-mar fossem considerados patrimônio comum da Humanidade, que deveria ser explorado em benefício de todos os Estados, os países desenvolvidos eram, basicamente, contra a estrutura e os poderes da autoridade que controlaria e administraria esses recursos. Assim sendo, a Convenção entrou em vigor em 1994 sem que nenhum membro do Grupo dos Sete fizesse parte da mesma. Para amenizar esse problema e tentar conseguir a adesão dos países industrializados, o secretário-geral da ONU iniciou, em 1990, uma série de conversações informais buscando uma solução negociada, o que foi conseguido em 28 de julho de 1994, com a adoção do Acordo relativo à implementação da Parte XI, no qual várias exigências das nações desenvolvidas foram atendidas. Esse documento possibilitou que a maioria dos países mais ricos aderisse à Convenção, continuando, no entanto, como a grande exceção, os Estados Unidos da América (EUA). Recentemente, o tema voltou à discussão no Congresso norte-americano, mas existe uma resistência de muitos parlamentares republicanos que consideram que a Lei do Mar traria uma limitação à soberania nacional ao aceitar que a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos administre a atividade comercial na área e distribua os lucros dela provenientes. Da mesma forma, eles consideram que a Convenção limitaria a liberdade de navegação necessária para a mobilidade do poder naval dos EUA. A resistência dos republicanos coloca em evidência os conflitos que permearam a Lei do Mar desde o início da sua negociação. Por um lado, o desejo das potências marítimas, fundamentada no liberalismo, em evitar regulamentações que pudessem restringir a vantagem tecnológica desses países para a exploração comercial das áreas marítimas; e a necessidade de se garantir a liberdade de navegação que permitisse o livre trânsito para a mobilidade dos poderes navais. Por outro lado, com o objetivo de contribuir para a ordem internacional, a necessidade de se estabelecer uma moldura regulatória, que evitasse as decisões unilaterais dos Estados em relação aos limites do mar territorial e de outras áreas marítimas, e a ideia, fundamentada no idealismo, da busca de um ordenamento mais justo, que assegurasse os fundos marinhos além da jurisdição dos Estados como um patrimônio comum da humanidade, distribuísse os rendimentos da sua exploração pelas nações, negando qualquer reivindicação de soberania sobre essas áreas, tudo isso sob o pano de fundo de se garantir a liberdade de navegação nas áreas sob jurisdição dos Estados, como defendido pelas potências navais. A Convenção, portanto, expressa essas tensões entre a ordem e a justiça, entre o liberalismo e o idealismo e entre os interesses das potências e as reivindicações dos países, e o texto apresenta omissões e ambiguidades que dão margem a interpretações conflitantes. A Convenção, 30 anos depois, é reconhecida por 161 Estados partes, além da Comunidade Europeia. O Acordo relativo à Parte XI, assinado pelo Brasil em outubro de 2007, conta, atualmente, com a concordância de 141 países. Apesar do sucesso desses documentos, muitos problemas continuam a contaminar as relações dos Estados em relação ao ambiente marítimo. Embora tenha fixado os critérios para o estabelecimento das fronteiras marítimas entre os países, esse processo, em muitos casos, tem provocado disputas em várias regiões do mundo. Algumas, como é o caso entre Chile e Peru, têm amenizado as tensões na medida em que se busca uma solução jurídica. Na Ásia, no entanto, existem vários contenciosos ainda sem solução, entre eles, uma importante disputa relacionada com as fronteiras marítimas da China e do Japão no Mar do Leste, e a reivindicação daquele país sobre águas ou direitos históricos e sobre diversas ilhas no Mar do Sul da China. Da mesma forma, existe a controvérsia que envolve países como os Estados Unidos da América, o Canadá, a Rússia e a Dinamarca, relacionada com a disputa sobre o Ártico, cujo leito e subsolo abrigariam cerca de 25% das reservas mundiais de hidrocarbonetos, riqueza que poderia, no futuro, ser explorada mais facilmente devido ao degelo provocado pelo aquecimento global. Além das questões de limites, existem as contestações sobre os direitos dos países costeiros nas suas águas jurisdicionais relacionadas com a poluição, os direitos de pesca, a proibição da realização de pesquisas científicas e a realização de exercícios militares por outros países. O Brasil, por exemplo, na lei que dispõe sobre suas águas jurisdicionais e sua plataforma continental, exige que seja solicitada a autorização para a realização de exercícios e manobras militares por outros países na ZEE brasileira. Esta exigência não é reconhecida por vários países, inclusive os EUA que, mesmo não sendo signatário da Lei do Mar, possui documentos que a interpretam e estabelecem sua visão sobre diversos artigos e possui um programa específico para contestar as reivindicações excessivas dos Estados costeiros. A tendência é que os espaços marítimos ganhem maior importância como parte do sistema globalizado de comércio e, também, como fonte de riquezas. Essa valorização dos oceanos aumentará o interesse dos países no controle das suas águas jurisdicionais e o sentimento de posse da população sobre essas áreas. Dessa forma, os Estados poderão ter uma atitude mais restritiva em relação à liberdade de navegação nesses espaços marítimos, na medida em que for sendo incrementada a exploração econômica de recursos na ZEE e na Plataforma Continental, e for aumentando a preocupação com a poluição e a preservação do meio ambiente marinho. Com o aumento da exploração de petróleo nos oceanos, por exemplo, é difícil conceber que os Estados costeiros permitam, livremente, manobras militares de outras nações em áreas próximas aos seus campos de exploração no mar. As restrições impostas