A SAÚDE PÚBLICA VIRA AS COSTAS PARA QUEM PRECISA DE TRATAMENTO PARA INFERTILIDADE. Senhor Presidente,

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1 Discurso proferido pelo deputado GERALDO RESENDE (PMDB/MS), em sessão no dia 21/05/2013. A SAÚDE PÚBLICA VIRA AS COSTAS PARA QUEM PRECISA DE TRATAMENTO PARA INFERTILIDADE Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, O Jornal O Estado de São Paulo publicou no dia 13 de abril, um diagnóstico da situação daqueles que precisam dos serviços públicos de saúde para realizar o sonho de ter seus filhos e construir suas famílias. Os casais que precisam de tratamento contra a infertilidade ficam em

2 média cinco anos nas filas das clínicas públicas, até conseguirem ser atendidos. Os pacientes que buscam o tratamento de infertilidade passam por uma verdadeira segregação socioeconômica: ou se tem de R$ 1 mil a R$ 15 mil para realizar o tratamento; ou ficarão a mercê das pouquíssimas unidades que atendem pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. No País, existem apenas oito centros especializados neste tratamento gratuitamente, número muito inferior a demanda. Segundo Organização Mundial da Saúde, OMS, cerca de 8% a 15% dos casais enfrentam problemas de infertilidade no mundo.

3 As patologias ligadas à infertilidade são previstas em diretrizes do Governo Federal, exemplo disso é a Política Nacional de Atenção Integrada em Reprodução Humana Assistida, instituída por uma Portaria, publicada pelo Ministério da Saúde, no ano de Porém, até hoje, essas ações não avançaram. Desta forma, faço coro com o presidente da Associação Paulista de Medicina Reprodutiva, Newton Busso, pois, a infertilidade é uma questão de saúde, e como tal, é papel do Estado universalizar este serviço como preconiza a Constituição Federal. Existem casais que estão se desfazendo de seus patrimônios para realizar o sonho de terem um filho. Já no serviço público, com tempo estendido nas filas o tratamento fica inviabilizado. Como médico posso afirmar que, a atenção referente a infertilidade vai gradativamente perdendo eficácia com o passar da idade.

4 Uma mulher com 35 anos, que busca o tratamento, em média, vai conseguir a primeira tentativa de fertilização aos 40 anos, diminuindo em muito a possibilidade de êxito. Na atualidade, as estatísticas vêm demonstrando que as famílias estão deixando para ter seus filhos cada vez mais tarde, buscando assim maior estabilidade profissional e econômica. Outros fatores contemporâneos que interferem na fertilidade são a poluição e o estresse. Esta conjuntura aponta um aumento de demanda comprovada por tratamentos contra a infertilidade. Reitero que este é um problema de saúde pública e esta Casa tem de ter coragem para debater e comprar esta briga. Algumas instituições de formação de profissionais para trabalhar na área de fertilidade, em convênios com indústrias farmacêuticas, estão conseguindo

5 ofertar, para alguns casais, o tratamento por um valor menor que os praticados pela iniciativa privada, mas ainda não é bastante. No ano de 2003 apresentei o Projeto de Lei 1.696, que depois de tramitar nas Comissões de Seguridade Social e família; Constituição, Justiça e Cidadania; e nos Plenários da Câmara e no Senado foi sancionado como a Lei , que incluiu as políticas de planejamento familiar nas obrigações do sistema de saúde suplementar. Porém, uma manobra dentro a Agência Nacional de Saúde, ANS, atendendo ao pleito dos planos de saúde, construiu um rol de serviços ligados ao planejamento familiar e excluiu a atenção a infertilidade, afirmando a necessidade de regulamentação. Tendo em vista este forte lobby, apresentei em 2009 um novo projeto de lei, o 5.730, que expressa claramente a inclusão no serviço de tratamento

6 contra infertilidade nas obrigações dos planos e seguros privados de saúde. Hoje, este PL está apensado à proposição 4.076/2001 de autoria do deputado Henrique Fontana (PT-RS). O PL 4.076/2001 está na Comissão de Finanças e Tributação e aguarda a apresentação do parecer pelo relator deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Desta forma, continuaremos lutando para que os planos de saúde ofertem o serviço de tratamento de infertilidade, ao mesmo tempo em que dialogaremos com o Ministério da Saúde, para que o sistema público amplifique o serviço e atenda o sonho de diversas famílias brasileiras. Muito obrigado pela atenção. Deputado GERALDO RESENDE (PMDB/MS)