Utilização de plantas medicinais pelos moradores da Agrovila Paraíso do Rio Preto, município de Vila Rica - MT

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1 Utilização de plantas medicinais pelos moradores da Agrovila Paraíso do Rio Preto, município de Vila Rica - MT Use of medicinal plants by the in habitants of paradise Agrovila do Rio Preto, municipality of Vila Rica-MT SILVA, Noelle Dalmagro 1 ; SANTOS, Waldenyr Rodrigues 2 ; BARBOSA, André Alves 3 ; RAMOS, Polyana Rafaela 4. 1 Acadêmicos do curso Licenciatura em Ciências da Natureza com Habilitação em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso Campus Confresa, noelle.dalmagro@gmail.com; 2,3,5 Acadêmicos do curso Bacharelado em Agronomia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso Campus Confresa, waldenyr.rodrigues@gmail.com; andre.barbosa.ifmt@hotmail.com;. 4 Docente do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso campus Confresa, polyana.ramos@cfs.ifmt.edu.br; Resumo A agrovila Paraiso do Rio Preto fica localizada a uma distância de 120 km de sua sede, que é Vila Rica-MT, a aproximadamente 1260 km da capital Cuiabá. É uma comunidade pequena, não possuindo estabelecimento de saúde (PSF e/ou farmácias), o que acaba fazendo com que os moradores locais constantemente recorram a medicamentos naturais. O trabalho objetivou avaliar a utilização de plantas medicinais pelos moradores da agrovila Paraiso do Rio Preto, onde foi utilizado um questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas, abrangendo todas as residências. Foram entrevistados um total de 25 famílias, com idade entre 21 e 77 anos. Dentre os entrevistados, 86,96%, afirmaram fazerem uso de plantas medicinais sempre que necessário para tratamento de alguma enfermidade, demonstrando a tradição e confiança que os mesmos tem nos recursos naturais, costumes estes, aprendidos com os pais e avos e ensinados para os mais jovens. Palavras-chave: Saberes populares; Norte Araguaia; Etnoconhecimento. Abstract: The agrovila Paraiso do Rio Preto is located at a distance of 120 miles from its headquarters, which is Vila Rica-MT, approximately 1260 km from Cuiabá. It's a small community, not owning health facility (PSF and/or pharmacies), which ends up causingthe locals constantly use natural medicines. The work aimed to evaluate the use ofmedicinal plants by residents of agrovila Paraiso do Rio Preto, where we used a semistructured questionnaire with open and closed questions, covering all the residences.were interviewed a total of 25 families, aged between 21 and 77 years. Among therespondents, 86.96% stated make use of medicinal plants as needed for treating anysickness, demonstrating the tradition and trust that they have in natural resources, these customs, learned with parents and grandparents and taught to the youngsters. Keywords: Popular knowledge; Norte Araguaia; Etnoconhecimento.

2 Introdução Mato Grosso é o terceiro maior estado do Brasil, destacando-se por apresentar em seu território diferentes biomas como Pantanal, Cerrado e Floresta Amazônica e áreas de transição. Segundo Santos et al. (2014) essa diversidade propicia condições favoráveis ao desenvolvimento de varias plantas, dentre estas, uma ampla variedade de espécies medicinais. A agrovila Paraiso do Rio Preto localiza-se a uma distância de 120 km de sua cidade sede Vila Rica, no nordeste do Estado de Mato Grosso. A comunidade surgiu a 25 anos, quando as pessoas começaram a se instalar para a demarcação de terras destinadas a reforma agrária. Com essa aglomeração foram surgindo às primeiras residências. Atualmente moram no vilarejo cerca de 25 famílias, que costumam utilizar seus conhecimentos tradicionais sobre a vegetação nativa no tratamento de diversas enfermidades, uma vez que a agrovila não possui posto de saúde nem farmácias. Quando algum morador necessita de atendimento médico, precisa se deslocar para outros municípios, sendo o mais próximo Santa Cruz do Xingu, a 74 km, ou aguardar o mutirão da saúde realizado uma vez por ano pela Prefeitura Municipal de Vila Rica (sede). Desta forma, levando em consideração a importância das plantas medicinais para a comunidade, o presente trabalho objetivou avaliar seu uso pelos moradores da agrovila Paraiso do Rio Preto, município de Vila Rica MT. Metodologia A pesquisa foi desenvolvida na Agrovila Paraiso do Rio Preto, distrito do município de Vila Rica, localizado na região Norte Araguaia, entre os meses de janeiro e