ou declaradas por esses Estados poderão gerar tensões com os países que são potências navais, especialmente com os EUA, e que defendem maior liberdade de navegação, pois consideram que, excetuando o mar territorial, as demais áreas sob jurisdição dos Estados são águas internacionais onde os países possuem apenas alguns direitos específicos. Historicamente, o mar sempre foi via de transporte e fonte de riquezas que em muito contribuíram para o processo da globalização, mas, ao mesmo tempo, palco de tensão e conflitos. Essa característica persiste nos dias atuais. As fronteiras marítimas ainda não estão completamente definidas, os direitos dos Estados previstos na Lei do Mar ainda não estão consolidados e o próprio texto, pela sua magnitude e abrangência, expressa a dualidade da cooperação e do conflito. Apesar das dificuldades, a Convenção converteu-se, 30 anos depois, numa referência legal de caráter universal para os temas relacionados com os oceanos. Ela é considerada por muitos o mais importante documento internacional desde a Carta das Nações Unidas. A esperança é que ela alcance o propósito enfatizado no seu Preâmbulo de contribuir para a manutenção da paz, da justiça e do progresso para todos os povos do mundo. *Contra-Almirante 22 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval

13 palestra O dia em que o Minas, pela PRIMEIRA vez, operou à noite Palestra proferida pelo CMG (Ref) José Paulo Machado Chagas, em 14 de Agosto de 2012, no Clube Naval, para ex-oficiais da Praça D Armas do Navio Aeródromo Minas Gerais. Senhores, coube-me este ano o privilégio de lhes falar, como ex-comandante e transmitir alguma vivência das muitas emoções vividas a bordo. Usar o mesmo microfone que o nosso primeiro comandante e grande historiador naval, Alte Hélio Leôncio Martins, que nos tem brindado com capítulos memoráveis da história do nosso navio, é uma grande honra e responsabilidade. Mesmo assim é um prazer dirigir-me aos colegas, amigos e todos que conviveram na Praça D Armas, caracterizando-nos não como ex-membros, mas como uma irmandade ou confraria. O Escolhi como tema uma experiência vivida a bordo e que representou um marco na vida operativa do Navio Aeródromo Minas Gerais. O fato não ocorreu quando presidi a Praça D Armas como Imediato e nem no período em que comandei, que foi de muito trabalho, muito trabalho mesmo, quando a maioria não acreditava que o navio ficasse pronto um dia! Reuníamo-nos naquela fase às 7h, com o Alte Hugo Shiek, Diretor do Arsenal de Marinha e Gestor do PAM do Minas, para avaliarmos o andamento das Ordens de Serviço, as terríveis OSs. De qualquer forma sentíamos que essa dedicação era uma maneira de retribuir os sentimentos de prazer e realizações que o Minas nos proporcionou ao longo dos muitos anos que estivemos embarcados. Essa dedicação é coerente com o que pontificou um filósofo hindu: O trabalho que não se faz com amor tem as caracte rísticas de uma vil escravidão, máxima que corrobora o que sentimos com nosso trabalho, pois o fizemos com muito amor. O tema a que me refiro ocorreu em 1971, quando eu era Oficial do Ar e/ou Chefe do Departamento de Aviação e estávamos sob o comando do CMG Raphael de Azevedo Branco. Neófito em operações aeronavais, quis saber por que não operávamos à noite. A resposta foi unânime de todos os envolvidos: Não estamos preparados. Com seu espírito sarcástico e gozador brincou, da mesma forma que Garrincha o fez na Copa de 1958: Então temos que avisar ao inimigo que apesar de sermos um navio de guerra, só iremos guerrear durante o dia e continuou é inaceitável esta situação, temos que nos preparar para mudarmos tal status. Ato contínuo convocou uma reunião com os Comandantes do GAE, Ten. Cel. Av. Márcio Terezino Drumond, do HS-1, Capitãode-Fragata Paulo de Paula Mesiano e, com a presença do Imediato e Chefes de Departamento do navio, e determinou que preparássemos um planejamento para a execução da nossa nova missão: operar noturno. O Departamento de Aviação, o mais envolvido na transformação, iniciou a alteração na sua estrutura elétrica para que se pudesse ter dois sistemas de iluminação, o diurno que já existia, e o noturno. No convés de voo, abriram-se as mais de centenas de tartarugas que iluminam os limites da pista em ângulo onde pousariam as aeronaves. Os estojos de fixação estavam todos oxidados a ponto de serem irrecuperáveis, obrigando-nos a abrir Ordens de Serviço junto ao Arsenal de Marinha para confecção de novos. Alterações deste porte foram feitas no Hangar, nos talabardões, compartimentos da catapulta, aparelho de parada, controle de voo, corredores e compartimentos contíguos aos deslocamentos das equipagens e pessoal de manutenção. Todavia nossa maior preocupação era com o pessoal, toda a tripulação. Mas o importante era conscientizá-la do risco maior que todos iriam correr e, consequentemente, a necessidade de uma preparação mais apurada de modo que atingíssemos uma condição de eficácia, onde o percentual de acerto teria que ser de 100. Tivemos que adaptar nossa organização administrativa em Postos de Voo, para uma organização de combate de H-24. Para isso, o Departamento só pôde tornar-se exequível, para cumprir todas suas tarefas, dia e noite ininterruptamente, dividindo seu pessoal em dois turnos de 6 horas. Na torre, por exemplo, o Oficial do Ar se revezava com o Ajudante do Oficial do Ar e as atribuições, que normalmente eram executadas pelos dois, passaram a ser cumpridas por um só. O que estivesse de serviço controlava todas as atividades do Departamento de Aviação bem como se 24 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval

14 responsabilizava pelos lançamentos das aeronaves, com os respectivos cálculos da catapultagem e os recolhimentos daquelas que regressavam para bordo. Os períodos dessas operações noturnas nunca foram maiores do que 72 horas, talvez o tempo limite da exaustão. Creio que em paz, após a reforma da esquadra no começo do século XX, não tínhamos tido ainda tal prova de maratona operativa. Na aquisição dos encouraçados, onde a transição de navios a vela e mistos para navios com modernos sistemas elétricos, hidráulicos e a vapor superaquecido, representou um salto de grande envergadura. Em um relatório do então Ministro da Marinha, Alte Joaquim Marques Batista de Leão, ao Presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca expôs ele os graves problemas de pessoal que afligiam a organização Naval. Os números exprimem a falta de explicou mais tarde o Cel Drumond. Afinal, conseguiu pousar e em seguida solicitou ao Comandante do Navio que suspendesse a operação. O fato da lua nova, não proposital, foi até positivo, pois poderia mascarar o problema. O navio voltou ao Rio, fundeou na baía de Guanabara e depois de muita discussão e conferências, chegamos à conclusão que se pintássemos a borda do convés de voo na popa, com uma tinta fosforescente ou fluorescente, como a que existe demarcando estradas e sinais de trânsito, talvez, solucionássemos o problema. Lembramos que o Comte Celso Franco, antigo chefe do Departamento de Armamento do navio era, na época, Diretor do Detran- RJ e que por certo nos ajudaria a resolver o problema da tinta. Contatado, explicou-nos que era uma tinta branca refletorizada composta de microesferas de vidro, produzidas pela famosa fábrica austríaca Swarovisky, e capaz de refletir de maneira espetacular o farol dos veículos. Ofereceu-nos seis galões, sem custo para o navio. A nova pintura feita na popa do convés de voo foi o suficiente para torná-ia feericamente iluminada sob o efeito dos faróis dos aviões e, graças qualificação e adestramento do pessoal, entre o existente e o necessário em diferentes especialidades, tais como, foguistas, artífices, artilheiros, timoneiros, torpedeiros e taifeiros: existentes 568 marinheiros, quando a lotação seria de praças; no caso de timoneiros para operar H-24, existiam 28, para uma lotação de 236. A importância do recrutamento e do preparo do pessoal independente da probabilidade de engajamento com um inimigo em potencial, teria que ser prioritária, como escreveu o Alte Hélio Leoncio Martins em A revolta dos marinheiros: Não havendo inimigos ao redor o preparo militar aparece realmente com certo aspecto artificial, pois não é fruto de uma necessidade evidente. Hoje, vemos nossos políticos em função executiva, não darem a importância devida ao fator humano quando tratam do problema segurança. Enfatizam com mais frequência o fator material. Alegam compra de helicóptero blindado, novas viaturas, armas de última geração etc., mas não mencionam qual seria o critério mais adequado de seleção de candidatos à Polícia Militar, de um plano de carreira mais atraente, bem como uma remuneração mais convidativa. É uma pena! Para ajudar na motivação da tripulação, usamos uma declaração do Aviador Naval US Navy Alan Shepard que, em 1961, foi o primeiro astronauta a fazer um voo suborbital, na Freedom 7, e o quinto a pousar na Lua, que ao ser questionado por repórteres sobre as dificuldades e ansiedades do voo declarou: Foi um voo bem planejado e foi tranquilo em todas as suas etapas. Para mim, o voo mais carregado de expectativas e de maior complexidade técnica é o realizado em operações aéreas noturnas em um portaaviões. É adrenalina pura! Com a aquiescência do Imediato Capitão-de-Fragata Fernando M. Batista, publicamos por algumas vezes, no Plano do Dia do navio tal declaração. Fizemos no Arsenal uma maquete do convés de voo iluminado o que permrtia o treinamento do pessoal envolvido, tanto do Departamento de Aviação, do GAE e do HS-l que era o esquadrão encarregado de fazer a guarda de aeronaves com um helicóptero qualificado para voo noturno. Antes, nas operações diurnas, esse helicóptero era operado pelo Esquadrão HU-1, e denominado Pedro. Nas operações noturnas tomou-se Paulo e participou com seus pilotos das simulações com a maquete do convoo na Praça D Armas, onde tentávamos dar uma certa autenticidade mantendo-a às escuras. Bem, depois de alguns meses demos o pronto ao Comandante. Pelo tempo decorrido, mais de 40 anos, tentei ver se havia algum registro no Serviço de Documentação da Marinha, mas fui informado que o SDM só passou a arquivar documentos do Minas a partir de Chegou afinal o dia D. Achávamos que estávamos prontos e rumamos ao mar, o NAel e um CT. Ainda antes do crepúsculo recolhemos os helicópteros do HS-l e os aviões do GAE. À noite iríamos iniciar as operações aéreas e, como era noite de lua nova, em alto-mar, a escuridão era completa. O Comte do GAE seria o primeiro a ser catapultado e, assim o foi, não me lembro quem era seu copiloto. Na sua primeira aproximação, na fase de transição do espelho para o comando do OSP (oficial sinaleiro de pouso), o P-16 tocou o convés além da área dos 6 cabos do aparelho de parada, com o gancho de engate do avião quicando no convoo e causando um centelhamento digno de um artifício pirotécnico e, desse modo, o P-16 arremeteu. Contudo, não foi um bolter, quando o avião toca entre os cabos e não engancha. Após duas passagens a mesma dificuldade. Na fase de transição o piloto não consegue ver onde começa o convés de voo do navio, à perícia dos pilotos e colegas da F AB, a operação de voo noturno a bordo do Navio Aeródromo Minas Gerais, concretizou-se e transformou-se numa faina rotineira de sucesso. Senhores, foi desse episódio, que tive orgulho em ter participado, que tentei relembrar àqueles que tomaram parte e dar conhecimento aos mais jovens, muito obrigado!. 26 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval

15 segunda guerra Stalingrado! Carlos Roberto Continentino Ribeiro* Quando Fyedor Yelchenk, jovem Tenente do Exército Soviético, acompanhado dos homens de sua patrulha, deparou-se com as ruínas lúgubres e úmidas da Loja Univermag, mal sabia que à sua figura loura e cansada de tantos dias quase insones de combate, caberia encerrar a mais encarniçada, sangrenta, renhida, imaginativa e cruel batalha que a raça humana em todos os tempos fez acontecer: Stalingrado. A escuridão do local, mal lhe permitia divisar as quatro figuras esquálidas sentadas na penumbra, fisionomias abatidas, ossos saltados nas faces, consequência da magreza imposta pelas noites mal dormidas, somadas ao peso da idade e da responsabilidade que significava conduzir um exército, como o sexto alemão, com 200 mil soldados, num embate já difícil por si, e, além do mais, desenvolvido num clima tão frio como nunca acontecera desde há muito. Clima esse que não permitia aos soldados sequer baixar suas vestes para cumprir suas urgências, sem que o perigo da gangrena atingisse os tubos internos de seus corpos. Os médicos aconselhavam a manutenção das roupas nesses eventos. Antes sujos do que mortos, diziam. Mas o fato é que outras devastadoras sequelas provenientes dessa falta de higiene constante maltratavam, moralmente, a soldadesca alemã tanto ou mais que os inimigos, na forma de severas infestações de piolhos e muito pior do que eles, o temível tifo. A somar ao exposto, as desastrosas interferências táticas e estratégicas que Adolf Hitler impunha de maneira grosseira a seus generais, homens educados e, de uma maneira geral, bem preparados para a luta, só faziam com que o já pesado clima da guerra piorasse. É fácil imaginar como se sentiam tais senhores, militares bem colocados e de alta estirpe, nesses momentos de fúria ensandecida proporcionados pelo Führer, por essa época, já quase um louco. Cabo na Primeira Guerra Mundial, pintor reprovado nos exames da Academia de Artes de Viena, era um artista medíocre, que após a Primeira Guerra, chegou a sobreviver da venda de cópias que fazia de paisagens austríacas e também das pequenas heranças deixadas por velhas tias. Um desses Generais, Friedrich Wilhelm Ernst Paulus, o odiava, embora, de início, veladamente, como quase todos os outros. Mas quem era, finalmente, esse tão controverso Paulus? Homem de origem humilde, buscou ingressar na Marinha sem êxito. Sua passagem pela faculdade de Direito foi meteórica, pois não tinha grandes ligações com o estudo das leis. Inteligente e com nítido pendor militar, era Capitão do Exército na Primeira Guerra Mundial. Foi brilhante tático e um estrategista de nomeada, além de professor de história militar. Muito admirado por seus alunos russos que cursavam na Alemanha, fez surgir entre eles uma forte admiração e, mais ainda, a pretensão de poder tê-lo, futuramente, como instrutor da Escola de Estado Maior de lá, fato que por razões óbvias, acabou não acontecendo. Mas a simpatia pela inteligência e capacidade do colega alemão permanecera intacta. Muito mais tarde, em 1940, Hitler, resolvido a invadir a Rússia, fez recair o planejamento da invasão sob as competentes mãos do Chefe de Operações do Estado-Maior Geral, ninguém menos que Paulus, nomeado além do mais Comandante do Sexto Exército, um dos exércitos do sul, encarregado dessa monumental empreitada que seria a tentativa de tomar Stalingrado. Foi a batalha onde, de uma maneira geral, campeou, peremptoriamente, o desrespeito pelas pessoas humanas, fossem eles militares ou civis, fato ocorrido em ambos os lados do confronto. O lento avanço alemão sobre a cidade, seguido da demorada e renhida luta ocorrida dentro dela, com tomadas e retomadas diárias dos mesmos lugares, embates selados em meio a inomináveis atos de bravura, como queriam alguns ou, de quase suicídio, como queriam outros, somado ao sangrento e vigoroso contra-ataque russo, demonstrações cabais da decisão de Stalin e Hitler de não ceder um centímetro que fosse do terreno ao inimigo. Ambos, se utilizando politicamente da bravura de seus guerreiros e jogando com os sentimentos de civilidade, generosidade, nacionalidade e patriotismo da população e soldados, como única maneira de chegar aos termos de uma cabal vitória, embora líderes que eram, de tão duvidoso caráter, empurravam-nos, avidamente, para o combate aberto e encarniçado nas vastidões embranquecidas da enorme Rússia, por ocasião daquele inverno nunca visto. Os franco-atiradores foram elementos de capital importância no decorrer da batalha. O comandante do 62 o exército russo, General Vassili Chuikov, encarregado da defesa de Stalingrado, valorizava, sobremaneira, a participação desses elementos no decorrer da refrega. Notabilizou-se entre eles, o soldado Vassili Gregoryevich Zaitsev, que desde menino já caçava com seu pai nas extensas pradarias russas. Fixando uma mira telescópica ao seu fuzil antitanque, fazia assim com que a bala atravessasse, certeira, os capacetes e a cabeça dos soldados alemães. Inicialmente, 242 soldados e oficiais morreram, chegando a um total de 468 mais para o fim da guerra, quando Zaitsev perdeu um dos olhos na explosão de uma mina, encerrando assim suas atividades em combate. Prestou serviços como instrutor de uma escola de francoatiradores mais para o final da guerra e, ao seu término, foi trabalhar numa fábrica. Recebeu as mais distinguidas condecorações russas, entre as quais a de Herói da União Soviética. 28 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval

16 Stalingrado foi questão de vida ou morte na tentativa alemã de prosseguir o indispensável avanço para o leste, com os exércitos de ambos os lados empenhados nessa quase inenarrável contenda. Região industrial à beira do rio Volga, era cidade de extremo interesse tanto para alemães como para soviéticos. Soldados russos puxavam o pino de suas granadas e se atiravam embaixo dos tanques alemães tentando destruí-los, talvez por coragem na defesa da pátria, ou talvez para acabar de vez com a incerteza do dia de suas mortes. A necessidade de reposição russa no front era impressionante! Soldados, não duravam mais que um dia em batalha e oficiais, não mais que três. O rio Volga estava atopetado de restos de embarcações que os bombardeiros de mergulho Stuka, alemães, haviam afundado em seu curso, embora os russos, ainda que penosamente, conseguissem fazer sua travessia. No seu estoicismo característico, o povo já estava acostumado a esse recuo estratégico desde a época de Napoleão, deixando ao inimigo não mais que o temor que impunha a vastidão das estepes, enregeladas pelo rigor do inverno russo. Recuavam sem deixar pedra sobre pedra, ou algo que pudesse de alguma maneira servir ao inimigo. Por ocasião da batalha de Stalingrado, as linhas de reabastecimento dos alemães, já se encontravam a tal distância da frente, que a reposição seja de peças, seja de alimentos, ou do que quer que fosse, era quase inexistente. Os soldados alemães, mal equipados para uma guerra em região tão fria, fizeram-se constantes vítimas da atrocidade do clima reinante. Os tanques das divisões Panzer, já destroçados, mal andavam. A blitzkrieg, de há muito já havia deixado de existir. A casa de Pavlov Às margens do Volga e, correndo paralelamente a ele, havia uma construção de quatro andares, de frente para uma das praças principais da cidade e que foi atacada pelos alemães em setembro de Determinou-se que um pelotão da 12 a Guarda de Rifles, sob o comando do Sargento Iakov Pavlov, defendesse a posição do prédio a qualquer custo. E assim foi feito. Apenas quatro homens da defesa original permaneceram vivos, até que novos reforços aportassem. Finalmente, pelo rio Volga, morteiros, metralhadoras, armas antitanque, mantimentos e água chegaram ao edifício cercado por arame farpado. E mais ainda, trincheiras foram cavadas junto às posições russas próximas ao prédio, até alcançar o rio. Entre o porão e os andares superiores, bem como entre os cômodos de um mesmo andar, foram abertas passagens para que munição e alimentos corressem de maneira mais adequada durante os combates. E assim, por dois meses, tanques e tropas germânicas atacaram a fortificação sem êxito, e ao fim de cada ataque, se punham no entorno do prédio, amontoados de corpos de alemães, que eram empilhados nos intervalos do combate, para que não atrapalhassem a circulação dos, agora, 25 bravos soldados russos, comandados de Pavlov. Nunca, comida e água chegaram com facilidade e fartura à casa, mesmo assim seus defensores, soldados e civis russos, mantiveram inexpugnável a posição da cidadela, nesses dois meses de investida alemã. Entre 23 de setembro e 25 de novembro de 1942, soldados e civis, juntos nas trincheiras e na casa, firmaram propósito de defendê-la, se tornando o verdadeiro polo da resistência e bravura do sofrido e valente povo da Rússia, simbolizado assim na casa de Pavlov. Pavlov foi distinguido com o galardão de Herói da União Soviética. A essa altura, o avanço alemão para o leste já tinha sido barrado e se invertia a direção da guerra até o seu final. Paulus, feito Marechal por Hitler, sabia muito bem o que aquele novo galardão guardava como significado: a vitória ou seu suicídio. Os russos, seus antigos admiradores, lhe propuseram rendição honrosa, tanto para os oficiais, como para os soldados. Não aceitou. Cercado e destroçado, ao 6 o Exército nada mais restou que a rendição incondicional. Paulus fez-se então o único Marechal alemão que, derrotado, não recorreu ao suicídio. Talvez porque jamais tivesse respeitado o esdrúxulo Hitler, achando que sua figura patética de chefe tresloucado não merecia sua morte, ou por acreditar que se a guerra tivesse sido encaminhada pela doutrina militar dos generais alemães, os caminhos tomados teriam sido os da vitória ou, ainda, porque percebendo a guerra já no seu fim, simplesmente resolveu não se imolar. Tomando os fatos por um ponto de vista mais cínico (Paulus era muito frio e vaidoso), percebeu que um discurso de figura tão proeminente quanto a sua, em um tribunal formado por militares russos que o admiravam, contra Hitler e os rumos da Alemanha nazista, ou da guerra de uma maneira geral, garantiriam, sem dúvida, sua absolvição. Falha de caráter, outro aspecto a não ser descartado. O que restou do 6 o Exército alemão, aproximadamente 130 mil homens, perambulou faminto e sedento em direção à Sibéria, a grande maioria morrendo de sede, fome e frio no trajeto. Chegaram ao cativeiro 30 mil soldados e, finalmente, apenas 5 mil sobreviveram, permanecendo por lá até quase os anos 50. Portanto, pouco se importou com o destino de seus homens, só pensando egoisticamente na própria figura. Durante o julgamento de Nuremberg, pronunciou-se em verdadeira catilinária antinazista. Quando indagado por um repórter: O que ele deveria dizer às famílias dos soldados do 6 o Exército, mentindo desbragadamente, redarguiu: Diga-lhes que em breve estarão em casa. Goering, revoltado, mandou que seu advogado lhe perguntasse Se sabia que era um traidor. Foi morar na Alemanha Oriental, sob proteção russa, e embora corressem comentários de que era um espião soviético, trabalhava no instituto de história militar, nunca mais encontrando sua mulher, que morreu no lado ocidental em 1947, talvez de saudade, talvez de vergonha. Faleceu na Alemanha Oriental em 1 o de fevereiro de 1957, vitimado por um derrame do ramo direito e aos 67 anos. Seu corpo foi transferido para a Alemanha Ocidental, onde foi enterrado ao lado da esposa. A história, salvo melhor juízo, nos parece ainda estar a merecer melhor julgamento a respeito desse senhor. *Capitão-Tenente (Ref). 30 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval

