Avaliação de Cultivares de Milho Verde na Safra de Verão no Estado de São Paulo
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- Davi Luís Freire Bardini
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1 Avaliação de Cultivares de Milho Verde na Safra de Verão no Estado de São Paulo Andrea R. A. de Moraes 1, Paulo B. Gallo 2, Edison U. R. Junior 3, Maria Elisa A.G.Z. Paterniani 1, Eduardo Sawazaki 1, Aildson P. Duarte 1 e Marcio A. Ito 3 1 IAC, Campinas, Caixa Postal andrea@iac.sp.gov.br; elisa@iac.sp.gov.br; sawazaki@iac.sp.gov.br; aildson@apta.sp.gov.br; 2 APTA Mococa paulogallo@apta.sp.gov.br; 3 APTA Capão Bonito edison@apta.sp.gov.br; akira@apta.sp.gov.br Palavras-chave: Zea mays L., espigas comercializáveis, produtividade. O milho classificado como especial destina-se exclusivamente ao consumo humano, sendo utilizado principalmente como milho verde, tanto in natura como para processamento pelas indústrias de produtos vegetais em conserva (Pereira Filho & Cruz, 2003; Aragão, 2002; Oliveira Junior et al., 2006; Borin, 2005). O mercado consumidor de milho verde tem se tornado cada vez mais exigente com relação à qualidade do produto. Para sua produção é altamente desejável espiga bem granada, grande, cilíndrica, sabugo claro e fino, bom empalhamento, grãos dentados, grãos amarelos, saborosos e adocicados, profundos e macios, além de possibilidade de plantio durante o ano todo, ciclo variando entre 90 e 110 dias e longevidade no período da colheita. Além desses atributos da espiga, a planta deve possuir ainda, porte médio, resistência ao acamamento e quebramento e índice de espiga (ou número de espigas por planta) igual ou superior a 1,0 (Pereira Filho & Cruz, 2003; Pereira Filho et al., 2003; Fornasieri Filho et al., 1988; Silva et al., 1997; Sawazaki et al., 1979). O cultivo do milho verde é realizado principalmente por pequenos produtores que, na maioria das vezes, utilizam para essa finalidade cultivares que nem sempre satisfazem às exigências do mercado consumidor. A falta de cultivares disponíveis no mercado desestimula a diversificação dos materiais genéticos empregados para produção de milho verde. Avaliando-se 280 cultivares de milho disponíveis no mercado de sementes do Brasil no ano 2008, apenas 12 foram recomendadas pelas empresas para a produção de milho verde, entretanto apenas oito estavam realmente disponíveis no mercado. Há necessidade de ampliar as cultivares próprias para produção de milho verde para se ter alternativas no mercado de sementes, visando atender os sistemas de produção dos agricultores e melhorar a qualidade do produto. Desse modo, o presente trabalho tem por objetivo avaliar o comportamento de oito cultivares de milho quanto à sua aptidão para consumo verde, bem como à adaptação agronômica nas principais regiões produtoras do Estado de São Paulo. Foram conduzidos três experimentos nas seguintes localidades no Estado de São Paulo: Campinas (latitude 22º 54' S longitude 47º 3' W e altitude de 600 m), Mococa (latitude 21º 28' S longitude 47º 01' W e altitude de 665 m) e Capão Bonito (latitude 24º 00' S, longitude 48º 22' W e altitude 702 m), na safra de verão de O preparo do solo foi realizado de maneira convencional com uma aração e duas gradagens. A semeadura foi realizada manualmente em 03/11/2008 e o desbaste foi realizado manualmente quando as plantas apresentaram de três a quatro folhas, deixando-se densidade de plantas ha -1. Todas as sementes foram tratadas antes do plantio com imidacloprid + tiodicarbe na dosagem de 0,35 l ha
2 O delineamento experimental utilizado foi o de blocos completos casualizados, com quatro repetições. Cada parcela foi constituída de seis linhas de cinco metros de comprimento, espaçadas a 0,8 m entre linhas, considerando-se parcelas úteis para coleta de dados e observações apenas as quatro linhas centrais. Utilizaram-se as cultivares: AS 1592 (Agroeste), AG 1051 (Agroceres), AG 4051 (Agroceres), BM 3061 (Biomatrix), GNZ 2004 (Geneze), Cativerde (CATI), 6B6229V (DowAgroScience) e 6B6277V (DowAgroScience). Esses genótipos foram selecionados em função de sua aptidão ou provável aptidão para milho verde na lista de cultivares de milho 2008/2009 (Cruz & Pereira Filho, 2008) e por indicação de empresas produtoras de sementes de milho. As adubações de plantio