3 fevereiro de 2015, sendo parte do projeto que visa mapear o uso de plantas medicinais nos municípios do médio Norte Araguaia, e abrangeu todas as residências sendo entrevistados pessoas de ambos os sexos, desde que maiores de idade. Foi utilizada metodologia qualitativa, a partir da técnica de entrevista ao qual foi elaborado um questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas, sobre o conhecimento e uso de plantas medicinais. Após as entrevistas foi elaborado um banco de dados a partir das informações coletadas, e feitas as análises pertinentes. Resultados e discussões Foram entrevistadas 25 famílias, sendo uma ou duas pessoas de cada residência da qual as idades variaram entre 21 anos e o mais velho com 77, residentes na agrovila entre 3 a 18 anos. Foi observado que 80% dos entrevistados eram do sexo feminino e 20% masculino. Esses dados revelam que as mulheres ainda são detentoras do lar e geralmente possuem maior conhecimento das plantas e seus efeitos medicinais. Sobre o uso de medicamentos naturais (como são chamados pela comunidade), 86,96%, afirmaram que sempre utilizaram quando necessário para tratamento de alguma enfermidade. Isso se deve tanto a dificuldade no acesso a medicina tradicional, quanto pela confiança que os mesmos tem no poder curativo das plantas. Quanto à naturalidade dos entrevistados apenas 28% são nascidos em Mato Grosso, sendo 72% oriundos de outros estados, demonstrando uma grande miscigenação no conhecimento e uso dos medicamentos naturais. Esses dados são

4 interessantes, pois demonstra que o saber popular é construído a partir da troca de conhecimento, pois ao virem para a região muitos trouxeram consigo mudas de diferentes espécies com potenciais medicinais para cultivo em suas terras, que posteriormente foram socializadas entre a vizinhança. Vale ressaltar que na falta de profissionais da saúde, os moradores da agrovila recorrem aos parentes (75%) e/ou vizinhos (20,83%), geralmente mais velhos por terem mais experiência e conhecimento sobre as plantas que podem ser utilizadas na composição de medicamentos alternativos no combate a alguma doença. Vale ressaltar que 88% dos entrevistados afirmaram que seu conhecimento e domínio sobre plantas medicinais foram herdados, geralmente de pais e avós que também faziam uso e davam preferência aos recursos naturais quando doentes. Dentre os que fizeram o uso de plantas medicinais, 100% afirmaram que é importante ensinar para os filhos, o que demonstra que essa tradição na comunidade ainda é muito forte, o que vem a ser um fato interessante pois significa que o saber popular se mantem ao longo dos anos, conforme ressaltado por Santos e Avelar (2011), ao argumentarem que a transmissão do conhecimento sobre plantas medicinais atravessa séculos de nossa sociedade e passa de geração em geração por meio da palavra. Conclusões Foi possível observar que as plantas desempenham importante papel no cotidiano dos moradores da comunidade da agrovila Paraiso do Rio Preto, sendo fundamental para a saúde e bem estar dos mesmo. Na comunidade pesquisada podemos observar que 100% dos moradores consideram extremamente importante, ensinarem para os filhos os saberes sobre espécies medicinais, mantendo viva a tradição de uso de medicamentos naturais. Referências bibliográficas:

5 SANTOS, A. M. A.; AVELAR, K. E. S. A contribuição da fitoterapia popular para o tratamento de infecções ginecológicas. In: XI congresso luso afro brasileiro de ciências sociais, diversidades e desigualdades, 2011, Bahia. SANTOS, W. R. et al.. Saberes populares sobre as plantas medicinais no bairro jardim planalto em Confresa-MT. In: II seminário de pós-graduação em biodiversidade e agroecossistema amazônicos, 2014, alta floresta. anais... Mato Grosso: Cáceres (cd-rom)