17 viagens Uma jornada pela exuberante Uma das mais antigas regiões habitadas do mundo, a Turquia possui importantes sítios arqueológicos, belíssimas praias e paisagens impressionantes, tornando-a um fascinante e exótico destino a ser explorado. Outra singularidade é a de ser um país transcontinental: um pedacinho do seu território, 3%, está na Europa, na chamada Trácia Oriental; os outros 97%, na península da Anatólia. Essa parte do país, conhecida no passado como Ásia Menor, é um paraíso aos apreciadores da história, pois nela estiveram várias civilizações, como hititas, lícios, lídios, gregos, persas, macedônios, romanos, bizantinos, turcos seljúcidas e otomanos. A principal porta de entrada da Turquia é Istambul, a sua maior cidade. Essa pulsante metrópole, um moderno e importante centro de negócios, revela a todo instante o seu longo passado de glórias. A antiga Bizâncio, fundada pelos gregos, tornou-se Constantinopla e a capital do Império Romano do Oriente até a conquista dos turcos otomanos no século XV, quando mudaram o seu nome, mas a mantiveram como capital. Os magníficos palácios e inúmeras mesquitas, recortando o céu com seus minaretes, refletem o esplendor do império otomano. Situada também nos dois continentes, Istambul é dividida pelo Estreito de Bósforo, que une o mar de Mármara (parte do Mediterrâneo) ao mar Negro. Por sua vez, o lado europeu é dividido pelo braço de mar chamado Chifre de Ouro. Ao sul deste, fica a Península Histórica, onde está o distrito dos Bazares e o bairro antigo de Sultanahmet. Ao norte, Beyoglu e Taksim, a parte mais moderna e centro financeiro da cidade. 32 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval Texto e fotos: Rosa Nair Medeiros* Basílica de Santa Sofia As imponentes atrações Os principais pontos turísticos ficam na região de Sultanahmet: a Basílica de Santa Sofia, a Mesquita Azul, a Cisterna de Yerebatan, o Palácio Topkapi, entre outros. Na Praça Sultan Ahmet (local do antigo Hipódromo) destaca-se a Basílica de Santa Sofia (Hagia Sophia), uma obra-prima da arquitetura bizantina, edificada por Justiniano no século VI. Sua cúpula altiva, com mosaicos dourados e inúmeros vitrais, lhe confere uma ampla sensação de espaço, mistério e majestade. Quando os otomanos conquistaram Constantinopla, a igreja foi transformada em mesquita, sendo acrescentados minaretes, entre outras modificações. Em 1934, no governo de Mustafa Ataturk (o fundador da República Turca), tornou-se um museu. Em frente à Basílica está a Mesquita de Sultão Ahmet, com seis elegantes minaretes. Construída no início do século XVII, é mais conhecida como Mesquita Azul, devido a sua decoração rica em azulejos azuis, feitos em Iznik. Dos muitos detalhes dessa

18 obra grandiosa, destacam-se os delicados arabescos, pintados nas semicúpulas e cúpula, e a beleza dos vitrais. O antigo Hipódromo, edificado pelo imperador Sétimo Severo (século III d.c.) e ampliado por Justiniano, em seu auge podia conter 100 mil espectadores para assistir especialmente às corridas de quadrigas (carruagens com quatro cavalos dispostos lado a lado). Dele restaram apenas três preciosas colunas: o Obelisco de Teodósio, que ornava o templo de Karnak, no Egito; a Coluna Serpentina, trazida do templo de Apolo, em Delfos; e o Obelisco Murado, chamado coluna de Constantino. No local também há uma fonte comemorativa, presente do imperador alemão Guilherme II, em 1898, ao sultão Abdul Hamit II. Outra visita imperdível é à cisterna subterrânea de Yerebatan (Cisterna da Basílica), o maior dos reservatórios de água do período bizantino, construída a pedido de Justiniano, no século VI. Possui 336 colunas, quase todas de estilo coríntio. No fundo da cisterna há duas colunas enigmáticas, cujas bases são a cabeça da Medusa (a figura grega mitológica). Em uma coluna a cabeça é virada para o lado e na outra, para baixo. Coroando Sultanahmet, o monumental Palácio Topkapi, construído pouco depois da conquista de Constantinopla. Como resultado dos acréscimos feitos pelos sultões, possui diferentes estilos na sua arquitetura. Foi residência da dinastia otomana até o século XIX, quando se mudaram para palácios construídos nas margens do Bósforo o último foi o suntuoso Domalbahce. Uma das cabeças de Medusa, na Cisterna de Yerebatan A Mesquita Azul O Grande Bazar No oeste de Sultanahmet está o encantador Distrito dos Bazares, onde encontramos o famoso Grande Bazar e o das Especiarias, além de algumas das mesquitas otomanas mais importantes. Divertido e movimentado, o Grande Bazar possui cerca de 4 mil lojinhas distribuídas por uma rede de passagens formando ruas. Ali pode-se comprar de tudo: tapetes, joias, artesanato de todo tipo, cerâmicas, perfumes exóticos, roupas e muito mais. Esse mercado começou como um pequeno armazém construído na época de Mehmet, o Conquistador; cresceu e passou a cobrir uma área ampla. Os lojistas decidiram colocar telhados e varandas para torná-la mais confortável. O Grande Bazar Avenida Istiklal Outro local imperdível é o Bazar das Especiarias, ou Egípcio, onde os diferentes e exóticos aromas remetem a lugares longínquos. O mercado foi construído na década de 1660 como parte do complexo da Nova Mesquita, que merece uma visita. A planta desta é muito similar a da Mesquita Azul, com um amplo pátio de acesso e um santuário quadrado, coberto por várias semicúpulas coroadas por uma grande cúpula. O interior é decorado com ouro, azulejos de Iznik e mármore esculpido. No teto do Topkapi, uma mostra da rica decoração Detalhe dos azulejos da Mesquita Azul O Palácio Topkapi, atualmente um museu, apresenta uma parte das riquezas dos sultões, como o diamante Kasikci, a Adaga de Topkapi, tronos decorados com joias, entre outros objetos preciosos. E uma grande coleção de porcelana chinesa, em exposição nas cozinhas. Percorrendo Istambul Atravessando a Ponte de Gálata, está o distrito de Beyoglu, com bairros de estilo europeu, a Praça