foram realizadas considerando a análise de solo e a recomendação para a cultura, utilizando-se 350 kg ha -1 da fórmula (N-P-K). Para a adubação de cobertura, foram utilizados 200 kg ha -1 de N na forma de uréia, aos 30 dias após a emergência das plantas. O controle de plantas invasoras foi realizado com o uso do herbicida nicosulfuron 1,0 l ha -1 + atrazina 2,0 l ha -1 (dirigido à base). O controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) foi feito através do uso de inseticida a base de piretróide, na dosagem de 150 ml ha -1 logo após a verificação da presença de sua infestação. A colheita foi realizada manualmente, colhendo-se todas as espigas de duas linhas centrais úteis de cada parcela, quando as cultivares atingiram o ponto de milho verde, o que se deu ao redor de 92 dias após a semeadura. Para observação das características desejáveis para espigas verdes, foram avaliadas as variáveis: massa de espigas verdes comercializáveis, comprimento e diâmetro de espiga despalhada, profundidade dos grãos, porcentagem de espigas verdes comercializáveis e porcentagem de espigas com formato cilíndrico. Consideraram-se espigas comercializáveis aquelas que apresentam comprimento de granação superior a 15 cm quando despalhadas e diâmetro igual ou superior a 30 mm, além de serem isentas de danos causados por pragas e doenças. As espigas comercializáveis foram separadas da parcela total colhida (duas linhas úteis) e posteriormente contadas e pesadas (kg ha -1 ) em balança eletrônica. O comprimento e o diâmetro médio de espiga foram realizados em dez espigas, obtidas aleatoriamente de cada parcela, com o uso de régua graduada em centímetro e paquímetro digital graduado em milímetro respectivamente. A profundidade dos grãos foi obtida pela diferença entre o diâmetro de dez espigas despalhadas e dez sabugos ao acaso. As porcentagens de espigas verdes comercializáveis foram obtidas pela razão entre o número total de espigas verdes comercializáveis pelo número total de espigas colhidas em duas linhas úteis de cada parcela. E a porcentagem de espigas cilíndricas foi obtida pela razão entre o número de espigas cilíndricas e o total de espigas colhidas em duas linhas úteis de cada parcela. As análises da variância individuais e conjuntas foram efetuadas em todos os locais avaliados, no delineamento de blocos casualizados para total ou médias de parcelas, considerando-se o modelo fixo, sendo as médias agrupadas pelo Teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade (Scott & Knott, 1974). Todas as análises foram realizadas com auxílio do Programa Estatístico Genes (Cruz, 2001). A massa das espigas comerciais é um importante fator quando a comercialização se dá em bandejas envolvidas com filmes plásticos, sendo o preço definido em R$ kg -1 ou massa mínima por bandeja (ex. 800g bandeja -1 ). Essa massa pode ser considerada fator determinante da quantidade a ser adquirida pelo consumidor ou do rendimento em bandejas. Verificou-se 1078
3 que houve diferenças entre as cultivares com relação a massa dessas espigas comercializáveis, tendo apenas a variedade Cativerde sido estatisticamente diferente e inferior às demais cultivares (Tabela 1). Tabela 1. Média de massa de espigas comercializáveis despalhadas, comprimento e diâmetro de espias despalhadas e profundidade de grãos de oito cultivares de milho verde, em Campinas, Mococa e Capão Bonito, SP, na safra de verão 2008/2009. Cultivar Massa de espigas comercializáveis Comprimento de espigas Diâmetro de espigas Profundidade de grãos (1) kg ha -1 cm mm AS a 21,4 a 48,8 b 21,3 b AG a 21,5 a 50,5 a 25,7 a AG a 21,6 a 49,2 b 24,7 a BM a 22,0 a 49,0 b 23,2 a GNZ a 20,4 b 45,7 c 23,3 a CATIVERDE b 20,1 b 48,3 b 21,9 b 6B6229V a 21,7 a 51,1 a 24,3 a 6B6277V a 21,5 a 50,6 a 24,1 a Média ,3 49,1 23,6 CV(%) 21,0 3,4 3,6 5,8 (1) Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott - Knott (p<0,05). O conhecimento do comprimento de espiga é um item importante na escolha de cultivares a serem adotadas e nas técnicas de manejo a serem empregadas no cultivo do milho verde, uma vez que no momento da comercialização esta será uma das primeiras características visuais da qualidade da espiga. Observa-se que nesse trabalho não foi encontrada nenhuma cultivar que não se enquadrasse no padrão de comercialização de