Taksim e a extensa Avenida Istiklal, onde encontra-se de tudo: tapeçarias, artigos de couro, cerâmicas, joias de ouro e prata, especiarias, butiques internacionais. A nordeste da Praça Taksim fica o elegante enclave de Nisantasi, conhecido por suas lojas e restaurantes chiques. Na parte asiática da cidade, essencialmente residencial, a Praça de Uskudar e os seus arredores constituem outra atração. Para guardar uma vista única e espetacular da cidade é indispensável um cruzeiro pelo Bósforo. Ao longo das suas margens pode-se apreciar uma maravilhosa mistura de passado e presente, simplicidade e luxo. Hotéis modernos, antigas residências de madeira, fortalezas e palácios vão se sucedendo entre as margens europeia e asiática. Dentre os palácios destacam-se o Ciragan, o Beylerbeyi e o Dolmabahce. O Ciragan hoje é um grande hotel; os outros foram transformados em museus. 34 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval

19 Culinária Istambul possui uma grande variedade de opções gastronômicas, desde os pequenos pontos de venda de kebab aos restaurantes de cozinha internacional. A cozinha turca é considerada uma das melhores. São inúmeros tipos de entradas, que vão desde combinações simples a requintados legumes recheados, charutinhos de folhas de uva, patês de ervas, de ovas de peixe... seguidas de pratos com carne ou peixe. Os doces turcos são geralmente feitos de massas diferentes cobertas com calda açucarada ou mel e recheados com castanhas ou pistaches. Para finalizar, café turco ou o tradicional chá. Sítios arqueológicos na costa egeia Deixando Istambul, seguindo em direção à região do mar Egeu, encontramos praias transparentes, plantações de oliveiras e importantes sítios arqueológicos. Primeiro uma visita à Troia, famosa pela Ilíada de Homero. A sua existência gerou polêmica até a mítica cidade ser descoberta pelo alemão Heinrich Schliemann (um autodidata na arqueologia), em Hisarlik, na Anatólia. As escavações, iniciadas em 1870, conseguiram identificar vários períodos (nove) de ocupação, os mais antigos da Idade do Bronze. Uma das cidades, Troia VII, seria a de Homero. A próxima parada é no sítio arqueológico de Pérgamo, um dos centros médicos e comerciais mais importantes na antiguidade. Nas artes e na cultura chegou a rivalizar com Alexandria. À cidade de Pérgamo é creditada a origem do pergaminho (feito de pele de cabra ou ovelha). Na acrópole destacam-se o teatro (do século III a.c.), que está praticamente inteiro; o Templo de Trajano (do século I d.c.), do qual ainda restam algumas colunas; e as ruínas da biblioteca, que chegou a possuir 200 mil volumes. Também pode ser visto um templo de tijolo vermelho, localizado na cidade baixa romana, onde hoje é Bergama. Seguindo viagem, chegamos a Izmir, a terceira maior cidade da Turquia. Ocupada desde a.c., dos antigos tempos ficaram apenas as ruínas da ágora Kadife-Kale, da época helenística. Mas o museu arqueológico da cidade expõe objetos preciosos encontrados durante as escavações. Fachada da Biblioteca de Celso Pamukkale No entanto, é ao sul de Izmir que encontramos o mais bem preservado sítio arqueológico em território turco: Éfeso. A cidade teve seu apogeu há dois milênios, era a capital da província romana na Ásia e a maior metrópole do império depois de Roma. A cidade de mármore de Éfeso encontra-se tão bem conservada que mesmo hoje pode-se apreciar o seu antigo luxo. Entre as ruínas estão algumas das estruturas romanas mais impressionantes, templos, mercados, casas de banho e até banheiros públicos. Destacam-se o templo de Diana (ou Ártemis), o de Adriano, a altiva fachada de colunas da Biblioteca de Celso e o anfiteatro, com 25 mil lugares, construído no período helênico. Próximo do sítio arqueológico de Éfeso, está localizada Kusadasi, uma atrativa cidade, com um porto grande e moderno. Castelo de algodão Pamukkale constitui uma das maravilhas naturais mais extraordinárias da Turquia. A grande atração é o conjunto de piscinas termais de origem calcária que com o passar dos séculos formaram bacias de água que descem em cascata numa colina. O nome de Pamukkale (castelo de algodão) está relacionado com esses terraços de rocha branca e brilhante. O local fica próximo à cidade de Denizli, na região egeia. O planalto de travertino foi formado pelas precipitações calcárias. As nascentes de água mineral quente, por baixo do monte, provocaram o derrame de carbonato de cálcio, que solidificou como mármore travertino, originando as cascatas com efeitos dos mais curiosos. Desde a antiguidade, o local foi escolhido para ser uma área de lazer e de tratamentos medicinais, devido às propriedades terapêuticas das fontes de águas. O costume veio dos romanos, que o consideravam um sítio de cura e rejuvenescimento. O lugar era conhecido como Hierápolis. As ruínas ainda visíveis são de banhos romanos, transformados em igreja bizantina; as de um complexo termal, restaurado e modificado em museu; e de um pequeno teatro. 36 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval

20 MAR NEGRO Capadócia A região da Capadócia, na Anatólia Central, possui paisagens extraordinárias, que parecem saídas de um filme de ficção. Colunas de pedras, que lembram cogumelos, erguem-se em meio a vales labirínticos e penhascos curvados. Outras se parecem com torres de base larga, verdadeiros cones voltados para o céu. Observa-se uma variedade de tons, resultante de diferentes minerais misturados ao calcário. Sua formação geológica é resultado da erupção de vulcões que a cobriram de cinza e outros materiais há milhões de anos, formando um tufo mole. A erosão causada pelas chuvas e ventos esculpiram as maravilhas existentes hoje. A natureza das rochas permitiu escavá-las para construir habitações e também cidades subterrâneas. Diversos povos construíram no local habitações trogloditas. A noção de Capadócia, no aspecto geográfico e histórico, tem variado conforme a época e o ponto de vista. Atualmente pode referir-se a uma área de aproximadamente 15 mil km² entre Alksaray, Hacibektas, Kayseri e Nigde. Mas a região mais conhecida em termos turísticos é a que abrange Nevsehir, Goreme e Urgup. A situação geográfica da Capadócia tornou-a encruzilhada de rotas comerciais importantes ao longo dos séculos Passeio de balão sobre o Vale de Goreme e alvo de contínuas invasões. Para se protegerem, os habitantes construíram Uma das habitações Trogloditas refúgios subterrâneos, verdadeiras cidades com vários níveis, supondo-se que as mais antigas podem remontar ao tempo dos Hititas. Algumas podem ser visitadas, como Derinkuyu, Kaymakli, Ozkonak. Kaymakli possui nove níveis e dispõe de canais de ventilação, armazéns, estábulos, poços de água e tudo o mais necessário para que os seus ocupantes pudessem resistir durante vários meses. Os cristãos, fugindo de perseguições, chegaram em pequenos grupos à Capadócia, e em seguida se juntaram em comunidades monásticas, escavando as Igreja rupestre rochas. Utilizaram as vilas subterrâneas, construíram igrejas rupestres, decorando-as com belos afrescos, e criaram grutas artificiais, cobrindo de buracos as faces das agulhas rochosas. A maior concentração de igrejas trogloditas da região encontra-se no museu a céu aberto do Parque Nacional de Goreme (na província de Nevsehir), classificado pela Unesco como Patrimônio Mundial, em O parque ocupa uma série de vales em volta da aldeia de Goreme; é também famoso pelas chaminés de fadas, os cones em formatos exóticos, que lembram cogumelos. Além dos belos vales de Goreme, merecem ser visitados: os de Ihlara e Belisirma, com igrejas do período bizantino; o das chaminés de fadas de Zelve; de Soganli, entre outros. Na paisagem de aparência lunar da Capadócia também destacam-se os castelos trogloditas, construídos contra invasores. Compõem-se de uma gigantesca agulha perfurada, com habitações num labirinto de corredores talhados na rocha. Os mais importantes são Uçhisar, Orthaisar, Sonhisar. O Castelo de Uçhisar é a formação rochosa de maior altitude da Capadócia. Do topo descobre-se uma vista sobre as chaminés de fadas, as casas rupestres e os curiosos pombais que os habitantes costumavam escavar nas rochas. Um modo original e emocionante de ver a região é sobrevoá-la a bordo de um balão. Com o incremento do turismo, o balonismo se desenvolveu de modo espetacular no local. Os balões levantam voo quase ao mesmo tempo, ao amanhecer. Isso implica em acordar de madrugada, mas vale a pena. Há momentos que chegam tão perto das torres de pedras, que parecem tocá-las, então sobem rapidamente e lá do alto proporcionam uma vista panorâmica sem igual de todo o conjunto de cavernas de Goreme e das chaminés de fadas. A imagem perfeita que permite encerrar essa breve jornada pela Turquia, que possui outros tantos cenários arrebatadores. Um convite para retornar ao país onde o oriente e o ocidente se encontram, especialmente, no legado cultural das civilizações que alí estiveram. ANATÓLIA PALESTINA EGITO MAR VERMELHO MESOPOTÂMIA DESERTO DA SÍRIA MAR CÁSPIO GOLFO PÉRSICO Pitadas de história A península da Anatólia foi continuamente habitada desde há muito tempo. Uma das primeiras cidades conhecidas do mundo é Catalhuyuk, a nordeste de Konya (na região central) e data de a.c. Em princípios da Idade do Bronze existiam diversas cidades na península. Os hatitas (ou hatti), segundo historiadores, foram um povo que habitou o centro da Anatólia cerca de a.c., senão antes. Depois foi a vez dos hititas, que lá estabeleceram-se, absorvendo gradualmente os hatitas o que ocorreu por volta de a.c. A Anatólia, ou partes dela, esteve posteriormente no poder de frígios, lídios, cários, lícios, entre outros povos. A partir de a.c., as costas da península foram intensamente colonizadas por povos gregos (eólicos e jônicos), que fundaram várias cidades importantes, como Mileto, Esmirna, Éfeso. Mais tarde a península foi dominada pelos persas até a chegada de Alexandre, o Grande, que conquistou a Grécia, a Anatólia e, no ano 331 a.c., toda a Pérsia. Após a morte de Alexandre, a Anatólia foi dividida em pequenos reinos, os quais foram todos absorvidos pela nova potência: Roma. No ano 330 o imperador romano Constantino transformou Bizâncio na capital. Após a sua morte, o nome da cidade mudou para Constantinopla. As partes ocidentais e orientais do império foram desenvolvendo-se de uma forma divergente e o império dividiu-se, em 395. Constantinopla passou, então, a ser a capital do Império Romano do Oriente (conhecido como o Império Bizantino). No século XI os turcos seljúcidas começam a emigrar para as regiões orientais da Anatólia e em 1071 vencem a batalha de Malazgirt (Manzikert) contra o imperador romano bizantino Diógenes, iniciando a conquista da península. Essa vitória foi determinante para a formação do sultanato seljúcida da Anatólia até as invasões mongóis, em meados do século XIII, que resultou na desintegração dos seljúcidas, originando a independência de uma série de beyliks (principados), entre eles o dos otomanos, que viriam a absorver os restantes e conquistar Constantinopla em 1453, transformando-a na capital do seu império. Dando um salto histórico, chegamos a 1923, data em que foi estabelecida oficialmente a República da Turquia, com Mustafa Kemal (Ataturk) como seu primeiro presidente. Ancara tornou-se a capital da jovem República. Para quem visita a cidade, destacam-se como pontos turísticos o Mausoléu de Ataturk e o Museu das Civilizações da Anatólia, que abriga uma rica coleção de achados arqueológicos da Ásia Menor, principalmente dos hititas. * Capitão-Tenente 38 Revista do Clube Naval 363 Revista do Clube Naval

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