espiga para consumo verde, de modo, que todas atingiram comprimento médio superior a 21,3 cm quando a espiga foi despalhada (Tabela 1). No comprimento de espigas apenas as cultivares GNZ 2004 e Cativerde se apresentaram estatisticamente inferior as demais cultivares, mas mantendo-se ainda, dentro dos padrões de tamanho para comercialização como milho verde in natura. Considerando a característica diâmetro de espiga observa-se que houve diferença estatística entre os oito genótipos avaliados. Os híbridos AG 1051, 6B6229V e 6B6277V obtiveram maior diâmetro, acima de 50 mm e o híbrido GNZ 2004 o menor, com 47 mm (Tabela 1). O mercado e principalmente o consumidor final da preferência por espigas com grãos mais profundos e/ou longos, suculentos e com pericarpo fino. Considerando a profundidade de grãos, foram observadas diferenças significativas entre as cultivares (Tabela 1). Os materiais com grãos menos profundos foram AS 1592 e Cativerde que diferiram dos demais híbridos. Todas as cultivares apresentaram acima de 65% de espigas verdes comercializáveis (Figura 1), sendo que as cultivares AG 4051, AG 1051, 6B6277V, 6B6229V se mostraram superiores, diferindo estatisticamente dos demais genótipos. 1079
4 Deve-se ressaltar que o consumidor dá preferência a espigas de maior diâmetro e maior comprimento. Espigas mais finas e menores geralmente são rejeitadas, permanecendo por um período de tempo prolongado nos estabelecimentos comerciais, o que favorece a sua deterioração (Albuquerque et al., 2008). Desse modo, quando maior a porcentagem de espigas cilíndricas, maior a uniformidade da espiga em uma cultivar, portanto, mais atraente ela se torna para o consumidor final. Para essa variável, as cultivares AS 1592, AG 4051, AG 1051, 6B6277V, 6B6229V foram as que mais se destacaram positivamente (Figura 1) % espigas comercializáveis % de espigas cilíndricas 70 %de espigas AS 1592 AG 1051 AG 4051 BM3061 GNZ 2004 Cultivares CATIVERDE 6B6229V 6B6277V Figura 1. Porcentagem de espigas comercializáveis e porcentagem de espigas cilíndricas em oito cultivares de milho verde, avaliadas em Campinas, Mococa e Capão Bonito, SP, na safra de verão de 2008/2009. Referências Bibliográficas ALBUQUERQUE, C. J. B.; VON PINHO, R. G.; SILVA, R. Produtividade de híbridos de milho verde experimentais e comerciais. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 24, n. 2, p , ARAGÃO, C. A. Avaliação de híbridos simples braquíticos de milho super doce (Zea mays L.) portadores do gene shrunken--2 (sh 2 sh 2 ) utilizando o esquema dialélico parcial p. Tese (Doutorado em Agronomia) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu. BORIN, A. L. D. C. Extração, absorção e acúmulo de nutrientes no milho doce cultivado em condições de campo p. Tese (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 1080
5 CRUZ, C. D. Programa Genes versão Windows Viçosa: Editora UFV, p. CRUZ, C. D.; PEREIRA FILHO, I. A. Características agronômicas das cultivares de milho disponíveis no mercado na safra 2008/09. Embrapa Milho e Sorgo Disponível em: < Acesso em 12/02/2008. FORNASIERI FILHO, D; CASTELLANE, P. D.; CIPOLLI, J. R. Efeito de cultivares e época de semeadura na produção de milho-verde. Horticultura Brasileira, v. 6, p , OLIVEIRA JUNIOR, L.F.G.; DELIZA, R.; BRESSAN-SMITH, R.; PEREIRA, M.G.; CHIQUIERE, T.B. Seleção de genótipos de milho mais promissores para o consumo in natura. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.26, p , PEREIRA FILHO, I. A.; CRUZ, J. C. Colheita, transporte e comercialização. In: PEREIRA FILHO, I.A. (Ed.). O cultivo do milho-verde. Brasília: Embrapa. p , PEREIRA FILHO, I. A.; CRUZ, J. C.; GAMA, E. E. G. Cultivares para consumo verde. In: PEREIRA FILHO, I. A. (Ed.). O Cultivo do milho-verde. Brasília, DF: Embrapa Informações Tecnológicas. P , SAWASAKI, E.; POMMER, C. V.; ISHIMURA, I. Avaliação de cultivares de milho para utilização no estádio de verde. Ciência e Cultura, v.31, p , SCOTT, A. J.; KNOTT, M. A. Cluster analysis method for grouping means in the analysis of variance. Biometrics, v. 3, p , SILVA, P. S. L.; BARRETO, H. E. P.; SANTOS, M. X. Avaliação de cultivares de milho quanto ao rendimento de grãos verdes e secos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.1, p ,
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